Engraçado como, com o passar do tempo, as pessoas vão mudando o comportamento referente à religião. Por exemplo: a minha família era católica, não praticante, mas eu e minha irmã freqüentávamos a igreja do bairro, fomos batizadas, fizemos a primeira comunhão e nos casamos na Igreja Santo Antônio do Pari, o bairro onde morávamos.
Íamos à missa aos domingos e comungávamos.
Hoje já não freqüento a igreja, tenho outra religião, mas tem uma coisa de que não me esqueço: a Semana Santa. A gente ia, na Sexta-feira da Paixão, ver o Cristo na Cruz. Ficávamos em oração e, na saída, dávamos esmola, mas pegávamos um troco para levar para casa, que era para dar sorte – uma crendice que tinha naquele tempo.
Daí, na madrugada de sábado para o domingo, a gente quase nem dormia direito, com medo de perder a hora: é que íamos à procissão do encontro de Jesus com sua mãe Maria, no meio do caminho, que é quando ele ressuscita. Isso era às 5 da manhã.
Essa passagem tinha para mim um encantamento de que jamais me esquecerei. Ficou gravado para sempre na minha lembrança de menina.