Memórias das Comunidades de Paracatu
Entrevista de Donato Pereira Silva Neto
Entrevistado por Nataniel Torres
Paracatu, 16 de setembro de 2022
Código da entrevista: PCSH_HV1307
Revisado por Nataniel Torres
P/1 - Seu nome, sua data de nascimento e local onde você nasceu?
R - Donato Pereira da Silva Neto, 21/05/68, nascido em Paracatu.
P/1 - E você nasceu aqui na região da Lagoa mesmo?
R - Não, Paracatu. Nasci no hospital Municipal de Paracatu.
P/1 - Nasceu lá, mas foi criado aqui na região da Lagoa.
R - A vida toda.
P/1 - Falaram para você como foi o seu dia de nascimento?
R - Contaram, mas eu não lembro mais não.
P/1 - E o seu nome, falaram por que te deram o nome de Donato?
R - Meu avô por parte de pai, Donato Pereira da Silva, aí colocaram o Neto.
P/1 - Você conheceu seus avós por parte de pai?
R - Não!
P/1 - Qual o nome do seu pai Donato?
R - Antônio Pereira da Silva.
P/1 - E da sua mãe?
R - Benedita Gonçalves da Silva.
P/1 - E ela era aqui da região também?
R - Também!
P/1 - E o que ela fazia Donato?
R - Era do lar mesmo, naquela época as mulheres eram todas do lar, cuidava da casa dos filhos.
P/1 - E a sua família trabalhava com o quê?
R - Meus pais eram comércio, foi comércio.
P/1 - Era comércio do que?
R - Eles falavam venda, que é o supermercado hoje. Tinha de tudo, de carne de boi a cigarro, bebidas, tinha de tudo, roupas, tinha tudo.
P/1 - E quem ficava nessa venda, como que era?
R - Eles dois ficavam, aí com o tempo minha irmã foi ajudando também.
P/1 - E nessa época que você era criança, como é que era a sua infância aqui na região? O que você fazia?
R - A minha infância, ela foi um pouco complicada, porque eu nasci com uma doença nas pernas, nas pernas, nos olhos e me impossibilitava de andar, era andar e cair, andar e cair. Então foi uma dificuldade muito grande para chegar até aqui.
P/1 - Qual o nome da doença Donato?
R - Miastenia muscular.
P/1 - É uma doença congênita,...
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Entrevista de Donato Pereira Silva Neto
Entrevistado por Nataniel Torres
Paracatu, 16 de setembro de 2022
Código da entrevista: PCSH_HV1307
Revisado por Nataniel Torres
P/1 - Seu nome, sua data de nascimento e local onde você nasceu?
R - Donato Pereira da Silva Neto, 21/05/68, nascido em Paracatu.
P/1 - E você nasceu aqui na região da Lagoa mesmo?
R - Não, Paracatu. Nasci no hospital Municipal de Paracatu.
P/1 - Nasceu lá, mas foi criado aqui na região da Lagoa.
R - A vida toda.
P/1 - Falaram para você como foi o seu dia de nascimento?
R - Contaram, mas eu não lembro mais não.
P/1 - E o seu nome, falaram por que te deram o nome de Donato?
R - Meu avô por parte de pai, Donato Pereira da Silva, aí colocaram o Neto.
P/1 - Você conheceu seus avós por parte de pai?
R - Não!
P/1 - Qual o nome do seu pai Donato?
R - Antônio Pereira da Silva.
P/1 - E da sua mãe?
R - Benedita Gonçalves da Silva.
P/1 - E ela era aqui da região também?
R - Também!
P/1 - E o que ela fazia Donato?
R - Era do lar mesmo, naquela época as mulheres eram todas do lar, cuidava da casa dos filhos.
P/1 - E a sua família trabalhava com o quê?
R - Meus pais eram comércio, foi comércio.
P/1 - Era comércio do que?
R - Eles falavam venda, que é o supermercado hoje. Tinha de tudo, de carne de boi a cigarro, bebidas, tinha de tudo, roupas, tinha tudo.
P/1 - E quem ficava nessa venda, como que era?
R - Eles dois ficavam, aí com o tempo minha irmã foi ajudando também.
P/1 - E nessa época que você era criança, como é que era a sua infância aqui na região? O que você fazia?
R - A minha infância, ela foi um pouco complicada, porque eu nasci com uma doença nas pernas, nas pernas, nos olhos e me impossibilitava de andar, era andar e cair, andar e cair. Então foi uma dificuldade muito grande para chegar até aqui.
P/1 - Qual o nome da doença Donato?
R - Miastenia muscular.
P/1 - É uma doença congênita, nasceu com ela.
R - É! E com o tempo…. para estudar, a escola fica aqui distante, 2km, o dia que não tinha ninguém para levar eu não ia para a escola. E aí dessa época, eu quero deixar aqui registrado o agradecimento ao Alirio Nunes, Rogério Melo e….. vou lembrar o outro aqui… daqui a pouco eu lembro. O Rogério e o Alirio que me levavam para a escola….o Adelio, Adélio Pinto Rabelo, que é o filho da dona Selene, ele foi um dos que trabalhou aqui mais de 10 anos, ele que levava, na maioria das vezes ele que levava e buscava, de bicicleta. Então eu tenho que agradecer muito a esses 3 aí, sem eles eu não tinha chegado onde eu estou hoje.
P/1 - Eles vinham te pegar aqui para te levar lá na escola.
R - Não, eles trabalhavam no bar, aqui na venda, trabalhava na venda, mas já tinha essa função de me levar e me buscar na escola.
P/1 - Você estudou lá na escola da Dona Maria Trindade?
R - É, que era Graciano Calcado na época, depois mudou o nome, Maria Trindade.
P/1 - Você chegou a conhecer a dona Maria?
R - Não, não, eu não conheci não.
P/1 - Como que era a escola nessa época?
R - Era toda aberta, não era fechada igual hoje, não tinha banheiro, tinha aquelas, falavam privadas, que tinha. Lembro que tinha um pé de manga bem no meio do pátio, onde o pessoal brincava. Eu muita das vezes, no recreio, ficava sentado, porque não andava muito. Mas foi uma época boa, muito boa.
P/1 - E como você lhe dava com as coisas? Como você fazia as coisas?
R - Não fazia!
P/1 - E para brincar?
R - Brincava sentado.
P/1 - Mas você chagava a brincar?
R - Jogava bola com as minhas irmãs, eu sempre jogava no gol, sentado e elas chutando. Tinha uns amigos que vinham também, ficava sentado, eles chutavam a bola e eu no gol.
P/1 - E como é que descobriram a doença?
R - Com o tempo viu que eu não andava, o pai e a mãe viu que eu não andava, foi procurar recurso para ver o que era. Aí teve que fazer cirurgia, nessa cirurgia eu fui para a UTI, fiquei uma semana internado, meu pai levava 2, 3 vezes por mês para Brasília, lá no Sarah, hospital de base. Tinha uma rural, naquela época uma rural, aí levava, tinha vez que amanheci lá, tinha que anoitecer aqui, aquela correria danada. E aí foi desenvolvendo, depois da cirurgia parece que deu uma melhorada.
P/1 - Que tipo de tratamento você fazia lá, além da cirurgia?
R - Porque na época, quando deu essa doença, o pessoal achou que era como se fosse síndrome de down. E lá naquela época, eu lembro o pessoal comentando, que o médico falava que eu não ia conseguir estudar, não ia conseguir andar, ia ficar deitado vegetando. Só que Deus é tão grande que mudou tudo.
P/1 - E como foi essa época que as coisas começaram a mudar? O que aconteceu para mudar?
R - Acabando aqui a 4ª série, eu fui para a cidade, eu fui morar lá. Queria agradecer muito também, meu tios e padrinhos, Antônio e Dininha, que eu morei mais de 10 anos com eles, lá em Paracatu. E como lá não tinha quem levasse e buscava todo dia, eu tive que esforçar, eu acho que com esse esforço que eu fui fazendo de ir, dá o que, uns 2km também, lá da Bela Vista ao Polivalente, é uns 2km. Então tinha que ir, tinha vez que saia uma hora antes da aula, de bicicleta, talvez lá é descida, a gente conseguia chegar rápido. Para ir embora ia empurrando a bicicleta, porque não tinha força para pedalar, aí foi desenvolvendo.
P/1 - Que período que você falou assim, agora eu já estou conseguindo andar, estou conseguindo fazer as minhas coisas por mim mesmo. Que época isso aconteceu?
R - Se não me falha a memória, na sétima série, por aí, aí começou… Eu lembro que tinha uma namorada, arrumei uma namorada lá, e aí eu tinha que ir na casa dela, aí você começa a andar, você começa a ver todo mundo andando, todo mundo indo. Aí você vai perdendo o medo de sair. Eu tinha medo de sair e cair. Aí fui perdendo o medo. Ai hoje, como eu estava falando lá, o médico falou que eu ia vegetar… consegui tirar a carteira, me formei em técnico de contabilidade, trabalhei em escritório também, na cidade, com o meu tio Zé Gonçalves. Fiz faculdade, serviço social e hoje ando quase normal, quase normal. Então…
P/1 - Nessa época da adolescência você escolheu técnico, é isso?
R - Porque lá no Polivalente só tinha até a 8ª série e não tinha mais nada. Em Paracatu naquela época, ou era curso de contabilidade, ou era normal, que falava, professor, eram os 2 que tinha. Então falei, vou escolher matemática, fazer conta, vou ver se essa cadeira vai funcionar. E graças a Deus deu certo! E o colégio era bem mais longe, eu tinha que cruzar a cidade para chegar no colégio, da minha casa, Bela Vista, na antiga Ademar Veiga, que chamava lá. Então… e nessa época também, eu lembro… que eu tomo um remédio, comecei a tomar ele, só Dedé que tinha esse remédio, Dedé da farmácia, um dos farmaceuticos mais conceituado aqui de Paracatu. E eu lembro que uma vez ele me viu lá, aí ele foi conversar comigo, eu tava andando assim, tal… não era para estar andando. Deus abençoou mais uma vez e consegui vencer. E um detalhe, para fazer imposto de renda hoje, você joga no computador aparece tudo, naquela época, a gente fechava imposto de renda, ia nas empresas que tomava conta, o imposto de renda era calculado na máquina, na calculadora, ficava até 2 horas da manhã tentando fechar o imposto de renda do cidadão, porque tinha que entregar no dia. Então desenvolveu muito a cabeça em termos de matemática, de raciocínio, isso aí foi muito bom também para desenvolver um pouco mais.
P/1 - E logo que você estava fazendo o curso você conseguiu emprego, como é que foi?
R - Contabilidade. Depois eu saí, voltei para cá. Eu comecei a trabalhar tarde, se não me engano foi em 2000. A empresa abrindo aqui, a antiga Monsanto, ia recrutar pessoal. Eu falei, vou trabalhar, tem que ir. Tinha que pegar o ônibus daqui, ir. E aí eu trabalhei lá 8 anos, comecei como safrista e cheguei a encarregado de turma. Fui encarregado da turma da Lagoa que tinha, depois fui encarregado de outra turma, depois fui encarregado de portaria, fiquei lá 8 anos. Tenho que agradecer muito também ao pessoal da DG, o seu finado Dionisio Guedes que deu força para a gente lá, o Bruno, Railson, que sempre tava apoiando a gente lá, mesmo sabendo da dificuldade tava junto com a gente lá.
P/1 - E nessa época que você estava trabalhando nessa área você conheceu bastante gente?
R - Muita gente, muita gente!
P/1 - E como era o relacionamento com as pessoas?
R - Assim, eu sou um pouco nervoso, como encarregado. Tem uma passagem lá, que eu tinha uma namorada que trabalhava lá e ela fez uma coisa lá, não lembro o que foi. E aí o meu superior me chamou para conversar, ele não sabia quem eram as 2 pessoas, ele falou, “tem que mandar embora”. Eu falei, na hora, já que brigou, já que teve esse problema vou mandar embora. Quando ele viu que era a minha namorada, ele já mudou. Eu falei, “não, ou manda as 2, ou então não manda nenhuma, dá uma advertência para as 2, ou não manda ninguém, então”. Aí assim foi feito. Mas se fosse o caso de ter mandado, tinha mandado, porque a instituição é maior que o lado pessoal nosso, então tem que obedecer a hierarquia. E aí eu fui ficando lá, ficando. Aí fiz um concurso para a prefeitura aqui de Paracatu e passei. Não estudei nada, não li nada, fui lá fazer o concurso lá, fui aprovado, Nessa época colocava na rádio, fulano de tal…. o nome da gente, chamando para ir para a prefeitura levar os documentos. A gente tinha uma janta 3 horas da manhã na Monsanto, e o pessoal escutou o meu nome, foi uma festa lá! Aí fui trabalhar, trabalhei no hospital 14 anos, 13 anos lá.
P/1 - Lá que cargo que era?
R - Na portaria, recepção, portaria que eu trabalhava. Quatorze anos, treze anos nós ficamos lá. Ali era complicado, ali era… o hospital municipal eu vou te falar, o pessoal reclama muito, fala muito, mas só que tem lá dentro que sabe o que é. E muita correria e eu peguei uma ano muito difícil em Paracatu, que teve muito baleado, muito… todo dia matava um, dois, então o plantão nosso já era carregado mesmo, mutuado, entrava um aqui já estava ligando, “a polícia está trazendo outro aí”. E a gente naquela correria. Tem hora que eu nem lembrava que eu tinha problema de perna, se tinha que descer lá e pegar maca e por baleado dentro, acidentado, baleado dentro da maca para levar para dentro. Tinha o resgate também, o resgate muitas vezes os técnicos não podia ir, porque estava dando socorro para outra pessoa lá, tinha uma baleado, um acidente. Já fiz vários também, resgate.
P/1 - E o que aconteceu nessa época que você falou que começou a aparecer mais baleado, aconteceu alguma coisa na cidade para mudar isso?
R - Foi um ano… Acho que forma da policia militar, da polícia civil trabalhar, foi mudando isso aí, eles foram apertando o cerco, apertando, hoje graças a Deus tá bem mais tranquilo, mas naquela época…
P/1 - Que época mais ou menos, Donato?
R - 2013, 2014, se não me falho a memória. Foi um ano muito difícil,principalmente para quem trabalhou dentro do hospital, porque lá não tinha dia, não tinha hora, então foi muito complicado.
P/1 - E o hospital daquela época para agora, ele mudou muito? Como que ele está?
R - Melhorou bastante, melhorou bastante, espaçoso, mas já está precisando fazer outro já. Que a cidade está crescendo, desenvolvendo, então um hospital só não resolve, tem que fazer mais um.
P/1 - Você ficou envolvido com a rádio, como é que foi esse período?
R - Isso! Eu gostava muito de escrever, ainda gosto, inclusive eu estou quase no meio de um livro, o título provisório dele é “A saga do pronto socorro e a política em Paracatu”. Então são 2 assuntos que vai dar o que falar. E aí eu conheci o…. ele fazia o esporte aqui. E conheci o Hélio Guimarães, finado, infelizmente nós perdemos ele. E aí eu mandava o texto para ele, eu comecei a observar que ele não editava o texto meu, do jeito que eu mandava ele lia. Aí um dia eu questionei, “porque você não muda nada?” “Não, seu texto não é bom, ele é ótimo! Você vai trabalhar comigo!” Aí comecei a trabalhar na FM Repórter. Nós ficamos lá uma época.
P/1 - Você falava também, ou você escrevia o texto, roteirizava?
R - Fazia reportagem, escrevia o texto, alguma coisa ele mudava, mas a maioria ele pegava. E aí depois eu saí da rádio. Aí fui para a rádio Juriti na época, hoje a única, a Juriti, trabalhar com o Edmar Alves. Edmar Alves que me chamou para trabalhar lá, para ajudar na rádio, que ele é Atleticano e Vascaíno. E tinha o Silvio Marques, o terra seca, que era atleticano. Aí tinha que ter um cruzeirense, que aí eu fui para defender o cruzeiro lá na bancada. Então foi uma época muito boa mesmo lá, conheci muita gente, então foi muito gratificante essa época.
P/1 - Me conta essa época do futebol aqui na Lagoa. Como é que começou?
R - Então, no ano de 72, 73, meu pai comprou o campo, inclusive temos a escritura aqui, que foi em 7 de agosto de 75, que foi quando ele adquiriu o campo. Tinha mais donos, mas aí ele acabou, comprou tudo, aí ficou… por isso que o campo hoje é Antônio Pereira da Silva, porque ele comprou, a escritura está aqui, 85 que foi feito esse campo.
P/1 - Vocês compraram o terreno onde foi construído o campo depois, é isso?
R - Exatamente!
P/1 - Esse campo era o que antes? O terreno era só mato?
R - Eu acho que era.
P/1 - Ou tinha plantação nessa época?
R - Era só pasto.
P/1 - Aí comprou e como começou Donato?
R - Mãe fala que tinha MDB e Arena, 2 partidos políticos. Acho que um prometeu fazer o campo se ganhasse. Aí esse que prometeu perdeu, mas naquela época palavra valia, o pessoal correu atrás, eles tiveram que fazer o campo, mesmo perdendo a eleição. E tinha o campo, o futebol da Lagoa, o time da Lagoa, que era o meu pai, Antonio, Paulinho Pereira, Feliciço, Lução Leiteiro, Zequinha Pinheiro. Esses 5, podia ter o jogo que tivesse, as primeiras camisas eram deles, aí se sobrasse. Aí o time era tão unido que eram 11, mas quem mandava era os 5, e se esses outros trouxessem alguém para jogar, aí eles teriam que sair para dar o lugar para eles, porque outro não ia sair não. Então foi uma época boa também. Eu comecei a mexer com campeonato, eu falo que no campeonato de várzea de Paracatu começou aqui. E nós trouxemos muita gente para cá, muita gente mesmo, porque não tinha nada na cidade, então o pessoal vinha para cá. Canto da Lagoa não tinha outro igual, as finais aqui era…. o bar não dava conta de atender, tanta gente que tinha
P/1 - Por que aí vinha gente de outros lugares para a competição.
R - De todos lugares vinha gente.
P/1 - Era times de outros estados, outras regiões…
R - Não, não! Da região mesmo, da região que vinha, da cidade que vinha jogar aqui.
P/1 - Para fazer o campeonato que vocês organizavam.
R - Exatamente! Começamos a nos organizar, por último agora foi o Valmir, o Passarinho. Até hoje, eu não conheço nenhum campo de zona rural que tá igual esse aqui. A maioria já acabou, ninguém joga mais, mas ele continua aí ainda.
P/1 - E nesse período que vocês faziam o campeonato, como é que você organizava isso?
R - A tabela, regulamento, chave, era tudo comigo, entregava tudo prontinho. Dividia os times, fazia o chaveamento, até chegar na final.
P/1 - E para convidar as pessoas, como que era Donato?
R - A rádio. A rádio era única coisa que a gente tinha para comunicar o povo.
P/1 - Convidava o povo para eles se inscreverem, é isso?
R - Exatamente. Aí eles se inscreviam. E quando era na segunda-feira, para passar o resultado, todo mundo estava escutando, pra ver como estava o time, esforço, briga, essas coisas. Porque a gente colocava tudo no ar. Então, época muito boa.
P/1 - Como que o povo se reunia para fazer os times dos outros lugares?
R - Sempre era a família que juntava para montar e fazer o time, e aí ia convidando os outros para montar a equipe.
P/1 - E para participar precisava ter alguma coisa, alguma regra, como que era?
R - Não, tinha que seguir o regulamento, pagar a inscrição, seguir o regulamento. A premiação nossa aqui que era diferenciada, nós já demos porco vivo, frango vivo, boi, quarto de vaca, já deu tudo já? Então, por isso que o campeonato era diferenciado, da Lagoa, a premiação um pouco rústica, um pouco rústica.
P/1 - Tem o campo e no outro lado tem o bar que era da sua família. E como que era isso, como que era para atender o povo?
R - Era um Deus nos acuda, viu! Mas naquela época o pessoal era mais organizado, sabia ficar, esperar, atender um para o outro chegar. Hoje é mais tumultuado, o pessoal chega já quer atendimento na hora, mas naquela época dava conta, dava conta. Ninguém saia sem levar alguma coisa não. E aí começou a corrida rústica da Lagoa, ela foi 17 anos, a corrida rustica.
P/1 - Me conta sobre ela, por favor?
R - Ela começou com uma brincadeira, né! Nós amanhecemos, ficamos o dia numa festa aí, e de madrugada, “vamos correr amanhã! Vamos fazer uma corrida amanhã! Quem for ganha um prêmio!” Eu comecei, “quem for ganha um prêmio!” E aí acordei meio no outro dia, “o pessoal aí para correr”. Eu não tinha prêmio, não tinha ação, não tinha nada! Falei brincando! E o pessoal correu, foi lá na Lagoa e voltaram, teve um que passou mal. Tinha uma praia muito bonita ali, lembro que ele deu um mergulho lá. Mas assim, lá que começou. Mas ela começou também, devido eu não poder andar, eu não podia correr. Eu falei, não, vou fazer alguma coisa para movimentar o local e ver as pessoas correr, fazer o que eu não faço. E aí deu certo!
P/1 - E o que é essa corrida rústica? O povo corre daqui até a Lagoa, é isso?
R - Até o São Sebastião. São 21km.
P/1 - Me conta como que é essa corrida?
R - A largada e chegada é aqui no campo, 21km que a gente corre com ela. Tem uma foto aqui, posso pegar aqui a foto?
P/1 - Sim!
R - Eu vou mostrar aqui como que é a organização desta corrida. Ela é isso aqui, são os meus voluntários. Os voluntários reúnem antes, eles chegam 2 horas antes da corrida, aí toma o café e aí já distribui o pessoal para dar apoio, essas coisas. E vai lá e volta, 21km.
P/1 - Dá a largada aqui…
R - Vai lá e volta! Vai lá em São Sebastião e volta. E nessa corrida já teve atletas do Brasil todo aqui, Pernambuco, Goiás, Brasília, São Paulo, BH, de todo lugar. Porque a premiação dela é muito boa, então o pessoal vem. Ela deu uma parada agora por falta de patrocínio e veio a pandemia também, teve que parar, mas foi 17 anos de corrida.
P/1 - E o que vocês disponibilizaram de prêmio?
R - É! Mas o pessoal daqui. Aí quando foi o pessoal de fora, já tinha dinheiro, já tinha troféu, as empresas sempre me ajudando a organizar o evento. E aqui também lotava de gente, tinha palco para o pessoal cantar, contar piada. E o detalhe dessa corrida, que último colocado dela, a gente faz uma caixa, o último colocado ganha esse prêmio. Aí a pessoa fica alegre, “ganhei um prêmio”. Na hora que vai abrir, o último colocado ganha, abóbora, verduras, banana, guaraná em pó, toddy, essas coisa para fortificar, pro ano que vem ele vim mais forte. E é muita coisa, o pessoal gosta muito dessa premiação que a gente faz.
P/1 - E como é que você conseguiu patrocínio depois?
R - Eu creio que seja devido a credibilidade que a gente tem na cidade, nosso nome, nossa família é muito conhecida. Então sabe que não é coisa… a gente presta contas de tudo que está lá dentro. Então eu acho que isso aí que a gente consegue.
P/1 - Mas você que teve que correr atrás, ou o pessoal depois que começou?
R - Não, eu corri atrás, eu corri atrás, sozinho. Depois nós fomos mudando, doi diferenciando alguma coisa. Mas agora mesmo, esse ano agora, 2 empresas me procuraram para fazer a corrida. E se Deus quiser vamos fazer ela em dezembro, Deus quiser.
P/1 - Como é que começou a questão política com você Donato? Porque eu sei que hoje você é vereador. Como é que aconteceu?
R - Eu sempre gostei da política… Eu estando em casa, ou eu tendo tempo, eu gosto de estar vendo todo tipo de jornal, para ficar por dentro do que está acontecendo, então eu sempre gostei. E uma época aí eu me candidatei, uns 20 anos atrás, não tinha nada, não tinha carro, não tinha nada. E olha que eu tive bastante voto, bastante voto, para quem não tinha nada. E nessa agora, não era nem para candidatar, dependesse dona Santinha, não era para se candidatar não, minha mãe reuniu a família e ela abençoou a campanha. E sem gastar nada também, ganhei carreata de mais de 30 carros, ganhei tudo. E graças a Deus…
P/1 - Mas ganhou de onde Donato?
R - Dos amigos, dos amigos.
P/1 - A 20 anos atrás, como é que você fez para se divulgar na época?
R - Conversando com as pessoas, entregando santinho.
P/1 - Você ia nos lugares para falar com as pessoas?
R - Exatamente! E tinha bastante voto! Eu fiquei bem posicionado mesmo, devido as circunstâncias e as pessoas que ficaram atrás, fui muito bem votado naquela época também.
P/1 - E dessa vez chegou na câmara dos vereadores. E como está a questão política em Paracatu agora, Donato?
R - Complicada, complicada!
P/1 - O que vocês têm reivindicado? Você é o primeiro candidato da região da Lagoa.
R - Da região da Lagoa, o primeiro vereador eleito aqui fui eu. E tenho que agradecer muito, porque você ter 224 votos em uma única urna, é porque o pessoal estava confiando. Mas ela é muito complicada, só quem está lá dentro para ver o dia a dia, os bastidores dali dentro, sabe o que é. Então tem que ter muita sabedoria, tem que ter muito discernimento para não fazer coisa errada, porque a política é muito traiçoeira, então tem que ter a cabeça no lugar para não entrar em coisa errada.
P/1 - Quando você estava fazendo seus pleitos, quais eram as suas reivindicações na época?
R - Era saúde, ação social e esporte. Mas não depende da gente, o legislativo não manda, ele só pede, quem executa é o executivo, prefeito. Pode ser uma coisa boa para todo mundo, se ele achar que não é viável, ele não vai fazer. Então tem que ter parceria, tem que ter muita conversa, muita reunião, para poder ele atender os nossos pedidos, porque ele….Vereador pede, pede muito, mas de cada 10 pedidos que você faz, 1 ou 2 são atendidos, então é muito difícil! E as pessoas cobram da gente, porque o vereador que é culpado, o vereador que não fez, mas não fala nada do prefeito que não fez também. E não é de agora isso também, não é de agora, desde antigamente.
P/1 - E quais são as coisas que o pessoal da Lagoa está pedindo agora? O que está precisando para a Lagoa agora?
R - Nós vamos conseguir, se Deus quiser, reformar a pracinha da Lagoa, o posto de saúde, a quadra e asfaltar um pedaço que está faltando lá em cima na Lagoa, na porta da escola. E no Cunha também, vou falar do Cunha, nós vamos fazer também, a escola vai ser reformada também, se Deus quiser.
P/1 - E aí tem que ter uma conversa com a prefeitura, tem conseguido negociar? Como está Donato?
R - Tem, negocia, negocia, mas tem que fazer, tem que por a mão na massa e fazer mesmo. Mas eu creio que vai ser feito, vai ser feito sim.
P/1 - Quais os costumes que a Lagoa tinha?
R - Mais religiosos! Na minha época que eu comecei aqui na Lagoa, então o pessoal frequentava bastante. Hoje deu uma caída, mas aquela época o pessoal abraçava mesmo, ia para a igreja, fazia o que tinha que ser feito na comunidade. Hoje está mais difícil, todo mundo trabalhando fora, todo mundo naquela correria, não tem tempo também para estar correndo atrás disso aí. Mas aquela época foi muito boa. Tinha caretagem, uma das mais bonitas foi feita aqui. Inclusive no ano de 2010, foi o último ano dela, eu e o meu cunhado Paulo, também com a família, a gente era festeiro de Santo Antônio, São João, nos organizamos a última caretagem aqui, rodamos todas as casas da Lagoa e de Cunha. Saímos daqui 2 horas da tarde no domingo e retornamos aqui para almoçar meio dia de segunda-feira, dançando. E eu era um dos comandantes que ajudava, que era o festeiro eu e o Paulo que era o festeiro, comandando a caretagem.
P/1 - Essa caretagem e a caretagem da Lagoa, é isso?
R - Da Lagoa, uma das mais bonitas que tinha.
P/1 - E hoje ela não existe mais?
R - Não existe! Os mais velhos foram morrendo e não passaram para os mais novos, ela parou, não tem mais!.
P/1 - E quais costumes mais vocês tinham? Vocês tinham festas religiosas, festas de Santos também, né?
R - Tinha! São João, Santo Antônio, Nossa Senhora da Abadia, Nossa Senhora de Santana também tinha. E alguns eventos a mais a gente tinha também na comunidade.
P/1 - E eu sei que essas festas, novenas todas duravam bastante tempo.
R - Santo Antônio 13 noites e a de São João 9. Uma é trezena e a outra é novena.
P/1 - E como é que reunia esse povo para fazer as festas aqui?
R - Em boca a boca, um ía passando para o outro.
P/1 - As festas eram na igreja, é isso?
R - Na igreja, na igreja.
P/1 - E as comidas, as músicas, como é que era?
R - As músicas, música de violão. A comida geralmente fazia em casa, levava para lá, para vender nas barraquinhas pro povo, após a novena, após a procissão e a missa, dar o lanche para o pessoal, era feito em casa, e aí levava para lá.
P/1 - E comida tinha o que, por exemplo?
R - Vixi, que que era mãe?
P/1 - E tinha doce, essas coisas, dona Santinha? E uma pinguinha para abrir o apetite. Além dessas festas ainda tinha as procissões?
R - Tinha!
P/1 - Quais procissões tinham por aqui?
R - Santo Antônio e São João, que dava a volta nas ruas principais da Lagoa.
P/1 - E seguia essa procissão por toda a Lagoa?
R - É, por toda Lagoa.
P/1 - E quem vinha nessa procissão Donato?
R - O pessoal lá da região, Lagoa, Cunha, Santa Rita, São Sebastião. Os moradores da Lagoa que tinham mudado para a cidade, no dia da festa eles estavam aí para participar e muita gente, o pessoal que vinha de fora também, sabia da festa, então vinha participar.
P/1 - Se a gente fizer uma comparação dessa época que você era criança, você conheceu a comunidade de um jeito, e hoje, quais as diferenças que ela tem?
R - Eu creio, eu acho, que antigamente era mais animado, tinha mais gente participando, era muito mais animado, hoje o pessoal está um pouco descrente, não quer atuar dentro da igreja. Falta isso ái. Mas com certeza nos anos anteriores foi mais animado.
P/1 - Eu sei que você está com uma foto para falarmos da comunidade do Cunha, é isso? O que acontecia lá?
R - Falar em festa. Eu e o meu cunhado Paulo, mais uma vez, nós fizemos o ranchão do Cunha, ranchão do Cunha, primeiro local de festa aqui da região.
P/1 - Esse é lugar é onde é a Associação hoje?
R - Isso! Onde é a associação hoje. Então nós ficamos lá uns 2, 3 anos, se eu não me engano, depois passamos para outra pessoa. Mas era muito animado, muito animado mesmo. Festa hoje começa meia noite, lá 8 horas tinha fila de gente para entrar já. Então era muito animado e ia até de manhã cedo, tinha umas brigas de vez em quando, mas era coisa mínima. E o pessoal animado, mas animado mesmo.
P/1 - Por que vocês montaram esse Ranchão? Qual era a ideia?
R - Porque aqui não tinha nada, na região aqui não tinha nada para o pessoal divertir, pessoal ir. Ir para a cidade, a maioria não tinha carro para ir para a cidade para se divertir. Então vamos fazer isso aqui. Aí nós fizemos!
P/1 - Vocês faziam um forró, é isso?
R - Isso! Forró mesmo. E 90% das vezes era ao vivo. E quando o Dominguinho do Forró, que hoje é falecido, chegou aqui, tanto é que depois ele tomou conta do Rancho, ele alugou lá. Era animado demais, era o único cantor que eu vi até hoje que canta e dança ao mesmo tempo.
P/1 - Ele tocava sanfona, é isso?
R - Não, ele só cantava. Ficava com o microfone aqui e dançando.
P/1 - Ele era de onde?
R - Unaí! Domingos Santana, infelizmente nós perdemos também.
P/1 - E aí nessa época que ele tava com o Ranchão, fazia a festa, ele cantava e a festa durava bastante tempo.
R - Bastante tempo! A noite toda. Aí depois foi chegando outros locais de festas, aí depois parou.
P/1 - E hoje não está acontecendo mais a festa lá?
R - Não! Por enquanto não!
P/1 - Eu sei que lá tem a associação…
R - Isso!
P/1 - Como é que mudou isso para associação?
R - O ranchão também já era associação, desde aquela época tinha associação, lá era da associação.
P/1 - Então tinha festa, mas também tinha as questões políticas que eles discutiam?
R - Tinha, tinha tudo lá. Nós alugamos da diretoria para fazer esse Ranchão lá, nós fizemos o Ranchão e pagamos por mês. E agora mudou, agora é outra diretoria, o Valmir Pereira que é o presidente. E tá mudando também o jeito lá da comunidade.
P/1 - Mas você tem relação com o pessoal de lá?
R - Tenho!
P/1 - Vocês ainda conversam as coisas…
R - Conversa, discute tudo. Sempre estou lá conversando com eles, sempre estou lá.
P/1 - Porque eu sei que a região tinha uma relação com o garimpo, muito antigamente, e aí depois chegou a empresa aqui. E aí o que aconteceu nesse período, quando chegou a empresa aqui?
R - Acabou o garimpo, garimpo manual acabou.
P/1 - Você chegou a ver na época o garimpo Donato?
R - Vi, vi!
P/1 - Porque tinha água por aqui, depois secou. O que aconteceu com essa água?
R - Fecharam as águas lá em cima, as minas, a nascente, fechou com a barragem, a água não desce mais. Aí foi secando tudo.
P/1 - Você chegou a ver o garimpo, depois não podia mais fazer…
R - Não! Não podia mais.
P/1 - E aí, o que aconteceu depois, como ficou essa negociação depois?
R - Cada um foi caçar alguma coisa para sobreviver, caçar um meio de sobreviver. Muitos entraram na empresa, as contratadas, outros foram para a cidade, levando a vida.
P/1 - A barragem está ao redor dessas comunidades?
R - Isso! Lagoa, Cunha, Santa Rita, Machadinho.
P/1 - E como é que as comunidades se relacionam com o pessoal da empresa?
R - Alguns criticam. Mas a maioria tem um relacionamento muito bom com eles, maioria tem um relacionamento com eles.
P/1 - Porque o pessoal chegou a comprar terra deles, né?
R - Comprou de muita gente, muita terra. Santa Rita mesmo tinha muitas casas, hoje não tem quase nenhuma no Santa Rita.
P/1 - E o pessoal que morava por lá foi saindo da região?
R - Exatamente! Foram vendendo e saindo.
P/1 - E vocês aqui, vocês estão longe da Barragem?
R - Não! Se a barragem estoura lá ela leva tudo aqui, leva tudo, ela está uns 50m acima da casa.
P/1 - Porque a mancha da barragem chega até aqui.
R - Chega! Até aqui não, ela vai no São Francisco.
P/1 - Ela ainda vai mais longe?
R - Vai mais longe.
P/1 - E como fica essa coisa, esse relacionamento de vocês com a empresa? Teve alguma oferta para comprar terra, alguma coisa assim, ou nunca falaram nada.
R - Não, aqui não! Aqui não! Na Lagoa também não teve não.
P/1 - Antigamente tinha rodovia aqui, ou não tinha?
R - Não!
P/1 - Como é que foi?
R - Tinha a estrada, a estrada de chão. Em 85, se não me falha a memória, foi que inaugurou esse asfalto aqui.
P/1 - Nessa época que era estrada de chão, se movimentava por essa estrada de chão mesmo.
R - Mas só que passava por dentro da Lagoa e subia o morro do ouro, saia lá na rua Ouro, do bairro Amoreira, saia lá, saia lá!
P/1 - E aí depois, como é que começou essa negociação para eles abrirem a rodovia aqui?
R - Ela passava aqui dentro do curral, tinha uma ponte bem aqui, aí mudou a rota e passou…Em 85 foi inaugurada, inclusive o ex governador, Chancelindo Pereira, veio aqui 2 vezes na época, tomou café aqui. Então foi uma época boa também. Tinha dificuldade, tinha lama, tinha poeira, mas acho que era melhor em algumas partes, algumas partes era melhor.
P/1 - O que você gostaria de deixar como legado?
R - Rapaz, deixar para o mundo boas ações que a gente faz. Eu acho que você ser lembrado, com uma coisa boa que você fez, é gratificante. Eu hoje estando vereador, eu queria deixar a Lagoa e o Cunha do jeito que o pessoal queria, arrumada e bem cuidada. E a nossa Paracatu também, que desenvolva, mas também, não sacrificando seu povo, que é o mais importante. O povo não tem que ser sacrificado.
P/1 - Você percebe que está acontecendo alguma coisa nesse sentido, Donato?
R - Não, não é que está acontecendo. O pessoal fala que político só olha para o lado dele, mas não é bem assim. Depois que a gente está lá dentro, a gente vê como é, como que a coisa funciona. Então creio que tem que olhar para o povo, ouvir mais o povo também, porque a sabedoria, o povo falou, não tem como você ir contra.
P/1 - O que você achou de contar a sua história de vida?
R - Muito bom! Bom que fica registrado aí para as novas gerações, não sei até quando estaremos aqui. Tá aí registrado. Contei um pouco da minha vida, não foi assim, do jeito que a gente queria que fosse contado, mas acho que deu para entender alguma coisa aí também do que nós falamos aqui.
P/1 - Então eu do Museu da Pessoa, os meninos aqui da Click Paracatu, a gente agradece que você tenha contado sua história para a gente Donato. Muito obrigada!.
R - Eu que agradeço por vocês estarem aqui participando com a gente, gravando isso aí para estar deixando para a prosperidade. Valeu!
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