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História
Personagem: Ki Hyok Song
Por: Museu da Pessoa, 27 de outubro de 2011

Sete noites sem dormir

Esta história contém:

Sete noites sem dormir

Vídeo

“Minha mãe trabalhava como modelista. Não sei se vocês entendem de modelagem, mas é uma coisa que usa muito papel, então eu e meu irmão mais velho vivíamos brincando: a gente fazia espada de papel, barco de papel, avião. Era uma infância feliz, mas a situação na Coreia estava difícil. Aí um dia uma amiga da minha mãe, que tinha vindo para o Brasil, fez contato com a gente. Ela tinha uma fábrica de algodão em São Miguel Paulista. E ela falou para a minha mãe: ‘Vem para cá que aqui está bom.’ Aí o meu pai pegou o que ele tinha, minha mãe também; venderam tudo, a gente pegou o dinheiro e foi embora. Primeiro paramos no Japão, depois fomos para a Itália, passamos um tempo nos Estados Unidos e, quando chegamos na Bolívia, acabou o dinheiro. Por sorte meu pai conheceu um coreano que era um sujeito bem rico lá. A gente ficou na casa dele uns três meses, e ele ainda levou a gente de carro de La Paz até o Rio de Janeiro. Até hoje ele é amigo do meu pai. A gente começou a vida aqui em São Paulo num apartamento na Rua Barão de Ladário. Meus pais ficavam num quarto, no outro quarto meu pai montou uma mesa para minha mãe trabalhar. O pessoal trazia a roupa, então minha mãe desmembrava a roupa, desenhava com giz no papel, recortava e levava o molde e a peça descosturada de volta para a costureira. Aí um dia um amigo do meu pai falou assim: ‘Sua modelagem cai bem melhor do que as dos outros. Por que você não abre uma loja?’ E meu pai respondeu: ‘Imagina! A gente não tem dinheiro.’ E esse amigo insistiu: ‘Eu banco. Porque vocês vão ganhar dinheiro rápido e depois de um ano vocês me pagam.’ No fim, meus pais decidiram abrir a loja, só que, como a gente estava apertado, eles alugaram um ponto que ficava um pouco fora do centro comercial do Brás. Ficava bem longe, na verdade, da Rua Oriente, da Rua Miller, da Rua Maria Marcolina. Para não ter loja e casa, a gente montou uma loja...

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Dados de acervo

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P/1 – Ki, primeiramente gostaria de agradecer a sua participação e para começar gostaria que você falasse para a gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – O meu nome é Ki Hyok Song. Nasci em Seul, na Coreia do Sul, e cheguei ao Brasil no ano de 1987.

P/1 – E a data do seu nascimento?

R – 22 de outubro de 1980.

P/1 – Você poderia falar os nomes dos seus pais?

R – Meu pai se chama ______ ______ ______ e minha mãe ______ ______ ______.

P/1 – E qual é a atividade deles?

R – Eles são comerciantes também. Eles estão na região do Brás.

P/1 – E você sabe os nomes dos seus avós?

R – Não sei, nem cheguei a conhecê-los para falar a verdade.

P/1 – Que lembranças você tem da sua infância?

R – Você fala de lá na Coreia?

P/1 – Lá na Coreia.

R – Olha, uma coisa que me marcou muito na Coreia foi a atividade de taekwondo, que é como se fosse o futebol aqui no Brasil. Todo mundo pratica! Cheguei a ficar na faixa vermelha. Eu era muito moleque e dois amigos meus, eu não tenho mais contato com eles porque faz muito tempo, mas eram meus amigos assim dia, noite, final de semana, sempre. Um se chamava (Bong?) e o outro se chamava (Sel?). É tudo o que eu tenho de lembrança da Coreia.

P/1 – Você tem lembranças da sua casa, do lugar onde você morava lá?

R – Tenho. Tenho lembranças da minha casa. Minha mãe sempre foi modelista, não é à toa que estamos neste ramo de comércio. Então era um comércio de fazer modelagem na frente da casa, era um espaço assim amplo e atrás era onde a gente morava, que era a sala, dois quartos no fundo, banheiro, cozinha do lado esquerdo. Eu lembro que a gente bagunçava muito porque, não sei se vocês entendem de modelagem, mas vai muito papel. Então acaba sobrando muito papel! A gente fazia espada de papel, fazia barco, avião, fazia casa, fazia um monte de coisa! Eu e meu irmão mais velho. Teve uma vez que a minha mãe ficou muito brava porque era...

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