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História
Por: Museu da Pessoa, 16 de junho de 2017

Um pouco do processo de "alembrar”

Esta história contém:

Um pouco do processo de "alembrar”

Vídeo

Minha mãe, eu nem conheci. Meu pai eu conheci, que era Paulo Coelho, eles eram do Fundão, Fazenda Roça Fundão, naquele tempo era roça. Meu pai era carpinteiro, mexia com negócio de carro de boi, fazer roda, pôr aqueles pregos, banco, essas mesas, telhado. Agora, minha mãe eu não sei o que ela fazia. Só sei que eles faziam, na roça, farinha.

Era aquela pobreza, mas era aquela pobreza, aquela paz. O dia que tinha pra comer, comia, o dia que não tinha, não comia, e o que tinha, a gente ficava satisfeito. A gente brincava de cozinhar, cozinhava planta, esses trem, bordava nas folhas de bananeira, escovava com folha de laranja, folha de andu, brincava de comadre, boneca de sabugo, boi de mandinha. Era muito bom. (...) Aqueles banhos na praia, [a gente] tomava aqueles banhos na praia que a gente vinha cinzenta de tanto banho. Lavando roupa, tomando banho, e a gente pulando, dava salto mortal naqueles poços fundo, não tinha medo. Minha irmã nadava em ciminha da água. Tinha aquelas mulheres tirando o ouro, fazia aquele puxado fundo. E elas não gostavam que a gente tomava banho.

Meu pai fazia uma fogueira, que coberta não tinha, né? Ele fazia um fogo no meio da sala e ficava aquele fogo ali a noite inteira aquecendo. E ele falava: “Meus filhos come pedra ou pau, mas é junto comigo”. Separamos quando ele estava ruim, minha irmã mais velha arranjou um emprego pra mim, eu fiquei no meu emprego. Mas era bom, foi bom porque não precisou roubar, não é? Por isso eu sei viver, com pouco e com muito. Na minha casa é assim, o que eu como, qualquer um que chegar, come. O que bate na minha porta pedindo, o que eu tenho, eu dou, se tem pouco, eu reparto.

Quando eu entrei na escola, mas não fiquei muito tempo, estudei mais lá em Brasília, que minha patroa ensinava. Eu tinha que deixar o fogo acesso, café pronto, feijão no fogo, água puxada, água buscada na praia pra beber e cozinhar, tinha que encher as latas d´água e aí ia pra...

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O pequeno Paulo

O filho Paulo na casa do sobrinho em Taguatinga, Brasília.

local: Brasil / Distrito Federal / Taguatinga
tipo: Fotografia

Dias em Taguatinga

Terezinha, esposa do sobrinho com Paulo Cesar, em Taguatinga.

local: Brasil / Distrito Federal / Taguatinga
tipo: Fotografia

Momento em família

Sobrinhos Juçara e Osmar carregando Paulo César e dona César ao fundo.

local: Brasil / Distrito Federal / Taguatinga
tipo: Fotografia

Mãe zelosa

Dona César em Taguatinga, na casa de Osmar vigiando Paulo César.

local: Brasil / Distrito Federal / Taguatinga
tipo: Fotografia

Filho

Paulo no quintal da casa da patroa Ricanusa, na 713, em Brasília.

local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

À beira do tanque

Na beira do tanque, dona Ricanusa carregando Paulo enquanto dona César fazia comida.

local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

Prontos pro casório

Paulo César com Juranda, prontos para um casamento. Estão na casa da noiva, neta de Luiz Dario.

período: Ano 1982
tipo: Fotografia

Pequena

Juranda no sofá de casa em Paracatu.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Construção

O esposo Paulo na construção em Paracatu. Ao lado, está o amigo dele, Pedro.

período: Ano 1983
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

César, a noiva

Casamento de Dona César. Ela se arrumou para a cerimônia na casa da patroa, Ricanusa.

período: Ano 1976
local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

Casamento

Casamento de Cesar na Nossa Senhora do Carmo, na w4, em Brasília.

período: Ano 1976
local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

Vestido inteiro

Dona César de noiva em foto com o vestido inteiro. A foto foi tirada na casa da patroa, onde César se arrumou.

período: Ano 1976
local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

Entrada da noiva

Dona César entrou na igreja com o primo de Paulo, o José. A daminha de honra, Élen, era filha de uma amiga.

período: Ano 1976
local: Brasil / Distrito Federal / Brasília
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Projeto Kinross Paracatu

Depoimento de César Gonçalves Santana

Entrevistado por Fernanda Prado, Carolina Margiotte

Paracatu, 16/06/2017

Realização Museu da Pessoa

KRP_HV25_César Santana

Transcrito por Karina Medici Barrella

P/1 – Dona César, pra gente começar, eu primeiro gostaria de agradecer de a senhora ter aceitado o convite para essa entrevista. E pra gente seguir a nossa conversa, eu queria que a senhora falasse pra gente o seu nome completo.

R – César Gonçalves Santana.

P/1 – Fala pra gente o dia que a senhora nasceu e a cidade do seu nascimento.

R – 25 de dezembro de 1942, Paracatu (MG).

P/1 – Qual é o nome dos seus pais?

R – Paulo Coelho e Maria Gonçalves.

P/1 – O que a senhora sabe dos seus pais, da história deles?

R – Olha, dos meus pais, minha mãe eu nem conheci. Ninguém da família de minha mãe. Meu pai eu conheci, que era Paulo Coelho, eles eram do Fundão, Fazenda Roça Fundão, naquele tempo era roça. Meu pai era carpinteiro, mexia com negócio de carro de boi, fazer roda, pôr aqueles pregos, banco, essas mesas, telhado. Agora, minha mãe eu não sei o que ela fazia. Só sei que eles faziam, na roça, farinha, mexia com farinha, isso daí.

P/1 – E por que a senhora não conheceu sua mãe?

R – Minha mãe, quando ela morreu, eu tinha dois anos. Aí nós ficamos sendo criados pelo pai. E eu com seis anos o meu pai veio a falecer. Meu irmão levou ele pra fazenda porque ele já estava bem velho, a gente já estava trabalhando, minhas irmãs tudo empregadas, eu era a mais nova, também já comecei com sete anos a trabalhar, olhando menino pros outros, lavando vasilha e veio vindo assim aquela vida. Fui crescendo, aí fiquei com minha irmã mais velha, depois fui pra casa de Nedina, morei muitos anos e depois fui pra Brasília. Logo que saiu Brasília eu fui pra lá, trabalhei lá muitos anos. E logo achei meu marido, casei, aí ele ficou lá um pouco que ele não quis ficar lá mais porque estava muito...

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Título: Um pouco do processo de "alembrar”

Data: 16 de junho de 2017

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Paracatu

Autor: Museu da Pessoa

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