Universidade Federal do Acre
Centro de Educação Letras e Artes
Licenciatura em Pedagogia
Ensino de Língua Portuguesa I
Prof. Dra.: Tatiane Castro
Discente: Gilvama de Oliveira Santos
Eu sou Gilvama, uma professora em formação
Para chegar ao curso de Pedagogia, tracei um grande percurso, este percurso me direcionou à Pedagogia depois de tantas tentativas sem sucesso de fazer o que eu gostava ou almejava como profissão, e, apesar de ter chegado sem o desejo intenso da formação para a docência, me encontro esplendorosa em saber que minha escolha não foi desacertada, mas, sim, uma grande oportunidade de conquistar grandes sonhos.
Nascida de uma mãe de 15 filhos, que viu morrer 5 deles ainda crianças, meu nascimento não foi tão celebrado, ainda mais por ter nascido de uma mãe já solteira que não aguentou mais agressões do meu pai e decidiu me criar sozinha. Nesse limite de classe, condição econômica e familiar, cresci dedicada aos estudos, mesmo sem uma boa influência, via na educação uma oportunidade de melhorar de vida.
Tive diversas experiências negativas com professores que não eram capacitados para exercer sua profissão com responsabilidade, uma delas foi o arremesso de um apagador na minha cabeça, na terceira série, outra vez uma professora me xingou de palavrões horríveis, no quinto ano, isso me afastava totalmente da hipótese de ser uma professora pelos péssimos exemplos que tive, e eu nem era má aluna, sempre tirei notas boa e me dedicava bastante para aprender.
Terminei o ensino médio aos 16 anos, sem nunca ter reprovado e na sequência, fui aprovada no vestibular da Ufac, porém, por não ter conhecimento nem informação suficiente, não consegui ingressar em nenhum curso que minha nota alcançasse (pois no curso escolhido minha nota não atingiu o quantitativo de vagas) e eu teria a opção de ingressar pelas vagas remanescentes. Logo após essa primeira oportunidade falha de cursar o ensino superior,...
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Universidade Federal do Acre
Centro de Educação Letras e Artes
Licenciatura em Pedagogia
Ensino de Língua Portuguesa I
Prof. Dra.: Tatiane Castro
Discente: Gilvama de Oliveira Santos
Eu sou Gilvama, uma professora em formação
Para chegar ao curso de Pedagogia, tracei um grande percurso, este percurso me direcionou à Pedagogia depois de tantas tentativas sem sucesso de fazer o que eu gostava ou almejava como profissão, e, apesar de ter chegado sem o desejo intenso da formação para a docência, me encontro esplendorosa em saber que minha escolha não foi desacertada, mas, sim, uma grande oportunidade de conquistar grandes sonhos.
Nascida de uma mãe de 15 filhos, que viu morrer 5 deles ainda crianças, meu nascimento não foi tão celebrado, ainda mais por ter nascido de uma mãe já solteira que não aguentou mais agressões do meu pai e decidiu me criar sozinha. Nesse limite de classe, condição econômica e familiar, cresci dedicada aos estudos, mesmo sem uma boa influência, via na educação uma oportunidade de melhorar de vida.
Tive diversas experiências negativas com professores que não eram capacitados para exercer sua profissão com responsabilidade, uma delas foi o arremesso de um apagador na minha cabeça, na terceira série, outra vez uma professora me xingou de palavrões horríveis, no quinto ano, isso me afastava totalmente da hipótese de ser uma professora pelos péssimos exemplos que tive, e eu nem era má aluna, sempre tirei notas boa e me dedicava bastante para aprender.
Terminei o ensino médio aos 16 anos, sem nunca ter reprovado e na sequência, fui aprovada no vestibular da Ufac, porém, por não ter conhecimento nem informação suficiente, não consegui ingressar em nenhum curso que minha nota alcançasse (pois no curso escolhido minha nota não atingiu o quantitativo de vagas) e eu teria a opção de ingressar pelas vagas remanescentes. Logo após essa primeira oportunidade falha de cursar o ensino superior, casei, deixando em segundo plano o sonho de uma graduação.
Após uns 5 anos de várias tentativas frustradas para atingir uma nota alta no Enem, a fim de estudar Engenharia Civil, Ciências Contábeis ou Economia de forma gratuita, optei em começar a pagar um curso de Ciências Contábeis, o que não deu muito certo, pois as condições financeiras de repente pioraram, o que me levou a trancar a faculdade na Unopar, e a tentativa da nota do Enem me garantir essa possibilidade voltou a ocupar minhas prioridades. Sem sucesso novamente, mas não tão ruim, consegui com minha nota uma bolsa de 100% na Unip para fazer o curso de Recursos Humanos, apesar de não ser o que eu queria, me dediquei bastante, mas, no primeiro período reprovei, pois havia uns Projetos (PIM) como disciplinas que eu não tinha ideia de como fazer e, então, reprovei nas duas disciplinas (o que não pode acontecer para quem é bolsista).
Mais uma vez me vi distante do sonho de graduar, a segunda da minha família que chegaria a esse nível de formação, tentei o Enem novamente, já em mente de fazer o que a nota alcançasse, e assim o fiz, com os 600 e poucos pontos, mais a cota de ter estudado em escola pública no Acre, escolhi o curso de Pedagogia para, então, alcançar a graduação, mesmo indecisa entre Letras e Educação Física, escolhi Pedagogia por ouvir falar que o mercado de trabalho é mais amplo. Não foi amor a primeira vista, talvez ainda nem tenho esse amor, por acreditar que esse curso vai me possibilitar apenas melhores oportunidades de trabalho e condições melhores de vida, porém, quando comecei a estudar as disciplinas vi uma possibilidade de mudar a minha perspectiva em relação ao professor e à sociedade em que estou inserida, percebendo que tamanha é a responsabilidade e o papel do professor para a formação do indivíduo como um ser humano social.
Enfim, o primeiro contato foi bom, mas no terceiro período veio a pandemia e eu cheguei a acreditar que era uma conspiração contra minha formação acadêmica, porém, vimos a realidade mundial e comecei a ver que ia demorar mais ainda a minha tão sonhada formação. Dentro de tantas dificuldades que a pandemia trouxe, eu tive a oportunidade de conceber o meu segundo sonho, uma filha, minha princesa, que me trouxe esperança e a certeza de que eu precisava mais do que nunca persistir nesse curso, agora não só por mim, mas por ela, principalmente.
Logo veio o ensino remoto e tivemos que nos reinventar, reorganizar e ajustar nossa rotina, eu com uma recém nascida em casa, estudando de forma remota, aprendendo menos que gostaria, consegui avançar, e agora estamos quase terminando essa parte remota de estudar (Deus queira, amém). Porém, a dificuldade em manter uma rotina foi grande, agravada por exigências de professores não tão solidários com nossas dificuldades, me vi quase deprimida, perturbada em meus pensamentos, me perguntei várias vezes se valeria a pena tamanho esforço, cheguei a questionar até se viver era uma boa opção, pois nesse período da pandemia perdi uma sobrinha e um irmão para a depressão, eles tiraram a própria vida, além da perda do meu pai e de minha avó, o que me fez questionar seriamente sobre a vida.
Apesar de todas essas dificuldades, com quase 80% da formação, pretendo concluir essa graduação, por tudo que enfrentei, toda a história de vida que minha mãe enfrentou por nós, inclusive minha criação, a vida que pretendo dar para minha filha, são os motivos que me dão força pra não desistir e concluir logo essa graduação e continuar melhorando a qualidade de vida, dentro das possibilidades de classe à qual somos impostos. Com essa formação, independente do setor em que irei trabalhar, levarei comigo grandes aprendizados: consciência de que o papel do professor é relevante na sociedade, mesmo não sendo valorizado, que a necessidade de uma formação adequada desde a infância é crucial para um indivíduo e que a qualidade da educação básica ainda tem muito a melhorar, apesar de já ter obtido grandes conquistas.
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