Entrevista de Geralda das Graças Carneiro Mol
Entrevistado por Laura Lana e Magali Lana
Barra longa, 2 de março de 2023
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista_MRD_003
00:29
P1: Então Dona Geralda, boa tarde,
R: Boa Tarde
P1: Eu queria que a senhora começasse falando seu nome completo, onde a senhora nasceu, a data do seu nascimento, onde a senhora morava?Pode começar
R: Então tá, meu nome é Geralda das Graças Carneiro Mól, eu nasci na roça, em um lugar chamado Roça Grande, município de Dom Severo. E idade, eu nasci dia 31 de maio de 1951. E lá nessa roça, eu posso contar já? E Lá nessa roça foi aonde eu morei, eu nasci e morei até sair de lá casada. E a minha mãe, nós lutamos com muita dificuldade, nós nascemos onde, primeiro Deus, depois parteira, que fez o parto da minha mãe, que papai não podia pagar um médico, era caro, não tinha um hospital. E foi muito difícil para gente, mamãe nos criou em um caixote, nós não tínhamos berço, a gente para ver os irmãos só quando ele estava de pé, porque sentava no fundo do caixote, a gente não via. Papai lutou com muita dificuldade.
01:55
P2: Por que o caixote era alto?
R: Era alto, fazia alto para a gente…
P2: Para criança não pular…
R: Para a gente não pular, porque se pulasse machucava
02:05
P1: Quantos irmãos?
R: 7, ainda teve aborto também.
02:11
P2: Você conheceu o seus avós?
R: Conheci, todos.
02:14
P2: E aí? Onde eles moravam?
R: Os avós de pai da minha mãe, era Atílio Gonçalves Carneiro e Maria Xavier Carneiro, que eram os meus avós, moravam num lugar chamado Sousa, no município Dom Silvera também. Só que eu não sei muito contar as dificuldades deles, alguma coisa a gente sabe, que ele mexia com gado, e o gado do meu avô era muito espantado, para vir no curral tinha que amarrar cipó na porteira e trazer. Eles moravam num barraco de taguara, e o gado era bravo, chegava brigando a noite, eles amarravam o barraco com medo do boi dar cabeçada,...
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Entrevistado por Laura Lana e Magali Lana
Barra longa, 2 de março de 2023
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista_MRD_003
00:29
P1: Então Dona Geralda, boa tarde,
R: Boa Tarde
P1: Eu queria que a senhora começasse falando seu nome completo, onde a senhora nasceu, a data do seu nascimento, onde a senhora morava?Pode começar
R: Então tá, meu nome é Geralda das Graças Carneiro Mól, eu nasci na roça, em um lugar chamado Roça Grande, município de Dom Severo. E idade, eu nasci dia 31 de maio de 1951. E lá nessa roça, eu posso contar já? E Lá nessa roça foi aonde eu morei, eu nasci e morei até sair de lá casada. E a minha mãe, nós lutamos com muita dificuldade, nós nascemos onde, primeiro Deus, depois parteira, que fez o parto da minha mãe, que papai não podia pagar um médico, era caro, não tinha um hospital. E foi muito difícil para gente, mamãe nos criou em um caixote, nós não tínhamos berço, a gente para ver os irmãos só quando ele estava de pé, porque sentava no fundo do caixote, a gente não via. Papai lutou com muita dificuldade.
01:55
P2: Por que o caixote era alto?
R: Era alto, fazia alto para a gente…
P2: Para criança não pular…
R: Para a gente não pular, porque se pulasse machucava
02:05
P1: Quantos irmãos?
R: 7, ainda teve aborto também.
02:11
P2: Você conheceu o seus avós?
R: Conheci, todos.
02:14
P2: E aí? Onde eles moravam?
R: Os avós de pai da minha mãe, era Atílio Gonçalves Carneiro e Maria Xavier Carneiro, que eram os meus avós, moravam num lugar chamado Sousa, no município Dom Silvera também. Só que eu não sei muito contar as dificuldades deles, alguma coisa a gente sabe, que ele mexia com gado, e o gado do meu avô era muito espantado, para vir no curral tinha que amarrar cipó na porteira e trazer. Eles moravam num barraco de taguara, e o gado era bravo, chegava brigando a noite, eles amarravam o barraco com medo do boi dar cabeçada, e tombar, cair, entrar lá dentro. Aí quando o gado entrava dentro do curral, puxava o cipó, aí prendia, aí curava. Era aquela dificuldade, vaca, via passando os bezerrinhos, daí uma semana não via mais bezerro atrás dela, não saia, comia. Era uma dificuldade, coitado.
03:31
P2: Morava num lugar com muito mato e floresta ? E eles criavam só o gato ou tinha todo tipo de criação?
R: É, eu não sei contar... É, tinha, trabalhou muito também como agricultor, né, mexia com a roça, foi difícil para eles também…
03:49
P2: Tinha boi, tinha porco, galinha…
R: É, tinha porco, tinha tudo. Os capados dele comiam cocho de pau, e acabava de os porcos, acabava de tratar dos porcos, eles deitavam, as galinhas iam e furavam cada buraco nos capados, eles pegavam aqueles cocô de vaca e tratavam para elas não comerem. é o tempo né, não tinha serva…
04:17
P2: É o tempo… Eles só comiam, eles faziam para comer lá na casa, ou eles vendiam também?
R: Aaa, eles vendiam, vendiam para manter, né, aí eles pegavam, moldavam e vendiam, deixava para despesa.
04:33
P2: E eles vendiam os porcos? Como é que fazia?
R: Vendia né, par…
P2: Levavam?
R: Levavam de cavalo, punha as duas bandas, atravessava né, levava lá em Dom Silveiro
04:45
P2: Para vender?
R: Para vender, era uma luta né?
04:50
P2: E plantavam também?
R: Plantavam, plantavam arroz, milho, feijão, cana, para tratar do gado. Mas não existia máquina para picar, igual hoje tem, eles picaram com facão que eles pegavam pedaço assim de cana e jogavam numa grama pro gado comer. Tem muito passo deles, mas a gente né, mas algumas coisas a gente sabe né, nem toda.
05:19
P1: O seu pai né?
R: Esse daí é meu avô.
05:21
P1: Por parte de pai?
R: É
P1: E da sua mãe, você conheceu também seus avós?
R: Minha mãe, esse veio da minha mãe, esse que que to contando caso dele aqui é da minha mãe, agora tem do meu pai também. Que era Nico, chamava Nico. É Antônio Gonçalves Carneiro e Julieta Donata Carneiro, daí é mãe do meu pai, do meu pai.
05:48
P2:Moravam lá também ?
R: Moravam lá também, o outro morava num lugar chamado Souza. E do meu pai chamava Roça Grande, que é os pais do meu pai, esse aí também lutou com dificuldades, agricultor também, plantava de tudo. Eu lembro que mamãe contava que quando ela foi casar, ele pediu para mamãe a coberta que ela cobria, meu pai. A minha avó falou: “ A gente, eu não posso dar, eu tenho pouca coberta”. Não pode dar a ele a coberta, de tanta dificuldade que tinha. Não era fácil mesmo.
06:33
P2: E a sua vida com seus pais, já foi melhor um pouco?
R: A, a minha vida melhorou um pouquinho, era também difícil né, a gente estudava, nós íamos a pé, eu não tinha casa em Dom Silvério, eu ficava em casa dos outros. Voltei, aí tirei o quarto ano, depois fui estudar de missão que falava né, mas quando chegou nas provas papai não aguentou pagar, tinha que pagar as provas, aí nos tirou da escola.
07:11
P2: Aí você voltou para roça?
R: Aí voltamos para roça e fomos ajudar ele na roça, mexia com, ajudava ele a quebrar milho. Um dia eu tava quebrando milho com ele, eu sei que eu peguei uma espiga assim, dei em uma espiga, já ia pisando já… Ele me puxou para trás , falou: “Olha o que que você ta pisando”. Era uma adulta, eu já ajudei ele a queimar carvão, ele queimava carvão, fazia aquele carvão né.
07:37
P2: Aqueles fornos?
R: É, aqueles fornos, nós íamos lá ajudar ele a barreirar forno, ajudamos ele demais na roça.
07:48
P1: E voltando um pouco na sua infância, que você falou que nasceu em sítio, como era esse sítio?
R: A esse sítio era um sítio pequeno, era grande não. Ali que a gente trabalhava, né. Você tá …?
P1: Isso
R: Pequena, aí minha filha, mamãe lutava com essa dificuldade dela, nós quando adoecíamos ela levava a gente a pé, uma légua e meia, para passar no médico. E eu tive um irmão que ele sofreu uma febre, eles falavam Tifo
08:27
P2: Tifo, é…
R: Num é? Pois é, os médicos não descobriram e acabou morrendo, veio a falecer. Ele falava com a minha mãe assim: “ O mamãe, estou quente “. Os médicos não descobriram, era um tempo atrasado, né? Acabou falecendo,.
08:45
P1: E como era a relação com seus irmãos?
R; A, era boa minha relação com eles, a gente brincava né, brincava muito com eles, fomos crescendo ali.
09:00
P1: Do que que vocês brincavam?
R: A gente brincava de pique, nós brincávamos de tudo, nós quebravamos, nós éramos muito… Fazíamos muita arte , e mamãe tinha uma louça, a louça dela que danou, né, do casamento, aí nós íamos pegar, que éramos muito curiosos, e ia tirar a louça para poder brincar, então caia no chão e quebrava. A, a mamãe, antes dela vir, nós já subíamos para o forro, lá tinha um forro de taguara, Sérgio era o pior, meu irmão, era o que subia primeiro para não apanhar. Eu era muito mole, ficava para trás, mas mesmo assim não apanhava não, eu alcançava e subia, e ela ficava procurando, olhava de baixo das camas, com a varinha, aí nós esperávamos ela ir embora, quando ela ia trabalhar que esquecia, aí descia. Sérgio mandava eu descer primeiro, para não apanhar, coitadinha da gente, descia, e ele era o último que descia desse forro. A a vidinha até que era boa, né? Que a gente né, brincava com os irmãos, foi muito divertido.
10:14
P2: E ajudava também?
R: Ajudava demais, e era .., Um dia eu fiz um, eu tava com um, eu não esqueço disso, acho que eu posso contar aqui, né? Eu estava com uns 17 anos, papai fez eu fazer o parto de uma porca, vocês não acreditam. A porca não tinha jeito de criar, ainda pelejou para ver se criava os leitõezinhos, não conseguiu. Meu pai foi pedir ajuda do pedreiro, mas o padeiro falou: “ Eu não posso seu Nico, a minha mão é grande e eu não posso fazer esse parto, você pede a Geralda” . Eu vi que papai chegou , e eu falei: “ O papai, cadê (era compadre dele ) , cadê o compadre do senhor, que o senhor foi buscar?”. “A, não veio não”. E todo assim sem graça, queria pedir para mim fazer o parto da porca, um trem que eu nunca fiz na minha vida, não existia veterinário. Aí ele falou assim: “Olha, você poderia ver se você conseguia tirar esses leitõezinhos, eu falei: “Papai, pelo amor de Deus, não faz isso nunca, eu não aguento, eu nunca fiz isso não, como que eu vou conseguir achar esses leitões?”. “Não, não, nós vamos jogar a porca no chão, vai por gente (meus irmãos) para segurar, e você dá um jeito.” Aí eu cortei minhas unhas, passei aquele azeite de mamona que tinha, e aí consegui, falei: “Ai meu Deus, será que eu vou encontrar esses leitões? “. Aí quando eu enfiei a mão lá dentro eu peguei um pezinho, aí eu juntei o outro e vim puxando aí consegui tirar, tirei um, tirei o segundo, tirei até o sétimo leitãozinho, aí salvei a porca, deu 10 arrobas, mas fez eu fazer isso e eu falei “ O que que eu vou fazer “
12:03
P2: Aí você aprendeu…
R: Aprendi, aí eu fiquei craque, vaca também podia ter os bezerrinhos, papai ia lá ajudar e não aguentava sozinho para poder puxar, e eu ajudava. Eu mexia muito com roça, toda vida, um dia eu montei em um cavalo e sai a galope, a barrigueira arrebentou, minha filha, eu fiquei para trás, eu só lembro que eu coloquei a mão para trás, assim ó, e o cavalo lá na frente… Minha irmã chegou correndo, Maria: “Machucou Geralda?”, eu falei: “Que machucou o que, vamo arriar o cavalo de novo .”
P2: Vamo de novo.. risos..
R: Não é…Que trem doido.. .É roça né, a vida de roça, né.
12:49
P2: E o que vocês comiam? Era aquilo que vocês plantavam?
R: Era o que plantava. Aqui, papai lutou com tanta dificuldade quando ele casou, nós comíamos, às vezes, moranga 30 dias, você não acredita, porque não tinha jeito, ele não tinha dinheiro para comprar arroz, feijão. Depois ele foi mexer com esse carvão e a vida foi melhorando um pouquinho, né.
13:14
P2:Ele vendia o carvão?
R: Vendia o carvão ainda, aí melhorou para nós, nós lutamos com muita dificuldade.
13:20
P2: Você casou com quantos anos?
R: Eu casei com 29 anos
13:24
P2: Então você teve essa vida aí até 29 anos?
R: Até 29 anos
13:30
P2: E namorou? Como é que foi?
R: Oi, eu namorei até 8 anos, aí nós casamos.
13:37
P2: Como que era esse namoro?
R:Ó, ia lá, Zé saia daqui de São Gonçalo e ia lá me ver, de 15 em 15 dias, porque todos os domingos era difícil, né, porque é longe. Ele ia a pé, saltava naquele rio, e ia a pé. Aí nós namoramos 8 anos, depois ele falou: “A, vamos casar, já to cansado de ficar andando”. Aí casamos, papai não quis festa, porque falou “Não, festa vai gastar, não vamos mexer com festa não, casa e cada um segue seu caminho.” Aí nós viemos para cá,São Gonçalo.
14:18
P2: E aí você ta morando até hoje?
R: Até hoje
14:20
P2: Quantos anos, em?
R:A, tem mais de 40 né, que eu moro aí.
14:26
P2: E aí você teve quantos filhos?
R: Eu tive 3, é Naoli a primeira, Reinaldo e Estela, 3 filhos.
14:40
P2: Não teve aborto, nada?
R: Não, graças a Deus, não.
14:45
P2:E aí, como é que foi o começo do casamento? Moravam sozinhos?
R: Nós morávamos com dona Dalva, é dona Dalva, e moramos com ela depois ela veio embora para cá, veio morar aqui, e eu e ele ficamos lá trabalhando. Eu ia com ele pro mato, cortava capim, cana, nós carregamos tudo nas costas, eu andei, passei bastante dificuldade aqui também, depois que nós equilibramos, mas trabalhei muito aí também, muito em roça. Nunca morei em rua, toda a vida foi na roça
15:32
P2:E só teve um homem, né?
R: Só um, Reinaldo
15:36
P2: E esse aí que te ajuda ainda?
R: Ajuda demais, nossa, ele que toma conta de tudo, as meninas eu fui sem sorte, né. A primeira já nasceu com problema, veio a segunda também, a não a caçula.. Depois veio Reinaldo, aí veio a caçula já veio com problema também, procuramos recurso, mas não teve jeito não.
16:07
P2: Morando na roça, né?
R: É.
P2: Tinha muita dificuldade
R: A primeira começou com desmaio, nós começamos tratar, levar para neurologista, e foi tratando, foi dando, depois eu ganhei Reinaldo, Reinaldo já veio normal, passou. Quando passou um ano e meio eu já ganhei a Estela, já veio com problema também, quando fez um ano e meio já começou.
16;34
P2: Com o mesmo problema da primeira?
R: É, com desmaio, aí nós levamos duas para consultar, e levava eletro, consulta, todas as duas. Tinha dia que nós pagavamos táxi, para ir para Fonte Nova, chegava lá as meninas não deixavam fazer o eletro de cabeça, tinha que voltar com as meninas, tornar a pagar táxi, para levar. Era muito difícil, aí uma prima de Zé, Ilma, falou assim: “O Zé, vocês estão gastando demais, nossa…”. Nós também chegamos em um ponto que não estavamos aguentando mais não. “... Vamos levar essas meninas para Belo Horizonte, que aí faz todos os exames, para ver o que que é para fazer.”Aí eu fiquei internada ainda 30 dias, no Sara Kubitschek , com elas, aí fizeram todos os exames, o médico chamou eu e o Zé e falou “Olha, não tem apelo aqui, se fizer cirurgia nelas, elas vão para cadeira de rodas e nunca mais vão andar, vocês tem que dar a elas é alegria, passear com elas. E foi o que nós fizemos, receitou os remédios para elas, para elas não desmaiarem, como elas tomam até hoje, e mesmo assim eu com essas duas meninas deficientes, eu trabalho. Eu mexo com horta, eu planto quiabo, eu tava contando pra ele aí, eu plantei quiabo esse ano, coli meio saco de quiabo, só que não tem valor aqui, minha filha. Pagaram até 2 reais no quilo de quiabo, aí eu falei: “A, não vou vender, é barato, né”. Só para folgar o pé eu ponho os quiabos e deixo, mas eu planto de tudo, e eu… Minhas meninas têm problema e eu não trabalhar, não. Eu trabalho e planto horta, a gente precisa trabalhar.
18:38
P1: Elas andam?
R: Andam, a mais velha…
P2: Com dificuldade né
R… Com um tapinha assim, ela não tem equilíbrio, ela cai, e a outra engatinha.
P2: Tem que ir segurando.
R: Segurando né, dá um trabalho, muito difícil. Ela pegou uma bactéria, a mais velha, que eu não sei da onde ela tirou isso, minha filha, e tá dando um trabalho. É um gasto,é médico, é remédio.
P2: Tem que sair né..
R: Tem que sair, as vezes a gente não acha um carro na prefeitura né, tem que pagar taxi, difícil né.
19:21
P1: Voltando um pouco, você falou que você casou com 29 anos, antes disso o que você fazia para você se divertir, como você passava o tempo quando era jovem?
R: A gente ia assim em festa, em Dom Silverio, tinha festa de Nossa Senhora da Saúde, a gente se divertia alguma coisa né, em Dom Silverio.
19:45
P1: Como era essa festa?
R: A festa era muito bonita, até hoje tem, e é barraca, era um divertimento, muito bonita a festa dela.
19:58
P2: Procissão,né?
R: É,procissão… Agora tem, eu acho que é 15 dias de festa, que ainda tem a festa dela, Nossa Senhora da Saúde. E lá vai muita gente, é muito bonita.
20:15
P2: Aí vocês iam para a festa a família toda,como é que era?
R: A família toda, fechava a casa. Quando nós voltamos, faltava galinha de mamãe, os ladrões iam lá e roubavam.
P2: Meu Deus.
R: Mamãe falava assim: "Eu, que deixa roubar para lá, eu to aproveitando as festas”. Chegava,contava, e ela “ Já tá faltando 3 galinhas, Zito “. Papai falou assim “Ah, vamos deixar para lá”. Roubava mesmo, via que a casa estava fechada. Era uma luta, né.
20:49
P1: Dona Geralda, voltando aí, a senhora falou que a senhora estudou no Dom Silverio, foi isso?
R: É, foi.
P1: Até a quarta série?
R: Eu estudei a quarta, depois nós estudamos essa admissão de palavra, né? É, mas só que meu pai não aguentou as provas, tinha que pagar, para fazer as provas.
21:14
P1: E como que era aula lá nessa escola, era boa?
R: Era..
P1: Tinha merenda, tinha tudo?
R: A, não tinha não, merenda a gente tinha que levar, não tinha merenda não.
21:26
P1: As professoras?
R: As professoras eram muito boas, só que não tinha igual hoje que tem as merendas né, os meninos hoje tem mais conforto.
21:36
P2: E aí você trabalhava na casa que você ficava?
R: Trabalhava, nós trabalhávamos lá, ajudávamos para poder ficar na casa deles. Era muito difícil, né, porque casa boa assim é a da gente, mas precisava e a gente tinha que ir. Aí que nós estudamos até a admissão, mas chegou num ponto que papai não aguentou, papai estava com dificuldade. Eu lembro que ele não aguento pagar as provas para nós, e nós saímos.
22:09
P2: E aí veio embora para roça?
R: E fomos trabalhar, ajudar, ajudamos ele na roça.
22:15
P2: Aí você começou a namorar ?
22:16
P1: Conheceu o Zé onde?
R: Aí eu conheci ele, vocês conhecem fazenda do Bueno? Pois é lá, teve uma fogueira, nós fomos, ele foi também, aí eu conheci ele lá. Começamos a namorar lá,
22:31
P2: Essa festa era boa lá no Bueno.
R: Linda a festa lá, era uma fogueira, todo mundo tinha essa fogueira , e aí a gente ia lá
22:44
P1: Você consegue descrever um pouco como era essa fogueira? Como era o lugar da festa? O que que tinha?
R: A lá tinha de tudo, eles davam janta, tinha salgado, tinha de tudo na fogueira. Tinha gente lá que na hora de ir embora, eles roubavam carne,punha dentro de um saquinho e deixava de baixo da cama, para trazer a hora que vinham embora, mas tinha muita gente que vinha. Eles colocavam lá os trem para levar para casa, eles pegavam e tomavam, ia lá e tiravam sem eles verem, na hora de sair eles iam procurar os trem que eles guardam lá, já tinha levado.
23:29
P2: A família?
R:Que?
P2: Ia a família toda, assim para a festa?
R: Não, mãe ficava em casa…
P2: Iam só os jovens ?
R: É, ia papai com os irmãos mais velhos, mas os pequenos ficavam né, era difícil para levar.
23:49
P1: Você falou que tinha jantar, você lembra o que eram essas comidas?
R: A comida tinha de tudo,frango, de tudo, farofa, era muito gostosa a comida. Muita coisa boa.
24:05
P2: E todo mundo que tava na festa jantava?
R: Eles todos jantavam.
P2: Fazia para todo mundo
R: É, todo mundo, não tinha separação né, a hora da janta, tinha a mesa, e chamava eles todos para jantar.
24:24
P1: E aí a senhora conheceu seu marido lá?
R: Lá.
P1: Você lembra como foi? O que que você sentiu?
R: A, a gente… Nós começamos a conversar, e aí começou né, o namoro. E como diz, deu casamento, né.
24:41
P2: Aí ele começou a ir na sua casa?
R: É, aí foi lá em casa.
24:44
P2: E chegava lá e seu pai não importava?
R: Não, papai gostava muito dele. Ele era um maridão que eu tive, era pai, era marido, era tudo das meninas. quando ele faleceu, ela ficou 30 dias chorando. Aí nós perguntávamos para ela: “Por que você está chorando?” Ela não contava não, um dia nós apontamos ela, para ela falar, “ Por que você tá chorando?” Ela falou; “ Você sabe, eu perdi meu pai” . Aí nós ficamos tristes, né.
25:23
P2: Ela tinha quantos anos?
R: Ela tava, quando ele faleceu, ela tava com uns 18 anos né, tava nova.. Zé, não sei quantos anos que ele faleceu, mas tem bastante tempo, né.
25:40
P2: É verdade, passa rápido o tempo, né?
R: E fez muita falta para gente, para ela, para nós todos.
25:50
P1: Ele te ajudava com as meninas?
R: Ajudava, ajudava demais, trazia aqui para passar em médico, ele que me ajudava.
26:00
P1: Onde vocês levavam elas para passear?
R: A levava, elas gostavam muito de ir na casa da vó, dos avós delas, papai, mamãe, ali na roça grande, e nós levávamos, elas pediam para ir lá, adoravam ir lá.
26:21
P1: E hoje elas vão em algum lugar?
R: A gente traz elas aqui para vir assim a missa, mas é difícil para sair, porque a mais velha tá com uma bactéria na perna, quando ponhe no carro machuca, sangra, difícil né.
26:41
P2: E para trazer uma só não dá,né?
R: Uma fica chorando, aí tem que achar as duas.
26:50
P1: Aí vocês casaram e depois vocês tiveram 3 filhos, né. Você lembra como você se sentiu quando você virou mãe?
R: Olha, eu fiquei feliz né, de eu ser mãe, mas depois a gente ficou triste porque as meninas já vieram com os problemas, né. Aí a gente ficou meio triste, mas o que vai fazer, né?
27:13
P2: Você teve os filhos no hospital?
R: É, no Fonte Nova, eu sei que eu ganhei Marli no Fonte Nova, e papai virou assim: “Não, você agora não vai ganhar menino no Fonte Nova mais não”, porque eles me deixaram passando a hora dela nascer, a bolsa d'água estourou aqui na roça, quando eles foram…Era de madrugada, quando eles foram me operar era 7 horas da noite, eu já tava já, já não tava aguentando mais de tanta dor. Aí me operou e a menina nasceu desacordada, eu lembro que eles viraram ela assim… Virou ela assim de cabeça para baixo, e ela não chorou. E aí, como eu falei para vocês, começou com os problemas. Aí veio Reinaldo, Reinaldo já veio, meu pai falou “ Não, você vai ganhar em Dom Silveiro, com Dr Danilo.” Aí eu fui para lá, fui ganhar lá, aí o menino veio com saúde, nasceu forte, não teve nada, mas a segunda eu ganhei em Dom Silverio também. O Dr Luiz que ia fazer minha cirurgia estava operando boi lá em … E eu com aquela dor que eu já não estava aguentando mais, aí eu ligava para ele, ligou para ele que eu tava lá passando mal, ele mandou as enfermeiras me fazerem uma injeção , acabou minha dor. Aí ele chegou, foi fazer limpeza ainda nas mãos para poder fazer a cirurgia, aí que fez a minha cirurgia. Aí a menina nasceu também com aquele narigão, nasceu com água do parto saindo, eu lembro… Uma bomba, para tirar. Eles falam que elas passaram da hora de nascer, mas a gente não sabe direito. Naquele tempo era, né… Não tinha, minhas meninas não fizeram exame de pézinho, não fizeram exame, a medicina estava meio atrasada, né.
29:35
P2: …Alguma coisa assim, que impactou muito a sua vida, foi muito mesmo dificuldade, aí na roça?
R: Aqui foi, isso aí foi uma tristeza para nós, eu tinha vontade de chorar por causa da lama. Nossa,Senhora, eu não dormia, eu sentava na cama. Aquilo foi uma tragédia que veio para nossa cidade, né, acabou com o nosso rio, acabou com tudo, destruiu… Tem quase 8 anos que eu não ponho peixe na boca mais, que nós pegamos uma tilápia. quando eu fui escama ela assim, ela soltou a… junto. Aí veio essa lama, chegou foi, 5 de novembro de 2015, nós estávamos dormindo, um cunhado aqui meu, ligou para lá: “Gente, pelo amor de Deus” eu falei: “O que foi Netinho?” “O Rio está transbordando, está passando em tudo quanto é programa de TV . ” Eu falei: “ O que que é?” “ A é a barragem de Mariana rompeu. “ Eu falei: “Vai prejudicar a gente, Netinho?” Ele falou : “Vai prejudicar não, já tá prejudiando”. Aí minha filha, aquilo chegou lá no São Gonçalo, acabou com a estrada, ficou dessa altura na minha estrada, e eu com duas meninas deficientes, presa, água nas goteiras, relâmpago,trovoada. Aquilo me matou, acabou comigo, eu entrei em depressão, eu sentava na cama, as meninas dormindo assim, e eu sentada, pensando “ Meu Deus, se precisar de sair, aonde é que eu vou passar com essas meninas? “ . Não tinha lugar, tinha que se enfiar no meio de uma capoeira, com essas meninas pesadas, como é que eu vou fazer? Eu pegava e chorava, minha filha. Lá faltou de tudo para nós, faltou alimento, minhas meninas ficaram sem atendimento médico, ficaram sem fazer fisioterapia, os pés inchados, pediam café, não tinha açúcar, tudo isso eu passei, mas acabou com a gente. Nós perdemos de tudo, leite, fruta que a gente vendia, tudo, um lote de bezerro, que tava na hora de sair, uns bezerros gordos, acabou, o bezerro virou pele e osso... Porque não tinha estrada para passar, acabou, nossas vacas... Eu tenho esse dedo aqui quebrado aí ó, sabe o que que é isso? É porque a lama entrou aqui nesse armazém de Anísio, aonde nós comprávamos ração, e Reinaldo colocava ração no casinho, para poder tirar o leite, as vacas se desesperaram que o casinho tava vazio, não tinha nada, e metiam o pé, pegou aqui nesse dedo. Nem médico eu não fui procurar, sarou em casa, em casa sozinho.
33:06
P2:E como é que senhora arranjava? Tinha que comprar remédio às vezes?
R: O remédio, um dia nós ficamos sem remédio, minha pressão subiu, aí coitada de Aline, ia a pé, vinha a pé, passava pelo mato, chegava lá toda suja de lama, vinha aqui, pegava os remédios e levava para nós. Foi uma dificuldade triste.
33:34
P2: E teve algum momento que a senhora teve que sair de lá com as meninas?
R:Teve um momento que minha menina adoeceu, com gripe, não teve jeito de cuidar em casa, aí precisou de eu pagar, eu paguei, acho que 30 reais, um caminhão, que foi lá buscar a menina, a caçula, a hora que nós estávamos colocando ela dentro do caminhão, ela cortou a perna, deu um corte na perna, a lama entrou nesse corte, aí ficou 30 dias fazendo curativo, foi difícil demais, o caminho chegou ..Agarrou, não teve jeito de sair, precisou de 7 homens, juntou esse 7 homens, lá para poder ajudar a tirar, inchada, levou os trens, aí que nós saímos, para chegar com ela aqui ó.
34:28
P2: E para voltar, mesma coisa?
R: Mesma coisa, foi triste demais. Foi a coisa mais terrível que eu tive nessa minha vida, foi essa lama. Nós perdemos de tudo, tudo, eu vendia ovos, vendia verdura, eu fazia goiabada, ainda faço, até hoje, vendia para Dom Silveiro, lá eu tinha muito freguesia, acabou tudo, minha filha. Eles tomaram lá, porque passou mais de anos sem estrada, eles pegaram minha freguesia lá, acabou comigo, foi triste.
35:13
P2: E hoje, o que você sonha ainda em fazer da sua vida?
R: A gente sonha com uma vida melhor né, coisa boa para gente né. Em viver essas ajudas da gente, porque eu não fui ajudada, a vida é nova. Minhas meninas ficaram presas, igual você sabe que ficaram presas lá, não receberam um centavo ainda, Reinaldo trabalha tanto, ajudou a tirar vaca de atoleiro de lama, Marcos de Manuel mesmo, foi 21h00 da noite, Reinaldo estava deitado no sofá. Telefone tocou, quando olhou era Marcos: “ O Reinaldo, vem cá para você ajudar a tirar uma vaca aqui que agarrou “. Reinaldo levantou, coitado, foi lá para tirar. Chegava em casa, minha filha, você podia jogar a roupa dele fora, não tinha condições de lavar. Eu pegava na bíblia e falava: “Bíblia sagrada, toma conta dele”. Medo da lama, dele atolar e sumir na lama, minha filha. Eu não tinha vida não, nossa Senhora, foi a coisa mais triste que nós tivemos na nossa vida aqui foi essa lama.
36:32
P1: Você falou da bíblia, sua religião, sua fé foi importante nesse momento?
R: A, foi que a gente, né, com a fé em Deus, na bíblia sagrada, a gente venceu né ...Deus ajudou.
36:46
P2: Conseguiu né, continuar...
R: É, continuar no mesmo lugar... Onde a gente acanhava que nem podia ficar mais, é muito triste minha filha
36:57
P2: Pensaram em mudar de lá?
R: Nós pensávamos, porque igual tava né, a gente achava que nem conseguia ficar lá mais, a gente sem assistência, renova não foi lá dar a gente assistência, foi muito triste para nós
37:18
P2: Até hoje eles não apareceram para ajudar?
R: Ajudou assim, um pouquinho para mim, mas eu recebi muito pouco pelo que eu passei, o que eu perdi, já pensou?
37:34
P2: E as estradas, melhoraram um pouco? Como é que você…
R: A, minha filha, a estrada, ficou muito sem nós termos estradas, eu não ia ver minha mãe, minha mãe com 90 anos, a minha menina mais velha entrou em depressão, porque pedia para ir lá na casa da avó, e eu ia passar aonde? Não tinha lugar. Minha mãe com 90 anos, eu não pude ir lá ver minha mãe, minha mãe ligava, mas de que jeito eu ia lá? Não tinha estrada. Foi muito triste para a gente, né.
38:13
P2: E agora, você ainda vai...
R: Agora ela faleceu né, mas a gente vai, procura os irmãos da gente né, que agora a estrada está bem melhor.
38:25
P1: E o que vocês fazem quando vocês se encontram?
R: É uma alegria né, porque os irmãos da gente é a coisa melhor que tem na vida da gente é meus irmãos...
P2: A família...
R: É, a família da gente né, que a gente gosta né, tem saudade, mas eu também tomo remédio de depressão, fiquei deprimida, porque veio essa lama, eu sem saber o que eu ia fazer, com duas meninas deficientes, o que que eu ia fazer? Igual, minha caçula adoeceu eu tive que sair com ela, teve corte na perna, a menina ficou 30 dias com machucado, que a lama entrou no machucado dela, deu uma secreção que vivia... Nossa Senhora, nem gosto de lembrar.
39:31
P1: Quem que ajudou a senhora a carregar? Com que a senhora carregou ela? Cadeira ?
R: Veio carrinho de mão, tiramos ela de casa num carrinho de mão, até o caminhão lá embaixo, foi carrinho de mão, e o guarda-chuva aberto que estava chovendo, foi difícil minha filha, nossa Senhora. E perdemos muitas coisas também, a gente vendia muita coisa, muita coisa que a gente vendia, fazia o dinheiro da gente, leite, jogou tudo fora. Vaca, se uma vaca desse 15 litros, ela passou a dar 7, porque não tinha trato,como que ia fazer? Eles não levavam trato para gente também, e lá os vizinhos tinham os tratos... Mas, para gente não levava.
40:21
P2: Você tem contato ainda com a família do seu marido, a família do Zé?
R: Tenho, tenho, acho que é Netinho né, é família de Dona Dalva, foi um tiquinho né, só dois, dois filhos. Só netinho e Zé.
40:44
P1: A senhora tinha comentado que você fazia goiabada, com quem você aprendeu?
R:Aprendi com minha irmã, Maria, ela que me ensinou, daí eu fiz, deu certo, e faço até hoje...
P2: Todo ano, né?
R... Todo ano eu faço
41:02
P1: Como você faz?
R: A gente faz é, limpa a goiaba, primeiro você coloca a goiaba, lava ela toda, coloca em uma peneira para escorrer, aí você limpa ela toda, porque tem umas “broquinhas”, aí a gente tem que limpar, depois dela limpa, você aí pesa, pesa a goiaba, e pesa o açúcar, aí você coloca o açúcar a goiaba e leva pro fogo..
41:42
P2: Pro tacho né?
R: É, pro tacho, aí deixa, aí fica umas duas horas mexendo, quando ela começa a desagarrar do tacho, aí tem que deixar ela bem desagarrada, bem mesmo, para descer o açúcar, aí pode tirar, ela está pronta. Mas tem dia, tem goiabada que fica 3 horas no tacho.
41:55
P2: E aí você lava o tacho com o que? Você limpa o tacho com o que?
R: A gente passa um bombril assim, essas buchas de mato, sabe? Com sabão, a gente limpa ele todo ,tem que ser uma coisa asseada, né. Eu tenho a colher de pau para eu fazer.
42:14
P2: Antes limpava era com limão, né? Ou não?
R: Não, tacho esses de hoje não é de cobre mais não..
P2: Atá..
R... Porque aquele da muito “zinabre”, né, a gente faz é nesses de alumínio batido, é até mais fácil para cuidar, par lavar.
42:34
P2: E essa bucha de planta o que que é? O que que você coloca?
R: É bucha de dessas que da no mato, essas daí para gente lavar vasilha, uma bucha, uma bucha tá boa.
42:52
P2: Você tem ela...
R: A=,, esse ano até que deu pouca
42:57
P2: Mas sempre tem para fazer o que você precisa?
R: É, sempre tem, é.
43:04
P2: É, interessante
R: Mas a vida da gente né, não é fácil não, né?
43:09
P2: Então vocês, hoje por exemplo hoje, você trabalha ainda?
R: Trabalho demais, eu estou queimada de sol, não paro não minha filha. Tem galinha, tem porco, é criação, é as plantas, aí Reinaldo planta milho, planta cana, planta de tudo.
43:33
P1: Como é seu cotidiano, hoje? Seu dia a dia?
R: A, o dia a dia é a luta da gente né, levanta, é galinha para catar, as meninas... Primeiro eu cuido das meninas, tiro da cama, porque elas, eu que cuido delas, dou banho. Aí tiro elas, dou remédio, dou café, dou remédio, depois aí volto a cuidar de galinha, aí vou cuidando o dia inteiro...
P2: Da horta, né. ..
R:.. Da horta, dia inteiro tem serviço, para gente cuidar
44:07
P2: Aí vende os ovos?
R: Vende, é.
44:13
P2:É, coisa boa.
44:15
P1: Tem netinho?
R: É, a neta como ovo da gambazinha, adora ovo as meninas, se vê.. A hora que a janta, o almoço está pronto, elas ficam assim: “Mamãe, ovo”.
44:29
P1: Como é para você ser vó?
R:A, é muito gostoso né, é uma distração para gente né, igual eu que tenho minhas meninas com problema, a gente até... Não esquece não, mas a gente distrai. Elas fazem muita graça, as meninas, é muito engraçadinha, né?
44:49
P2: São duas netinhas?
R: Duas netinhas, é.
44:54
P2: E vem aqui de vez enquanto?
R: Elas vem direto aqui, Aline não sai mais daqui não
45:03
P2: Mas a senhora vem?
R: Eu venho, venho direto também, a gente precisa né, passar no medico, alguma coisa que vem fazer, precisa, né. Deixo as meninas lá, arrumo um jeito para ficar e alguém me traz, ainda bem que ela é motorista, né?
45:22
P2: Ela é sua nora?
R: É, minha nora traz a gente
45:26
P2: Sim, então, é isso Dona Geralda, o que você achou de contar sua história?
R: Uai, muito bom, nós distraímos aqui né, a gente... Né, foi muito gostoso, estar aqui com vocês todos, fiquei muito feliz.
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