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História

Signo de peixes

Esta história contém:

Signo de peixes

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“Desde que me conheço por gente meus pais sempre trabalharam no Mercado da Lapa. Meus pais e eu, porque tive que começar a ajudar na banca com sete anos. Era até engraçado, porque eu era obrigado a acordar às quatro e meia, cinco da manhã, e, quando chegava lá, estava meio dormindo ainda. Então toda hora eu ouvia alguém falar: ‘Acorda, Silvio, acorda.’ A rotina lá funcionava mais ou menos assim: ‘Silvio, pega esse pacote’; ‘Entrega para aquele senhor’; ‘Cobra tanto’. Brincar era raro. Às vezes empinar papagaio, pião, rolimã. Não tinha tanta coisa como hoje. Televisão não pegava bem, não existia videogame. Outra vez você chegava em casa e não tinha luz. Lembro que, quando acabava a luz, os vizinhos punham cadeiras na rua e ficavam proseando até o horário de voltar a luz para você poder terminar de fazer a janta e tomar banho. Outro tipo de brincadeira é que no mercado eu ganhava umas bexigas de ar e ficava passeando pelos corredores. Às vezes eu perdia a bexiga porque ela saía do mercado. Aí eu passava chorando e o dono da banca, que infelizmente já faleceu, pegava e me dava outra. Até uns cinco anos atrás, quando ele ainda ia comprar um peixe lá, na hora que ele ia pagar eu falava: ‘Não, Seu Francesco, esse daí é pela bexiga que o senhor me dava.’ Brincadeira era só isso, porque a maior parte do tempo mesmo eu passava com os funcionários do meu pai. Não sei se posso falar que era brincadeira aprender a limpar peixe, saber o nome de um peixe, conhecer esse, aquele peixe. Naquele tempo o peixe vinha praticamente vivo. Você imagina, para um moleque, chegar assim... O cascudo é difícil de morrer, a lagosta chegava viva, então a minha diversão era ver aquilo ali. Uma vez um funcionário, se chama até Arlindo, ele me passou um serviço... Eu devia estar com uns nove anos, ele falou: ‘Vem cá.’ E eu fui aprender a tirar a escama do peixe....

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Dados de acervo

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P/1 - Bom, senhor Silvio, primeiramente muito obrigado pela sua participação aqui no nosso projeto. E para começar eu gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, local e data de nascimento.

R - Eu que agradeço o convite, no primeiro momento estou ainda assustado pelo convite e conhecendo melhor o projeto. Meu nome é Silvio Yoiti Katsuragi, sou nascido no bairro da Lapa, em 31 de dezembro de 1960.

P/1 - E o nome dos seus pais?

R - Meu pai era Kiyoshi Katsuragi, e Tsuyako Katsuragi. Na verdade, aparece a grafia Katsuragi, mas... Como eu posso dizer? Meus avós vieram em 1933, então, a grafia do escrivão saiu errada, não existe a palavra “gi”, então é “gui”, e como você sabe, David, todo sobrenome japonês tem um significado, então o nome da minha família significa "árvore de Katsura". O Katsura parece um jacarandá da Bahia.

P/1 - E de que cidade eles vieram?

R - Meu pai veio da ilha de Hokkaido, e por parte dos meus avós maternos, vieram da ilha de Okinawa.

P/1 - Nossa, os extremos, né? O norte e o sul do Japão.

R - Não digo os extremos. A história do Japão é relativamente... Seria como se fosse uma guerra entre a ilha de Okinawa e todo o continente japonês.

P/1 - E você sabe qual foi o motivo, o contexto que trouxe a sua família para o Brasil na década de 30?

R - Praticamente como os portugueses vieram aqui também. Aquele sonho de vir para o Brasil, ganhar dinheiro e voltar. Só que, como meus avós vieram em 1933, até você se assimilar, em 41, 42, já começou a Segunda Guerra. Então, o país de onde eles vieram ficou praticamente destruído, né? O retorno ficou mais difícil ainda.

P/1 - E para qual cidade eles vieram quando chegaram aqui no Brasil?

R - Meus avós paternos vieram aqui para Terra Preta, e por parte dos meus avós maternos vieram lá para região do litoral. A minha mãe é nascida aqui no Brasil, em Ana Dias, é uma cidade entre Peruíbe e Itanhaém. E meu pai, ele nasceu no Japão e se...

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