Sou Nivea Oliveira, escritora e professora de italiano. Tenho 10 livros publicados na Itália (onde vivi 22 anos) e no Brasil. Num dos meus livros falo sobre a minha experiência de viagens pela Europa, África e Estados Unidos. Uma vida dedicada ao trabalho e às viagens. São memórias que divido com meu leitor sobre as diferenças culturais e experiências que me conduziram a ver a vida de outra maneira. Hoje consigo transitar entre essas diferenças sem problemas porque aprendi que somos iguais e diversos ao mesmo tempo. Compreender essa dualidade nos conduz a uma situação mais confortável diante do outro. O outro deixa de ser uma ameaça e passa a ser um portador de novas ideias, de novas maneiras de viver a vida. Às vezes o meu nada é tudo para o outro e vice versa. Tive que sair do conforto das minhas certezas inúmeras vezes e nem sempre o diferente é representante de outra cultura. Ele pode estar bem próximo a nós, falando a nossa língua. Quantas vezes não nos deparamos com uma circunstância assim?
Eu era muito jovem e hoje percebo coisas que antes não conseguia ver. Um exemplo disso é a guerra do Burundi. Eu estava lá naquele momento histórico e só totalizei esse fato anos depois, já no conforto da minha casa na Itália, conversando com os amigos sobre o que vi e vivi.
De tudo o que vi preferi enfatizar o positivo. Mesmo na guerra ele está lá! Mesmo no frio intenso de Torino eu con- seguia sentir o calor do sol. Mesmo nas cidades imponentes dos Estados Unidos eu consegui imaginar mundos menores em esquinas e praças onde a gente comum representava parte da história longe das primeiras páginas dos jornais. Conhecer os lugares e as pessoas baseando-se somente nas primeiras páginas dos jornais não é um caminho muito interessante. As notícias não dão conta da totalidade da vida. São momentos capturados com o objetivo de chamar atenção para a notícia.
Conheci a Itália não somente quando estava no Coliseu ou no Vaticano....
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Sou Nivea Oliveira, escritora e professora de italiano. Tenho 10 livros publicados na Itália (onde vivi 22 anos) e no Brasil. Num dos meus livros falo sobre a minha experiência de viagens pela Europa, África e Estados Unidos. Uma vida dedicada ao trabalho e às viagens. São memórias que divido com meu leitor sobre as diferenças culturais e experiências que me conduziram a ver a vida de outra maneira. Hoje consigo transitar entre essas diferenças sem problemas porque aprendi que somos iguais e diversos ao mesmo tempo. Compreender essa dualidade nos conduz a uma situação mais confortável diante do outro. O outro deixa de ser uma ameaça e passa a ser um portador de novas ideias, de novas maneiras de viver a vida. Às vezes o meu nada é tudo para o outro e vice versa. Tive que sair do conforto das minhas certezas inúmeras vezes e nem sempre o diferente é representante de outra cultura. Ele pode estar bem próximo a nós, falando a nossa língua. Quantas vezes não nos deparamos com uma circunstância assim?
Eu era muito jovem e hoje percebo coisas que antes não conseguia ver. Um exemplo disso é a guerra do Burundi. Eu estava lá naquele momento histórico e só totalizei esse fato anos depois, já no conforto da minha casa na Itália, conversando com os amigos sobre o que vi e vivi.
De tudo o que vi preferi enfatizar o positivo. Mesmo na guerra ele está lá! Mesmo no frio intenso de Torino eu con- seguia sentir o calor do sol. Mesmo nas cidades imponentes dos Estados Unidos eu consegui imaginar mundos menores em esquinas e praças onde a gente comum representava parte da história longe das primeiras páginas dos jornais. Conhecer os lugares e as pessoas baseando-se somente nas primeiras páginas dos jornais não é um caminho muito interessante. As notícias não dão conta da totalidade da vida. São momentos capturados com o objetivo de chamar atenção para a notícia.
Conheci a Itália não somente quando estava no Coliseu ou no Vaticano. Conheci a Itália tomando café com meus amigos, nas casas deles, nos jardins deles, enquanto o telefone toca- va ou alguém chegava. Conheci a África caminhando pelos mercados, ouvindo as estórias que quem sempre esteve ali ou quem chegou antes de mim. Conheci parte dos Estados Unidos convivendo com uma tripulação de pessoas de vários países, fazendo um esforço para entender e ser entendida. O inglês era o idioma comum. As regras eram rígidas e os horários de trabalho exaustivos. O mesmo ocorreu ao voltar para a minha terra. Após um hiato de muitos anos tive que me acostumar a outros estilos de vida determinados pela insegurança das grandes cidades. O dia a dia de cimento, pressa e violência que descaracteriza o gosto por atividades silenciosas e lúdicas.
Considero-me a síntese desses mundos. Sou muito feliz pela experiência que tive e continuo tendo. Afinal, viajar é uma maneira de estudar geografia, antropologia, psicologia e várias outras ciências. Quem descobrir isso a tempo irá ter a oportunidade de mudar radicalmente a própria vida.
Esse livro não tem fim. O fim existe? O que chamamos fim talvez seja a renovação de um novo tempo que nos convida a irmos em frente. Esse livro só tem começos que se multiplicam, engalfinhados entre si, restituindo à trama o que a realidade permitiu que acontecesse. Ele não foi um livro inventado. Esse é um livro que fala de vidas, de sorrisos, de paisagens, de dificuldades e realizações. Espero que as minhas viagens possam despertar o desejo de conhecer o outro, de conhecer novas culturas e com elas aprender que não somos o centro do universo. Boa leitura e boa viagem!
Nivea Oliveira
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