Moacir é um sujeito que trafega bem em diversos ambientes pelo prazer da oratória. Ao menor sinal de receio, emerge a liderança contumaz que o caracteriza. Liderança essa, resultado da independência adquirida durante a infância, fruto da convivência com seus dez irmãos, primeiro no interior paulista no município de Rio das Pedras e depois na recém nascida Osasco. Sua família passou pelas transformações decorrentes do “progresso” que chegava à cidade. Teve de se mudar do bairro Vila São José por conta da construção da rodovia Castelo Branco. A mudança de bairro deixou para trás às lembranças das brincadeiras com os irmãos e amigos no braço do rio tiete, ainda próprio para natação. Mas a necessidade de ajudar em casa e custear as diversões o levou ao trabalho ainda menino. Moeu cana, raspou tacho no tabuleiro de cocada, vendeu picolé, pão entre outros. Suas maiores diversões, já na adolescência, eram acompanhar o Corinthians no Pacaembu e jogar bola na várzea. Aliás, notabilizou-se na região pelos times em que jogava. Era um misto de capitão e presidente, o linha de frente.
Com a maturidade, revelou-se um exímio cobrador de dívidas, possuía a mesma obstinação de um centroavante dentro da área e a lábia de um sofista, mas, diferentemente dos gregos, trabalhara com a verdade absoluta que rege as relações nas periferias, na várzea, nas esquinas, onde o acerto mais importante era no fio do bigode, o olho no olho e o aperto de mão. Seu senso de justiça, estranhamente, proporcionou-lhe a ternura dos endividados mais assíduos que o aguardavam para o almoço e sentiam a sua falta quando demorava a voltar.
Logo, conheceu Edna. A mulher que interrompe os excessos de Moacir como um juiz que assinala uma falta de ataque. Exerce sobre ele uma autoridade apaixonada, que faz sucumbir sua liderança em estado bruto e emergir a calmaria. Foi quem o escolheu, já casados, agiu de forma rápida para que mudassem de casa, já...
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Moacir é um sujeito que trafega bem em diversos ambientes pelo prazer da oratória. Ao menor sinal de receio, emerge a liderança contumaz que o caracteriza. Liderança essa, resultado da independência adquirida durante a infância, fruto da convivência com seus dez irmãos, primeiro no interior paulista no município de Rio das Pedras e depois na recém nascida Osasco. Sua família passou pelas transformações decorrentes do “progresso” que chegava à cidade. Teve de se mudar do bairro Vila São José por conta da construção da rodovia Castelo Branco. A mudança de bairro deixou para trás às lembranças das brincadeiras com os irmãos e amigos no braço do rio tiete, ainda próprio para natação. Mas a necessidade de ajudar em casa e custear as diversões o levou ao trabalho ainda menino. Moeu cana, raspou tacho no tabuleiro de cocada, vendeu picolé, pão entre outros. Suas maiores diversões, já na adolescência, eram acompanhar o Corinthians no Pacaembu e jogar bola na várzea. Aliás, notabilizou-se na região pelos times em que jogava. Era um misto de capitão e presidente, o linha de frente.
Com a maturidade, revelou-se um exímio cobrador de dívidas, possuía a mesma obstinação de um centroavante dentro da área e a lábia de um sofista, mas, diferentemente dos gregos, trabalhara com a verdade absoluta que rege as relações nas periferias, na várzea, nas esquinas, onde o acerto mais importante era no fio do bigode, o olho no olho e o aperto de mão. Seu senso de justiça, estranhamente, proporcionou-lhe a ternura dos endividados mais assíduos que o aguardavam para o almoço e sentiam a sua falta quando demorava a voltar.
Logo, conheceu Edna. A mulher que interrompe os excessos de Moacir como um juiz que assinala uma falta de ataque. Exerce sobre ele uma autoridade apaixonada, que faz sucumbir sua liderança em estado bruto e emergir a calmaria. Foi quem o escolheu, já casados, agiu de forma rápida para que mudassem de casa, já que não gostava do bairro em que moravam e da distância da casa de seus pais. Mesmo com todo esforço para a conquista da primeira casa ele prontificou-se a fazer negócio e mudar para a casa escolhida pela esposa. Seu casamento foi um evento a parte... Com a simplicidade de tempos idos, recepcionou quatro times de futebol, familiares e amigos em sua própria casa. Um bezerro, pães e uma centena de litros de cerveja e refrigerante compuseram o menu, prontamente degustado pela companhia. Sua modéstia admite que a saudade permeia a lembrança de quem foi ao regabofe, tamanha perfeição da festa.
Outrossim, foi a lua de mel no Sesc Bertioga. Mal sabia ele que o comparecimento na Praça Roosevelt para tentar agendar a lua de mel, proporcionaria, a partir dali, uma vontade contínua por turismo. Dos anos setenta em diante, acompanhou as mudanças estruturais, no quadro de funcionários e culturais da unidade Bertioga. Virou um assíduo. A partir disso, reinventou seu conceito de lazer, pôde compartilhar outros espaços e conhecer outros estados a partir do turismo social do Sesc.
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