Quando tinha 17 anos, minha filha Gleice descobriu que não tinha útero num exame de rotina.“Ela só poderá ter filhos um dia se adotar ou recorrer a uma barriga solidária”, disse o ginecologista, confirmando que ela já tinha nascido sem o órgão. Mas a coitada sonhava em ter uma família! Gleice respondeu na mesma hora que gostaria de fazer as duas coisas: adotar uma criança e gerar um filho no útero de outra pessoa. Sem pensar, prometi que, quando chegasse a hora e se a saúde permitisse, eu geraria o bebê para ela. Agora, essa promessa está finalmente se tornando realidade.
Na minha família, adotar é uma coisa natural. A Daiane, mais velha das minhas três filhas, é adotada. É nossa “filha do coração”, como gostamos de falar. Por isso, em 2010, quando já estava casada, a Gleice resolveu que adotaria uma criança. Foi assim que a Júlia, hoje com 4 anos, virou minha netinha. Que doce de menina!
Mesmo já tendo a Júlia, a Gleice vira e mexe comentava que ainda ia querer que eu gerasse um irmãozinho para ela. Assim como meu marido, meu genro sempre apoiou a ideia de eu ser a barriga solidária. Para falar a verdade, eu não via a hora de ajudar minha menina a realizar esse sonho, mas obviamente tinha que esperar o momento que ela considerasse mais adequado. Mal dá para descrever a alegria que senti quando minha filha ligou no início do ano passado e perguntou se eu ainda queria ser sua barriga solidária. Ora, mas é claro que eu topava!
A única preocupação que veio na minha cabeça foi se meu corpo, aos 55 anos de idade, ainda estaria apto a gerar um bebê. Por isso, pedi que a Gleice que agendasse um check-up completo com os médicos no interior de São Paulo, onde ela morava. Logo marquei minha viagem de Santa Catarina, onde vivo, para a casa dela. Era hora dever se eu poderia mesmo gerar meu netinho e honrar minha promessa de tantos anos.
No início do mês de abril, fiz diversos exames para verificar se meu...
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Quando tinha 17 anos, minha filha Gleice descobriu que não tinha útero num exame de rotina.“Ela só poderá ter filhos um dia se adotar ou recorrer a uma barriga solidária”, disse o ginecologista, confirmando que ela já tinha nascido sem o órgão. Mas a coitada sonhava em ter uma família! Gleice respondeu na mesma hora que gostaria de fazer as duas coisas: adotar uma criança e gerar um filho no útero de outra pessoa. Sem pensar, prometi que, quando chegasse a hora e se a saúde permitisse, eu geraria o bebê para ela. Agora, essa promessa está finalmente se tornando realidade.
Na minha família, adotar é uma coisa natural. A Daiane, mais velha das minhas três filhas, é adotada. É nossa “filha do coração”, como gostamos de falar. Por isso, em 2010, quando já estava casada, a Gleice resolveu que adotaria uma criança. Foi assim que a Júlia, hoje com 4 anos, virou minha netinha. Que doce de menina!
Mesmo já tendo a Júlia, a Gleice vira e mexe comentava que ainda ia querer que eu gerasse um irmãozinho para ela. Assim como meu marido, meu genro sempre apoiou a ideia de eu ser a barriga solidária. Para falar a verdade, eu não via a hora de ajudar minha menina a realizar esse sonho, mas obviamente tinha que esperar o momento que ela considerasse mais adequado. Mal dá para descrever a alegria que senti quando minha filha ligou no início do ano passado e perguntou se eu ainda queria ser sua barriga solidária. Ora, mas é claro que eu topava!
A única preocupação que veio na minha cabeça foi se meu corpo, aos 55 anos de idade, ainda estaria apto a gerar um bebê. Por isso, pedi que a Gleice que agendasse um check-up completo com os médicos no interior de São Paulo, onde ela morava. Logo marquei minha viagem de Santa Catarina, onde vivo, para a casa dela. Era hora dever se eu poderia mesmo gerar meu netinho e honrar minha promessa de tantos anos.
No início do mês de abril, fiz diversos exames para verificar se meu organismo aguentaria o tranco de uma gestação. Em poucos dias, todos os resultados saíram e os médicos disseram que, apesar dos meus 55 anos, estava com a saúde perfeita e poderia gerar a criança. Que felicidade! Marcamos a primeira tentativa de implante do embrião para o início de maio. A Gleice e seu marido foram até a clínica de reprodução assistida e colheram material para a fertilização. Já eu comecei a tomar vitaminas e um remédio para engrossar a parede do meu útero, que afina com o passar dos anos. Tudo transcorreu na maior tranquilidade, sem nenhum efeito colateral. No dia da tentativa de implante, o procedimento demorou apenas oito minutos. Não foi necessário anestesia nem jejum e eu fiquei olhando enquanto o médico implantava o embrião no meu útero. Depois, precisei fiquei 20 minutos em repouso. Aí, fui liberada para ir embora e levar minha vida normal de todo dia. Para falar a verdade, a gente achava que o embrião não ia pegar na primeira tentativa. Geralmente, as pessoas fazem duas ou três tentativas até dar certo. Mas não é que comigo pegou logo de cara?! Dozedias depois do procedimento, fiz um exame de sangue e confirmei: estava grávida! Meu marido e minhas filhas ficaram muito felizes e todos ficamos ansiosíssimos para que o bebê chegasse logo.
Esperei três meses para que a gestação vingasse antes de contar para todo mundo que estava gestando meu neto. Muitas pessoas ficaram comovidas com meu gesto de amor, mas também escutei algumas críticas. Tem gente que acha que isso é uma loucura e que estou arriscando minha vida sem necessidade. Mas gravidez não é doença e, se minha filha quisesse, faria isso por ela mil vezes! Como a gestação é especial, faço ultrassom de 14 em 14 dias para garantir que esteja tudo bem com o bebê. Em agosto, descobrimos que vai ser um menino e não poderíamos estar mais felizes. Como a Gleice já tem a Júlia, estava mesmo querendo um guri para formar um casal. O Arthur será o primeiro menino da família!
Tirando o enjoo matinal que encarei até o sétimo mês, a gravidez foi bem sossegada. Engordei apenas 9 kg porque me cuidei, fazendo caminhada e me alimentando direitinho.Também diminuí a quantidade de café e evitei as bebidas alcoólicas e os chás.
Como sempre tive muito claro na minha cabeça que o bebê que está dentro de mim é meu neto, não precisei fazer o acompanhamento psicológico indicado nessas situações. Mas muitas mulheres que são barrigas solidárias acabam precisando de orientação profissional para que não se apeguem ao bebê durante a gestação nem se esqueçam de que o filho que carregam no ventre não é delas e deverá ser entregue aos verdadeiros pais tão logo nasçam.
A cesariana está marcada para o dia 5 de fevereiro. Mal posso esperar pelo grande dia! Estou até fazendo contagem regressiva no Facebook. Acho que mais ansiosa que eu, só minha netinha Júlia, que conta para todo mundo que seu irmãozinho está crescendo na barriga da vovó! A Gleice já está tomando remédios para produzir leite e poder amamentar o Arthur assim que ele chegar ao mundo. Cerca de cinco dias antes do parto, ela, meu genro e a Júlia virão para minha cidade esperar pelo nascimento. Não vejo a hora de ter o meu netinho nos braços e realizar o sonho da Gleice! Que alegria poder ajudá-la dessa forma!
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