Estava dentro da minha casa, conversando com meu marido, em cena cotidiana. Começo a aperceber a proximidade dos vizinhos em relação à minha janela. Percebo que escutam minhas conversas com meu marido. Depois, percebo que os vizinhos não estão fora de casa, mas dentro da minha casa. E além dos vizinhos, quando vejo, o ministro Pazuello está dentro da minha casa. Foi convidado pelo meu marido. E eu me senti constrangida a ter que servir um café para ele, na sala da nossa casa. Lembro que ele enfiou a faca dentro do pote de maionese, para passá-la no pão. Uma faca de serrinha, pontiaguda, inadequada para espalhar a maionese no pão. Senti raiva do meu marido tê-lo convidado. Quando vi, estávamos todos sem máscara, o que me preocupou.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
O sonho é uma mistura das minhas preocupações políticas e da pandemia. Impossível separar a catástrofe da pandemia, o medo de adoecer, do comportamento perigoso e inconsequente de alguns vizinhos de deram grandes festas durante a pandemia e de outros vizinhos que penduram as bandeiras verde-amarelas na frente de suas casas. Impossível também não perceber que Pazuello estava à vontade dentro da minha casa. E o meu constrangimento era enorme, porque eu não queria aquela gente toda dentro de casa, muito menos de tantos bolsonaristas. Ms eu não tinha coragem de tratá-los mal, mandá-los embora. Minha indignação com a ingenuidade política do meu marido é importante para compreender o sonho. Mas a onipresença do medo da presença de pessoas que negligenciam cuidados da pandemia dentro da minha casa, e de um dos principais responsáveis por esta negligência era angustiante.