sobre a coleção

criada em: 08/12/2017

O que está por trás de cada narrativa quando mergulhamos nela? Convido vocês a imergirem numa relação entre som e imagem que propõe a construção de uma escrita de si em diálogo com o outro, a visitar a história através das vidas privadas, dos olhares íntimos, através de um passeio pictórico por uma narrativa não oficial. Que os rostos desconhecidos se apresentem como paisagens, sendo ao mesmo tempo relevos particulares e vegetações nativas. Que o temperamento dos olhares povoe o pensamento com uma infinidade de sotaques. Um mergulho no outro é, sem dúvida, uma viagem para dentro também, para lugares nunca antes habitados. A busca foi pela interlocução, por manter acesa a chama do diálogo, por construir uma cartografia afetiva do outro. Nesse processo, foi preciso compreender que ouvir e falar são dois caminhos necessários e indispensáveis. O trabalho é uma ode à memória, ao registro comum, ao ordinário profundamente necessário, às vozes que povoam nossa geografia, que constroem cotidianamente as paisagens das nossas lembranças. Capturar o instante e fazê-lo perdurar até que a matéria seja decomposta, tornar o passado sempre um agora. Reabrir as fendas da vida, como uma nascente subterrânea, pode gerar novas possibilidades insuspeitas, novas possibilidades de existência: o júbilo da vida. Afirmação total da existência: pôr em cena, frente a si mesmo, tornar-se o que se é. E, assim, segue ressoando na minha pele, na retina e nos meus ouvidos a pergunta: quem sou eu?
Cristiano Burlan

Nenhum registro encontrado