Um Século de Desenvolvimento Industrial no Brasil
100 anos da White Martins
Depoimento de Domingos Bulus
Entrevistado por Isla Nakano e Consuelo Montero
Rio de janeiro, 30 de setembro, de 2011
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número WM_HV013
Revisado por Carolina Maria Fossa
P/1 – Ante...Continuar leitura
Um Século de Desenvolvimento Industrial no Brasil
100 anos da White Martins
Depoimento de Domingos Bulus
Entrevistado por Isla Nakano e Consuelo Montero
Rio de janeiro, 30 de setembro, de 2011
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número WM_HV013
Revisado por Carolina Maria Fossa
P/1 – Antes de começarmos, gostaria de agradecer a presença do senhor, será muito legal gravarmos a sua história de vida. Para começarmos e deixarmos registrado, eu gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, local e data de nascimento.
R/ – Meu nome completo é Domingos Henrique Guimarães Bulus, eu nasci em 16 de outubro de 1961 no Rio de Janeiro, capital.
P/1 – E o nome dos seus pais e dos seus avôs?
R – Nome do pai é Paulo Bulus, falecido, e o da minha mãe é Maria José Guimarães Bulus, agora dos meus avôs você me pegou, a memória tá ficando fraca!
R/ – Bom, vamos lá; é Hábido Bulus por parte de Pai e Sara Bulus, e por parte de mãe Domingos Guimarães e Maria Anastácio Carmelo Guimarães.
P/1 – Qual que é a origem dessa família, qual é a história dela?
R/ – Essa família é uma mistura de português, italiano e libanês. Por parte de mãe italiano e português e por parte de pai libanês.
P/1 - E como que foi a convivência com sua família durante a sua infância?
R/ – Eu só tive a oportunidade de conhecer minha mãe, meu pai morreu quando eu tinha dois anos, não pude, não tive essa oportunidade. Com isso, minha mãe foi mãe e pai e foi uma infância e uma juventude toda maravilhosa, eu só tenho a agradecer a ela por ter segurado a onda, a família de oito filhos, eu sou o caçula, imagine como é que deve ter sido... Uma viúva com 37 anos, você imagina hoje, se projeta mais ou menos tendo 37, sete filhos, perder um marido e com um pai mais ou menos com 90 anos, coisa simples né?
P/1 – Conta um pouquinho como é que foi crescer em uma casa com todos esses irmãos, do que vocês brincavam, como que era o bairro, a casa...
R/ – Brincada daquilo que tinha disponibilidade na época, uma bolinha de gude, uma pipa, um carrinho de rolimã, não sei se você sabe o que é que isso... Futebolzinho, bicicleta, a gente brincava na rua, tudo o que tinha de disponível na rua a gente fazia.
P/1 – E os vizinhos, o bairro...?
R/ – Eu morava na Tijuca, os vizinhos também... Um grupo bacana, um grupo leve e solto, que, infelizmente, hoje em dia mudou um pouquinho. Eu tive uma infância muito boa, muito tranquila.
P/1 – E tem alguma história marcante, alguma coisa que seja muito gostosa de lembrar, dessa infância que o senhor possa contar pra gente?
R/ – Eu prefiro ir mudando pra outras coisas...
P/1 – Tá bom.
R/ – Eu posso ir falando de outras coisas assim sem nenhum problema, mas eu te falo que eu sou um pouquinho reservado.
P/1 – Não tem problema.
R/ – Mas vou te falar o seguinte, tem muita história marcante, muita história boa... História de muito esporte, de muita brincadeira, família grande sempre tem muita situação engraçada dentro de casa, muita briga, irmão briga muito quando é pequenininho com uma diferença de um, dois anos, um puxa, cria confusão com outro... Mas eu prefiro ir passando pra outras coisas se você me permitir.
P/1 – Claro, vamos lá, conta um pouquinho da sua trajetória escolar, das suas primeiras escolas...
R/ – Eu estudei numa escola pública, o primário era muito bom, eu gostava muito, escola Barão de Itacuruçá. Depois eu fui pro Marista São José, onde todos os meus irmãos estudaram também, naquela época, como é hoje também, da Tijuca... Eu tenho uma grande lembrança, foi um grande colégio pra mim, tinha muita coisa a oferecer, não só na parte de estudo como também na parte de esporte, eu sempre fui muito dedicado ao esporte, sempre gostei muito de competir, de participar, de jogar jogo coletivo, sempre gostei muito.
P/1 – O senhor chegou a viajar com a escola? Como eram as viagens?
R/ – Quando tinha oportunidade, viajava, viajava... Tinha uns retirozinhos, umas viagens boas, era a época que a gente podia ficar sozinho, não são só meninos como as meninas também, tinha dormitórios separados, era muito engraçado, era muito legal.
P/1 – E algum professor marcou a sua trajetória escolar? O senhor começou a pensar o que queria seguir, que rumo que queria seguir?
R/ – Eu nunca tive algum professor marcante, tive alguns mais engraçados que outros, alguns que davam uma mensagem mais positiva que outros, mas nada assim, nada em especial na parte de escola. Eu gostava mais de matemática, de física, eu gostava das ciências exatas, sempre gostei, então, às vezes a gente tinha um carinho maior por alguns professores, mas nada especial que eu pudesse destacar pra você.
P/1 – E como que foi o processo de escolha do quê o senhor iria fazer na faculdade, a adolescência, a juventude?
R/ – Eu sou de uma época, por exemplo, falando de curso superior, os meus irmãos mais velhos, dois deles foram engenheiros, e nessa época no Brasil, depois da época de 70, eu não sei se você lembra ou não, mas a Consuelo com certeza lembra um pouquinho, né? Foi uma época que o Brasil construiu muito, por isso necessitava, tinha uma grande carência e tinha um grande incentivo pra formação de engenheiros. Como eu gostava de ciências exatas e como meus irmãos também, mais o Brasil, aliado tudo isso, eu queria ter uma carreira de longo prazo. Como eu também jogava futebol, levei o futebol até, mais ou menos, até quase profissional, eu sempre fiquei na dúvida, fui até o máximo e optei por fazer engenharia, desisti do esporte, eu queria também ter sido jogador de futebol... Cheguei a cursar um ano de educação física, junto com engenharia. Fazia as duas faculdades. Mas descobri que o tipo da profissão não atenderia as minhas necessidades, ai eu fui pra engenharia e toquei engenharia.
P/1 – E esse período de faculdade, como que foi entrar na faculdade?
R/ – Ô Isla, deixa eu te falar, eu nunca tive moleza, quando eu entrei na faculdade meu objetivo era sair da faculdade, eu trabalhava o dia inteiro e estudava a noite, saía de casa seis horas da manhã e chegava às 23h30, me coloquei uns desafios e disse: “Eu tenho que terminar a faculdade o quanto antes.” Na engenharia a gente realmente só pega tração, motivação, do quinto, sexto período pra frente, porque os quatros, cinco períodos iniciais são de muita teoria e muita revisão de estudo, é muito sacal, muito chato. Eu queria passar logo essa fase pra ver se tinha alguma coisa que eu gostasse que é o profissionalizante que a gente chama e já numa carreira que eu gostasse que foi a parte de engenharia mecânica com tendência um pouco pra
termodinâmica, parte de fluídos que é uma coisa que eu sempre gostei, a faculdade foi... Trabalhar o dia inteiro e estudar a noite, eu queria terminar o quanto antes e ter uma profissão, foi assim que eu toquei a minha vida, eu não vi passar não, correu que a balada é forte, de seis às 23h30, não é fácil não, tem que ter um pouquinho de disposição.
P/2 – Eu quero fazer uma pergunta.
P/1 – Pode fazer.
P/2 – Você lembra do título do seu TCC, trabalho e conclusão de curso, em São Paulo?
R/ – É você tá falando do curso superior, tá falando a monografia?
P/2 – Você tinha que fazer...
R/ – A gente chama de projeto final.
P/2 – É o projeto final, isso, e vocês tinham que fazer?
R/ – É a gente tinha que fazer.
P/2 – E você apresentou sozinho, com uma bancada?
R/ – Eu apresentei pra um professor.
P/2 – Para um professor.
R/ – Na minha época não foi bancada não, foi pra um só.
P/2 – Um só.
R/ – Nós tínhamos que fazer um projeto e entregar pra ele, mais um menos uns seis meses de projeto.
P/2 – E você lembra o título do projeto?
R/ – Eu lembro, lembro, teve até um fato curioso porque nós fizemos um projeto e ele passava algumas recomendações, não sei se na sua época foi a mesma coisa, e nós fizemos... Como todo rapaz, muito impetuoso, muito audacioso, já estava estagiando na White Martins, eu perguntei ao meu supervisor se ele tinha alguma sugestão e ele me deu uma sugestão de fazer um projeto de estocagem de óleo de meta, não tinha muita característica desse produto nos livros. E o professor queria que eu fizesse um projeto relacionado à amônia, eu peguei o projeto do meu chefe e falei: “Professor podemos fazer esse projeto?”. Ele respondeu: “Claro, não tem problema nenhum, você vai ter alguma dificuldade, mas vai em frente”.
E realmente eu tive, até porque quem tinha característica de óleo de meta na época era a indústria IFF aqui no Rio de Janeiro, eu não sei se você conhece, Indústria Fragrância Fluminense, e essa indústria não queria liberar nenhum dado pra gente, nós tivemos certa dificuldade, tivemos que fazer alguns testes pra buscar esse produto, só que eu não consegui fazer a tempo, voltei no final do semestre, eu tinha que dar progresso ao projeto durante o período e o professor falou “agora você está atrasado, faz o seguinte usa as férias porque senão você vai ficar reprovado”. Eu tive que fazer o trabalho de seis meses em um, voltei pro projeto que ele tinha sugerido, só pra você ter uma ideia da confusão que foi na minha vida.
P/2 – Você gostava de desafios...
R/ – Eu desde menino, desde menino, eu só tive desafios, eu tô acostumado com desafios.
P/1 – O senhor falou do estágio na White Martins, como foi o seu primeiro emprego, o seu primeiro estágio?
R/ – O primeiro emprego foi no IBGE, eu fui recenseador e me sai bem como recenseador, eu tinha passado na primeira turma num teste psicotécnico e depois de recenseador fiquei, comecei a trabalhar durante o dia e a tarde, eu precisava trabalhar, e fazia faculdade a noite, e meu primeiro emprego foi no IBGE, depois é que eu mudei, quando estava no sétimo período na época de pegar estágio eu apliquei pra White Martins e pra Shell, como eu trabalhava com a parte mais de digitação e computação eu apliquei na Shell, nessa área que tinha disponível, e na White Martins eu apliquei pra engenharia eu fazia engenharia na White Martins de manhã estágio e a tarde na Shell e estudava a noite, então ia pro Centro na White, depois pra Botafogo na Shell e depois ia pra faculdade, era uma festa.
P/1 – E o senhor lembra do seu primeiro dia de trabalho
R/ – Na White Martins?
P/1 – Não, lá no IBGE.
R/ – No IBGE lembro, lembro, lembro...
P/1 – Como que foi esse dia?
R/ – Lá no trabalho você não sabe de nada né, o último também não sabe não, meio também são poucos né.
P/1 – (Risos)
R/ – No IBGE não teve muita graça não, na White teve mais graça e eu te falo porque teve mais graça. Porque eu trabalhava num setor de produção e, na época, estagiário era um faz tudo, hoje em dia não é não, você fazia tudo, você pagava conta do supervisor, fazia tudo que tinha, tanto no lado particular como no lado profissional, o mais engraçado foi no primeiro dia que pediram pra eu abrir um arquivo, já abriu algum arquivo alguma vez de quatro gavetas de aço? Já abriu? Alguém já abriu aqui?
P/1 – Já.
R – O que quê aconteceu comigo, eu abri, fui abrir a primeira não achei, deixei aberto fui abrir a segunda, ai você sabe o que aconteceu, não caiu porque eu tinha certo físico e consegui segurar o arquivo, mas tive certa dificuldade, foi assim com dez minutos de serviço. Segundo, foi que eles me mandaram pegar nesse arquivo, antes de eu ir pro arquivo, pediram pra eu pegar a pasta da planta do oxigênio, no caminho falei: “porra que tal de planta de oxigênio, nunca vi uma planta de oxigênio”. Porque nós tínhamos o costume de falar que uma usina, uma fábrica era uma planta de oxigênio, uma planta como se é hoje, então ai vai né, tem muita coisa pra falar...
P/1 – E o processo de seleção da White Martins?
R/ – Ah esse também foi engraçado. Foi muito engraçado, a primeira vaga na minha época também, logo que eu me formei, estava me formando, era pra estágio, a primeira vaga era marketing e nós não sabíamos o que era marketing, mas todo mundo queria fazer marketing, tinha uma vaga de marketing, eu apliquei pra essa vaga de marketing e acho que eu fiquei, não sei se eu fiquei na lista final ou não, o fato é que eu era barbudo e eu sempre fui, como eu devo estar agora, muito queimado, sempre sou muito queimado, não sei porque, mas pegando ou não pegando sol sempre estou queimado, quando eu pego sol fico muito queimado. Eu estava queimadão nesse dia e estava barbudo, quando eu fui fazer a entrevista final, já tinha passado mais duas entrevistas, a
ngela, lembra da
ngela? Eu senti que ela estava olhando pra mim e ela não estava gostando da barba... Eu estava fazendo a entrevista naturalmente, depois ela não me chamou, tá certo? Passou até um amigo meu que era da mesma faculdade que eu, entrou na minha frente. Eu fiquei na minha, passaram uns 15 dias e me chamaram porque tinha outra vaga em produção, muito perto uma da outra, e eu fui fazer a entrevista só que eu falei em casa assim: “Dessa vez não quero perder essa vaga porque a White é uma empresa grande e não importa em que, não é marketing, mas eu vou pra produção porque tenho certeza que se eu tiver no jogo eu vou me dar bem”. Ai eu fui fazer a entrevista, só que eu raspei geral, fui que nem um mauricinho, fui daquele jeitinho, cheguei até a passar algodão na barba pra não deixar o algodão, conhece a história do algodãozinho? Para ver se a barba está boa você passa o algodãozinho pra ver se o rostinho está que nem bundinha de neném, ai fui bonitinho, passei na entrevista, viu só que curioso, tinha alguma coisa ali? Talvez né!
P/1 – (Risos)
R/– Então foi isso.
P/1 – E qual foi a ideia, a imagem que o senhor tinha da White Martins antes de entrar na White?
R/ – Bom, eu apliquei pra empresa grande, eu apliquei pra Shell, apliquei pra White e ia aplicar pra todas as grandes. Eu sempre acreditei e acredito que você estando numa empresa grande você tem muitas oportunidades, em todos os sentidos, e também acredito que dos dez mil funcionários que tinham na White Martins, naquela época, dez, 11 mil, alguns não iam estar dispostos e nem iam ter a mesma vontade que eu teria ao longo do percurso. Eu queria participar desse negócio, numa empresa grande. Eu fui fazer a entrevista em algumas empresas menores, não gostei, achei muito amador, o Brasil sempre foi muito amador e eu queria entrar em um negócio que me levasse pra frente, foi por isso que eu entrei na White Martins, pra mim era indiferente ser no Rio de Janeiro ou não, tanto é que no primeiro ano, depois de efetivado, me transferiram, me convocaram, me convidaram, para ir morar em Belo Horizonte, eu não sabia nem aonde era, mas eu fui. Eu não tinha problema de mobilidade, eu queria entrar num time vencedor, num time que me jogasse pra frente, eu queria estar ali, não importa qual era a posição, se é ficar no banco... Eu queria estar ali na, ser convidado pra festa.
P/1 – (Risos)
R/ – Sabe como que é? Aquelas festas boas...
P/1 – (Risos)
R/ – Hoje não tem mais as festas boas.
P/1 – (Risos) Teve alguma festa que o senhor se lembra desse primeiro ano de estágio?
R/ – Não, essas festas assim a gente esquece. Depois que a gente passa lá no portal da igreja a gente se esquece dessas coisas. É mais prudente e eu realmente estou com a memória curta, fala...
P/1 – Conta para a gente um pouquinho como que foi esse primeiro ano de White Martins...
R/ – Primeiro ano na White Martins foi o seguinte, foi muita oportunidade. Era mais ou menos o que eu tinha imaginado; companhia grande, companhia pujante, muita oportunidade e muita gente. Vou colocar de outra forma, pouca gente a fim de trabalhar muito e muita oportunidade, esse foi o primeiro ano da White Martins, uma empresa que tinha um grande potencial de crescimento, era tudo o que eu queira, eu falei: “nessa empresa aqui eu vou ter oportunidade”. Tanto é que na Shell, com dois meses estagiando, me convidaram pra ficar integral na White Martins e eu não hesitei, sai da Shell que era uma grande empresa na época também e resolvi ficar na White Martins, não só porque era engenharia como também eu senti que dava mais chance para eu jogar o meu basquete, defender o meu futebol...
P/1 – E como que era a relação de trabalho na White?
R/ – Eu nunca tive problemas, Graças a Deus, com todos os chefes que eu tive, alguns até trabalharam comigo depois que eu virei presidente, tive uma relação boa, nunca tive problema. Chefe tem de tudo, desde tribo... Mas eu nunca tive problema, sempre respeitei os meus chefes e uma coisa que é fundamental; sempre tive lealdade, trabalhei sempre pra ajudá-lo a crescer e nunca tive problemas, entregava os resultados que eram pedidos, entregava sempre alguma coisinha a mais porque eu acho que isso faz parte, eu sempre me dediquei, não tive problemas não.
P/1 – E a sua efetivação como que foi? Qual é a história?
R/ – Eu entrei como estagiário, a efetivação a gente fica apreensivo, porque vai chegando a época da formatura e você tem que coadunar a época que você vai se formar com a disponibilidade de vaga, sempre gera um tensão. Como eu tinha consciência de que eu tinha feito um trabalho de razoável para bom achei que eu tinha chance e assim, no final do ano, não surgiu nesse departamento, mas surgiu de engenheiro numa divisão da White Martins que eu fui indicado, era o mesmo setor e fui até uma posição melhor que era uma posição de campo, eu não tive problema... Graças a Deus calhou de na mesma época ter a disponibilidade e eu estar me formando, eu entrei e praticamente não teve interrupção nenhuma, me formei dia 31, quer dizer a formatura em janeiro, e já entrei e não parei de trabalhar, desde então... E Graças a Deus deu tudo certo, não tenho nada pra reclamar não...
P/2 – Na faculdade você já tinha ouvido falar em gases?
R/ – Na faculdade? Já tinha ouvido falar em gases sim, uma aula que me impressionava bastante, era uma aula que me estimulava muito, era a aula de mecânicas de fluidos. Toda essa parte da termodinâmica, tudo o que envolvia fluido, estado de matéria, toda a parte de transformação e análise de propriedade da matéria em modo geral era uma coisa que me atraía, mas a gente só aprende mesmo trabalhando, a gente vê muita coisa na faculdade, mas a gente não vê como é que as coisas acontecem. Eu aprendi a gostar do que eu estava estudando e fui levando.
P/2 – Esse tal fluido foi algum professor? Tinha olho dele ou foi uma leitura que você fez de infância?
R/ – Foi não, eu vou te falar o seguinte, foi a necessidade de ver aquilo que estava escolhido pra você e transformar aquilo em um grande resultado, por exemplo, eu sempre tive essa característica, eu te dou uma tarefa qualquer, eu vou até plagiar o nosso Diretor Jurídico que não está aqui não, mas usa muito esse termo, é do limão fazer uma limonada, as situações aparecem, eu sempre tive... Nunca me deram o bolo pronto, eu sempre peguei alguns ingredientes do bolo pra fazer um bolo sem a receita, em cinco minutos, no escuro, e eu tinha que procurar as coisas todas para fazer. Eu tinha que dar um jeito, eu aprendi a gostar disso, quando você é talhado, luta por aquilo que quer, tem alguns exemplos e situações... Eu tive que sair dessa confusão toda e criar um caminho, eu tive que construir uma situação, parece até brincadeira, eu tive muita dificuldade e na dificuldade que eu consegui construir, eu fui pegando um pouquinho de cada coisa. Eu vou te falar o seguinte, a minha grande professora foi a minha mãe, foram os meus irmãos, que me ensinaram muito, principalmente a lidar com as coisas, e eu também, felizmente, toda a situação difícil... Eu sou muito católico e eu acredito muito em Deus e ele sempre me deu a luz quando precisei, sempre. Isso ai eu não consigo te explicar, não adianta nem tentar. Outro dia eu estava falando com os meus filhos, eles me perguntaram, estavam me perguntando isso. A juventude hoje em dia precisa muito disso e hoje em dia quando você vai à igreja, por exemplo, eu não sei quem é católico aqui, quem vai à igreja e quem não vai, não importa, mas o fato é que às vezes você encontra um padre que é bom ou um padre que não é bom; bom no sentido da mensagem e não como pessoa. Você levar as crianças para a igreja, para assistir uma mensagem no domingo, que é uma hora por semana, você vai lá, já é uma dificuldade porque ninguém quer ir, chega lá e o sujeito fala um negócio que não tem o menor sentido, realmente você fica desapontando. Eu fico explicando para eles o seguinte, é uma coisa que ninguém me obrigou, a minha mãe sempre procurou me dar uma educação religiosa, eu pegava, hoje de manhã mesmo eu estava numa confusão danada, eu peguei... Eu tenho um livro que eu vou guardando coisas, vou cortando e vou colando, eu acho que estou ficando velho mesmo, tenho essa mania de fazer essas coisas, eu leio muito essas coisas, são essas coisas que me animam e me motivam. Se eu puder pegar um professor eu diria pra você com muita tranquilidade a minha mãe pra mim foi, e está viva ainda hoje, a grande líder da minha vida, porque eu não tive pai, e Deus, estou sendo absolutamente honesto contigo.
P/2 – Ela tinha alguma preferência de profissão?
R/ – A minha mãe? Não, não a minha mãe nunca, a minha mãe só queria que eu estudasse, ela falou assim ó: “Não deixa de estudar e o que você fizer faz com seriedade”. É uma coisa muito simples.
P/1 – Bom, agora eu vou voltar ao seu crescimento profissional. Como foi se desencadeando, quais foram as novas responsabilidades depois que o senhor foi efetivado?
R/ – A responsabilidade ela vem vindo e você vai conquistando, como sempre fui muito responsável desde novo, a White e os chefes que eu tive sempre me deram coisas para eu desenvolver, aquelas coisas que ninguém queria fazer davam para mim, então eu aproveitava a oportunidade de tentar também fazer aquele limãozinho uma boa limonada. A gente foi criando uma responsabilidade e na medida em que você vai entregando... E você deve ter funcionário também, também é funcionária de alguém com certeza, sabe que na medida em que você confia na pessoa você entrega mais e a pessoa vai absorvendo. Eu nunca tive problema e também nunca fui de ficar reclamando de peso, de carga, de situação, eu acho que a gente sempre tem que entender que estão te dando por alguma razão. E não tem que resolver? E não te pagam pra resolver? No final do mês não tá lá? E naquela hora que eu estou trabalhando pra companhia eu tenho que entregar meu serviço e pronto, acabou. A relação é muito direta, muito simples, não tem muita complicação e também tem o seguinte: a hora que não estão mais a fim de você, o que quê vão fazer? Não tem o direito? A relação tem que ser igual, você tem o direito de seguir o seu caminho e a companhia também tem o direito de fazer o que quer. Então, é ser muito resolvido, você tem que ser resolvido, a hora que não tiver bom pra você e pra empresa você sai, vai fazer outra coisa. Eu sempre me preparei para isso, trabalho para isso, para fazer o melhor de mim, se não estiverem satisfeito com o meu trabalho eu vou tocar o meu violão em outro lugar, o que eu vou fazer? Então foi assim, a relação é assim, simples, objetiva e entregando sempre, trabalhar com carinho, com amor, com vontade, eu só acredito nisso, se não tiver satisfeito vai à luta...
P/1 – Fala um pouco desse espaço que a White deu e dá pras pessoas pegarem essa responsabilidade e irem se desenvolvendo, criando...
R/ – A White sempre deu e dá muito espaço, a White, pelo menos as pessoas com quem eu me relaciono, as pessoas com que eu trabalho e a maneira com que eu trabalho, é relação muito de confiança e deixa espaço para a pessoa desenvolver. Ela ali pensou assim “entro não entro?”, mas não tenho nada pra esconder, se tiver dentro da sala ou fora da sala pra mim vai dar no mesmo. Tem muita oportunidade de emprego, já foi o ambiente... Há muitas coisas que você faz hoje e que não fazia antigamente. Têm muita burocracia, coisas que temos que trabalhar pra melhorar e aos pouquinhos você vai melhorando, mas eu acho que é uma grande empresa e tem muita coisa aberta ainda para o pessoal aproveitar.
P/1 – E agora pensando um pouquinho no final década de 80 já entrando um pouco na década de 90. Muitas coisas aconteceram no Brasil. A abertura da economia, a questão das privatizações, das licitações, como que foi para o senhor acompanhar todo esse processo, ver a White Martins se envolvendo e também participando desse desenvolvimento...
R – Eu passei um tempo fora, mais ou menos em 1994, 1995, final de 1994, eu fui para fora para tentar expandir a White Martins, naquela oportunidade eu trabalhava só no Brasil e recebi a responsabilidade de desenvolver todas as operações fora do Brasil no ambiente América do sul, na geografia América do sul, e eu fiz parte disso, me convidaram para ir morar na Colômbia e naquela época não era um país muito amigável, tinha muito problema de terrorismo, muito problema de violência, e eu fui convidado, a White tinha feito uma aquisição lá fora e precisava começar o negócio do nada, do zero basicamente. Mais um desafio e eu fui nessa, eu fiquei de 1994, 1994, 1995 até 2003 fora, essa parte minha foi mais não aqui no Brasil na White Martins foi mais fora do Brasil desenvolvendo outras do mesmo grupo. Uma parte aqui na América, a responsabilidade sobre o comando da White Martins no Brasil e depois eu fiquei dois anos e pouco na Ásia, lá em Singapura. Então mudou um pouquinho, o que quê aconteceu; a White se desenvolveu bastante nos países fora do Brasil, ambiente da América do Sul, fora do Brasil, eu acho que ela teve um período ai, ficou um pouco estagnada em algumas coisas nesse período, o Brasil também ficou estagnado, você deve lembrar também disso, o Brasil ficou numa fase muito ruim e a White basicamente anda com o Brasil e ela pode andar numa velocidade maior se ela trabalhar direitinho porque ela consegue além do PIB, ela anda um pouquinho acima do PIB, porque ela é assim: se o PIB anda a 4% ela anda, se trabalhar bem, um e meio acima do PIB, se ela não tiver muito atenta ela trabalha ali na raiz do PIB, porque que eu falo isso? Porque a concorrência tá ai também, quando você tem uma participação no mercado boa tem que trabalhar abrindo pra você ganhar, se o mercado oferece x você tem que ganhar no mínimo a sua participação pra você manter senão você fica perdendo, você tem que trabalhar direitinho, a participação é alta, a participação é boa. Eu fiquei fora e trabalhei sempre crescendo o nosso negócio, quando você sai do zero, você só cresce, eu cresci a semente, depois um fui para a Ásia e eu peguei a taxa de crescimento de 30 a 40% ao ano. Agora é um negócio que você tem que se estruturar e capturar todo esse crescimento, quando você vem num víeis de crescimento, você volta, você não consegue deixar o negócio estático, porque quando você está em crescimento você tem que mexer em tudo, tem que ter muito planejamento pra você capturar tudo e conseguir entregar, conseguir executar o planejado. A White, nesse período, ofereceu, eu diria, menos oportunidade do que deveria, mas eu acho que tem, tem tempo ai que nós voltamos e conseguimos dar uma reestruturada na estratégia, é isso, a gente tem crescido bastante, tem muita coisa já sendo feita, já há muito tempo e de uma forma consecutiva, eu acho que tem um futuro interessante...
P/1 – Conta um pouco da sua experiência na Colômbia...
R/ – Colômbia, Colômbia era o seguinte, primeiro você tem a língua e a cultura, a Colômbia apesar de estar muito perto daqui ela não tem muito a ver com o Brasil, ela andou eu diria que de costas pro Brasil e o Brasil de costas pra Colômbia eu diria que agora que está com essa aproximação com esse presidente Uribe com o Brasil, teve uma influencia Européia muito grande espanhola... É um país bastante diferente, um país que tem uma cultura diferente, foi capital do reino quando teve a colonização espanhola, um espanhol muito bacana, agora tem esse problema da língua. Nós tivemos outro ambiente profissional, a nossa companhia foi a consolidação de algumas aquisições, quando você, por exemplo, compra uma companhia local e depois você compra uma multinacional, você é uma companhia brasileira e você tem um acionista controlador americano, você tem que juntar todas essas culturas e tirar resultado disso, você tem um desafio intelectual interessante com o resultado de curto, médio e longo prazo, você tem que dar resultado no curto, porque a meta de venda fecha no final do mês, a meta de médio prazo é planejamento, com gente totalmente diferente, gente que não rodava, não conhecia o negócio, tinha um conhecimento do negócio de forma diferente que nós tínhamos, que é uma companhia centenária, foi um choque cultural muito interessante. Aos 30 e poucos anos eu tive que gerenciar gente de 60 anos, presidente de companhia, um negócio que não é muito simples né... Você tem que ter muita, tem que entender como é que funciona pra você extrair o resultado desse grupo, que já nessa fase da vida está em outra velocidade, com outra projeção, junta tudo isso e você tem que trabalhar com as pessoas, não tem jeito, o quê você vai fazer? Você não apaga e a acende a luz e no outro dia tá todo mundo contratado novo, você tem que ter respeito, tem que entender como é que funciona, tem uma palavra em espanhol que significa, eu não sei se vocês sabem, idiossincrasia, que é você entender como é que o outro funciona, o segredo é isso, na hora que você entende como é que o outro funciona, como é que o outro roda, você se encaixa, se adapta com facilidade, nunca tive problema porque o resultado tinha que sair, não me importava se o pato era macho ou fêmea ia ter que sair ovo, já escutou falar nisso?
P/1 – Não.
R/ – Essa é forte né, imagina só como é que sai o ovo do pato macho e tem que arrumar uma fêmea para ele cruzar...
P/1 – (risos)
R/ – Tem que sair resultado, você tem que fazer o melhor possível, porque vai ter que ter jantar, você é casada? Você sabe como é que é um marido com fome, com fome, esse negócio de lanchinho, sanduíchezinho não cola não, eu sou da época que não cola não, tem que dar comida, tem que dar peso na comida. Faz comida pro seu marido?
Cristina – Não, ele que faz pra mim.
R/ – Ai olha só, como é que esse mundo tá diferente, você tá vendo? Eu vou te contar o seguinte, eu morava em Belo Horizonte, casado, eu morei com a minha mulher e a gente ri muito, a gente recém casado e eu falei pra minha mulher... Eu acho que deu uma semana e meia e eu falei: “Ó eu viajo o dia inteiro e volto só e de manhã, faço uma refeição em casa, eu saio seis horas da manhã e você tá dormindo, na hora que eu voltar para jantar e você me vir com esse sanduíche nós vamos ter um problema né...”. Ela foi e contratou uma menina, ou pilota o garoto ou chama um piloto senão vai ficar difícil, os garotos hoje em dia não tem coragem de falar essas coisas, você não tem que jogar aberto? Não tem que definir a regra do jogo? A fronteira...
P/1 – E quais foram os maiores desafios em Singapura?
R/ – Você imagina agora, um ocidental, brasileiro, 41 anos, gerenciando ou supervisionado presidentes de empresas de países, todos de uma cultura milenar que você conhece bem, 60 anos em média, imagina como é que foi bacana e interessante. Com mais ou menos uma equipe de uns 12 caras, tudo assim, todos eles com uma nacionalidade diferente: singapuriano, indiano, tailandês, chinês, japonês, francês, canadense, americano, imagina só a festa como foi divertida.
P/1 – E quais foram os maiores aprendizados dessa época?
R/ – O aprendizado é que cada um toca um apito diferente e que a gente tem que encontrar uma sintonia de conversa, eu tive que me adaptar muito, muito, muito e a velocidade do que eu fazia aqui na América do Sul, que a gente sempre pensa que o que a gente tá fazendo é o correto... O primeiro período foi um período de adaptação em que eu tive que me reinventar, porque não funcionavam as coisas que eu fazia aqui. Nem tudo funcionava, eu estou falando em termos de estilo gerencial, tive que me adaptar, tive que entender como funcionava para me adaptar, quando se entende ai a coisa caminha, você tem que ter essa capacidade de adaptação, tem que pegar o ponto, o espírito da coisa, sabe quando você está na aula? Aquela aula que você fica pensando “o que esse sujeito tá querendo passar pra mim?” depois de umas quatro horas escutando... Era mais ou menos assim, eu prestava uma atenção danada pra não ter que estudar em casa, porque você não consegue ler todos os livros que ele passa para você, bom esse aqui que são os pontos importantes, era ali que eu focava, tipo P/1 eu já peguei o ponto da P/1.
P/2 – O que você conseguiu aplicar da Ásia aqui no Brasil?
R/ – A Ásia ela tinha, no grupo, ela tinha que dar crescimento, é uma região que dava de 15 a 20% de crescimento, só que a Praxair como um todo... Quando você olha uma empresa globalmente, estar na Ásia significa que aquilo ali vai trazer crescimento, pode não te trazer no primeiro momento o lucro que você precisa, mas aquilo ali vai te dar crescimento na linha de cima, e em outras regiões mais maduras, que está todo mundo brigando há muito tempo, você não consegue crescer 15% ao ano. Tem uma região, cresce três, mercado mais maduro na Europa, os Estados Unidos que cresce cinco, seis, você vai crescer 15% na Ásia, te ajuda bastante... Então o que eu fiz? Como eu fui pra Ásia, eu falei “tá crescendo 15, 20%, tremendo crescimento, eu estava aqui na América do Sul, crescendo 10%, suando o sangue, eu pensei “esse negócio aqui vai”, eu percebi que dava pra crescer 30% e que a gente estava um pouquinho distraído, eu consegui energizar a organização pra crescer 30, 40% ao ano, eu consegui...
P/2 – E o que te fez vislumbrar essa percepção?
R/ – O mercado oferecia isso, e nós tínhamos capacitação para que isso acontecesse, era questão só de você conectar os pontos e você energizar, ou seja, conectar os pontos e jogar o pessoal pra frente. O pessoal trabalhava bem, mas estava satisfeito com 15% de crescimento, eu consegui enxergar isso e consegui empurrar para frente para crescer 30, 40 e quando vi fiquei dois anos e meio, nós tínhamos alguns objetivos, e nós colocamos alguns negócios. Hoje as coisas estão no rumo e eu fiquei satisfeito de participar desse período, dessa oportunidade que me foi dada e que eu pude entregar, eu resumi um pouquinho pra você, mas é isso ai, basicamente é...
P/2 – Pensando no aumento gerencial de lá pra cá.
R/ – Daqui pra lá foi...
P/2 – Daqui pra Ásia.
R/ – Quando eu fui pra lá eu, eu fui, eu consegui fazer isso, acho que a companhia, o que ela herdou do meu gerenciamento quando eu saí daqui e fui pra lá, foi pra crescer, eu consegui dobrar a taxa de crescimento
P/2 – Lá?
R/ – Lá. Quando eu voltei de lá pra cá eu trabalhava, por exemplo, Singapura que é um país extremamente desenvolvido, num escritório com umas 35, 40 pessoas pra tocar a Ásia toda, um prédio de um andar e meio, quando cheguei aqui era um prédio de 27 andares com 1.300 pessoas, então você imagina, no lugar que eu tinha sido estagiário, imagina o choque cultural, uma barreira vertical tremenda, então como é que eu vou fazer, pego um prédio, vou demolir o prédio, mandar todo mundo embora? Não é assim, a vida não é assim, então hoje a gente tá num andar e meio, basicamente, nós não temos ainda as 35, 40 pessoas, até porque a operação aqui é muito maior do que na Ásia, naquela época a Ásia estava apontada pra passar a América do Sul, esse era o meu objetivo, ficar maior do que a América do Sul. Eu vim pra cá e eu tô doido pra não deixar a Ásia chegar nem perto de mim, esse é o meu objetivo e por enquanto a gente tem entregado direitinho.
P/1 – Vou aproveitar que o senhor falou do prédio de 27 andares e perguntar como é que foi esse processo da criação dos centros de excelência, da saída da Mayrink Veiga, conta um pouquinho pra gente dessa história...
R/ – Foi complicado esse processo. Como é que eu consegui? Fui na Ásia com essa dificuldade toda de cada país, e você pega uma Tailândia que não foi um país colonizado, cultura local falando inglês, você tem barreira de língua, tem barreira de cultura, na Ásia, porque coreano não fala com japonês, nem com chinês e não fala com indiano, aquilo ali é uma caixa de confusão. Tem uma diversidade muito grande, de todas as religiões, línguas, culturas, tem tudo diferente, você imagina quando a gente fala né, você, você tem parente lá? Quando estava lá me sentia um chinês, como a gente vê um chinês aqui aquele cara é chinês” e eu estava lá e o cara me olhava na rua e eu sou, eu sou um chinês para ele certo... Um cara do outro mundo, eu saía de noite na rua e só tinha eu com cara de ocidental e comer naqueles restaurantes lá, não tinha nem cardápio em inglês com fotografia, era complicado, então você tem que começar... Eu sentava, via a realidade e eu morria de rir...
P/1 – (Risos)
R/ – Porque era um negócio interessante, à noite eu trabalhava muito, porque às vezes eu estava em Xangai trabalhando, mas morava em Singapura e eram cinco horas e meia e vôo, eu ficava lá sozinho, eu viajava muito, eu olhava aquele negócio e falei o que quê eu tô fazendo aqui, que confusão, que guerra, vamos ver como nós vamos sair daqui, o que a gente vai arrumar aqui nesse negócio? É o tempo que você tem pra pensar e refletir. Então é o seguinte, você volta e fala: “Agora como é que eu vou fazer?”. Olha a confusão que eu me meti, tem um monte de gente aqui escondida, uma barreira vertical danada, todo mundo escondido atrás desse concreto, culpa de ninguém, mas precisava primeiro dar uma arejada nesse ambiente. Esse foi o projeto inicial “precisa arejar”. Outra coisa é o seguinte: a gente precisa focar o pessoal, perguntava pra ele o que você faz? Qual é o objetivo da companhia? O que nós vamos fazer? A companhia não crescia, estava todo mundo distraído, a primeira coisa que eu comecei a escrever... Eu fiquei escrevendo na revista da companhia de 2003, então ali, eu não sei e vocês tiveram a oportunidade de ver esse material, chegou a ver?
Cristina – Ela viu.
R/ – Mas ela chegou a ver a copiazinha de todos os artigos?
Cristina – Eu mandei as revistas.
R/ – Elas dizem mais ou menos o que eu tentei fazer e garantir, fazer com que todos entendam o que eu estou falando para a diretoria, porque o pessoal não fala com a gente. Então a gente precisa de comunicação, precisa dizer qual é a missão, precisa ter só uma missão para que todo mundo esteja navegando na mesma direção. Tem a transparência, tem que ter uma gestão transparente, como é que depois a gente vai fazer isso acontecer? Qual o produto da companhia? O que quê a gente vende? Confiabilidade? Então eu falei: “Separa quem trabalha no setor de confiabilidade, produção, distribuição e engenharia, separa esse grupo, esse grupo eu dirijo”. Hoje em dia quando alguém te vende um produto qualquer, um serviço, o que você mais espera do profissional? Que ele esteja aqui na hora certa e que te entregue esse produto com a qualidade que você espera ver, por isso a gente tem que colocar esse pessoal pra entender e depois a gente faz o resto. Então a gente tem que resetar a companhia, separa isso ai, separa o grupo aqui. Separa o grupo agora por unidade que é o pessoal que tem o contato direto com o cliente, separa as unidades, vamos ter certeza de que todo mundo que tá aqui tem a presteza de atender o cliente da maneira certa e com o respeito devido, porque o cara que liga pra uma empresa quer ser bem atendido, ele não quer nada além disso, se ele for bem atendido depois você pode precificar, concorda comigo? O cara que te atender bem tu vai ficar vendo fatura, vai ficar enchendo o saco do cara por causa de cem pratas? Não fica enchendo, agora se ele não te atender bem o que você vai fazer? Tem que arrumar um que te atenda bem, tô falando da maneira do raciocínio, separa o grupo, separo esse outro grupo. O que quê ficou? Cadê a turma da papelaria que é importante? Cadê o pessoal que só faz relatório, só operacionaliza o BackOffice? Separa e vamos tirar o resultado de cada um, cada um com a sua missão, depois a gente uni o pessoal de estratégia e planejamento. Então foi isso que nós fizemos e o restante a gente não precisa, o que a gente precisa agora é almejar que todo mundo esteja no mesmo nível, que não tenha barreira vertical, todo mundo está ali no prédio, todo mundo precisa ter a mesma missão. Então a gente procurou almejar dar uma missão, dar um rumo para que todos remassem para o mesmo lugar, uma coisa bastante simples, ágil e leve, e agora massificação, massificar uma estratégia de empresa e é isso que nós vamos fazer, mais nada.
P/2 – Foi um marco né?
R/ – Tá ai né? Precisa... Agora precisa ir melhorando.
P/2 – Um divisor de águas né?
P/1 – Era isso que ia pergunta.
R/ – Eu não... Eu acho o seguinte. Tá funcionando bem, precisar fazer com que o negócio não acabe nunca, você tem que ir melhorando, não quer dizer que vai ser eterno, você tem que ir melhorando. Você vê, nós estamos hoje com confiabilidade, funciona bem, a gente tem uma central de atendimento fantástica, tá sendo super premiada, grupo bacana que tá lá no tele porto, tem 60% terceirizada que, tem uma atmosfera, trabalha junto no mesmo lugar e que atende bem o cliente, tem o centro de confiabilidade onde todo mundo trabalha junto, o BackOffice que bota alguns indicadores de performance precisa dar uma melhoradinha, precisa colocar um pouco mais de tecnologia e eu acho que tá bom, mas não quer dizer que tá do jeito que tem que ser, ainda tem um pouco mais pra fazer. Tá certo, eu acho que ajudou bastante, tem ajudado bastante, principalmente porque a gente tem trabalho muito em confiabilidade. Então o que a gente tá fazendo aqui? Agora que é confiança no relacionamento, credibilidade eu acho que é a coisa mais importante da vida, a gente acreditar na pessoa que a gente tá falando, ter seriedade no relacionamento, isso é importante, por exemplo, não mentir pro cliente se vai atrasar dois dias uma entrega ou não avisar o cara, não engana, não enrola, não mente, como se planeja em cima de uma entrega que não vai acontecer? Não é verdade?
P/1 – Você ta falando de confiabilidade, até agora todas as pessoas que entrevistamos, jurídico, comunicação até técnico e o aposentado que veio hoje, todos eles falaram em confiabilidade, falaram em ambiente de trabalho, falaram na questão da segurança, eu queria perguntar como que é, esses são valores, como que se motiva as pessoas pra ter isso muito claro?
R/ – O ponto fundamental, primeiro eu te falo que se você tiver essas coisas... Eu tô escrevendo esse negócio que procura usar a revista interna pra comunicar o material, que Anna Cristina é responsável, e que foi muito bem desenvolvido, a gente precisa de comunicação, companhia de quatro mil funcionários espalhados você não tem concentração, você tem que usar a comunicação né? É um veículo bom que eu pedi à Anna Cristina quando entrou na companhia, ela vem trabalhando nisso, melhorar e ter eficiência na comunicação. E eu procuro através disso, das mensagens, “vamos jogar isso”, “vamos jogar aquilo”, acho que a coisa é muito simples, você primeiro tem que ter ética, não tem jeito, não é verdade? Tem que ser íntegro, não tem meio íntegro, não tem meio grávido, ou você é ou não é, confiabilidade é tudo, respeito, confiabilidade, eu tô falando só de coisas que a empresa depende, não é verdade? Você vai trabalhando esse negócio, fazer segurança, segurança porque a gente tem que fazer, porque é ético fazer segurança, o importante é o respeito com o outro, você não pode fazer outra tarefa, você não tá habilitado a fazer, se alguém pediu pra você fazer, como é que você vai fazer um negócio que você não sabe fazer? É loucura, o cara pede pra eu fazer um negócio, mas eu não sei fazer, isso é falta de ética, eu vou ter que falar que não sei fazer. Por que, então, o pessoal fala dos valores? Os valores são esses, vamos fazer aquilo que a gente sabe fazer, não sabe? Pergunta. Há alguns princípios básicos de segurança, estão te pedindo pra fazer alguma coisa esquisita, você não sabe, não, não sabe fazer, então onde é que a ética junta com a segurança, onde é que essas coisas são importantes? Tudo isso está relacionado, e a gente só leva a vida de uma forma honesta, sincera, é isso que a gente tá querendo. O resto do treinamento nós vamos pegar, onde tem isso é que a gente funciona, os valores são esses, o mais simples possível, os valores que nós temos que ter são aqueles básicos, sabe o pretinho básico?
P/2 – (Risos)
R/ – Você não usa o pretinho básico, só no basicozinho fala ai?
P/2 – (Risos)
R/ – Isso é outra coisa, tem que rir também, rir, tem que ser feliz também, não adianta ficar em uma paranóia, trabalhar que nem um tarado, não rir fica difícil, fica difícil....
P/1 – Então a gente falou do prédio...
R/ – O Dr. Gilberto teve aqui hoje, fera hein...
P/1 – Muito fofo...
R/ – Muito inteligente, nos ensinou muito.
P/1 – Fez até uma apresentação de Power Point (risos).
R/ – É ele e todo organizado, ele sempre foi assim, muito bacana ele ter vindo.
P/1 – Então a gente falou do prédio, eu queria que o Senhor comentasse os outros divisores de água também nesse seu período de retorno ao Brasil.
R/ – Nós já fizemos muita coisa, eu acho que esse processo do selo excelência, foi um divisor de água, acho que a mudança fica no divisor de água que veio junto, ele veio junto no processo selo excelência, veio exatamente pra fazer é isso, isso fica registrado na cabeça da gente, a gente precisa fazer algumas referências, alguns modelos precisam ficar no papel, é complicado, outra coisa importante é que nós crescemos muito nesses últimos anos, o crescimento tá junto, o ambiente fica mais leve quando a gente sabe a companhia ta puxando a gente né? Outra coisa que nós fizemos foram muitos projetos, a grande maioria, sem te dar um percentual, mas é um grande percentual de todas as oportunidades que tiveram de projeto na América do Sul, nós ganhamos todas, todas! Sabe o que é todas? É tipo Santos cinco a zero, anos seguidos. Então é isso, ajuda também no processo você estar num time vencedor, você tá num time que é sério, você tá num time que cresce e que tá te dando uma contra partida legal num ambiente agradável, isso tudo ajuda no processo! Você não tá numa companhia medíocre. Então é o seguinte primeiro é lutar por cada oportunidade, ganhar aquela oportunidade, o tempo todo não deixar espaço pra concorrência, jogar como se cada fosse contra um time em uma final de copa do mundo, isso é um divisor de água você não tem... Você não relaxa, você pode ter certeza que eu não tô relaxado aqui, se tiver potencial pra vender legal vou vender alguma coisinha pra você!
P/2 – (Risos)
TROCA DE FITA
P/1 – Estávamos falando dos divisores de água...
R/ – Então eu te falo, um divisor foi Centro de Excelência, outro divisor foi o Programa Distração Zero, tá certo o que quer dizer Distração Zero? Focar 100%, não ficar distraído, eu sempre trabalhei bastante isso com a empresa, todo mundo remando na mesma direção. Outro divisor foi a taxa de crescimento, a taxa das nossas conquistas nesse período foi muito elevada, ajudou bastante no crescimento. Cada projeto tem uma história, cada projeto é novo, o que quê eu te falo sobre os projetos? Você vai para uma usina nova, tudo o que envolve essa oportunidade tem muita história de quem participou. Efetivamente muita gente participou porque é uma atividade multidisciplinar, mas em todas elas, como foram muitas desse período, nós tivemos sucesso, elas todas elas têm uma historia interessante, eu não tenho como destacar pra você, por exemplo, construir... Nós fizemos recentemente duas usinas imensas Cosipa Cubatão e Usiminas Cubatão, elas foram tão importantes quanto a que nós fizemos na CST Tubarão, como a que nós fizemos no Vale do Pará, como na Colômbia, no Chile, que foram todas difíceis, porque você imagina a concorrência quando vê uma disputa de oportunidade com a gente? Tem 10 anos que ela não ganha nada, como é que ela fica na próxima? Ela fala: “Agora nós vamos ter que jogar as fichas todas, então ela vem com tudo e a gente tem estar preparado também, para não ficar de sapato alto, tem que ir com tudo também. É como se fosse uma luta de boxe, como se fosse um show, imagina cada show, imagina se o cara vai fazer um show, cada show é um show não é verdade? É mais ou menos parecido, o
100% de concentração é um divisor de águas, distração zero, isso pra mim é o um divisor de águas na companhia, se você não entra com 100% de concentração e vontade vai perder, vai perder e é isso que é importante .... Tem algumas coisas que você pode utilizar, nós entramos no negócio de gás natural, nós não estávamos nisso, nós entramos em 2006, isso foi um divisor de águas também porque a gente entrou num mercado de energia, nos ajudou também, construímos isso que a gente também não vendia; gás natural. Isso foi muito importante
P/2 – StarGold foi um divisor de água?
R/ – StarGold foi......
P/2 – Você consideraria um divisor ou você não colocaria.....
R/ – Olha Consuelo, o StarGold não foi um divisor de águas não, foi muito mais que um divisor de águas, a companhia não tinha nem ideia do que ela fazia com o negócio do mercado de soldagem quando a gente implantou um negócio aqui que não tinha, que tava sendo... A gente implantou antes de implantar fora do Brasil e nós botamos um símbolo dourado, foi um show de bola esse negócio.
E por que eu não tô querendo ficar puxando muito a sardinha para esse passo particularmente? Eu era engenheiro nessa época, eu que dirigi esse programa junto com outros profissionais, mas eu tive a oportunidade de dar uma liderada nesse projeto, isso foi show... Tem muita coisa, isso não dá pra conversar em uma hora não, entendeu?
P/2 – Eu posso só falar um coisinha, você acharia bom marcar o que foi importante? Até porque na hora da edição dá para puxar para outras pessoas, só pra você entender...
R/ – Não, eu até posso falar, o Cristina...
P/1 – Na verdade eu queria que o senhor contasse para a gente um pouco mais da história do programa, falar mais um pouquinho sobre o programa. Nós sabemos que o senhor é considerado o pai do StarGold.
P/2 – Eu tô perguntando isso também porque não se trata só de implantar um novo programa de execução, de projetos é a questão da mentalidade.... Difícil para as pessoas mudarem a maneira de ser dentro da empresa ....
R/ – Vou te falar uma coisa olha só, a companhia....
P/2 – Ai vem outro né.....
R/ – Não, isso foi o tempo todo, é que nós já fizemos um, é o tempo todo assim, a empresa tem muita resistência, como qualquer empresa, como a sua empresa tem... Todo mundo tem muita resistência, tem o pessoal lá que não quer mudar nada, tem resistência tá certo? Isso ai teve, teve e acredito que sempre terá, isso é normal do ser humano, vem um monte de barreira. O StarGold, o que foi o StarGold? O Star Gold foi um programa... Nós vendíamos muito pouco Argônio e é um produto que você tem um agregado muito grande, nós conseguimos lançar um programa em todas as dimensões, antigamente você ia, por exemplo, vamos desenvolver uma mistura de dois ou três componentes, o pessoal vai na produção, consulta o cara que fala não tem condição de fazer... Ai o que quê fazia? Como eu sou engenheiro eu ia lá na produção convencia o pessoal de fazer, não queriam fazer, mas faziam. Então essa foi... Mas isso é só pra você entender o estilo, a gente fazia, agora vamos levar, vamos botar uma cor diferente, não pode colocar uma cor diferente porque tem uma norma, ai eu ia no cara da norma, convencia o cara da norma, ai rodaram o nome lá, três mil nomes, por exemplo, tinha que ser um nome com a estrela da White Martins que a White Martins naquela oportunidade tinha estrela como código de símbolo. Logo trouxeram o nome de Goldstar, nós discutimos, invertemos o nome, isso tudo faz parte do processo, é bacana você contar essa história, agora tô me lembrando, você tá falando eu tô me lembrando, eu falei: “Bom já que vai fazer nós vamos pintar o símbolo de dourado”. “Você vai por tinta dourada? Não dá porque desbota no sol.” Tudo o que você falava não dava, eu ria. Como é que não dá?
Vamos desenvolver uma tinta, chama o fabricante para desenvolver a tinta porque o cilindro que fica no sol desbota mesmo, as primeiras tintas despigmentaram, quer dizer, saiu tudo, ficou dourado com verde, normal porque você tem que desenvolver. Eu quero um rótulo bonito também, não quero um rótulo qualquer tem que ser com jeito, porque eu vou precificar, você vai no fabricante de rótulo vem aquele muquirana que não entrega o rótulo, ai você vai e desenvolve.... Conhece essas histórias bem, conhece bem né? Desenvolve o rótulo, leva pra produção, cria um lacre, o cara vai e não tem um lacre, você já imaginou? Você tem que fazer tudo, a companhia não tá preparada para dissolver nada é um tremendo de um mastodonte, sabe o que é um mastodontes? Nem sabe o que é isso... Aquilo não se mexe, então o William, ele era o engenheiro de tecnologia que tinha vindo do estaleiro chamado Caneco que nós contratamos várias pessoas, ia desenvolver tecnicamente o programa e eu era o louco que queria fazer acontecer o programa. Então é mais ou menos assim, o Star gold foi isso, quer dizer a gente saiu de uma venda de zero, para você ter uma ideia a gente vendia na época duas toneladas de Argônio para a solda, naquela época não vendia nada, começou vendendo duas toneladas, hoje vende 350 toneladas por dia, vendia nada.
P/2 – Em que mercado demandava...
R/ – O mercado de soldagem, o mercado é aberto porque a soldagem... Qual é o apelo ai? Você vai soldar alguma coisa, você faz uma soldagem manual ou você faz uma soldagem semi-automática? Você aumenta a produtividade, você vai fazer aqui, vai soldar manualmente uma chapa qualquer, metal que se solda, e colocar metal, você cola metal com solda né....
P/2 – Tem que juntar...
R/ – Tem que juntar, você vai juntar aquilo manual? Você vai colocar um máquina que vai (vumm)? Hoje em dia tá um negócio tecnológico, o William entende de tudo, tá fazendo um negócio brutal, faz até com dois arames, no viés de você semi-automatiza, você semi-automatiza, você usa uma soldagem com gás, você mudou o processo, os caras faziam de um jeito e a gente trouxe tecnologia pra fazer de uma forma mais rápida, de uma forma mais efetiva, então por traz do programa não foi solda, foi tudo o que você implantou, você inovou em todos os sentidos, você teve que inovar, botar os mastodontes tudo para trabalhar, um monte de morcego azul, e trazer tecnologia, conhece o morcego azul? Aquele que fica pendurado assim no canto da sala que não se mexe? É complicado.
P/2 – Para indústria de base a maior demanda é a da soldagem?
R/ – Você não tem jeito, você trabalha com metal na indústria de base e vai ter que soldar, não tem jeito, como é que você junta metal? Isso aqui, isso tudo aqui tá com dobradiça não tá? Não tá agora porque isso aqui é uma estrutura de metal de alumínio que ela não tem nenhum tipo de resistência, ela não... Ela só tá segurando, só tá apoiando, qualquer metal que você trabalhar, você tem que reforçar, vai ter que soldar agora você imagina uma estrutura pesadona? Você tem essa dobradiça, dá pra você pegar uma estrutura de metal grandona e fazer assim... Ela não vai, não dá, então é navio e chapa de navio, chapa de qualquer coisa você tem que soldar, então você trouxe a tecnologia. Hoje em dia você já faz com robô e eles estão fazendo mistura de três quatro componentes, isso ai foi um divisor de águas que chegou pra ficar e não vai acaba nunca, entendeu? Tipo telefone, telefone celular, você lembra do tijolo? Lembra daquele Motorola que custava três mil reais, lembra disso? Lembra que tinha fila pra entrar, quem tinha esse telefone era um rei naquela época, essas coisas são assim, vamos lá o que mais...
P/1 – Então o Senhor....
R/ – Muita história...
P/1 – Aproveitando que nós estamos falando de soldagem, eu gostaria que o senhor contasse a sua experiência acompanhando a criação dos centros de tecnologia.
R/ – Eu acho que o William que teve aqui hoje, tá recente....
P/1 – Ontem e hoje...
R/ – Você poder ter a liberdade de desenvolver, ao invés de depender de alguém para desenvolver alguma coisa para você, primeiro isso é velocidade, você quando vai pedir... Segundo é que você tá num mercado que tem uma necessidade que é diferente, por exemplo, da Coréia, dos Estados Unidos, do Japão e da Europa, a nossa situação aqui, o soldador aqui as vezes precisa de mais ajuda que um soldador lá fora. Infelizmente nosso nível de profissionais, profissionalizante, precisa se desenvolver mais, você vê o próprio Japão e a Coréia estão muito na frente porque eles vendem tecnologia pro mundo inteiro. Você vê eu tava em Singapura morando, teve aquela doença da síndrome, você lembra disso?
P/1 – Lembro.
R/ – Eu fiquei em quarentena e em 40 dias Singapura não só identificou o problema da doença que tinha sido na China como desenvolveu tecnologia e começou a vender em 45 dias, como que foi eles colocaram radar? Como que fala esse detector de metais, um screen no aeroporto de temperatura para não deixar o pessoal viajar, você conhece Singapura?
P/1 – Não.
R/ – Todo mundo que vai pra Ásia entra por Singapura. Tem muito vôo, a melhor companhia do mundo é de Singapura, e as pessoas não podiam parar de viajar porque tem muito movimento. O que eles fizeram? Você passava e o cara já via a cor todinha da zona de calor das pessoas, onde tinha qualquer tipo de alta temperatura que às vezes a gente tem no corpo, você tá com o cotovelo inflamado, aparecia uma mancha vermelha e azul se você tava dentro da temperatura indicada. Então eles desenvolveram rapidamente a tecnologia, o cara desenvolve em 45 cinco dias e já tá vendendo para a Ásia inteira, além disso você tinha, o que quê aconteceu? Tinha gente que tava com febre que queria viajar e tomava um antitérmico antes de passar no aeroporto, assim baixava a temperatura e passava no radar, só que no vôo checavam outra vez a temperatura para não deixar o cara burlar os sistemas, entendeu? Você vê o nível de conhecimento e preocupação, a gente não tem isso aqui, imagina se dá um azar, aqui a gente não tá conseguindo nem lidar com o mosquitinho da dengue, imagina a situação lá? Eles me botaram em quarentena 2.500 pessoas em dois dias, eles colocaram todo mundo em quarentena, sabe o que é quarentena né?
P/1 – Sei.
R/ – Você não podia sair de casa, imagina você botar 2.500 famílias sem sair de casa? Todo mundo para isolar a doença. Você tá pensando que é brincadeira minha, não é não. Veja bem como é que você consegue... Qual é a importância do centro de tecnologia de inovação? Você consegue ter aqui um grupo extremamente especializado, fazendo coisa com velocidade, se adequando ao mercado local, por isso se você vai fazer um navio da Petrobras e tem um determinado aço que você não tem, nem lá nos Estados Unidos, tem um determinado cobre que você não tem, tem uma situação aqui de fundo do mar que o William talvez tenha explicado para você que é diferente de lá porque o nosso petróleo aqui tá em águas profundas, tá em profundidade, lá não tá, como é que solda isso aqui? Ele vai e desenvolve, qual o valor que tem isso para o cliente que tá comprando? Imenso, ai você vai e precifica, sabe o que é precificar? Isso tem muito valor, você tá perto, vende confiabilidade, vende conhecimento, inova. Então isso tudo, e a companhia que é envolvida com isso tem um valor danado, aprende que esse conhecimento fica para a vida inteira, independente de estar aqui ou não, isso ajuda muito no processo motivacional interno, viajei muito na maionese?
P/1 – Não, não tá ótimo.
R/ – Maionese total né? Eu sou meio louco não te falaram não?
P/2 – (Risos) Deixa eu te perguntar... Essas não as questões que estão muito latentes agora de sustentabilidade, responsabilidade social, como a White Martins lida com elas?
R/ – Bom eu já falei de outra forma... Sustentabilidade... Se tiver ética, respeito e confiabilidade não há nada que seja mais importante para te dar sustentabilidade, não tô falando de papo furado não, tô falando de papo cabeça, não tem nada mais importante do que responsabilidade social, é o que ela ali é a responsável por (Apontou para Cristina). Todos nós... Ela tá com essa cadeira dentro empresa e a gente de uma maneira geral tem que procurar fazer alguma fazer, alguma coisa pelo próximo, é isso que a gente tem que procurar fazer em todos os sentidos, respeito, ajudar mesmo, não aquela de fazer a assistência ali, tem gente dentro de casa que precisa respeitar o outro, tentar trabalhar na ajuda ao próximo, mas eu vou resumir pra você em cima disso, a coisa que não vai parar nunca, a gente precisa melhorar sim, precisa fazer mais, mas vai por ai, é isso que eu acredito, é trabalhar o próximo em todos os sentidos tanto internamente como externamente entendeu? To falando coisa básica para você, mas é o que eu acredito, eu não sou muito de PowerPoint não.
P/1 - (Risos)
R/ – Entendeu? Que mais?
P/1 – Agora a gente vai encaminhar a entrevista para a parte final, você quer fazer alguma pergunta?
R/ – Agora eu vou aceitar aquela coca-cola light, elas estão me derrubando aqui, se tiver gelada tá bom. Vamos levar daqui, eu vou cinco horas tá bom? Uns 20 minutos?
P/1 – Ta está ótimo.
R/ – Cinco horas a gente mata. Fala ai.
P/2 – Nos sabemos que em algum período houve do óleo combustível de um cliente de vocês pelo GNC.
R/ – Certo.
P/2 – Quando ela falou em sustentabilidade eu também penso em meio ambiente que é uma questão....
R/ – Vou te falar
P/2 – É houve essa questão da redução das partículas....
R/ – No gás natural, esse produto nosso, o produto gás natural ele pode ser é líquido que é o no GNL (gás natural líquido), pode ser comprimido que é o GNC (gás natural comprimido). É gás natural então você tá falando? Do produto que na hora que você o trabalha ele já emite menos partículas, já agride menos o meio ambiente do que o GLP (gás liquefeito de petróleo), o produto em si, na hora que ele reage, agride menos do que o GLP, sabe o que é GLP né? Não sei se eu estou sendo muito técnico ...
P/2 – Gás que é feito de petróleo.
R/ – Líquido que é feito de petróleo, esse líquido que é feito a partir do refino do petróleo, o gás natural ele pode estar numa jazida junto com o petróleo ou não, mas ele agride menos, ele é menos agressivo do que o GLP, do que o óleo combustível o óleo preto, já viu o óleo queimando? Aquela fumaça preta danada que sai.
P/2 – Combustível Fóssil.
R/ – Combustível fóssil é um combustível pesado, o gás natural é um combustível fóssil, mas ele não vem do refino do petróleo, ele tá associado, mas ele não vem do refino, então é um gás que agride menos, por si ele agride menos que qualquer outro tipo de combustível, quando você aplica o que ele faz, geralmente, por exemplo, o nosso produto, nós temos muitas aplicações que vai ao cliente para ajudar ele a ser mais produtivo, a ser menos poluente, a ser menos agressivo, esse próprio lugar de soldagem Stargold, pegando de exemplo o Argônio e um gás enérgico o CO2, geralmente quando você substitui o eletrodo que uma soldagem manual ele tem ali dentro da alma dele que quando ele queima ele libera CO2, CO2 e o que protege a solda, você tem que proteger a solda mais ou menos como se fosse abrir um paciente, tem que ter uma proteção na sala de cirurgia não tem? Quando você faz uma solda você joga calor etc. Você que está no ar, não dá porosidade, já viu às vezes uma soldinha tem um buraquinho assim, ela vai e quebra. Então esse gás de proteção ele pode ser inerte, o nosso produto é enérgico, o que é enérgico não reage, então nós produtos em que fazemos mistura de tal forma pra agredir menos, eu tô usando esse tema agredir ambiente que você tá preocupada.
P/2 – E as próprias questões do meio ambiente em que teve umas questões que você escreveu enfrentar?
R/ – Nós estamos enfrentando... O nosso produto quase não agride, a nossa proposta quase não agride e quando agride é bem menos do que os produtos alternativos, nós somos um produto alternativo pra reduzir a emissão ou a agressão ao meio ambiente e quase não faz nada, por exemplo, um produto que tira o Oxigênio do ar eu introduzo, eu uso energia elétrica e equipamento pra separar o ar que ele tá liberando em três bases de componentes básicos: Nitrogênio 78%, Oxigênio 21%, somando dá 99% e sobrou 1% que é composto de gases nobres, um deles é o Argônio, então o que eu faço? Tudo que tá aqui separa e entrego, são uma parte gases do ar, outros CO2 e outros gases que eu faço e tudo pra que pra não emitir nada então nossa indústria é uma indústria que tem pouca emissão.
P/2 – Mais eu fiz essa pergunta pra imaginar ao longo da sua história dentro da cadeia nativa do gás.
R/ – Sim.
P/2 – Agora a questão da cadeia positiva do gás....
R/ – Tão falando do gás natural.
P/2 - Gás natural seria uma consequência natural do desenvolvimento de energia alternativa, que dizer também como um divisor de água?
R/ – O gás, você tá falando...
P/2 – O uso do gás natural...
R/ – Deixa eu te dar um exemplo...
P/2 – Como é que ele entrou como o processo dentro da empresa?
R/ – Como é que ele entrou, veja bem, peguei teu ponto...
P/2 – Preciso entrar mesmo...
R/ – Eu vou te falar o que quê foi...
P/2 – Explicar a aplicação com o processo de industrialização no Brasil.
R/ – O gás natural pertence hoje à União, ele está no subsolo, ele é uma energia alternativa que tava armazenada no subsolo, a Petrobras como representante da União resolveu fazer o seguinte: “Vamos usar esse gás alternativo, é melhor do que importar da Bolívia, como é que eu tiro ele do subsolo?”. Primeiro tem que explorá-lo, tem que extrair, vamos jogar ele, eu vou ter que puxar esse gasoduto pra levar como atividade percussora que nós deslumbramos, bom esse gás é um gás melhor, não queima óleo, ser muito bom pra indústria porque a indústria tava queimando óleo madeira, cavaco de madeira, queimando tudo, bagaço de cana, poluição tremenda, e ele é um gás menos agressivo, quer ao ambiente, bom só que eu tenho que levar, por tudo até a Petrobras, esticar tudo para levar, o que quê a gente fez? Deixou pegar o, gás eu tenho tecnologia, eu vou liquefazer, eu vou levar de caminhão, eu tenho mais flexibilidade certo.
P/2 – Foi um conquista também.
R/ – Não, isso foi um pioneirismo, porque foi a primeira planta no Brasil. Eu como tenho tecnologia, sei fazer; deixa eu pegar o gás e levar de caminhão, eu vou pegar de você, faço uma picagem, vou liquefazer e vou levar de caminhão. Você tá levando um combustível muito mais amigável, menos agressivo ao meio ambiente, nas regiões onde não tinha o gás, que não podiam usar o gás e só vão poder usar o gás, por exemplo, hoje eu levo o gás para Brasília, para Goiânia, quando é que o gasoduto vai chegar lá? Vai levar anos, muito tempo. Eles estão puxando devagarzinho, para levar de caminhão a gente liquefaz e tem outra coisa; na hora que você leva ele líquido você leva um volume 600 vezes maior, na hora que você liquefaz você comprimi, você reduz, então você queima menos diesel também, pra levar ele você tá levando 600 vezes mais entendeu?
Isso é muito técnico eu fico preocupado de te explicar isso, se você está entendendo.
P/2 – Posso continuar.
P/1 – Pode, mas....
R/ – O P/1 a autoriza o P/2 a andar
P/1 – (Risos)
R/ – Aprendi o que é P/2, alguma coisa a gente aprende aqui nesse negócio.
P/2 – Você imaginou algum dia que você seria presidente da White Martins?
R/ – Eu não imaginei. Eu imaginei o seguinte, eu imaginei que eu ia crescer na empresa pela quantidade de tempo dedicação e esforço pessoal que eu dava para a empresa, mas não imaginei que seria o presidente da empresa, as coisas foram acontecendo não sei se me expliquei...
P/2 – Claramente, e os estagiários você acha que eles conseguiriam ser presidente da empresa.
R/ – Eu acho que todo mundo que quer consegue, tem o seu espaço reservado, eu acho isso, o céu é o limite em qualquer profissão.
P/1 – E quais foram os maiores aprendizados nesse tempo de White Martins até agora?
R/ – Olha Isla, eu vou te falar, honestamente eu tô aqui agora com você, genuinamente, tô aqui. Não atendi nenhum telefone, não tô distraído, eu tô aprendendo com vocês também. Rolou a brincadeira com o P/2 que eu não sabia o que era, mas agora tô sabendo, mas a gente se encontra, aprende olhando, aprende com o comportamento, com conversas, eu acho que você tem que estar ligado, sem neura de teor calórico, eu aprendo o tempo todo na White Martins, eu procuro ter contato com elas, “me traz um caso, me apresenta uma situação, expõe”, eu gosto disso.” Eu aprendo o tempo todo, enquanto eu tiver nesse nessa balada eu tô feliz, outro dia me perguntaram, geralmente me perguntam, eu tô desde estagiário, porque eu estou até hoje na empresa, não andei porque eu gosto da empresa, me identifico muito com a empresa, aprendo todo dia com esse negócio, não existe... Mas eu vou à luta na boa, vou na boa, viro a pagina, conhece essa frase já virou a página na sua vida algumas vezes?
P/1 – Já....
R/ – É virou mesmo, eu tô ainda com a página aberta, ainda não virei não, eu já tinha certeza que tu ia me pergunta isso também, então respondi.
P/1 – (Risos), o que significa a White Martins fazer 100 anos?
R/ – O quê? White Martins faz 100 anos?
P/1 – É.
R/ – Para mim não tem diferença ela fazer 100 ou 99 eu acho que vai ser um marco, um divisor de águas da companhia que sobreviveu essa pujança, 100 anos. E está disposta, para mim parece que tem 20 anos, isso que significa... Seja lá o que conseguimos levar, ter 100 anos de existência com a performance da musculatura que ela tem hoje, agora 100, 110, 99, pra mim, ou 90, 80, não tem muita diferença no time, eu acho que ela tá com a capacidade financeira, com a capacidade humana, com a capacidade técnica, o nosso objetivo é ser a melhor empresa de gases no mundo, não é a maior e sim a que opera melhor do que todo mundo, então isso, 100 anos pra mim é isso.
P/1 – Qual que foi a sua maior conquista?
R/ – A minha maior conquista é poder participar, é levar a companhia a esse nível de excelência, eu tô feliz, trabalho feliz, tô feliz, tenho um grupo excepcional, pode ser pra nós todos, inclusive eu, com certeza fizemos, eu... Eu só tenho um objetivo; fazer o máximo que eu posso, eu não tenho outro objetivo na empresa, não tenho outros, enquanto eu tiver fazendo o melhor que eu posso, dar o melhor de mim para empresa, espero que cada um dê o seu melhor, mas nada não tenho mais nada pra fazer.
P/1 – E o legado da White Martins pro Brasil?
R/ – Eu acho que a White pode ajudar muito o Brasil, no meu entendimento ela está à frente do Brasil em muitas coisas. Ela tem o privilégio de estar em todas as indústrias, é muito difícil ter uma indústria que não usa gás, todo processo produtivo industrial usa gás. Então tem uma felicidade em ter um relacionamento com todo tipo de indústria ou tipo de hospital. É um bom termômetro de indústria e você tem a oportunidade de fazer comparações, você aprende muito no dia a dia com os clientes, a gente pode fazer, nós podemos ser um meio, um veículo pra levar tecnologia e trazer de um cliente que o que a gente faz pra fora pra cá então o que falo é o seguinte: o cliente pode usar a gente, usar e abusar que a gente pode ajudar muito, agora papo de vendedor bravo....
P/1 – (Risos)
R/ – Contrata o tempo todo, constrói o tempo todo, expande, cresce. Você não quer trabalhar presidência? Honestamente tem problema? Claro que tem, tem problema sempre, tem problema do ladinho que quê tem oportunismo.
P/2 – Posso fazer uma pergunta?
R/ – Vamos lá, vamos fechar esse negocio.
P/2 – Questão de energia...
R/ – Você me matou hoje!
P/2 – Questão de energia procede na questão de industrialização no Brasil, em energia imagino que a White Martins já se expandiu geograficamente pelo Brasil inteiro... Imaginamos que não tem mais lugar...
R/ – Você tá fazendo uma hipótese...
P/2 – Para trabalho...
R/ – Tem lugar, lugar tem.
P/2 - Ainda existe bastante lugar?
R/ – Tem, você tem o seguinte, cada indústria que vai colocar no Brasil, qualquer indústria nova, você pode dar o exemplo que quiser, Fiat Pernambuco, por exemplo, não vai instalar agora? Vou ter que vender gás para a Fiat. Manaus? A Vale foi pro Pará e eu fiz uma planta de níquel no Pará eu tô lá vendendo oxigênio pra fundir níquel, todo o Brasil precisa ser ocupado, não precisa? Ele vai ser ocupado aonde? Do centro interior né? Porque ninguém quer indústria do lado da residência, não vai para o interior todo? Eles não vão ter que se descolar? Deslocamento das indústrias e vai ter novas indústrias, todas as indústrias que vão se instalar dentro do território vão precisar de gás.
P/2 – É a questão da...
R/ – Não tem solução...
P/2 – A questão da energia elétrica?
R/ – Você tá falando o seguinte, se vai ter energia?
P/2 – Eletricidade.
R/ – O que quê tá acontecendo, já entendi. Não tem jeito, o Brasil é um mercado consumidor de 200 tendendo a 300 milhões de pessoa, não vai crescer sem energia, todo mundo precisa de luz ou para residência ou pra indústria, não tem jeito, você não faz nada sem luz, é verdade ou não? Sem energia elétrica não é possível movimentar qualquer tipo de equipamento. Se o governo não oferecer, se as indústrias de energia não tiverem energia elétrica para oferecer, eles vão fazer auto geração, eles vão investir em energia também, que é o meu caso, eu vou até Manaus, vou no Pará, ligo pra concessionário me dar energia que tô precisando entrar na internet e não tem o que eu vou fazer? Vou dar meio jeito, não vou? Então eu vou ter que investir em energia, vai ser o seguinte; nós vamos ter que dar solução, nós vamos deixar de comer? Você que vai fazer se não tiver...
P/2 – Criar seus próprios autos...
R/ – Autogeração...
P/2 – Autogeração...
R/ – Não tem jeito...
P/2 – Isso é o futuro.
R/ – Não tem jeito, a água vai ser, a solar que é o que tá acontecendo lá fora todo programa minha luz minha vida lá na Índia, na China que é igualzinho que todo com bateria solar, já escutou falar nisso?.
P/2 – Uhum
R/ – Já escutou?
P/2 – Você veio com tranquilidade...
R/ – Não tem jeito, cada um tem que dar um jeito, você não pode para isso, não pode parar, não pode depender da internet de alguém, bota aquela plaquinha onde você quiser, não pode depender de ninguém, o mundo futuro é de autodesenvolvimento, você não pode mais depender de ninguém não, você tem filha?
P/1 – Não.
R/ – Você ainda não casou ainda...
P/1 – (Risos) não.
R/ – Pensa bem...
P/1 – (Risos)
R – Pensa o seguinte, você quer, você vai dar independência, você vai dar condição, ela vai se virar não vai? Tô perguntando pra P/1, porque você não pode responder. Então é o seguinte nós vamos ter que dar independência pro pessoal não é? Então a tecnologia... Você não pode ficar preso a ninguém, com o equipamento que esse cara tem hoje... Você não tem que desenvolver, você que define seu equipamento, ou alguém compra pra você.
P/2 – Domingos eu achei muito interessante também esse programa das ideias...
R/ – Geração de ideias.
P/2 – E ai...
R/ – Fala...
P/2 – Tem um banco de dados de ideias?
R/ – É uma provocação que eu fiz com o pessoal. Sabe por que a gente fez essa prorrogação? Porque todo mundo tem ideia, todo mundo tem sugestão, mas os caras não dão, então nós estamos provocando, fomentando e remunerando, assim o pessoal fala.
Tem ideia boa pra caramba, tem muita ideia boa, tem ideia que a princípio não vai dar um rendimento total, mas pode dar em alguma coisa, na hora que você estimula vem de tudo, tem que tá aberto pra escutar tudo e tem que dar retorno, tem que aplicar, tem muita coisa, a única solução é muito simples: bota todo mundo pra remar na mesma direção e bota todo mundo pra participar do processo, da solução do problema.
P/2 – Desde o caldeireiro, de um caldeireiro?
R/ – O Willian deve ter falado pra vocês, geral, geral, a diretoria do Willian é nova, quanto tempo tem uns cinco meses?
P/1 – Não, não, foi no fim do ano passado.
R/ – Então ela é nova exatamente em cima disso, um cara extremamente competente, nós estamos colocando ele pra cima do processo, pra formalizar o processo de inovação dentro da empresa, tem ele isolado pra gente dar um caráter mais formal, tentei ajudar ai valeu alguma coisa?
Cristina – Alguma coisa Domingos que você acha que tem que chama atenção?
R/ – Não, não sei vocês estão ai...
P/1 – Eu só vou incensar com algumas perguntas...
R/ – Só de leve...
P/1 – Só de leve, só duas de leve. É o seguinte o que quê o Senhor acha da White Martins é comemorar esses 100 anos com um projeto de memória resgatando a história de vida das pessoas?
R/ – Eu acho que, primeiro que comemorar e celebrar é muito bom...
P/1 – (Risos)
R/ – A história é muito boa, a gente não pode deixar de fazer isso nunca, eu acho que você sentar... Você já teve essa sensação de sentar pra ver um álbum de retrato de quando você era menina com a sua família? É mais ou menos o que vai acontecer, é fazer uma retrospectiva, olhar pra traz e falar: “Olha quanta coisa que nós já fizemos”. Eu acho que vai ajudar a gente até no processo de motivação mais pra frente, se nós fomos capaz de fazer tudo isso ai, imagina o que a gente não pode fazer. Já sentou pra ver as fotografias? Já alguma vez já sentou?
É bacana pra caramba, então é isso que eu tô esperando, a gente se motivar com tudo o que foi feito e que foi construído por todos nós, é isso ai.
P/1 – E a última, como que foi para o senhor sentar e contar a sua história?
R/ – Eu só acho que é pouco tempo pra falar muita coisa... E você vai, vai, isso é muita história, eu não tive chance de conversar, entendeu? Isso tem muita coisa e tem que ir lembrando, as vezes você tem um processo para estimular que demora, eu não vim aqui, não escrevi nada pra sentar aqui, eu gosto muito de fazer a coisa muito espontânea então isso, é papo que demora e não dá tempo, tem que descer muita coca-cola ...
P/1 – (Risos)...
R – Isso é muita história, só que tem história de todos os jeitos, tem muita cabeçada na parede, é que a gente só falou da coisa bonitinha.
P/1 – (Risos)
P/1 – Foi ótimo, muito obrigada...
R/ – Mas eu gostei muito.
P/1 – Muito Obrigada.
FIM DA ENTREVISTARecolher