Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
História
Por: Museu da Pessoa, 14 de novembro de 2013

Uma professora da Mooca

Esta história contém:

Uma professora da Mooca

A minha mãe nasceu na Itália e meu pai nasceu na Mooca. Ele era gráfico. Gráfico trabalhando numa tipografia e minha mãe continuou trabalhando como tecelã. Ela continuava trabalhando na fábrica. Porque eles eram uma família muito simples, não ganhavam muito e esse terreno começaram a construir uma casinha pequena. Era um bairro sossegado, com muitas crianças na rua. A minha rua, Domingos Oliveira, ela tinha as pessoas que moravam de lá vinham de diferentes lugares. Então tinha dona Maria a italiana, dona Maria a portuguesa, tinha a espanhola. No larguinho você tinha família que tinha vindo da Hungria. Aí tinha várias nacionalidades. A gente se reunia, conversava muito, conversava-se no portão, tinha ainda as cadeiras na rua onde você batia papo. Os vizinhos se conheciam muito e as crianças brincavam na rua e no larguinho, que o larguinho era o ponto de encontro. Era um lugar agradável. A escola ficava próxima, você podia ir a pé muito facilmente. Tinha o Grupo Escolar Armando Araújo, que ele foi depois demolido, foi construído em outra rua, na Juvenal Parada, mas antes ele era na Rua da Mooca, um edifício bem velho, bem antigo, alto. A minha mãe era uma católica que ia de vez em quando. Sabe como é que é? Nos eventos. E meu pai que não se dizia religioso, quando ele faleceu eu fui mexer nos documentos dele, achei tudo quanto era santinho. Um monte de santinho que eu tenho até hoje. Até hoje. Na Juvenal Parada, onde hoje fica o Armando Araújo, em frente tinha uma igreja metodista, protestante. Eu ouvia bater palma, cantar, eu falava que queria ir lá. Minha mãe falava: “Não. Eu não posso entrar nessa igreja. Eu nunca entrei numa igreja diferente da minha, eu não posso te levar”. Então veja você, quando eu entrei no grupo escolar como ouvinte, as carteiras eram duplas. A minha coleguinha do lado, Zuleica, convidou-me pra eu ir a igreja que justamente era essa da Juvenal Parada. Ela falou: “Você me espera na...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

P/1 – Janete, você pode começar falando o seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Janete Gasparini Torres. Nasci no dia 19 de outubro de 1942. São Paulo, na Mooca.

P/1 – Seus pais são de São Paulo?

R – A minha mãe nasceu na Itália e meu pai nasceu na Mooca.

P/1 – A sua mãe veio da Itália para o Brasil com quantos anos?

R – Ela veio bebê. Meu avô...

P/1 – Você chegou a conhecer os seus avós maternos?

R – Sim.

P/1 – O que eles faziam lá na Itália?

R – Então, eu não sei exatamente... Meu avô, segundo informações que eu tenho da minha mãe, ele era telegrafista. Mas por causa da Primeira Guerra Mundial, com muitos filhos homens, eles vieram para o Brasil como imigrantes. Minha mãe era pequena bebê.

P/1 – Eles vieram como pra cá?

R – Vieram você diz que meio de transporte? Vieram de navio, como os imigrantes vinham na época. Passaram ali pelo Brás, houve uma triagem, foram trabalhar na fazenda de café em Itatiba. Mas meu avô não deu muito certo. Ele não era do campo. Mas eu ainda vejo assim, que a mulher é aquela que sustenta a família. Então graças a minha avó que ele conseguiu resistir a essa mudança de vida. Primeiro língua, ele morreu sem falar português. O que ele aprendeu ele esqueceu e só falava italiano. Mas a minha avó era uma brava lutadora porque foi ela que deu suporte pra ele. Então ficaram algum tempo na fazenda de café trabalhando na terra.

P/1 – Ela também trabalhava na terra?

R – Sim. Os filhos. Aí depois vieram pro Brás, como todo bom italiano só tinha que morar no Brás. E foram morar na Rua Major Otaviano que, aliás, hoje nem existe por causa do metrô. Eu até procurei um belo dia, falei: “Ah, vou a casa da minha avó”. Da minha nona. Era nona, não é avó. E a rua não existe mais. Então eu me lembro de um, digamos assim, eu vi um CD, esqueci o nome da cantora... Zizi Possi. Lembrei o nome. Ela tem um CD de músicas italianas, Zizi Possi, em que...

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.