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Irakatakoa Awá Guajá recorda a história que a sua avó contava pra ele, de quando morava do outro lado do rio. Ele relembra uma caçada sua, de quando precisava pegar capelão e jabuti. Nos preparativos da caça, viram que estavam derrubando toda a mata onde eles viviam. Antes não havia branco, tudo era mata. Quando eles chegaram, vieram desmatando tudo. Então os Guajá foram correndo pela floresta e fugindo da destruição promovida pelos brancos, até que eles encontraram a FUNAI, fizeram a travessia do rio e chegaram ao local onde eles vivem hoje. Porém, segundo a narrativa desse sábio, até o local onde fica a capital de São Luís era uma floresta onde os Guajá antigos moravam.
Irakatakoa também relata suas experiências nas expedições de caça, incluindo o momento em que reencontrou seus parentes que ainda estavam isolados, e descreve as circunstâncias e emoções desses reencontros. Os brancos tentaram capturar os parentes, mas como eles estavam de roupa, os Awá desconfiaram e fugiram. Apenas quando eles ficaram nus, os isolados os acompanharam com vários animais como cotias e macacos, mas na hora em que soltaram os bichos, eles correram avexados e assustados com as novas pessoas que tinham aparecido.
Através da história de Irakatakoa, descobrimos a dimensão desta terra indígena, sendo que, até a capital era a casa dos Awá Guajá, e podemos observar um retrato de como era a vida e os costumes dos mais antigos, da caçada, a migração e a retirada do mel. Em sua narrativa, reconhecemos um verdadeiro conhecedor e protetor da floresta.