Entrevista Rosa Santos Souza
Entrevistada por Wellington Cardoso e
Silvia Melis
Santa Cruz Escalvado
8 de março 2023
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista MRV- HV013
Podemos começar?
Boa tarde?
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0:30
Boa tarde!
Conta pra nós o nome da senhora todo o dia que a senhora nasceu.
Meu Rosa Santos Souza eu nasci no dia 04 de setembro de 1962, na fazenda de Fernando Carvalho, fazenda Bucainá.
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Os avós da senhora vieram de lá também é tudo mais?
Não os meus avós são de Alvinópolis os meus pais são de Alvinópolis.Mas o meu pai na época ele era carvoeiro ele vivia mudando de fazenda em fazendo e foi parar na fazenda de Fernando Carvalho, mas meu pai morou em Barra Longa, meu pai morou em vários outros lugares antes deu nascer.
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E sua mãe o que que ela fazia?
Minha mãe era dona de casa, mas sempre trabalhou junto do meu pai na roça, a gente sempre trabalhou na roça.
P1
Você sabe como eles se conheceram?
Na cidade de Alvinópolis tem um distrito tem um vilarejo que chama: Gravata.E os dois eram desse lugar eram um…é um lugar que a gente fala um lugar Quilombola, porque lá só tem negros, então meus pais se conheceram lá.
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02:00
A senhora tem irmãos?
Eu tenho! Minha mãe teve 18 filhos.
P1
02:06
E como é, como era a relação entre vocês?
A nossa relação é ótima.Hoje a gente é bem menos, eu perdi bastante hoje nós somos 6 eu acho. Somos 4 mulheres e 2 homens.
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02:26
E vocês convivem bem?
Convivemos!
P1
2:31
Todos vocês moram aqui na mesma localidade?
Eu tenho uma irmã que mora no Rio de Janeiro, uma irmã que mora em João Boulevard eu tenho um irmão que mora em São Paulo e um dos irmão que mora em Belo Horizonte, e eu e um irmão moramos aqui,
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02:49
E essa fazenda, como que ela era? Você conta que você cresceu, você consegue descrever ela pra gente?
Então, lá tinha plantação de café, de cana, criação de gado e meu pai plantava: milho, arroz, e a gente vivia com do...
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Entrevistada por Wellington Cardoso e
Silvia Melis
Santa Cruz Escalvado
8 de março 2023
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista MRV- HV013
Podemos começar?
Boa tarde?
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0:30
Boa tarde!
Conta pra nós o nome da senhora todo o dia que a senhora nasceu.
Meu Rosa Santos Souza eu nasci no dia 04 de setembro de 1962, na fazenda de Fernando Carvalho, fazenda Bucainá.
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Os avós da senhora vieram de lá também é tudo mais?
Não os meus avós são de Alvinópolis os meus pais são de Alvinópolis.Mas o meu pai na época ele era carvoeiro ele vivia mudando de fazenda em fazendo e foi parar na fazenda de Fernando Carvalho, mas meu pai morou em Barra Longa, meu pai morou em vários outros lugares antes deu nascer.
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E sua mãe o que que ela fazia?
Minha mãe era dona de casa, mas sempre trabalhou junto do meu pai na roça, a gente sempre trabalhou na roça.
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Você sabe como eles se conheceram?
Na cidade de Alvinópolis tem um distrito tem um vilarejo que chama: Gravata.E os dois eram desse lugar eram um…é um lugar que a gente fala um lugar Quilombola, porque lá só tem negros, então meus pais se conheceram lá.
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02:00
A senhora tem irmãos?
Eu tenho! Minha mãe teve 18 filhos.
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02:06
E como é, como era a relação entre vocês?
A nossa relação é ótima.Hoje a gente é bem menos, eu perdi bastante hoje nós somos 6 eu acho. Somos 4 mulheres e 2 homens.
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02:26
E vocês convivem bem?
Convivemos!
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2:31
Todos vocês moram aqui na mesma localidade?
Eu tenho uma irmã que mora no Rio de Janeiro, uma irmã que mora em João Boulevard eu tenho um irmão que mora em São Paulo e um dos irmão que mora em Belo Horizonte, e eu e um irmão moramos aqui,
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02:49
E essa fazenda, como que ela era? Você conta que você cresceu, você consegue descrever ela pra gente?
Então, lá tinha plantação de café, de cana, criação de gado e meu pai plantava: milho, arroz, e a gente vivia com do que a gente plantava e meu pai plantava pra vender e pra gente alimentar durante o ano todo.E pra tirar semente pra plantar o ano seguinte e criava porco essas coisas.
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03:24
Era uma relação de parceria com o dono da fazenda.
Sim.
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03:28
E a casa onde vocês ficavam como ela era?
É uma casa de alvenaria, eu acho que da fazenda era a segunda maior casa, porque eram vários colonos.Era segunda maior casa porque nossa família era muito grande, ela também fabricava cachaça lá era a melhor cachaça da região na época.
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03:55
Dessas lembranças da fazenda qual é a memória que a senhora tem desse período de viver na fazenda que mais te traz boas recordações?
A do meu pai vindo fazer compra na cidade cidade que eu digo é soberbo soberbo antigo ele vinha todo final de semana aí fazer a compra e levava eu era muito pequena ainda né porque eu vim para o soberbo velho seis anos pras sete e meu pai vinha ele comprava queijo comprava as coisas que a gente não tem casa pra gente comer e aí eu gostava disso de comer queijo dia de sábado à noite que era tipo não fazer a janta era um lanche pra gente aquilo a noite e eu gostava dessa…disso e é isso…é viver na roça assim, com muitas plantas, muita galinha muito tudo.
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05:04
Essa fazenda ficava localizada em qual região aqui de Santa Cruz?
Então quando a gente passou vindo pra aqui a gente passou perto da pedra é atrás da pedra do escalvado ela fica de do lado de baixo da pedra.
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05:20
Próximo ao Rio?
Próximo ao rio a nossa casa no rio era uns 30 m assim.
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05:30
A sua infância então de certa forma foi às margens do Rio Doce!
Toda a vida né pelo soberbo velho também também era 30 metros do Rio.
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05:40
Com seis anos a senhora disse que mudou-se para o soberbo antigo, como foi essa experiência da mudança de sair de um contexto rural para uma comunidade um pouco maior?
Então o meu pai ele sempre visava os de o bem dos filhos de qualquer forma a gente os meus irmãos mais velhos não estudaram por falta de oportunidade mesmo porque geralmente os mais velhos começam trabalhar mais cedo e aí como estava na época de eu ir pra escola eu e minha irmã mas meu pai conseguiu juntar dinheiro com trabalho vendendo porco, que toda semana ele matava pé vender.Ele conseguiu juntar dinheiro, ele comprou uma casa no soberbo e aí a gente mudou pro Soberbo pra nossa casa.
E aí ali eu comecei a estudar primário todo, fiz o ginásio no Rio Doce na época a gente não tinha que andar, mas a escola era pertinho da minha casa, soberbo velho. E no Rio Doce é que a gente tinha que andar 6 km na época estudar pra fazer o ginásio fazer um ensino.
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Com essa vinda pro Soberbo, a profissão do seus pais mudou?
Não, meu pai continuou trabalhando em parceria, a gente ficou ainda mais dois anos trabalhando na fazenda Bucaina que era muito longe. E depois o meu pai fez parcerias aqui no sertão né e com uma fazenda de Cachoeira alta com Waldomiro.
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07:36
Desde que a senhora era criança você já tinha o sonho de ser professora como foi?
Eu sempre aliás quando criança que você não pensa não tem… eu queria ser médica mas as condições né não permitiu aí eu trabalhei eu sair de casa com 17 anos foi morar no Rio de Janeiro trabalhei como doméstica farei os estudos na época na oitava série trabalhei como doméstica morei três anos sozinho e depois eu fui pra São Paulo trabalhei como doméstica em tempinho depois eu comecei a trabalhar numa fábrica uma indústria de roupa masculina aonde fabricávamos, calça paletó e colete. E aí nessa indústria trabalhei oito anos e dessa indústria eu trabalhei também numa indústria que fabricava alguns equipamentos do Instituto do Coração aí depois eu sair eu sair dessa indústria fiquei um tempo sem trabalhar casei comecei a estudar aliás antes de casar eu já comecei estudar pra fazer o ensino médio aí depois eu casei tive três filhos e quando meus filhos tinha o meu filho mais velho tinha nove anos eu voltei pra aqui um com nove, uma com cinco e a outra bebezinha com um ano.E aí aqui que eu fui estudar aqui eu passei num concurso público que eu comecei a estudar fui fazer terminei o ensino médio e fazer a faculdade.
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09:23
Voltando um pouco você estava falando né da escola aqui em soberbo quando você era pequena como é que essa escola que teve alguma professora que te marcou?
Quem tem uma professora que deu aula no terceiro ano nome dela Ivani ela é cunhada de Zé Barcelos professora Ivanir…Tia de Bernardo .
E até hoje a gente é amiga, a gente se conversa no WhatsApp, a gente conversa na rua e
ela mora em BH, mas ela sempre vem… Ela tem uma casa no Soberbo.
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10:04
Falando agora do Rio Doce qual que é a importância do rio como moradora tanto da fazenda como do novo Soberbo.
Então eu falo que o rio ele é como se fosse os meus faz assim porque a gente tirava todo nosso sustento no rio eu falo que até o chinelo que a gente usa é o rio que trazia porque a gente tinha umas condições muito precárias e a gente sempre morou muito perto do rio e o rio trazia pra gente tudo esse chinelo velho, lenha, tudo a gente tirava no rio meus pais pescavam meu pai pescava dourado meu pai armava anzol de noite de manhã tinha lá 3, 4 dourados pra gente tirar.Isso era a nossa sobrevivência a gente lavava roupa no rio, a gente lavava louça no rio…a gente fazia tudo no rio.E hoje eu vejo que a gente não pode mais fazer nada isso me deixa muito triste porque os meus filhos mesmo puderam usar muito pouco né porque eles vieram com nove anos a gente usou mesmo que eu trouxesse eles comigo pro rio, a gente bem aqui pertinho do rio. Eles puderam usar muito pouco do rio que eu pude viver o tempo todo a minha infância toda até os 17 anos que eu sair de casa com 17 anos que eu vivia na beira do rio a gente buscava leia a gente tirava ouro a gente usava o rio pra tudo.
Eu lembro que em Ponte Nova na época eles não tinha um lugar para descartar coisas vencidas leite vencido e ele jogava lá em cima na ponte lá em Ponte Nova e a gente nossos jovens adolescentes do soberbo ele caiu e várias colegas minhas colegas meninos o Ribeiro gente ficava aqui embaixo aceitando as latas de leite, as latas de farinha láctea que desciam pra gente comer e a gente fala que hoje acho que tem um lugar pra eles descartarem mas isso…a gente comia aquelas coisas vencidas e achava gostoso, leite em pó vencido e ninguém morreu com isso. E é isso…o rio trazia muitas coisas que eu considero coisas boas.Que numa nos fez mal, nunca nos atrapalhou em nada e é isso.
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12:59
Você falou de lavar a roupa no rio, como que era esse processo ?
A gente ia, eu cresci mais com minha irmã mais nova do que e, um ano e sete e meses a diferença de idade era menor.Nós crescemos juntas, ficamos juntas toda vida, e fomos embora juntas também. Então a gente…a minha mãe sempre dava o serviço, devia o serviço da casa, uma semana uma limpava a casa e a outra fazia o serviço da cozinha e as roupas a gente ia lavar junto e a gente ia lavar no rio.Levava na época a gente levava a bacia com roupa esfregava para lavava a roupa, enxaguava trazia pendurada em casa, trazia na bacia.E louça também, louça a gente usava a areia do Rio porque a gente não tinha bombril a gente usava areia pra areiar.Então assim, era uma vida de pobre mas era muito gostoso, a gente tinha os nossos pais e era muito bom.
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14:00
Como era a convivência na vida social no Soberbo, na sua adolescência?
Era muito boa né, a gente nossas colegas, a gente podia ir nas casas, não tinha muro né, era uma cerquinha, baixa as vezes quando tinha, então não tinha nada que separasse um vizinho do outro a gente era tudo uma comunidade só eram poucas as casas que tinham cercas.O meu pai cercou a frente da nossa casa, mas quase ninguém tinha porque meu pai, ele era pedreiro, ferreiro, meu pai tinha muito profissões então ele fazia muita coisa ele, cercou a frente da casa a gente tinha um chiqueiro e tal então ele tinha esse cuidado mas nem todo mundo cercava então a gente tinha o contato assim muito direto com os vizinhos .
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15:01
Como que era a vida social lá em Soberbo?
Era gostoso, eu falo que a gente tinha um contato muito direto com os vizinhos, era muito bom a gente ia pra escola junto. Eu e Cida irmã de Ribeiro.Eu falo que a gente a mãe deles às vezes comprava 1 pão pra eles comerem e eu ainda ia lá pra dividir pão pra acabar de dividir com eles.E todo mundo era muito pobre e eu levantava de manhã e a gente ia junto ir pra escola e passava na casa dela, porque minha mãe não fazia água com açúcar, água doce que pessoal costumava a dizer minha mãe sempre fez café e eu gostava de água doce.Então eu ia na casa dela e a mãe fazia água doce pra tomar pra ir pra escola e dividia o pão comigo e eu acabava comendo o pão que era porque a mãe de Cida também tinha bastante filhos, e a gente dividia até o pão ali todo mundo né pra eu comer um pedacinho e eu tomar a água doce que eu gostava assim essa convivência e era muito gostoso as festa era muito gostoso,era tudo muito gostoso e era na base do respeito.E os meu país…a minha mãe era parteira né e as pessoas tinha um respeito muito grande pela minha mãe, pelo meu pai também que era parteiro além de tudo,difícil até falar que meu pai era parteiro.Que meu pai fez os partos do filhos e de alguns netos né…ele também era parteiro, e minha mãe também.E aí minha mãe fazia parto de de várias pessoas e é isso as pessoas tinham muito respeito pelo meu pai e minha e era muito gostoso também.
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16:55
Então todos vocês nasceram em casa?
Todos nós.Minha mãe não teve nenhum filho no hospital.
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17:10
Essas festas que você comentou, qual eram essas festas?
Era o mês de maio, que era festa de Maria eles falam…as coroações era muito gostoso era festas católicas hoje eu sou evangélica mas eu participei muito, e as festas juninas que são muito animadas a festa de São Sebastião no começo do ano a festa de Maria que eram as coroações que vinha de fora no Soberbo era tradição hoje não é mais. Mas era tradição a coroação no mês de maio que vinha de fora as pessoas do Rio doce e se juntavam e Soberbo tinha muita criança, muita criança, hoje a gente não vê mais tanta mas antes tinha muita e todo mês de maio em cada dia tinha uma coroação era muito gostoso.
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17:58
Tinha eventos esportivos também ?
Tinha porém o meu pai era muito rígido com nós mulheres, o meu irmão jogava tal o meu pai nunca foi no campo e levava a gente com nós mulheres era muito fechado assim, não deixava a gente ir pra baile pra festinhas não é aí…só que tinha eventos esportivos meu irmão jogava, tinha um campo lá embaixo pra baixo num na fazenda num terreno de Zé Inácio tinha um campo que disputava igual hoje eles disputam antes também tinha,só não deve ter muita documentação dessa época nada a assim que mostre que naquela época também ninguém tinha máquina fotográfica ninguém tinha nada né, e é isso…
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18:45
Essa rigidez também no período do seu namoro quando a senhora conheceu o seu marido primeiro marido.
Então, daí eu já era, eu já casei bem adulta, bem velha já.Eu namorei eu já tava fora né quando eu conheci o pai dos meus filhos eu morava fora eu morava em São Paulo, então o meu primeiro namorado tranquilo foi aqui com meu pão por perto e o pai dos meus filhos que já era o terceiro namorado por aí meu pai morava aqui e eu morava em São Paulo e eu já era bem adulta dona de mim mesma eu já tinha meu lugar de morar eu casei eu já tinha uma casinha eu já era adulta o suficiente pra dar conta.
P1 19:41
Essas festas de São João que você falou você consegue descrever como elas eram o que que tinha?
Ahh tinha muita barraquinha e as pessoas faziam muitos leilões de tudo assim, as pessoas da roça vinham e hoje a gente não vê isso, mas antes a gente trazia umas pencas de laranja, umas pencas de mexerica umas coisa muito bonitas que hoje você não vê.Muito bonito, muita fruta, galinha frango assado fazia esses leilões que hoje faz bingo mas antes fazia leilões dessas coisas. E tinha muita canjica, muitas coisas assim gostosas que as pessoas da comunidade fazia.
E as festa eram muito gostoso muito, muito.
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20:32
Você chegou a levar alguma coisa em algum leilão?
Eu sou ruim pra ganhar as coisas até hoje, não ganho nada também mas eu não lembro de ter levado nada não nunca, nunca, minha irmã já ganhou ela ganhava pastel eles faziam pastel pra leiloar e a minha irmã ganhava mas eu nunca ganhei nada eu sou muito ruim eu sou sem sorte.
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20:57
Como dançarina já participou de alguma quadrilha?
Já, já já participei eu lembro de uma festa que teve no Soberbo e tinha uma das música na época Bete de Everaldo teve uma festa e tinha uma música muito bonita eu não lembro se era quadrilha.Mas era o festa e a gente fazia algumas apresentações e Bete fez uma apresentação muito bonita e cantava uma música eu não sei vocês vão lembrar dessa música porque é antiga e ninguém mais canta, mas tinha um pedaço que falava: “ eu sou a florista, flores estou vendendo” e eu acho essa música muito bonitinha e a gente não vê mais ninguém cantando porque é muito antiga no meu tempo de menina mesmo e hoje eu tenho 60 anos então já tem muito tempo você não vão nem no sonho lembrar dessas musiquinhas e era a gente participava de tudo das festas das festas igreja das festa da comunidade era bem animada.
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22:11
Como é que foi essa sua mudança de Soberbo pra uma outra cidade no caso pra São Paulo?
Primeiro eu fui pra o Rio de Janeiro com 17 anos quando eu sai de perto da minha mãe eu senti muita falta eu chorava muito, com vontade de voltar mas eu tinha um orgulho assim tipo eu não vou voltar porque eu sai aí a gente anda pra frente eu tenho que conseguir eu tenho ir pra frente se eu voltar eu vou continuar eu vou ficar na mesmice trabalhando na roça encarando tudo de novo e não é isso que eu quero pra minha vida então quando eu sai mesmo que eu chorasse dormisse mal é que era pra mim um sofrimento tá longe da minha mãe longe do aconchego da mãe longe do abraço da mãe eu persisti pra que eu conseguisse ficar fora de casa foi muito difícil muito difícil mesmo eu era muito menina porque a gente na época a menina com 17 anos não sabia nada do mundo nada da vida e eu nunca tinha saído de perto dos meus pais então pra mim foi muito sofrido foi muito triste e a gente foi eu fui direto pra uma casa, as famílias antes tirava os filho daqui mandava pra trabalhar na casa de alguém então meu pai…minha irmã mais velha já trabalhava no Rio de Janeiro a minha irmã mais velha do que eu ela já morava no rio ela veio levou eu com 17 e minha irmã de 15 anos pra trabalhar fora e pra mim foi muito sofrido mesmo porque eu sou muito quieta, muito caseira, então eu não saía eu tinha medo e aí eu fiquei 3 anos trabalhei numa casa 3 anos, hoje eu tenho essa patroa no WhatsApp no Facebook foi minha primeira patroa assim e hoje os filhos dela que eu olhei que eram bebezinhos que eu olhei hoje é dentista o outro não sei com que trabalha mas hoje já são quarenta e poucos anos já são bem… e depois eu fui pra São Paulo e também trabalhei como doméstica e fui crescendo como pessoa como ser humano mesmo.
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24:48
Nessa casa no Rio de Janeiro o que mais a senhora fazia?
Eu cozinhava eu limpava o apartamento e eu cuidava de uma criança, antes a Dona Regina só tinha um menino com 2 anos e 3 meses quando eu fui pra lá aí depois de 1 ano e pouco ela teve mais um menino e eu fiquei na casa dela mais um ano… três anos e mais uns 2 meses mais ou menos aí mudei de trabalho e depois eu voltei praqui e meu tio me levou pra São Paulo, voltei e fiquei aqui esses dias e fui embora pra São Paulo.
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25:25
Do Rio de Janeiro qual que é a imagem que te remete mais o esse período a lembrança?
Eu passei por umas dificuldades, trabalhei…a dona Regina essa minha ex patroa ela era uma pessoa muito nervosa o marido bem…o marido dela era capitão da polícia militar e ela era uma uma mulher muito nervosa e eu passei assim por uns momentos bem difíceis na casa dela porém eu aprendi muito. Aprendi a trabalhar mesmo, aprendi a fazer muita coisa e aprendi a me defender também porque é o que eu disse a gente sair aqui da roça uma adolescente na época com 17 anos mandou ler sentir né e os pais não te faço nada na época não te ensinavam nada hoje eu como professora ensino muito isso na escola ensinou muita coisa na escola os alunos eu converso muito com os alunos, com as meninas principalmente, mas na época eu eu não sabia nada do mundo nada.Os nossos pais não falava com a gente não ensina nada pra gente eu sair daqui eu falo nua e crua sem conhecer nada do mundo e aí eu passei por muita apertei muitas dificuldades.Momentos difíceis momentos que eu não gosto muito de ficar lembrando porque foi ruim.
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27:15
Com esse seu retorno com essa decisão de seguir né de para o Rio de Janeiro para São Paulo como foi essa transição?
Então como eu disse meu pai era muito rígido a minha irmã eu tinha uma irmã mais velha e o mais nova do que eu do que no Rio de Janeiro e as minhas duas irmãs, ela eu não sei se todos os pais eram assim mas o meu pai era ele não aceitava muito uma filha solteira tem filho e o que que aconteceu a minha irmã mais nova ficou foi mãe e a minha irmã mais velha do que eu fui mãe e aí o medo do meu pai que eu também fosse mãe solteira o que meu pai também era uma pessoa não sou rígida era o caráter dele eu acho que ele tinha medo medo não vergonha pra ele ser mãe solteira naquela época por que meu sobrinho hoje já tem 40 anos naquela época era vergonhoso então o que que ele fez ele pediu pra que meu tio me buscasse no Rio de Janeiro me trouxesse praqui e daqui eu fosse pra São Paulo pra que eu também não fosse mãe solteira porque também não era o desejo dele que as filhas dele fosse mãe solteira.E aí eu fui pra São Paulo trabalhei vive lá em São Paulo e casei com 30 anos casei tive meus filhos com 32 anos eu fui mãe.
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28:49
Em São Paulo você trabalhava com o que mais especificamente?
Trabalhei primeiro como doméstica e aí 84 eu trabalhei como eu entrei nessa Indústria que produzia, fazia assim 1000 calças por dia. Era uma luta muito grande com muitos funcionários que a gente trabalhava com calça paletó e colete e aí nessa indústria eu trabalhei sete anos e seis meses.
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29:20
Como foi seu casamento a festa?
Foi gostoso assim não foi um festão mas a gente fez um churrasco da família do meu esposo do pai dos meus filhos é paulista eles foi eles tiveram lá no meu casamento minha irmã que morava no Rio de Janeiro foi no meu casamento foi legal a minha mãe meu pai não né mas a minhas irmãs foram.
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29:52
Como que a senhora conheceu o pai dos filhos da senhora?
Eu trabalhava pegava um ônibus então a gente se conheceu em ônibus indo e vindo e aí ele os meus filhos tem um irmão mais velho que é mais velho que o Felipe 10 anos e ele havia separado da mãe desses meninos que hoje ela vive na Alemanha e aí a gente se conheceu e eu casei esse menino tinha oito anos passei por dificuldades também durante casamento por causa desse menino mas depois tudo se tranquilizou tudo deu certo meus filhos já são adultos hoje graças a Deus.
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30:37
Depois de casada, com quanto tempo a senhora teve filho?
Eu casei 93 meu filho nasceu em 94 um ano e alguns meses um ano e oito meses depois mais ou menos.
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30:55
Como foi a chegada da maternidade. Foi boa?
Pra mim foi ótima mesmo porque eu antes do primeiro filho eu perdi um bebê e eu achava que eu não queria ser mãe eu chorei muito eu fiquei muito triste e quando meu filho nasceu pra mim foi a maior alegria do mundo e até hoje ele é a minha alegria. E aí eu tenho as minhas meninas e as minhas filhas.
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31:27
As suas filhas também nasceram em São Paulo?
Nasceram todos os três nasceram em São Paulo.
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31:35
Como era sua rotina na época lá em São Paulo com três crianças?
Então eu tive o Felipe e eu tinha só Felipe e aí quando aí eu pagava quando eu desci tinha um ano eu comecei a trabalhar numa creche e comecei a levar ele pra creche e aí na creche eu engravidei da Gabriele quando o Felipe tinha três anos e pouco eu engravidei da Gabrielle e aí eu tive a Gabriele e continue na creche até Gabriela fazer nove meses e aí quando ela fez nove meses eu fui mandado embora da creche aí eu arrumei um serviço na casa de família novamente e aí eu comecei a pagar pra olhar a Gabriele eu deixava ele com a minha irmã aliás a minha irmã mais velha que ela faleceu no começo do ano passado, ela cuidou dos meus dois filhos, enquanto trabalhava.E depois ela veio pra cá quando começou a construir a usina em de hidrelétrica Risoleta Neves ela vai embora e nesse período eu engravidei da minha filha mais nova que a diferença quase cinco anos de Giovanna pra Gabi e aí ela estava aqui eu engravidei da mais nova e aí quando engravidei da mais nova eu tinha que deixar o meu filho sozinho, porque aí eu não podia pagar pra olhar três crianças, aí eu tinha que pagar pra olhar só as duas meninas e aí meu filho com sete anos seis anos oito anos ele já aprendeu a fazer um miojo já aprendeu a fazer feijão a fazer um monte de coisa porque eu não podia pagar pra olhar ele. Meu celular era pouco, aí eu pagava pra olhar só as meninas. A minha intenção antes de engravidar da mais nova era vir para pra cá e aí eu engravidei a minha gravidez é de alto risco e como eu tinha plano de saúde eu preferi ficar em São Paulo pra ter a minha filha lá em São Paulo do que vir pra cá e correr o risco de morrer porque eu tive eu fiz três cesarianas é bem arriscado e aí eu fiquei em São Paulo até mais novo nasceu e quando ela fez um ano e o Felipe já tinha nove anos aí eu vim embora pra cá com eles.
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34:04
Como que era a relação das suas crianças da infância nesse período?
Muito boa até hoje eles vivem muito bem, eles se dão muito bem os três graças a Deus.
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34:20
E quando você voltou, o que que você percebeu que mudou?
Então a dificuldade com trabalho né que eu sempre fui muito lutei muito aqui eu quando eu vim pra cá eu não tinha trabalho o pai dele também não e aí eu fiz um curso de pão e aí eu comecei a fazer pão caseiro bolo rosca rosca biscoito e aí ele só iam pra vender o pai e o Felipe já tinha nove anos saía pra vender eles ganhar um apelido pai como pão caseiro E o pão Felipe também ganhou o apelido de pão caseiro pessoal até hoje chama ele de pão mas mas chama ele de com cadeira porque eles vendiam na comunidade e com esse dinheiro do pão eu consegui viver uns dois anos só vendendo pão biscoito broa todos os dias eu levantar às 4h00 da manhã achava o pão deixava ele amor na balada e ele saiu pra vender aí em 2006 eu passei no concurso público e aí o pai também arrumou serviço aí eu fui trabalhar como servente de escola e,aí eu comecei a trabalhar na escola do soberbo e aí eu conheci seguir criar o meu filho com o salário mínimo que foi bem difícil mas dava pra criar cidade pequena você consegue criar viver com um salário mínimo, cidade grande não, porque cidade grande você tem que comprar tudo e aqui a gente plantava horta a gente pescava então a gente tinha outros meios buscava lenha a gente cozinhava com lenha, o chuveiro da gente era com serpentina então assim a gente tinha um jeito pra conseguir viver com pouco dinheiro.E aí eu consegui estudar com meu salário e ainda manter casa isso a gente vai moldando vai fazendo as coisas e ir conseguindo levar a vida sem graças a Deus, sem passar fome sem essas coisas assim eu sempre costurei também então vai fazer uns biquinho de consertar uma roupa de alguém eu sempre bordei eu sempre fiz outras coisas então eu fazia uns bico pra poder ajudar.
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37:03
A senhora disse que é evangélica, como é essa sua relação da senhora na igreja.
Eu desde pequena eu desde novo quando morava com meus pais eu tinha vontade de ser evangélica mas o meu pai eu já disse que ele era rígido meu pai era um católico que na minha casa não tinha não tinha imagens de esculturas então era um católico mas ele não tinha essa esse vínculo de ter imagens em casa mas ia na igreja uma vez ou outra. Meu pai não era aquele católico roxo. Criou a gente no catolicismo e eu tinha vontade porque eu vi os evangélicos fazendo culto e eu ia assistir o culto dos evangélicos na janela eu ficava na janela da igreja assistindo o culto e eu tinha vontade de ser evangélica e quando eu fui pro Rio de Janeiro eu fui num culto na praça e no Rio de Janeiro me converti depois que eu sair da casa dos meus pais e aí se eu sou evangélica até hoje desde 80.
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38:18
A senhora gosta de cantar louvores. A sua família tem algum…
Eu amo cantar hoje eu não canto muito porque a gente vai ficando mais velha a voz e quando a gente não faz exercício com a voz com a garganta a gente vai ficando mais ruim mas eu amo cantar eu tenho a minha filha mais nova que canta bastante meus filhos todos os três foram criados no Evangelho do meu filho gosta de tocar eu gosto de cantar e ele gosta cantar.
Eu coloquei ele pra aprender música ele tinha seis anos pra aprender tocar e ele começou aprendendo teclado e aí ele partiu pra outros instrumentos hoje ele é baixista ele toca contrabaixo, e ele produz ele é um músico de profissão e é o meu orgulho graças a Deus.
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39:25
Aí você falou que você voltou a estudar, como foi isso pra você como você se sentiu ?
Eu vi a necessidade de estudar eu te uma vontade muito grande de eu gosto de ciências sempre gostei muito tanto é que eu falei que eu queria ser médica mas não pude ser mas eu cheguei a fazer o curso na época de auxiliar de enfermagem e eu sou formada em auxiliar de enfermagem era o curso que tinha na época eu fiz estágio hospital e tudo porém eu não troquei a minha profissão de costureira eu era costureira numa firma pela profissão de auxiliar de enfermagem porque o salário é o mesmo então pra mim não valia a pena sair de uma firma que eu já trabalhava muito tempo e começar no hospital então eu fiquei mesmo com uma costureira onde eu trabalhei sete anos e seis meses, e aí quando eu voltei a estudar pra mim foi uma realização de um sonho, e como eu também queria a trabalhar com adolescentes. Tanto é que eu trabalho é com adolescentes e não me vejo alfabetizando eu não Me sinto uma alfabetizadora, eu gosto da área de ciências bastante eu fiz a licenciatura pra trabalhar com ciências com alunos de sexto ao terceiro ano e eu também tenho um curso de epidemiologia do serviço de saúde pública não, eu fiz uma graduação nessa área porque eu gosto disso.Gosto de ciências, gosto de trabalhar com essas coisas e aí isso pra mim foi uma realização de um sonho já que eu não pude ser médica pelo menos professora que é o começo de tudo eu acho que é uma base assim não a alfabetização é uma base mas eu estou ali no meio da base pra ajudar a se formar a ser médico, ou qualquer outra coisa que quiserem ser no futuro
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41:36
Essa sua vivência no meio rural contribuiu para ter esse seu gosto pelas ciências da natureza?
Eu não sei Wellington falar isso porque eu como é que eu posso falar era minha melhor matéria era matéria que eu tirava a melhor nota né era físsil e aí eu acho que é por gostar mesmo da matéria gostado de corpo humano gosta de falar das partes do corpo humano, gostar de plantas, minha casa tem muita plantas, gostar de vida.
Eu acho que foi isso que me fez gostar de ciências de trabalhar essa matéria
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42:27
Como a senhora se sente hoje em dia dando aula que hoje mudou muito, mudou muita coisa.
Muita coisa.Mas eu gosto muito, gosto muito de dar aula, a gente enfrenta muitos desafios mas é uma coisa que eu gosto muito e eu já dou aula eu já deveria ter parado eu dou aula pra trazer já poderia ter parado já.
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42:52
Como servente escolar, como é que foi esse período a senhora estava estudando nesse período?
Eu fiz minha faculdade não foi totalmente à distância porque todo final de semana a gente tinha que ir no pólo foi difícil porque eu trabalhava na época como servente a gente trabalhava 8h00 por dia eu tinha meus filhos ainda pequenos e eu tinha que dar conta de estudar né porque a gente tinha que estudar muito sozinho apesar de todo sinal de semana no pólo pra tirar dúvida a gente tinha tutor pra ajudar. A gente tinha que pular bastante pra dar conta e foi bastante assim dificultoso com questão de estudar e ser dona de casa mãe ir trabalhar fora mas eu me vejo assim uma pessoa eu consegui eu acho que fui muito mesmo.
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44:06
Se sente realizada na profissão?
Sim.Eu gosto muito de dar aula e eu me sinto realizada.
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44:15
E dentro de uma sala de aula, hoje tem alunos de vários tipos a senhora já lidou com alguma criança que seja especial que precise de um atendimento mais diferente.
Hoje as escolas já tem né ou monitor pra essas crianças hoje eu trabalho o ano passado também eu tinha uma criança especial na sala mas tinha monitora a professora de apoio hoje a gente tem uma criança que é até uma criança muito boa não Welligton consegue acompanhar bem as aulas a criança que a gente tem hoje na sala de aula é um menino do sexto ano e ele consegue acompanhar bem e hoje eu dei uma atividade lá no sexto ano que ele conseguiu fazer com a professora de apoio. E ele consegue acompanhar bem a outra do ano passado ela não consegue acompanhar bem mesmo porque a dificuldade dela era bem maior a especialidade dela ela é mais ela tem mais dificuldade mas assim eu não vejo dificuldade em trabalhar com essas crianças dentro da sala.
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45:30
Quando a senhora terminou a graduação qual foi o próximo passo?
Participei de um processo seletivo da prefeitura eu era concursada como servente passei no processo seletivo da prefeitura pra dar aula pra ser em primeiro lugar na época a gente sabe que as coisas não são de acordo com que a gente quer que sempre tem alguém querendo puxar o tapete infelizmente a vida é assim e quando eu passar em primeiro lugar eles me jogaram pro quinto lugar o que que eu tive que fazer eu tive que recorrer eu tive que ir na secretaria do estado procurar quais eram os meus direitos e aí orientada e aí eu fui na prefeitura e antes aliás antes que eu fosse na prefeitura uma funcionária falou que se eu não se eles não mudar assim a minha classificação porque eu passar em primeiro e eles me jogarem quinto se eles não mudar assim a minha classificação que ia ser ruim pra prefeitura porque eu estava entrando com recurso e tal e aí antes que eu entrasse com recurso na prefeitura eles mudaram a minha classificação me voltaram um primeiro lugar.
E pra mim exercer a profissão de professora eu tive que pedir a exoneração que eu era com cursada no cargo de servente e eu fiz isso é como se dar um murro no escuro porque você não sabe se você vai continuar trabalhando não mas eu dei minha cara assim fui de cara fazer todo mundo falou que eu era maluca que eu estava trocando o certo pelo duvidoso e eu falei eu vou tentar eu não vou fazer uma faculdade porque você faz um curso você tira de um salário mínimo eu tive que remanejar toda minha vida com cartão alimentação em casa em questão é muita coisa pra eu pagar a minha faculdade e eu não achava justo eu pagar uma faculdade e ainda depois vetar o meu diploma não achava justo isso eu falei assim então eu vou tentar ir eu vou lutar o tempo todo pra mim exercer a minha profissão e eu me informei e eu quero investir e aí eu peguei exonerei do cargo e fui dar aula começa às pessoas falaram que eu era doida que eu estava estou trocando o certo pelo duvidoso e de lá pra cá eu nunca parei.
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48:15
O pai dos seus filhos te acompanhou nesse processo?
Então gente eu passei por dois processos bem complicados porque na época que eu comecei a dar aula foi a época que eu me separei do pai dos meus filhos eu o ele trabalhava fora, ele teve ele ficou… ele teve luxação nos dois ombros. E ele voltou pra casa afastado do trabalho e aí fui morar época difícil complicada da minha vida é uma época de muita dificuldade com ele porque infelizmente ele era uma pessoa alcoólatra eu não sei se eu posso falar mas eu no teu denegrindo a imagem dele não foi uma pessoa que eu vivi durante 22 anos tentando a gente acha que com certas pessoas mas a gente não muda ninguém e eu vivi com ele 22 anos lutei muito pra que ele mudança pra que ele largasse a bebida. Prometi internar tentei fazer de tudo pra que ele largar aqui pra que a gente continuasse porque eu não casei pra separar eu casei pra viver com ele e ele nunca largou e o que que aconteceu quando eu conseguir formar foi a época que eu me separei dele e aí eu peguei que eu tive uma depressão profunda por causa do processo e foi muito difícil mas eu consegui com ajuda dos meus filhos com ajuda de colegas de trabalho dormir na casa dos outros pra dar aula na época eu dormia na casa de uma colega Que eu incentivei ela estudar também e hoje ela é professora também a Lia que a minha parceira que assim nós somos amigas desde quando a gente era servente eu incentivei Lia a fazer faculdade, eu incentivei Lia estudar.Eu incentivei Lia a largar a profissão de servente pra poder dar aula então assim a gente a mesma história a gente fez a mesma coisa que a gente deu um murro no escuro depois ela concursou no Rio Doce graças a Deus por isso Mas hoje assim ela da aula porque foi um incentivo que eu dei Lia a estuda forma por que nós não tinha na exposição né ensino médio, Quando a gente passou no concurso público então a gente fez um ensino médio a noite e vamos fazer faculdade e fomos estudar e na época que eu comecei a dar aula foi a época da minha separação meu filho já estava com 17 anos eu tive que pedir eu dormia na casa de Lia pra dar aula porque eu saio cedinho 10 pras 6h00 da manhã eu tinha que ir pra São José ou pro Viçoso e eu dormia na casa de Lia tive que pedir meu filho pra eu estava me separando então meu filho tinha que ficar em casa com as minhas filhas porque elas eram bem menores e aqui não quer dizer em todo lugar tem e eu não acho certo você deixar menor de idade sozinho e eu dormia fora de casa e então meu filho com 17 eu tinha que falar você vai ficar em casa dormir em casa com as meninas porque eu tenho que trabalhar e ele já na época ele já trabalhava pra microlins no Soberbo então ele ficava em casa à noite e eu ia noite eu vinha dava na zona rural vinha pra casa ficava casa tarde preparava aula fazia comida pra outro dia e 11h00 da noite eu pegava um ônibus que passava no Soberbo levando os alunos de volta para Santa Cruz e eu pegava esse ônibus ia pra casa de Lia, dormia no outro dia e a cedo e a minha vida foi assim durante um tempo. Ai nesse período que eu já tinha me separado que eu estava dando aula aí eu comecei a namorar com o meu atual marido aí eu passei a dormir em casa aí eu ia de manhã porque ele tinha um fusquinha né ele me levava no fusquinha e eu vinha de ônibus pra casa e aí casei logo também (risos)
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Nessa época a senhora ainda morava no Soberbo antigo ou era no Soberbo novo?
Já era aqui no Soberbo novo né.
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Como foi essa mudança a chegada da hidrelétrica e o assentamentos novo Soberbo?
Então eu cheguei no Soberbo novo nova Soberbo junto com o reassentamento porque até 2004 moro em São Paulo 2003 a Giovanna nasceu quando ela fez um ano eu voltei eu cheguei junto com pessoal que estava vindo pra cá meus pais tinha uma casa no Soberbo velho onde foi tomado pela usina hidrelétrica hoje tem um lago meus pais tem uma casa lá e aí eles ganharam claro uma dação que fala não é uma doação é uma dação. Uma casa no Soberbo aqui e aí que é uma casa de família eu vim direto de São Paulo pra cá eu gostava do Soberbo velho e todo ano eu vinha passar férias aqui na casa da minha mãe quando minha mãe viva minha mãe morreu em 2000 quando o pessoal começou a construção da hidrelétrica minha mãe morreu no ano que começou a construção da hidrelétrica mas antes todo ano eu vinha passar o natal eu passava um mês aqui com a minha mãe e voltava pra São Paulo todo ano. Desde quando eu fui embora eu trazia meus filhos meu pai amava meus filhos e ele não conheceu a Gabi mas o Felipe era um ouro pra ele e ele amava o Felipe ele fazia cavalo de pau pro Felipe tal ele gostava muito dos meus filhos e ele não chegou conhecer a minha filha porque a minha filha do meio quando ele morreu ela tinha seis meses. Mas a minha mãe conheceu a minha filha só não conheceu a Giovanna nem um deles conheceu a Giovana.
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E esse processo do reassentamento, como que foi?
Foi difícil pras pessoas que moravam lá, minha irmã morava lá porque a gente perdeu…eu disse que lá em Soberbo a gente tinha um convívio muito, era muito familiar. Quando você via, alguém quando te chamava já tava dentro da cozinha, “ah eu vim aqui tomar um café” a gente tinha um hábito a gente fazer, minha mãe toda vida teve esse faz um bolo leva um pedaço pra pessoa, matava um porco leva um costela um pedaço de não sei o que pros vizinhos, os vizinhos ali as comadres..
E aí quando a gente veio pra cá a gente perdeu essa como é que eu posso falar, esse vínculo, de vizinho família porque um vizinho seu era como se fosse seu familiar no Soberbo velho, porque as casas eram muito pertinho, muito pertinho uma das outras tinha, no soberbo velho tinha a casa do meu pai tinha a casa de um moço que chamava Geraldo PInto que tinha o pai do Zé Vitor e aí assim não tinha a casa do Seu Mateus do lado aí assim não tinha cerca só tinha cerca na casa do meu pai acabou o seu Mateus não tinha na casa do Zé Vitor não tinha e aí se o Matheus fazer um doce de leite muito gostoso e a gente ia lá comprar o docinho de leite que ele fazia e o Zé Vitor tocava e a gente ia lá cantar de noite e era uma coisa sim muito gostosa com os vizinhos, e tinha esse lado bom que não tem no Soberbo. A tinha esse lado com que não tem no Soberbo, gente tinha uma infraestrutura boa no Soberbo:asfalto tudo bonitinho mas no Soberbo as pessoas são mais distante uma das outras, você não todo mundo tem muro pra ficar na casa, todo mundo tem grade e aí você não vai entrando a casa dos outros a dentro a cultura mudou bastante no Soberbo antigo as pessoas eram acostumadas a chamar você dentro da sua cozinha. “ O comadre eu vim tomar um café” sabe era assim bem gostoso essa convivência aqui mudou bastante porque cada um tem sua particularidade de cada um vive dentro do seu mundinho ali e aí o que que eu fiz eu quando vim pra cá, antes deu ser concursada eu fiz um grupo de artesiano que eu trabalhei dois anos com o grupo eu fui…eu escrevi dois projetos né dois anos seguidos daí eu trabalhei com um grupo de mulheres pra fazer com que as pessoas se juntasse mais se chegasse mais quando passei no concurso o projeto acabou o grupo acabou cada um foi cuidar da sua vida.Esse ano, no anos passado escrevi de novo um projeto pra ver se eu consigo fazer de novo com que as mulheres se juntem sabe bate papo aprendam a bordar aprendam a fazer alguma coisa. Até pra elas mesmas e eu consegui que meu projeto fosse contemplado esse ano…ano passado,e esse ano eu recebi um pouco da verba e estou em andamento fiz a inauguração do projeto no sábado passado e o meu objetivo é esse de juntar pessoas e o acho esse distanciamento de pessoas um pouco ruim porque as pessoas não se falam mitos. E eu acho que eu ficar dentro de casa faz a gente ter uma depressão ter uns momentos assim mais ruins na vida.
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Durante um período assim da pandemia a senhora teve alguma dificuldade alguma coisa?
Eu tive, eu tenho problema de coluna eu tenho duas hérnias de disco e na pandemia eu fiquei muito ruim.Eu andei…tive que usar bengala pra andar, eu fiquei muito ruim mesmo eu pensei que eu não fosse melhorar, agora voltou de novo graças a Deus eu não tô usando bengala mas eu estou de novo com a coluna bem ruim eu não posso ficar muito tempo sentada o melhor tempo que eu tenho é quando eu tou em repouso e eu tenho tido dormência nas pernas isso é um indicativo pra cirurgia mas é uma coisa que eu não quero fazer e é isso na pandemia eu fiquei preocupada né com a pandemia, medo de pegar COVID mas Deus abençoe que ninguém lá em casa pegou e tive esse problema com a.coluna.Mas tratei na época e agora tô tratando de novo
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Qual atividade a senhora exercia na pandemia?
Eu fazia muita máscara e eu acho que isso eu fazia máscara pra doar eu acho que eu doei mais ou menos umas três a 4000 máscaras pras comunidades Soberbo Santa Cruz pra cidade do Rio Doce nossa comunidade rural mais ou menos umas 4000 mascaras eu colocava de duas a três bancos não saquinho eu sei lavar direitinho e doava.
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E aí falando um pouco do grupo de artesanato do bordado com quem que você aprendeu a bordar.
Então eu sou muito curiosa a minha irmã uma das minhas irmãs mais velhas ela abortou o enxoval de casamento dela em casa e eu era pequenininha deveria ter uns quatro anos quando ela casou e aí eu aprendi alguns pontinhos mas eu aprendi a costurar com a minha mãe muito novinha com 13 anos e aprendi a fazer crochê olhando os outros fazer crochê.E aprendi abordar Outras coisas olhando os outros bordar então eu aprendi vendo os outros fazer eu não tive nenhum curso mas eu bordo e faço monte de coisa.
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Você lembra da primeira coisa que você bordou?
Eu bordei uma fronha pro meu filho quando ele quando eu estava grávida e eu fiz um… na época usava cueiro eu fiz um cueiro todo com crochê em volta foi uma das primeiras coisas que eu fiz.
Mas eu costuro deis dos 13, 14 anos eu fazia bermuda fazer algumas roupas assim.
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Você lembra da sua mãe costurando?
Lembro, o meu pai também costurava meui era muito curioso também, ele aprendia fazia muita coisa tem uma hoje eles falam caneta mágica eu não lembro na época o nome antes mas tem uma caneta que ele chamou caneta mágica que ela faz um bordado tipo atoalhado e meu pai fazer esse bordado ele tinha uma guria e ele faz esse bordado, meu pai fazia muita coisa meu pai fazia balaio, meu pai fazia cestos, fazia facão. Meu pai fazia espingarda meu pai fazia muita coisa, muita coisa, meu pai tanto é que quando eu até vergonhoso falar mas eu chupei chupeta até os cinco anos e quando eu tinha cinco anos meu pai falou assim se você jogar aqui fala bico né, se você jogar o bico fora eu vou te dar um corte de pano pra fazer um vestido, que ele comprou e eu joguei na época o meu bico fora ele comprou pano e ele fez o meu vestido, meu pai era muito inteligente.Eu tenho assim o meu pai como um exemplo pra mim, O questão de a fazer tudo ele era antes fazia tudo ele construir a ele era carpinteiro ele era ferreiro ele fazia espingarda, na minha casa hoje não pode ter mais lá em casa na casa da minha mãe tinha várias espingardas assim ó penduradas na parede que ele fez e era muito inteligente muito muito muito inteligente é isso
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E planos pro futuro?
Meus planos é mais voltado para os meus filhos né eu já tenho 60 anos.O que eu quero mas assim é ver o rio funcionando novamente com as mesmas características, eu não sei se isso vai ser possível mas com as mesmas características de antes porque eu hoje olho pro rio e me dá muita tristeza, porque a gente tomava banho no rio a gente fazia muita coisa no rio e os planos que eu tenho pra futuro é pro meus filhos ver meus filhos foram formados ver meus filhos bem ver a minha filha que hoje está fazendo faculdade de enfermagem formada, trabalhando ver a minha filha que tem vontade de fazer psicologia formada trabalhando..E o Felipe ele tem vontade de fazer uma faculdade de teologia e eu quero que ele tenha que ele possa concluir a faculdade ele não quer uma teologia pra trabalhar nessa área mas ele quer pra te conhecimento então eu quero que ele tem essa formação se Deus quiser.
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O marido está incluído nesses planos?
Então o meu marido é meu braço direito né ele é meu ajudador ele que me apoia em tudo ele me ajuda muito ele é o maridão assim uma pessoa que eu conheci desde criança gente foi criado juntos eu já falei eu acho pra você né gente foi criado junto nós éramos vizinhos noite vamos criado junto eu sou madrinha da irmã dele que eu fui embora casei lá fora eu voltei separei aqui, e aí casei com ele é muito engraçada nossa história porque a gente foi criado junto estamos juntos até à 17 anos nós crescemos ali vizinhos E eu fui embora na verdade com 17 anos meu pai perdeu e 79, 1979 teve uma enchente que nós tínhamos uma casa muito grande, eu disse que nessa cadeira 30 metros do rio e nós tínhamos uma casa muito grande meu pai está aumentando aqui a tradição de lugar pequeno é ter casas grandes meu pai tava aumentando a casa, e nessa enchente 79 nós perdemos a nossa casa que o rio e aí no final do ano de 79 a enchente foi em fevereiro e no final do ano 79 e aí foi embora pra poder ajudar os meus pais a reerguer construir outra casa.Foi pra isso que eu saí de casa pra trabalhar e ajudando e ajudando eles até os 30 anos mais ou menos, quando eu casei.
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Um presente assim, que e a vida a educação tenha te dado?
Quando eu vejo um aluno meu ex aluno não conseguir alguma coisa dá alguma coisa eu fico muito feliz e no final do ano eu tive um aluno do primeiro ano do ensino médio que me ligou e disse assim; Rosa eu conseguir passar na IFMG e aí eu fiquei muito feliz que desde o nono ano que eu incentivava ela fazer a prova e ela não foi e aí no primeiro ano ela foi feita pra ouvir ela passou e ela me ligou me mandando mensagem e eu comecei a chorar junto com ela e saber que ela tinha conseguido passar na prova e eu fiquei muito feliz e ela me agradeceu falando assim. Fui muito obrigada pela professora que você e eu estou hoje na IFMG graças ao incentivo que você me deu isso me deixou muito feliz muito lisonjeada muito feliz mesmo porque eu o que eu quero que os alunos eu falo isso com todos os alunos o que eu quero pra eles é o que eu quero pro meus filhos eu considero meus alunos como se fosse meus filhos eu quero que eles cresçam na vida eu quero que eles não espere chegar eu fui estudar, quando eu fui fazer minha faculdade eu já tinha 40 anos que eu não quero que ele chegue que não quer tarde mas eu espero que ele faça as coisas mais cedo estudar em mais cedo agora que eu tempo por que não que eu tenha perdido tempo porque nada que eu fiz antes foi inválido não mas eles tem toda oportunidade que eu nem tive e eles tem uma oportunidade hoje que estudar hoje tá muito mais fácil então assim eu não tive essa oportunidade eu não tive a gente antes andava a pé pra ir pra escola a gente comia pra fazer a merenda da escola o meu tempo de escola tinha que levar lenha pra fazer merenda, era muito difícil a vida no meu tempo hoje eles uma facilidade tão grande com tudo e as vezes eles não querem nada é isso me entristece mas quando eu vejo alguém chegar lá na frente eu acho muito bom, e assim eu tenho tido alunos que tem eu tenho a Giovana que é filha da…A Nilde que faz faculdade foi minha aluna eu tenho a Amanda que foi pra IFMG eu tenho a Sara de Jocilene eu tenho a Sara que faz faculdade lá em Rio paranaiba numa faculdade federal então quando eu vejo aluno meus crescendo eu fico muito feliz muito feliz é isso pra mim é um presente não deixa de ser.
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01:09:28
Tem mais alguma coisa que você gostaria de contar pra gente?
Não … não, acho que tá bom
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01:09:37
E o que você achou de contar sua história hoje?
Bom! Eu eu sou um pouco nervosa pode ver que eu fico… mas foi bom contar minha história é isso o que eu espero é poder ver o Rio como eu disse ver o Rio novamente como ele era antes, e poder desfrutar os meus filhos quem sabe meus netos né pode desfrutar do rio o quanto eu pude desfrutar o quanto eu vivi aqui é vivo depois que voltei de São Paulo eu pesquei muito.
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