A história tem um “quê” de beleza, que é impressionante... e por ela inicio o meu conto do presente.
Casada com o Guilherme, mãe da Catarina, uma professora que vem descobrindo o valor, a essência e a pureza da sua profissão a cada dia que passa.
Me descobri mulher a pouco, por incrível que pareça precisei da gravidez, não que seja somente esse momento que possa proporcionar isso a uma mulher, mas pra mim foi com ela que pude enaltecer o meu corpo, entendê-lo, descobri-lo.
Durante a gestação pude desvendar coisas tão básicas, que são naturais, que é natureza, contudo na atual sociedade que vivemos, ser natural não é tão óbvio quanto pareça! Por isso precisei estudar, lutar, derrubar barreiras, muitas vezes, dentro da própria família, pra poder proporcionar um nascimento respeitoso a nossa filha. Nunca depois do nascimento da Catarina, consegui escrever sobre, talvez me faltou coragem, me deu medo, me frustrou...
Hoje, quiçá com um olhar mais maduro e atencioso comigo mesma, observei que uma das falhas, se é que podemos nomear assim, foi o fato de querer mostrar ao mundo o que poderia conseguir fazer... pobre pensar!
Entro em trabalho de parto no dia sete de novembro. Lembro que foi um dia intenso, preparei um almoço, à tarde pude assistir a um filme, comer bolinho de chuva e tomar chá de canela. À noite o marido chegou, namoramos, jantamos, assistimos um pouco de TV. Ali continuei, e ali mesmo o corpo dava os primeiros sinais de que Catarina estava chegando. As contrações começaram, mas não acreditei e nem duvidei, por isso corri a deitar, porque se realmente o trabalho de parto estivesse começando, poderia ter dormido um pouco. Doce esperança, deitei e pelo contrário não consegui dormir, as contrações intensificaram-se. Guilherme começou a cronometrar o espaçamento de uma contração para outra. De cinco em cinco minutos, rapidamente passaram de três em três minutos. Tomei um banho, liguei pra minha doula e...
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A história tem um “quê” de beleza, que é impressionante... e por ela inicio o meu conto do presente.
Casada com o Guilherme, mãe da Catarina, uma professora que vem descobrindo o valor, a essência e a pureza da sua profissão a cada dia que passa.
Me descobri mulher a pouco, por incrível que pareça precisei da gravidez, não que seja somente esse momento que possa proporcionar isso a uma mulher, mas pra mim foi com ela que pude enaltecer o meu corpo, entendê-lo, descobri-lo.
Durante a gestação pude desvendar coisas tão básicas, que são naturais, que é natureza, contudo na atual sociedade que vivemos, ser natural não é tão óbvio quanto pareça! Por isso precisei estudar, lutar, derrubar barreiras, muitas vezes, dentro da própria família, pra poder proporcionar um nascimento respeitoso a nossa filha. Nunca depois do nascimento da Catarina, consegui escrever sobre, talvez me faltou coragem, me deu medo, me frustrou...
Hoje, quiçá com um olhar mais maduro e atencioso comigo mesma, observei que uma das falhas, se é que podemos nomear assim, foi o fato de querer mostrar ao mundo o que poderia conseguir fazer... pobre pensar!
Entro em trabalho de parto no dia sete de novembro. Lembro que foi um dia intenso, preparei um almoço, à tarde pude assistir a um filme, comer bolinho de chuva e tomar chá de canela. À noite o marido chegou, namoramos, jantamos, assistimos um pouco de TV. Ali continuei, e ali mesmo o corpo dava os primeiros sinais de que Catarina estava chegando. As contrações começaram, mas não acreditei e nem duvidei, por isso corri a deitar, porque se realmente o trabalho de parto estivesse começando, poderia ter dormido um pouco. Doce esperança, deitei e pelo contrário não consegui dormir, as contrações intensificaram-se. Guilherme começou a cronometrar o espaçamento de uma contração para outra. De cinco em cinco minutos, rapidamente passaram de três em três minutos. Tomei um banho, liguei pra minha doula e amiga que mora em outra cidade. Logo ela chegou, pegamos o carro e fomos pra maternidade, que fica a muitos quilômetros de distância da minha casa. Optamos por esta Maternidade por oferecer às famílias um atendimento humanizado, de incentivo e respeito ao parto normal.
Chegando lá, pude receber a notícia que estava com apenas um dedo de dilatação... sabia que o percurso poderia ser longo.
Foram mais ou menos 20 horas de trabalho de parto, ao lado do meu companheiro, da minha doula, dos familiares. Não faltou cadeira, sofá, sala, bola, banheira, chuveiro, abraços, beijos; não faltou dor, suor, amor, alegria, amizade, família. O parto da Catarina foi uma mistura de todas as sensações que o ser humano conhece e desconhece.
Quando resolvemos fazer o parto natural, optamos por ser um modo que privilegie a graça que a natureza expressa no corpo humano. Acreditando nisso, fomos ao parto com um pensamento voltado somente para tudo o que cerca esta ideia, porém como a vida é um palco de improvisos, ela nos ensinou novamente como experimentá-los. A cada contração, demonstrava uma luta que a natureza impõe àqueles que estão inseridos nela. Ao final do que chamávamos de parto humanizado, do que entendíamos por parto humanizado, veio o momento mais humano... numa exaustão que já não conseguia dominar meu próprio corpo, entre outras palavras, choros e dores, disse que era hora de improvisar. Disse que já não conseguia mais, que queria a cesariana. Enfermeiras, médicos, amigos e familiares ficaram emocionados com o ato humano da humildade, do recomeçar, do reviver.
Catarina nasceu às 18:53, no dia oito de novembro de dois mil e treze!!
Foi lindo ver a Catarina nascer, ouvir o primeiro choro, realizar a primeira amamentação logo após seu nascimento. Mas logo depois de algumas horas a cobrança, a dor de não ter acontecido do jeito que havíamos nos preparado foi profunda. Chorei muito, procurei incansavelmente, durante os primeiros meses relatos de parto como o meu, queria descobrir o insucesso, queria ouvir de outras mulheres que se planejaram para um parto normal e por fim fizeram uma cesárea, tive vergonha, parecia que o mundo vibrava com isso. Foram longos meses de questionamento, choro, incertezas, um corpo modificado, um encontro com um novo ser, a luta com a amamentação, as dores... Que aos poucos, no seu tempo, ou melhor, no meu tempo, foram diminuindo. Tola eu, não? O porquê de tudo isso, até hoje não descobri, mas a força de ser mulher, de me reconectar com meu próprio corpo, foi uma das coisas mais belas que conquistei. Tanta beleza nisso tudo, e não enxergava, não há o feio, feio são os nossos olhos!
Catarina é tão amada, desejada, veio de um relacionamento tão bonito que iniciou num momento bem peculiar. Guilherme e eu moramos sempre na mesma cidade, desde o nascimento. Vivemos todas as etapas juntos, inclusive o batizado. Sim, fomos batizados no mesmo dia, e pudemos trocar nosso primeiro olhar de afeto ali mesmo. Estudamos juntos desde a pré-escola. No final do ensino médio começamos a namorar, noivamos, casamos, vivenciamos momentos alegres, insucessos, nos formamos professores, tivemos tristezas, mais felicidades, nos amamos e tivemos a Catarina!!
Que círculo vicioso, uma aliança de amor, que não finda, que perpetua, que nos faz viver!
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