Podemos dizer que a vida é como uma novela em que cada capítulo traz uma nova surpresa, algumas são boas, outras nem tanto, mas no final tudo é motivo de aprendizado. Como dito no conto Pai contra mãe de Machado de Assis, “nem todas as crianças vingam” - e isso é um fato. Algumas vezes os pequenos anjinhos partem no início da gestação; outros, no entanto, são persistentes e resolvem encarar a vida. O primeiro contato na saída do aconchego do útero da mãe já nos mostra um pouco da dura realidade que enfrentaremos no decorrer de nossos dias, talvez, seja este o motivo de tanto choro na hora do parto.
O ano de 1995 foi marcado por inúmeros acontecimentos, a rede mundial de computadores chegou ao Brasil, e esse foi o início de uma comunicação mais rápida; 95 marcou o início do governo FHC, com o real nas alturas; a novela A Próxima Vítima de Sílvio de Abreu despertava a curiosidade sobre quem seria o perigoso assassino; e para a família do Sr. Francisco Sales Vieira e da Sra. Rita de Cássia Liparini, também foi um ano marcante, nascia uma criança para alegrar suas vidas.
E foi no dia 16 de fevereiro do referido ano, às 13h05min, que vinha ao mundo Marcelo Liparini Vieira. Era um dia chuvoso, e nas vésperas do nascimento, a cidade de São Caetano do Sul havia enfrentado uma enorme enchente. Este menino não era uma celebridade, um astro do rock ou o novo Leonardo da Vinci, porém, seu nascimento trouxe uma alegria imensa para esta família que havia perdido seu filho Michel com apenas sete meses, devido a complicações decorrentes de um problema no coração.
No entanto, a alegria durou pouco tempo, os médicos informaram que aquela criança nascida abaixo do peso, e com problemas respiratórios graves, não sobreviveria por muito tempo, a única saída era esperar pra ver quanto tempo lhe restaria. Para esta família não parecia muito justo o que lhes estava acontecendo, como poderiam perder mais um filho em tão pouco tempo?...
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Podemos dizer que a vida é como uma novela em que cada capítulo traz uma nova surpresa, algumas são boas, outras nem tanto, mas no final tudo é motivo de aprendizado. Como dito no conto Pai contra mãe de Machado de Assis, “nem todas as crianças vingam” - e isso é um fato. Algumas vezes os pequenos anjinhos partem no início da gestação; outros, no entanto, são persistentes e resolvem encarar a vida. O primeiro contato na saída do aconchego do útero da mãe já nos mostra um pouco da dura realidade que enfrentaremos no decorrer de nossos dias, talvez, seja este o motivo de tanto choro na hora do parto.
O ano de 1995 foi marcado por inúmeros acontecimentos, a rede mundial de computadores chegou ao Brasil, e esse foi o início de uma comunicação mais rápida; 95 marcou o início do governo FHC, com o real nas alturas; a novela A Próxima Vítima de Sílvio de Abreu despertava a curiosidade sobre quem seria o perigoso assassino; e para a família do Sr. Francisco Sales Vieira e da Sra. Rita de Cássia Liparini, também foi um ano marcante, nascia uma criança para alegrar suas vidas.
E foi no dia 16 de fevereiro do referido ano, às 13h05min, que vinha ao mundo Marcelo Liparini Vieira. Era um dia chuvoso, e nas vésperas do nascimento, a cidade de São Caetano do Sul havia enfrentado uma enorme enchente. Este menino não era uma celebridade, um astro do rock ou o novo Leonardo da Vinci, porém, seu nascimento trouxe uma alegria imensa para esta família que havia perdido seu filho Michel com apenas sete meses, devido a complicações decorrentes de um problema no coração.
No entanto, a alegria durou pouco tempo, os médicos informaram que aquela criança nascida abaixo do peso, e com problemas respiratórios graves, não sobreviveria por muito tempo, a única saída era esperar pra ver quanto tempo lhe restaria. Para esta família não parecia muito justo o que lhes estava acontecendo, como poderiam perder mais um filho em tão pouco tempo? Será que aquele era o seu carma, ou será que tudo não passava de um engano? Já não sabiam como proceder com todo aquele sofrimento.
Porém, como um homem nordestino que é, o pai da criança olhou para o céu rogando a Deus por mais uma graça, dessa vez não mais por uma gota d’água para aliviar sua sede e de seus semelhantes na seca do sertão, mas por uma dádiva que acalentasse seu coração sofrido, que não queria ver mais um filho partir do aconchego dos braços da mãe. Se a vida fosse um conto de fadas, talvez, como em um passe de mágica o menino tivesse sido curado. Na verdade, a graça alcançada foi outra, como por uma inspiração divina o casal resolveu procurar um novo médico para saber sobre um possível tratamento. Na primeira tentativa nenhuma resposta positiva, na segunda também, porém, quando tudo parecia não ter mais saída, uma luz no fim do túnel surgiu e nela o casal se agarrou.
Assim, o menino começou a receber o tratamento que necessitava bancado por seu pai que dobrou seu turno de trabalho para ter condições de arcar com os custos altos. Aos poucos a criança foi tomando o medicamento que necessitava e ganhando peso. Lutava como Davi lutou contra o gigante Golias, pequeno e indefeso, a luta não era contra um gigante das histórias bíblicas, mas contra a foice da morte escura e fria.
Com uma força capaz de mover montanhas o menino lutou, e os resultados logo apareceram, aquela criança que não vingaria, provou que merecia ficar mais um pouco. Dois anos se passaram, o casal teve mais dois filhos, Marcio Liparini, nascido no dia 02 de junho de 1997, e Marcos Liparini, nascido no dia 19 de outubro de 1999. Para aquele casal que havia passado por tantas provações, Deus havia guardado muitas coisas boas. Marcelo cresceu, embora, com problemas respiratórios, em nada lembrava aquele pequeno bebê frágil e sem probabilidade de vida. Sua mãe deixou o emprego em uma fábrica para dedicar-se exclusivamente a cuidar das crianças.
Todos os dias, após terminar suas tarefas diárias, passou a dedicar-se a ensinar o menino a ler e a escrever. Logo, os resultados foram surgindo, o menino aprendeu a ler e a escrever em casa, e quando entrou na escola com pouco mais de quatro anos de idade, já levava de casa uma boa bagagem de conhecimento. Em 2003, a família decide deixar a grande São Paulo, a cidade já não era tão calma como no início, e não queriam viver em meio a tanta violência. No dia 23 de setembro de 2003, chegam à cidade de Bom Jesus – Paraíba, em busca de novos ares e de novas conquistas. Como para todas as famílias, a vida não foi fácil, nunca é e nunca será.
Como diz o ditado, as pessoas têm que matar um leão por dia, porém, o simples fato de terem força de vontade e saúde para lutarem, já é motivo suficiente para todas as comemorações. A pequena cidade de Bom Jesus proporcionou à família um ambiente tranquilo para se morar. Longe de toda a agitação das grandes metrópoles os meninos puderam aproveitar a liberdade e a simplicidade de uma cidade pequena.
Talvez, sejam coisas banais, já que o mundo é movido pelo dinheiro e pelo luxo; porém, para quem sabe aproveitar as pequenas coisas da vida, tudo é motivo de interesse e de admiração. Hoje, 13 de setembro de 2015, contar essa história coube a mim, narrador, que talvez pouco saiba da vida, mas que tudo vivenciou e vivencia dessa história. Sou aquele que não vingaria e que dispunha de tão pouco tempo para lutar, sou Marcelo Liparini Vieira.
Vinte anos após meu nascimento, tanta coisa já mudou e sei que muitas mais ainda irão mudar. Estou em um curso superior, trabalho em minha cidade, e assim como tantas outras pessoas também sonho com um futuro melhor. Realmente, a vida é como uma novela, sempre traz inúmeras surpresas a cada capítulo. Talvez, você não acredite em finais felizes, em castelos, ou em príncipes encantados.
Na verdade, a vida real é bem diferente, admito. Finais felizes encontramos a cada dia, quando temos uma nova conquista, quando estamos ao lado de quem amamos, e quando deitamos com a sensação de dever cumprido ao final de um árduo dia de trabalho. Lembre-se de que quando as cortinas se fecham ainda há muito show para acontecer, e nada está terminado até que você diga que este é o ponto final.
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