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História
Personagem: Lina Levi
Por: Museu da Pessoa, 29 de setembro de 2011

Vagem é vagem, batata é batata

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Vagem é vagem, batata é batata

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“Todo mundo na Bulgária gostou de ver os russos chegarem, porque aquilo significava que a guerra tinha acabado. Os alemães foram embora e todo mundo se deu muito bem nos primeiros dias. Mas, logo depois, eles começaram a mandar lá. Devagar, devagar, começaram a dar ordens e algumas pessoas foram até obrigadas a fazer trabalhos forçados. Decidimos, então, embarcar num navio e ir tentar a vida em Israel. A maioria dos judeus búlgaros decidiu fazer isso. Meu marido sabia fazer sorvete, queijo, iogurte, essas coisas, e foi assim que começamos nossa vida lá. O começo foi difícil, mas logo nos equilibramos e até nos mudamos para Tel Aviv, que era uma cidade maior. As crianças, quando nasceram, já não viam nada de ruim. Não sabiam o que era não ter isso, não ter aquilo. Tudo estava indo bem, mas aí começou a Guerra do Yom Kippur, que foi uma guerra muito dura, e aí meu marido falou: ‘Aqui eu não fico mais.’ Antes disso, já estava na cabeça dele sair de lá. Ele já tinha vindo para o Brasil um ano antes da guerra, se não me engano, e tinha ficado maravilhado. Gostou tanto que falou: ‘Se eu um dia sair daqui, vou para o Brasil!” A gente pensava que era na brincadeira, mas depois da guerra ele começou a falar sério: ‘Vamos lá! Se você gostar, a gente fica; se não, a gente volta.’ Nós desembarcamos em Viracopos. Não existia Cumbica ainda e os voos de fora pousavam em Viracopos. Era um dia lindo de novembro e estava calor. Tudo verde, muito bonito. Nós não tivemos muitas dificuldades porque sempre estávamos em família. Fomos bem recebidos e logo nos adaptamos. Quando eu percebi que íamos ficar por aqui, que meu marido estava bem, que meus filhos tinham se adaptado, resolvi que era hora de aprender a língua. No começo eu não entendia nada. A família só falava hebraico em casa e isso não ajudava. Eu nunca aprendia. Mas um dia eu falei: ‘Olha, não dá! Como que eu vou sair na rua se eu...

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Dados de acervo

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P/1 – Vamos começar agradecendo a presença da senhora aqui, por ter aceitado o nosso convite vindo aqui pra conceder essa entrevista e vou pedir primeiro o seu nome completo.

R – Meu nome completo é Lina Levi.

P/1 – O local e a data do seu nascimento.

R – Eu nasci na Bulgária, a cidade se chama Varna, só que de lá eu saí bem pequenininha, com um ano e meio e fui para a capital, Sófia, aí, cresci. Sou nascida em 08 de maio de 1927.

P/1 – A senhora estava contando pra gente lá fora que quando veio para o Brasil teve uma confusão porque eles colocaram o seu nome errado...

R – Sim, porque eles faziam tradução nos documentos quando íamos fazer permanência e, como eu cheguei de Israel, tem uma letra que é um pouquinho comprida e serve como “o”, e se for a metade é “i”, então, onde era Lina eles colocaram Lona e aí ficou assim, nos documentos eu sou Lona, mas todo o pessoal me conhece como Lina. É isso que aconteceu, a tradução foi errada. Não tinha mais como concertar. E ficou assim.

P/1 – Lina, conta pra gente então o que a senhora se lembra de Sófia, da sua infância lá, como que era o lugar...

R – Olha, o que eu me lembro é que tudo era muito bom até o tempo que chegou a guerra. Eu nasci em 27, a guerra começou já era 42, 43, quando chegaram os alemães, entraram na Bulgária e foram ruins para os judeus. Mas, até então, todo mundo vivia muito bem. Sempre foi bom. A gente estudava, brincava, era normal, muito bom. Se vivia na Europa, muito bem. Só que depois que chegou a guerra piorou, já não tinha jeito mais, aí, nós fomos para outros lugares. Tiraram a gente da capital, fomos para outras cidades, mas, graças a Deus, os Búlgaros, que é toda a população lá, não deixaram nem um judeu sair de lá. Quer dizer, os alemães queriam levar como fizeram em toda a Europa. Todos os judeus da Polônia, da França, de todo lugar. Na Bulgária não deixaram.

P/1 – Eu queria perguntar os tempos antes...

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