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História
Por: Museu da Pessoa, 26 de abril de 2014

Raimunda já fez muito, mas não sossega enquanto não estudar agronomia

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Raimunda já fez muito, mas não sossega enquanto não estudar agronomia

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Meu nome é Raimunda das Chagas Ribeiro, conhecida por Saracá, nasci em Lábrea, Amazonas, no dia 13 de Dezembro de 1944. Quando cheguei aqui no Rio Negro, com três anos, veio o interventor de Iranduba, que tiraram o prefeito. Com dois meses, veio me fazer uma visita e não sabia o meu nome, chegou duas horas da madrugada no meu porto e lembrou o nome da comunidade, que não era comunidade, era um... Aí ele gritava: “Saracá, Saracá”... No Iranduba tem poucas pessoas que conhecem o meu nome. Só me chamam Saracá. É um apelido que acatei, porque tem muita Raimunda aqui e eu gosto muito do meu apelido.

O meu pai era seringueiro, e plantava todo tipo de alimentação. Eu sou filha única, são nove homens, só eu de mulher, e fui criada muito paparicada. Eu, com sete anos de idade, tomei conta da casa, porque na época o meu pai adoeceu e minha mãe precisou trabalhar [também como seringueira]. Trabalhou muito, muito... Eu acho que dinheiro meu pai não via, porque uma coisa que não tenho vergonha de dizer, é que eu vim conhecer dinheiro – parece mentira, mas é verdade – eu vim conhecer dinheiro com 17 anos... A mamãe não deixava lavar roupa do papai porque pesava. Mas eu cuidava da casa, fazia limpeza do terreiro, meu pai era muito rígido. Então eu imagino que não tive juventude, infância... Meus pais separaram, minha mãe deixou nós com nosso pai e foi embora, acho que eu tava com onze anos, fiquei tomando conta da meninada tudinho. Fiquei até com minha irmã de oito meses, e daí eu fui me sentindo cada vez pior... Quando ele foi me pedir pra namorar, ele tinha 21 anos e eu já tava completando os 13.

Eu gostei dele, mas não com intenção de me casar, ou talvez pensava que casamento era assim como brincar de boneca, eu brinco hoje contigo e amanhã tu tá ali num canto... E lá ele foi pedir, o papai não deu. Ele disse que eu era muito nova e que tinha a filha dele pra casar com um homem, não com um cabra safado. Eu não sei...

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Depoimento de Raimunda das Chagas Ribeiro, Saracá.

Entrevistada por Márcia Trezza e Eliete Pereira

Iranduba, 26/04/2014.

WHLP_HV020_Raimunda das Chagas Ribeiro, Saracá

Realização Museu da Pessoa.

Transcrito por Iara Gobbo.

P/1 – Saracá, a gente vai começar a entrevista. Fala o seu nome completo, por favor.

R – Meu nome é Raimunda das Chagas Ribeiro, conhecida por Saracá.

P/1 – Onde você nasceu?

R – Em Lábrea.

P/1 – Amazonas?

R – Amazonas.

P/1 – Em que dia e mês e ano?

R – Eu nasci dia 13 de Dezembro de 1944.

P/1 – Como é que você começou a ser chamada de Saracá? Conta essa história.

R – Essa é uma história, assim, que começou depois que eu conheci o Rio Negro, quando cheguei aqui no Rio Negro, que comecei, fui convidada pra dar aula aqui no Saracá - professora eu não era, mas fui convidada e aceitei o convite. Então eu comecei a trabalhar pro Novo Airão e no Novo Airão, com três anos, Iranduba achou de assumir, que diz que o município era Iranduba, como de fato é, né? E logo seguido, quando eu passei pra Iranduba, teve a intervenção no município, que veio um senhor chamado Antonio Ferreira Lima, que veio ser o interventor de Iranduba, que tiraram o prefeito, que era o Nelson Maranhão. E ele veio me fazer uma visita, quando ele estava com dois meses no Iranduba, ele veio me fazer uma visita, e ele não sabia o meu nome. E ele chegou duas horas da madrugada no meu porto e de lá ele gritava. Ele lembrou o nome da comunidade, que não era comunidade, era um... Aí ele gritava: “Saracá, Saracá”, e eu me acordei naquilo, Saracá. Digo: “Pessoal de Novo Airão, será?” E eu usava farda, né, aí me fardei e desci. Cheguei lá, era Iranduba. Aí eu cheguei: ”Seja bem vindo”, ele: ”Eu sou o interventor de Iranduba”, se apresentou e aí mandou me sentar. Eu sentei perto dele, eu tava com uma calça azul e ele começou a escrever assim...

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Título: Raimunda já fez muito, mas não sossega enquanto não estudar agronomia

Data: 26 de abril de 2014

Local de produção: Brasil / Amazonas / Iranduba

Entrevistador: Eliete Pereira
Transcritor: Iara Gobbo
Autor: Museu da Pessoa

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