Vou começar minha história depois dos 50 anos. Só para contextualizar, até os 50, casei, tive e criei cinco filhos: era esposa, dona de casa e mãe e avó. Aos 52 anos, em 2009, prestei o Enem, depois de ficar mais de 30 anos fora da escola. Meu sonho era fazer o curso de Pedagogia numa Universidade Pública. Tive um aproveitamento que me permitiu ingressar na Universidade Federal de SP, no curso pretendido, em 2010. Não era fácil conciliar vida familiar e vida escolar, mas fui em frente apesar das dificuldades. Meus filhos que agora tinham entre 25 e 16 anos me davam muito apoio. Fiz o Enem junto com minha filha, e fomos chamadas juntas para a mesma Universidade, em cursos diferentes, no mesmo turno. Quando vi isto, chamei-a e perguntei se haveria alguma dificuldade para ela em estudar junto com a mãe. Ela me afirmou que, de maneira alguma, muito pelo contrário, ela se sentia orgulhosa. Então, fomos, no mesmo dia, fazer a matricula, eu em Pedagogia e ela em Ciências Sociais. Na Faculdade éramos colegas, e como eu me sentia orgulhosa e feliz quando ela me apresentava aos colegas:”essa é minha mãe, ela estuda aqui também, faz Pedagogia”.
Voltar a estudar, num curso diurno, foi uma experiência maravilhosa. A maioria dos colegas tinha a idade dos meus filhos, ou seja, podiam ser meus filhos também. Fui muito bem recebida, tratada, a princípio, com respeito e até com certo receio, mas depois, fui apenas a Eli, a colega de turma. Aprendi muito, cresci como pessoa, desenvolvi habilidades que não tinha como, por exemplo, o uso do computador O curso que deveria ser concluído em quatro anos, eu consegui em quatro anos e meio.
O casamento? Bem… este ia de mal a pior… até que em março de 2014, eu resolvi mudar minha vida… dei um basta … “chutei o balde” … saí de casa, abri mão de tudo... menos dos meus sonhos… e resolvi recomeçar. Como havia decidido ter uma família grande e criar meus filhos, esperei o caçula completar 20...
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Vou começar minha história depois dos 50 anos. Só para contextualizar, até os 50, casei, tive e criei cinco filhos: era esposa, dona de casa e mãe e avó. Aos 52 anos, em 2009, prestei o Enem, depois de ficar mais de 30 anos fora da escola. Meu sonho era fazer o curso de Pedagogia numa Universidade Pública. Tive um aproveitamento que me permitiu ingressar na Universidade Federal de SP, no curso pretendido, em 2010. Não era fácil conciliar vida familiar e vida escolar, mas fui em frente apesar das dificuldades. Meus filhos que agora tinham entre 25 e 16 anos me davam muito apoio. Fiz o Enem junto com minha filha, e fomos chamadas juntas para a mesma Universidade, em cursos diferentes, no mesmo turno. Quando vi isto, chamei-a e perguntei se haveria alguma dificuldade para ela em estudar junto com a mãe. Ela me afirmou que, de maneira alguma, muito pelo contrário, ela se sentia orgulhosa. Então, fomos, no mesmo dia, fazer a matricula, eu em Pedagogia e ela em Ciências Sociais. Na Faculdade éramos colegas, e como eu me sentia orgulhosa e feliz quando ela me apresentava aos colegas:”essa é minha mãe, ela estuda aqui também, faz Pedagogia”.
Voltar a estudar, num curso diurno, foi uma experiência maravilhosa. A maioria dos colegas tinha a idade dos meus filhos, ou seja, podiam ser meus filhos também. Fui muito bem recebida, tratada, a princípio, com respeito e até com certo receio, mas depois, fui apenas a Eli, a colega de turma. Aprendi muito, cresci como pessoa, desenvolvi habilidades que não tinha como, por exemplo, o uso do computador O curso que deveria ser concluído em quatro anos, eu consegui em quatro anos e meio.
O casamento? Bem… este ia de mal a pior… até que em março de 2014, eu resolvi mudar minha vida… dei um basta … “chutei o balde” … saí de casa, abri mão de tudo... menos dos meus sonhos… e resolvi recomeçar. Como havia decidido ter uma família grande e criar meus filhos, esperei o caçula completar 20 anos. Eles, a princípio não me entenderam, e até me viraram as costas, mas o tempo, “senhor da razão”, agiu a meu favor, e hoje sei que todos eles entendem e aceitam minha atitude, que não fui impensada nem intempestiva, mas fruto de muita reflexão, mas também de uma tomada de decisão radical, que mudou, não apenas a minha vida, mas a de toda a minha família.
Em maio de 2014 eu estava divorciada, terminando uma Iniciação Científica, um TCC e precisando de um trabalho. Foi um período difícil, muito choro no travesseiro, muitas lágrimas derramadas nas madrugadas insones, dificuldades financeiras. Tive amigos maravilhosos que me ajudaram neste período de transição. Sem eles, eu provavelmente não teria conseguido.
Em julho de 2014 terminei a graduação em Pedagogia, colando grau em outubro do mesmo ano. Ainda no segundo semestre prestei o concurso da Prefeitura de São Paulo, para professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, sendo aprovada. Em dezembro\2014 fui convocada, tomando posse e assumindo o cargo em março de 2015. Neste intervalo, entre concurso, chamada, nomeação e posse, fui morar com minha nora, aliás, minha “norilha”. Uma nora que se tornou uma filha, moramos juntas por um ano, mesmo ela estando separada do meu filho. Cuidei das minhas netas, neste período: fui “babá-vó” ou avó babá. Sou muito grata a ela pelo apoio e ajuda neste momento de transição.
Hoje, tenho 57 anos, moro com minha filha, sou professora de Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, faço um curso de pós graduação EAD em Psicopedagogia, passeio, viajo, namoro, sou independente financeiramente, enfim, aproveito a vida, depois dos 50 anos. Para o próximo ano, pretendo ingressar no Mestrado. Meus filhos, aos poucos foram aceitando o fato de que a mamãe mudou de vida, correu atrás dos sonho e está conseguindo realizá-los, mas continua sendo a mãe que sempre foi e que os ama muito e que eles continuam podendo contar comigo sempre.
Se a vida começa aos 50? Não sei… mas a minha, com certeza recomeçou depois dos 50. Hoje me sinto feliz e realizada, e certa de que nunca é tarde para correr atrás dos sonhos.
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