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História
Por: Museu da Pessoa, 25 de julho de 2013

Várias gerações de parteiras

Esta história contém:

Várias gerações de parteiras

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Eu nasci num lugar por nome Recreio, no interior do Para.

Fica acima de Almeirim, aqui é no Amapá.

Almeirim nesse tempo tinha poucas casas.

O meu pai chamava Cândido Rufino dos Santos e o nome da minha mãe era Ester França Barbosa.

O meu pai cortava balata, maçaranduba e era pescador.

Minha mãe se casou com o primeiro marido, teve dois meninos, mas marido dela morreu.

Com o tempo apareceu esse meu pai, que veio de Monte Alegre, perto de Santarém.

Eles casaram, e eu nasci.

A minha mãe era parteira.

A primeira parteira da família foi a vovó, que morreu com 96 anos, inclusive ela fez meu parto.

Minha mãe morreu antes da minha avó e depois morreu a minha avó.

Eu aprendi partejar com a minha mãe que ia partejar com uma mulher e me levava, eu já tinha uns 16 anos e fui aprendendo.

Na minha mão nunca morreu criança.

Mas foram só três partos que fiz.

Em Almeirim ficava eu, a minha mãe e meus irmãos todos.

Eu cuidava deles.

Minha mãe saía para roça, para ir fazer farinha e mariscar e o meu pai passava seis meses trabalhando nesse negócio de maçaranduba, balata.

Minha mãe cuidava da comida, pescava e fazia farinha, nós plantava roça.

Com uns seis anos, oito anos, eu já ia para roça.

Minha mãe ia cavando e a gente ia plantando os paus da mandioca, macaxeira, abacaxi, coqueiro.

Nossa casinha era humilde mesmo, era casinha coberta de palha e assoalhada com paxiúba.

Até que o meu pai comprou um sítio que custou dez cruzeiros.

Nós morávamos em uma terra firme bonita e tínhamos, tudo quanto era plantação era café.

Eu completei meus 12 anos lá na casa da minha tia e estudei ainda o primeiro ano lá.

Não tinha escola no interior.

Com 17 anos, depois 18 anos eu comecei a namorar com esse meu marido.

À vezes ele ia passear lá em casa, beijos,... Continuar leitura

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Correios – 350 anos aproximando pessoasDepoimento de Sebastiana Rufino TenórioEntrevistada por Karen WorcmanLaranjal do Jarí, 25 de julho de 2013HVC053_Sebastiana Rufino TenórioRealização Museu da PessoaTranscrito por Claudia LucenaMW TranscriçõesHistória de vidaP/1 – Conta de novo para mim o seu nome completo.R – Sebastiana Rufino Tenório.P/1 – A senhora nasceu aonde?R – Eu nasci num lugar por nome Recreio, no interior.P/1 – Interior da onde?R – Daqui do... já ouviu falar no Parú?P/1 – Não, me explica, onde é?R – Fica para cá, para cima, lá para banda de Almeirim, acima de Almeirim.P/1 – Aqui é no Amapá?R – Aqui é no Amapá, Almeirim fica do outro lado.P/1 – Então é no Pará que a senhora nasceu?R – É, nasci no Pará, então aí eu fui criada em Almeirim.P/1 – Como era Almeirim?R – Almeirim esse tempo, Almeirim, quando eu fui me entendendo, Almeirim, tinha poucas casas, não tinha, não era nem uma cidade ainda, que hoje em dia é uma cidade, tinha pouquinhas casa, não tinha tanta coisa, tantas casas.P/1 – Como é o nome do seu pai e da sua mãe?R – O nome do meu pai, chamava Cândido Rufino dos Santos, o nome da minha mãe era Ester França Barbosa.P/1 – O que o seu pai fazia?R – O meu pai, ele cortava balata, ele cortava maçaranduba, ele era pescador, a profissão dele era essa.P/1 – O que é balata?R – Balata é um pau que dá o líquido que tira o, tira o leite, para fazer a borracha.P/1 – Então o seu pai fazia seringa?R – É, era, era por nome, não era seringa, seringa é uma coisa e balata era outra.P/1 – Por quê?R – O pau, o pau se chama, tipo uma maçarandubeira, sabe, que corta.P/1 – Mas ele fazia isso?R – Aí tirava o leite e fazia aquele bloco grande e baixava nas águas, aí para banda do...P/1 – Ele trabalhava para um grupo?R – É, ele trabalhava para um empresário que morava em Almeirim, só que nesse tempo eu ainda não entendia, assim, bem mesmo de negócio, essas... Continuar leitura

Título: Várias gerações de parteiras

Data: 25 de julho de 2013

Local de produção: Brasil / Amapá / Laranjal Do Jari

Entrevistador: Karen Worcman
Transcritor: Claudia Lucena
Autor: Museu da Pessoa

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