Silvana foi criada pelo avô e quando criança jogava bolinha de gude e soltava pipa com os tios. O avô contava histórias e a que ela mais gostava era a história: O gato de botas. Mora hoje na mesma casa que viveu quando criança, com quintal grande com árvores frutíferas. Sua professora, a dona Mafalda era muito severa, mas ensinava muito bem, dava puxões de orelha nas crianças e se contasse em casa, apanhava dos pais, porque a figura da professora era de respeito, era como uma mãe tinha que obedecer. A melhor hora era o recreio, pois cada um trazia um lanche: bolo de fubá, bolinho de chuva, pão com mortadela, ovo frito e daí as crianças repartiam. Quando mocinha saía com as amigas e ia dar volta na praça do coreto ou, quando tinha matinê, iam até o Clube Atlético. Começou a trabalhar em casa de família com onze anos e depois foi trabalhar na Tecelagem Santo Antônio; com o dinheiro comprava alguma coisa para ela e o resto ajudava a mãe, pois o pai abandonou a família quando ela era muito pequena. Casou-se com o primeiro namorado com o qual vive até hoje. Dessa união nasceu um casal de crianças que hoje são adultos. Seu sonho é ver o filho longe do mundo das drogas. Queria ser veterinária, mas naquela época não havia cursos grátis, nem bolsas de estudo, motivo pelo qual não pode estudar. Hoje, com apenas quarenta e nove anos, Silvana perdeu as esperanças, cuida de uma tia idosa, e acha que é muito tarde para pensar em estudos.

Um sonho não realizado
Brasil / Jardim Archila