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História
Por: Museu da Pessoa, 24 de outubro de 2009

Sozinha com meu violão, minha trouxinha de roupa e meu passarinho

Esta história contém:

Sozinha com meu violão, minha trouxinha de roupa e meu passarinho

Vídeo

Deixa eu ver se eu conto direitinho… É que tenho que tomar cuidado com a minha imaginação… Só quero tomar cuidado de não falar o que a minha imaginação criou e aquilo que meu pai falou e depois o que eu ouvi minha mãe dizendo e o que eu conclui! A gente vivia sempre com bastante história pra contar…

Meu nome é Silvia Aparecida Malanzuk, nasci em São Paulo no dia 21 de julho de 1962. Meus pais se separaram quando eu ainda era criança e como a família do meu pai tinha uma condição melhor aqui em São Paulo, expulsou várias vezes a minha mãe da cidade e ficou proibido de falar sobre ela na casa de minha tia, onde eu cresci. Minha tia vivia falando mal da minha mãe, então eu tive uma impressão terrível dela.

E daí eu nunca mais soube da minha mãe, até um dia que ela bateu na porta da casa da minha tia, eu que abria a porta, vi que era a minha mãe e ela falou: “Chama seus irmãos e vem correndo.” E daí eu chamei em silêncio, falei: “Vem, a mamãe tá na porta.” Minha mãe enfiou a gente dentro de uma perua e nós fomos parar em Avaré, no meio do mato, e dali fomos pra Assis, na casa desse meu irmão, do meu tio Sílvio. Não sabia que ele era irmão da minha mãe, não sabia o que que eu tava fazendo lá, não tinha escola, mal tinha comida, eu lembro que quando eu acordava tinha chá preto, pão com manteiga, eu acho o máximo, chá preto, pão e manteiga e era uma coisa que eu comia com muito gosto, nossa, era tudo pra mim! Meu pai achou a gente e quando eu acordei, eu era criança, quando eu acordei eu tava na casa da minha tia de novo. Daí nunca mais eu vi a minha mãe.

Era muito humilhante o que eu sofria, a pressão psicológica que eu sofria com ela, ela falando que a minha mãe era à toa e, e eu não passava de uma empregada na casa dela. Agressão física e moral, ali pra mim morar na rua era muito melhor! Com certeza! Um dia, então, ela fez uma trouxa com minha roupa, o meu violão e uma gaiola de um...

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Presente de reencontro

Retrato da mãe Juracy (Raquel) que Silvia ganhou quando se reencontraram, 35 anos depois de separadas.

período: Ano 1959
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Família na praia

Com Pedro (irmão mais velho), Suzete (irmã adotiva), a mãe Juracy (Raquel) e Carlos Alberto (irmão) na Praia do Gonzaga, em Santos - SP. "Morávamos no Gonzaga com nossa mãe e durate o final de semana meu pai vinha para casa. Eu adorava o dia de ir à praia; fazia castelinhos e comia a tão desejada 'queijadinha'".

período: Ano 1967
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Dados de acervo

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P/1 – Silvia, a gente queria começar o depoimento perguntando seu nome completo, a data e o local do seu nascimento?

R – Silvia Aparecida Malanzuk, nasci em São Paulo no dia 21 de julho de 1962.

P/1 – Qual o nome dos seus pais?

R – Décio Malanzuk e Juraci Daniel Malanzuk.

P/1 – Silvia, eu queria que você contasse um pouco, você sabe a origem da sua família, do sobrenome Malanzuk? Conta pra gente.

R – Eu sei, meu avô ele participou da Segunda Guerra Mundial, nasceu na Romênia. Eu sou descendente de judeus ciganos. Ele veio pro Brasil fugitivo e encontrou a minha avó, que é filha de italiano. Aí eles se casaram e aí veio toda a família.

P/1 – E aí eles vieram pra São Paulo?

R – Sim, nós somos todos de São Paulo, menos a minha mãe.

P/1 – Sua mãe de onde é?

R – Minha mãe nasceu em Avaré. Avaré? Minha mãe nasceu em Assis, morou muito tempo em Avaré.

P/1 – A origem da sua família, você falou que eles eram judeus ciganos. Você sabe alguma história desse período? Por que, que ele veio, de que forma, essa viagem do seu avô?

R – Então, o que eu sei, assim, que, aliás, também, claro, a gente tem que aceitar a descendência, né, mas o que me chateia muito é que na época, a Romênia todo aquele pedaço Bucareste era nazista, né? Então a minha família sofria muito, não tinha escolhas, não tinha livre arbítrio, como a gente tem aqui no Brasil. Então o que eu sei é isso: são pessoas muito humildes, pessoas psicologicamente muito pressionadas assim, que encontrou no Brasil uma forma de liberdade e nem se adaptou muito, meu avô não falava português, mas ele não se adaptava muito aqui, porque passou por tanto sofrimento, tanta represália que isso aqui, o Brasil, não era o lugar de origem, eu acho que a pessoa cresce naquela situação que depois ela tem dificuldade pra mudar, mesmo que seja pra melhor.

P/1 – Ele já veio com que idade você sabe?

R – Meu avô devia ter uns 40 e poucos anos,...

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Título: Sozinha com meu violão, minha trouxinha de roupa e meu passarinho

Data: 24 de outubro de 2009

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Autor: Museu da Pessoa

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