P/1 – Bom, Dona Maristela, vou pedir que a senhora diga pra gente o seu nome completo e a data do seu nascimento.
R – O meu nome completo é Maristela Martins da Silva, nascida em 43, né, no ano de 43, 20 de fevereiro.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – Meu pai chama Pedro Martins e minha mãe, ela chamava Maria Matosa Martins, a esposa dele.
P/1 – Eles faziam o quê?
R – Eles não faziam nada, peraí, quer dizer, ele era lavrador, né.
P/1 – Então de novo nós vamos partir da primeira pergunta. Qual o seu nome, local de nascimento e data?
R – Maristela Martins da Silva, nascida em 20 de fevereiro de 1943.
P/1 – A senhora nasceu aonde?
R – Pedro Leopoldo.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Pedro Martins, Maria Matosa Martins.
P/1 – O que eles faziam?
R – Eles eram lavrador, mexiam em roça, né, meu pai, minha mãe era doméstica.
P/1 – E eles nasceram aqui?
R – Ó, isso eu não sei porque eles morreram muito velho, né, eu não sei, que eu sou a caçula deles, né, essa precisão da idade, eu não conheci vó nem vô, eu não sei onde que eles nasceram, não.
P/1 – Tinha muitos irmãos?
R – Ó, minha mãe teve 17 filhos, é, mas só criou uns nove, que depois foi morrendo, depois de grande morrendo, ficou eu e um irmão, só tem um casal, graças a Deus .
P/1 – A senhora lembra um pouco da vida de vocês, era aqui mesmo nesse lugar onde a senhora mora?
R – Eu nasci aqui nesse lugar, criei e casei, mas morei em diversos lugares, que eu não tinha morada, depois Deus me deu aqui, né, eu morei no Mucambo, morei em Joaçava numa fazenda mais ele, cuidando, pra cuidar dos filhos, né, depois Deus deu, que ele controlou, vendeu um terreninho que tinha e comprou esse pedacinho de terra aqui. Tinha uma casinha caindo ali, ó, uma casinha velha caindo, né, que no meio, depois os filhos foi crescendo, construiu aqui essa casinha pra...
Continuar leituraP/1 – Bom, Dona Maristela, vou pedir que a senhora diga pra gente o seu nome completo e a data do seu nascimento.
R – O meu nome completo é Maristela Martins da Silva, nascida em 43, né, no ano de 43, 20 de fevereiro.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – Meu pai chama Pedro Martins e minha mãe, ela chamava Maria Matosa Martins, a esposa dele.
P/1 – Eles faziam o quê?
R – Eles não faziam nada, peraí, quer dizer, ele era lavrador, né.
P/1 – Então de novo nós vamos partir da primeira pergunta. Qual o seu nome, local de nascimento e data?
R – Maristela Martins da Silva, nascida em 20 de fevereiro de 1943.
P/1 – A senhora nasceu aonde?
R – Pedro Leopoldo.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Pedro Martins, Maria Matosa Martins.
P/1 – O que eles faziam?
R – Eles eram lavrador, mexiam em roça, né, meu pai, minha mãe era doméstica.
P/1 – E eles nasceram aqui?
R – Ó, isso eu não sei porque eles morreram muito velho, né, eu não sei, que eu sou a caçula deles, né, essa precisão da idade, eu não conheci vó nem vô, eu não sei onde que eles nasceram, não.
P/1 – Tinha muitos irmãos?
R – Ó, minha mãe teve 17 filhos, é, mas só criou uns nove, que depois foi morrendo, depois de grande morrendo, ficou eu e um irmão, só tem um casal, graças a Deus .
P/1 – A senhora lembra um pouco da vida de vocês, era aqui mesmo nesse lugar onde a senhora mora?
R – Eu nasci aqui nesse lugar, criei e casei, mas morei em diversos lugares, que eu não tinha morada, depois Deus me deu aqui, né, eu morei no Mucambo, morei em Joaçava numa fazenda mais ele, cuidando, pra cuidar dos filhos, né, depois Deus deu, que ele controlou, vendeu um terreninho que tinha e comprou esse pedacinho de terra aqui. Tinha uma casinha caindo ali, ó, uma casinha velha caindo, né, que no meio, depois os filhos foi crescendo, construiu aqui essa casinha pra mim, e meu terceiro filho casou, construiu ali, aqui eu estou (risos).
P/1 – Mas a senhora morou aqui com os seus irmãos?
R – Morei não, lá em cima, aqui em Fidalgo mesmo, é aqui mesmo em Fidalgo, lá no outro lado, lá em cima, eles fala Serrado, lá eu nasci, criei e casei e vim cá pra baixo, aí fiquei mudando daqui pra ali até nós quietar, né (risos), a vida foi sofrida demais, né, um filho.
P/1 – Pera um pouquinho, a senhora lembra como é que era a vida de vocês lá no outro lugar, como é que chamava o outro lugar?
R – Olha, eu morei na Fazenda Mucambo, lá era bom porque era o mato, mas pegava tatu, pegava as coisas pra gente comer, tinha leite pros meninos tomar, depois fomos pra Fazenda Lagoa Santa, como é que chamava lá? Olho D’Água, lá nós ficamos dois anos, os filho foi crescendo, depois precisaram de escola, voltamos pra Fidalgo, né.
P/1 – Mas não, a vida com os seus irmãos como é que era?
R – Com os meus irmãos eu vivi até na idade 17 anos, até 17, a minha mãe morou 12 anos comigo, que ela faleceu, eu enterrei, né, meu pai morreu lá no mesmo local que eu morava, a vida foi levando.
P/1 – E com os seus irmãos o que vocês faziam, como é que era a vida?
R – Com os meus irmão eu trabalhava de doméstica na casa dos outro, trabalhando pra vestir, pra calçar, porque meu pai era velhinho, não podia dar as coisas pra nós, fui criada no serviço, até enxada eu já bati, já quebrei milho na roça, guiava boi, tudo eu fazia.
P/1 – A senhora tem alguma lembrança, assim, da infância da senhora com eles, com os pais?
R – Eu vou falar com a senhora uma verdade, eu não tive infância, eu com nove anos, dez eu já tava na cozinha dos outro, lavando vasilha, passando vassoura da casa, varrendo o terreiro, pra manter, porque meu pai já tava velhinho e não dava conta, né, ganhava muito pouco, o salário antigamente era jornal, né, era jornal, o povo antigo falava isso. Aí criei na casa dos outro, não tem infância, eu não tive infância, não era uma menina de carnaval, não era menina de festa, né, ele lembra, namorado que eu tinha era uns dois só, com ele eu namorei e casei, 53 anos, fizemos boda de ouro, tem quatro, fiz a boda de ouro (risos), quer dizer, os filhos fez uma festinha pra nós, né, fez 50 anos, nós tamos com 53 anos, né, de casado .
P/1 – Mas como é que era esse bairro, esse lugar onde a senhora morava?
R – Muito atrasado, não tinha ônibus pra ir pra Leopoldo, muito ruim, não tinha ônibus, era de carroça ou então a pé, né, a gente ia a pá pra Leopoldo, não tinha ônibus, não tinha nada, depois foi crescendo, né, veio o asfalto, não tinha asfalto, não tinha luz, minha filha, era querosene, meus meninos nasceu com as luzarinas tudo preto de borra de lamparina, eu ficava limpando de manhã, né, a luta, minha filha, mas criei, graças a Deus, tenho 11 aí .
P/1 – Mas quando a senhora era criança a senhora brincava do quê?
R – Brincava de boneca, boneca de pano, fazia boneca de pano, nem boneca, aliás, eu não sei se não existia ou se não podia dar pra gente, fazia boneca de pano.
P/1 – Quem fazia?
R – Uai, uma dona lá perto, chamada Chotona, ela fazia cabecinha de pano, as perninha de pano preto, os bracinho branco (risos) e nós fazia batizado, fazia comidinha na casinha, isso aí eu alembro, né, depois eu fui crescendo um tiquinho, tomei força, fui trabalhar.
P/1 – Tinha amigas?
R – Tinha muito amiga, muita comadre de boneca, tenho até hoje uma comadre, mora em Pedro Leopoldo, eu batizei o filho dela, ela batizou o meu, de boneca, era bom, né, fazer comidinha de barro.
P/1 – A senhora pensava alguma coisa, assim, o que queria ser quando crescesse?
R – Ah, eu falava muito: “Quando eu crescer eu vou ser uma rainha”, sonho ousado, brincava com uma coroa, ficava bem bonita, quando a gente vê as coisas bonitas: “Se Deus quiser que eu vou crescer e vou ser uma rainha”, então tem 40, quase 40 anos que eu sou a rainha, rainha humilde, né, que eu não sou pobre, eu sou rica da graça de Deus .
P/1 – A senhora foi pra escola, né?
R – Fui, eu estudava, chegava da aula, ia pra casa de uma vizinha pra ajudar ela a trabalhar, né.
P/1 – Aonde era a escola?
R – A escola era aqui embaixo, o grupo aqui em baixo.
P/1 – Aqui embaixo aonde?
R – Aqui perto da fazenda, construíram nova escola hoje, ela caiu, agora tá fazendo outra, pra baixo do morro ali, ó, lá em cima.
P/1 – A senhora lembra como é que era o caminho, o que a senhora fazia?
R – Lembro, era trilho, era estrada de terra, as minhas professora até já morreu um bocado, ainda tem uma, Dona Elmira, né.
P/1 – Lembra do nome da primeira professora?
R – A primeira professora minha e dele foi Dona Eloína, ela ainda é viva? Morreu com 90 anos, com 104 anos, agora que eu me lembro, né, 106 anos que ela morreu.
P/1 – Como que a senhora ia pra escola?
R – Eu ia com a pastinha de sacola de pão sovado, né, com o caderninho ali dentro e ia.
P/1 – Tinha uniforme?
R – Tinha nada.
P/1 – Não?
R – Não, fazia uma sainha de saco branco, tingia, fazia a blusa branca, né, deixava a blusa branca e a saia tingia de azul com tinta de barro, com tinta de barro podre fazia, tingia a roupa.
P/1 – Como é que é?
R – Tinta de barro, aqueles barro podre.
P/1 – Como é que fazia?
R – Punha a roupa debaixo daquele barro escuro, deixava de molho, depois lavava, aquilo ficava escuro, era a saia azul que eu tinha.
P/1 – E ia a pé ou de carroça?
R – Pra aula nós ia a pé porque não é tão longe, não, a casa era aqui em cima, o grupo aqui embaixo, descia sete horas e soltava às onze, chegava em casa, às vezes nem comia porque a comida não agradava, aí ia pra casa da vizinha, eu comia, lá eu ficava até seis horas trabalhando pra ela, ela me dava roupa, me dava chinelo, caderno, minha vida foi assim, todo mundo hoje tá em mar de rosa, né, hoje todo mundo tem tudo, né?
P/1 – É, bom, a senhora começou namorar com que idade?
R – Ah, com 15, 16 anos comecei a bater uns papinho, mas é aquele papo bobo, né, de menino, com 17 anos eu casei.
P/1 – Aonde a senhora ia se divertir, assim, onde que se divertia?
R – Ah, no sol, na minha casa era o seguinte, era duas irmãs, uma ia, uma fazia o almoço domingo, outra fazia a janta, nós ia no campo de bola, via o jogo um tiquinho, quatro horas tava em casa, meu pai falava: “Não, é porque já tá de noite”, e meu irmão buscava também, eu tinha um irmão muito perverso, ele até já morreu, batia muito, jogava nossas roupinha no barro pra nós não sair. Sempre ele fala: “Você tem vida boa hoje que você vai nas festas, né, sempre você tem ajuda de algum amigo, você também já ganha seu dinheirinho”, aí tudo melhorou, não é, mas já to cansada, não to querendo mais essa vida, eu quero uma vida assim que eu tivesse mais nova, já to ficando meia surda.
P/1 – A senhora gostava de ir a baile?
R – De ir no baile?
P/1 – É.
R – Ah, eu gostava de dançar, até hoje eu gosto .
P/1 – Dançava?
R – Dançava, até hoje, nós dois dança até hoje, quando nós tamo com as perna boa, né, nós dá um forrozinho (risos ), ontem eu senti, tava tocando, vocês não foram à noite, não, né? Vocês tavam na igreja à noite? Você viu que forrozão tava lá? Mas nós veio embora porque tava cansada.
P/1 – Aonde era o baile?
R – Que eu ia?
P/1 – É.
R – Era na casa de amigos, não era em clube, não, era na casa de um amigo, fazia aniversário, convidava, a gente ia, eu cantava muito, os outro tocava, cantava demais.
P/1 – A senhora cantava?
R – Cantava, eu e minha irmã.
P/1 – Cantava o que?
R – Ah, muita moda, moda velha, essas moda antiga tudo eu cantava.
P/1 – A senhora lembra de alguma música que a senhora cantava?
R – Eu alembro, alembro.
P/1 – Qual que era? R – Aquela música: “Amor perfeito”, “Aqueles beijos que eu te dei”, essa eu cantava, eu sabia até o nome do cantor que canta ela, mas eu não vou alembrar agora, me lembra aí, “Benzinho”, “Tu não sabe quanto eu padeço”, muita coisa antiga, você sabe, aquela que você gostava de cantar, ah, sumiu, to procurando aqui na ideia, “Boemia”.
P/1 – “Boemia”, como é que era “Boemia”?
R – “Boemia, aqui me tens de regresso, e suplicante eu te peço a minha nova inscrição, voltei para rever os amigos que um dia eu deixei a chorar de alegria e acompanha o meu violão, Boemia, sabendo que andei distante, sei que esta gente falante vai agora ironizar: ‘Ele voltou, o boêmio voltou novamente, partiu daqui tão contente, por qual razão quer voltar?’, acontece que a mulher que floriu meu caminho de ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração, compreendeu, me abraçou me dizendo a sorrir: ‘Meu amor, você pode partir, mas não esqueça do seu violão, vá rever os seus rios, seus montes, cascatas, vá sonhar em nova serenata, e abraçar seus amigos leais, vá embora, só me resta o consolo e alegria de saber que depois da boemia é de mim que você gosta mais’”.
P/1 – Que lindo, que lindo!
R – Eu me enrolei, eu sabia cantar, eu tinha muita voz, graças a Deus, mas agora não canto mais, não, né, vai enfraquecendo, o fogo vai acabando, né (risos), eu gostava muito de cantar, nós chegava num bar, numa casa: “Vem cá, Maristela, vem cantar pra nós aqui”, eu ia toda sorridente, né, alegre e cantava, não tinha vergonha de ninguém. Rezar no altar é comigo mesma, rezo mesmo, ladainha, ofício, eu tenho um livro de reza aí, senhora do rosário, os cantos da estrada, tudo eu que tiro os canto, se eu não tiver ninguém tira: “Cadê Dona Maristela, cadê Dona Maristela, tá aqui? Tá”, “Já vou lá, gente, to caminhando devagar”, chego lá, tiro um canto (risos), então divino do rosário eu canto, mas até, sei não, bom demais.
P/1 – A senhora lembra o dia que conheceu o seu marido?
R – Eu lembro mais ou menos, né, eu não gostava dele, coitado, ele quis namorar minha irmã, né, é, aí eu falava com ela: “Namore ele não, ele tá bem tramado em Mocambeiro, largue pra lá, boba, ele vem aqui de dia pra Conselho, de noite papai não gosta que você saia pra Mocambeiro namorar”, brigando com ela. Daí a pouco ela arrumou outro namorado, ele me propôs namorar, eu gostei dele, namorei com ele (risos), confusão, não é, mas graças a Deus, nós dois vivemos até bem, graças a Deus, no ponto de pólvora não podemos reclamar, não, ele é muito bom, ele é muito carinhoso e me ajuda, assim, nas coisa, ele busca lenha pra mim.
P/1 – A senhora lembra do dia do casamento, como foi?
R – Alembro, alembro da minha casa, fiz tora de bananeira, foi tora de folha de bananeira, porque a casa foi criada, era a sala de telha, a sala de capim, a cozinha de telha, só que eles botaram a telha curva, colocaram a telha curva, a telha antiga, pois é, minha casa era assim, a cozinha de telha, fogão de barro e a sala de capim, mas era fresquinho, o banco que nós tem, assim, era uns toco de pequi, o pé cortado, punha lá com os toquinho, não tinha banco, não. E, minha filha, eu mais minha irmã buscava barro de oca, barro branco, de terra branca, e passava no fogão pra ele ficar branquinho, passava no fogão pra ficar branquinho, passava na parede da cozinha, mas tinha goteira, fia, na casa, era um sofrimento.
P/1 – O que era de bananeira? Não entendi.
R – O meu casamento foi assim, pergunta a ele, foi uma tora com folha de bananeira, não, foi, meu filho, foi, você lembra, né, é, fez a tora de pau assim, ó, e cortou, e pôs, atravessou uns bambu e pôs um monte de folha de bananeira. Mas teve doce de laranja, teve doce de leite, fizemos janta, né, ainda dançamo lá no oratório, tinha um moço perto de mim que tinha uma sanfona, tocava e nós dançava, é, ué, fui criada na casa de capim, minha filha, muito feliz, capim .
P/1 – Como era o seu vestido?
R – Meu vestido era branco, eu ganhei, emprestado, me emprestaram, uma pessoa aí e vesti coroa, fiquei até bonitinha, viu, só não tem retrato pra mostrar, eu e ele.
P/1 – E ele tava vestido como?
R – Ele tava vestido com um terno do padrasto dele, um terno azul marinho, gravata, pega os retrato lá de nós dançar pra mostrar pra ela o seu terno que você casou, foi bom demais, minha vida boa já passou (risos), hoje tá melhor ainda alguns pontos, porque graças a Deus eu não tenho preocupação com alimentação, né, o remedinho pra eu tomar toda noite, que eu tenho ansiedade, né. Graças a Deus melhorou muito, tenho minha cama onde eu dormir, que nem isso nós tínhamos, nós tinha era colchão de palha, colchão de plástico, aqueles plástico, eu costurava os colchão, seis saco tava um colchão pra minha cama, eu enchia de palha e forrava e nós dormia e meus filhinho também foi criado, foi assim, emboladinho um no outro na cama, que não tinha espaço pra por, dois doutor, mas vencemos, né.
P/1 – E aí quando casou, teve filho, a senhora continuou trabalhando?
R – Ah, continuei batendo enxada, deixava os filhos com o mais velho, né, pra ajudar ele, depois parei, fui ficando cansada, né, os filhos mais velho foi crescendo, foi ajudando ele e eu parei de trabalhar. Já fui operada 17 vezes, já tive a bexiga furada, quase morri nessa época, tinha uns retrato meu, quase morri porque eu tirei, fiz a histerectomia, né, tirei o útero e o médico furou minha bexiga, aí me pôs na Casa de Misericórdia, fiquei lá 60 dia, aí eu tava assim, magra, quase morri essa época, aqui foram falar que eu não voltava, não, mas ó eu aqui, já tem quase 30 anos.
P/1 – Olha só!
R – Não é, dou louvor a Deus, eu estou aqui.
P/1 – Quer mostrar o retrato?
R – Mostra pra ela, pode mostrar.
P/1 – Dona Maristela, e o congado, como é que entrou na sua vida?
R – O congado entrou na minha vida, você já ouviu falar num tal de Zé Duarte de Bastos que tem aqui, que tinha aqui em Fidalgo?
P/1 – Não, quem é?
R – Pois é, ele é falecido, ele era o presidente, eu trabalhava com a irmã de Marlene, uma que morreu de câncer, ela te contou a história, não?
P/1 – Mais ou menos.
R – Pois é, aí eu trabalhava com ela, todos domingos eu ia pra lá cozinhar.
P/1 – Trabalhava aonde?
R – Com a Neusa, irmã da Marlene, lá em cima, onde eu fui criada, ela comprou um sitiozinho lá e me contratou, eu trabalhava pra ela, aí eles tavam sem rainha conga, aí montou a guarda, o pessoal, a guarda me buscou aqui, foi que levantou a guarda aqui em Fidalgo, de Mocambeiro, aí foi lá ele, meu marido e o capitão do candombe, que é o Joavir, o Joavir, um moreno, que era o capitão do candombe, e o Cristóvão já morreu, ele era mestre, me pediu se eu queria receber a coroa de rainha conga e a capa. Aí eu falei assim: “Uai, eu quero, ué, eu quero sim”, eu gosto muito de ser, pegar uma coisa religiosa, tenho muita fé em Deus, aí meu marido saiu, gostava de beber cachaça, graças a Deus que hoje não bebe mais. Então, minha filha, a Neusa, a minha patroa, eu fiquei com ela quatro anos, só trabalhava domingo e sábado e domingo, a semana eu ia pra lavar a casa, ficou remendando rainha conga, pegou um pau lá no canto, a vassoura, ficou mancando e falando assim: “Você não pode ser a rainha conga, não, lá na sala, porque você não é beiçuda, você é morena, você não é negra, você não é negra, não é beiçuda, a conga é beiçuda, fuma cachimbo e você não mexe com essas coisas, não, então você não vai ser rainha conga”. Eu falei: “Vou, Marlene, vou Neusa, eu vou carregar a coroa sim”, Marquinhos sabe essa história. Aceitei, mas ela não queria que eu aceitasse, a Neusa, a minha patroa, eu gostava demais dela, cuidou muito da minha mãe quando morreu, né, lá em Belo Horizonte, minha mãe ficou internada lá no Hospital das Clínicas, ela cuidou da minha mãe lá pra mim, Deus o tenha ela, deve ta num bom lugar. Mas eu não gostei dela ficar remendando que eu tinha que mancar, carregar um pau, né, e que eu não podia ser rainha conga, eu não era beiçuda e que eu não era negra, disse: “Eu sou negra sim, ó a minha cor”, “Não, você não é negra, você é morena bonita, você não vai ser a rainha”, ah, bom, e to nessa até hoje, isso tá com quase 40 anos, né. Eu gostava de Neusa, né, parece que ela falou um tipo assim de, sei lá, agradou muito eles lá esse dia, mandou dar queijo com café e tudo, mas ficou falando: “Vai tirar a minha cozinheira, vai tirar”, e eu aceitei, ainda to nessa até hoje, foi assim que começou .
P/2 – O que a rainha conga faz?
R – A rainha conga faz, ó, ela faz coroação, ela descoroa, ela procura rainha pra ficar ali, que tem diversas rainha, tem a rainha de Santa Helena, tem a rainha da cruz, tem rainha da paz, tem rainha Isabel, que é a comadre que eu tenho lá embaixo, então ali eu sou da frente delas, eu e o rei congo. O rei congo é pai da minha nora, da Cecília, hoje ele tá com 86, né, ele tá com dificuldade de andar, ele teve lá ontem, ele vai de carro e volta, mas quem fica comigo é o rei do império, que anda junto comigo em algum lugar que ele não possa andar, ele anda a gente dando ele a mão ou então o braço, tem problema nas pernas. Ele é um rei morenão, alto, ele que foi um rei congo mesmo, sabe, coitado, ele chora por causa da festa, porque não guenta acompanhar, tem a coroa igual a minha, aí nós vai vivendo essa luta, né.
P/1 – Quem é que monta a guarda?
R – Ó, quem monta a guarda somos os congo, os congo que é a cabeça da guarda, não tendo os congo não tem guarda, aí tem o mestre, tem o contramestre, né, que tira os canto, tem a bateria, tem o cantor que responde, primeira, segunda, terceira, quarta, quinta voz, o meu filho, eu tenho um filho que ele é capitão. Esse ano não formou, que nós não tem bateria, tem a bateria, mas não tem quem bate, os rapazinho não quer mais nada com a igreja, você sabe que não quer, eles quer é funk, é boa vida, né, é droga, né, minha filha, que tá existindo demais, se é caminhar pra igreja não quer, né, a gente chama, chama, chama até de enjoada, eu enjoada, não dá paz a gente. Então tá a cabando, minha filha, mas nós não acaba, não, eu andei com ele ainda agora, de Mocambeiro me buscaram aqui ontem, que ontem encheu, nove e meia aquilo tava lotado de gente, maravilha, eu até chorei de emoção, servi uns biscoitos pra eles, servi refrigerante, eles ficaram muito satisfeito comigo, cantou pra mim, pediu a Deus pra mim ir na cozinha, né. Mas não tem a guarda, é os de fora que vem e faz às vezes na nossa, mas eu não largo nunca, só o dia que nós for é que passa pra outra, agora, minhas filha fala: “Eu não quero, mamãe, eu não aguento o que a senhora aguenta”.
P/1 – Mas como que as pessoas entram, assim, eu quero ser, quero fazer parte, e aí como que eu faço pra entrar?
R – Pra entrar na guarda? Se a pessoa quer fazer parte é só procurar: “Gente, eu quero ser uma rainha, eu quero ser uma princesa” ou a guarda gasta príncipe e princesa, nós nunca teve, nós arrumamos duas meninas pra ser as princesinhas, pra carregar a bandeira na frente, elas cresceu, foi namorar, foi casar, não quis. Tem um rapaz que carrega a bandeira de guia no lugar do pai dele, o pai dele é falecido aí, nós pôs o filho dele, ele carrega, nós pôs uma dona que ela é meio doidinha, onde ela punha a bandeira ela deixava (risos), aí nós: “Ó, você não tem responsabilidade, não? Você tem que olhar a bandeira, que é uma responsabilidade”, aí nós pegou, pôs um rapaz, ele é jóia, ele é meio assim, coitadinho, né, Murilo? Parece que ele é meio assim, especial, mas não é, ele é ativo, mas pior que ele é passado, mas não esquece a bandeira, uma gracinha ele é, né, aí começa, aí vai. Às vezes a pessoa: “Eu quero ser uma princesa”, “Vem, minha filha, vem ser a princesa, a gente faz reunião ali, você não pode comprar, todo mundo dá um tiquinho, compra um vestidinho branco, compra uma coroinha ou um arranjo, põe na cabeça”. Começa assim, nós temos as rainhas todas, não temos a guarda formada, tinha, mas acabou, aí, meu céu, eu já falei, que maravilha ontem, que tanto de guarda, tudo nós convidamos, tudo conhece a gente.
P/1 – Então quais são as divisões que tem no, não sei se é congado que fala, é?
R – Congado.
P/1 – Então tem a guarda.
R – Tem a guarda e tem o candombe, o candome também.
P/1 – O que é candombe?
R – O candombe é o principal, a senhora vai conversar, o João Buíca vai fazer a pesquisa, né, a Marlene me ligou: “Você e João Buíca”, então o candombe tem o meu menino, esse alto que tava aqui, ele bate o tambor, o tambor, alto, até a filhinha dele bate o crivo, precisa ver que gracinha, e tem o candombe, mas o candombe faz parte da guarda. Aonde não tem guarda, nós acompanhamo o candombe, hoje, hoje não temos guarda lá, mas temos o candombe pra fazer a coroação, vai dizer como que é bonito, a gente descer a coroa na cabeça da rainha, tira, eles cantam pra tirar, põe na mesa, depois canta na outra rainha que vai trocar. E a rainha de ano troca, a rainha de ano cada ano é uma, eu que não troco nunca, as outras não troca também, não, mas se elas não quiserem elas podem sair, elas procuram uma pessoa, põe no lugar e sai, agora, eu não, eu sou fechada com Nossa Senhora do Rosário, eu e o congo.
P/1 – E os capitães, o que fazem?
R – Os capitães é, ó, a minha guarda tem o primeiro capitão, o segundo é meu marido, o capitão, o primeiro capitão é meu filho, o Mário, o segundo é ele aqui, o Murilinho, que é filho dele, que é o caçula, também é capitão, canta também, tira, faz tudo que precisa, sabe, os três. Agora, o outro dali não quis, não, não quis, assim, ele canta até cinco voz e tudo, mas não quis pegar cargo, não é, então é assim, caminha assim.
P/1 – E aí aqui na família da senhora quem vai continuar?
R – Eu e meu marido, é, porque onde eu for onde for Deus vai comigo, quer dizer, eu continuo sempre, se nós conseguir formar o cantor, nós vamos formar a guarda de novo, tem viola, tem espada, né, meu filho, tem espada, nós tem as viola aqui, tem as caixa, os tamborim, nós tem tudo, só falta a boa vontade do povo, de algum componente que não quer pegar aquele cargo, né, minha filha, passa enjoada: “Vamos, minha filha, pega, vamos”, “Ah, vou namorar, eu tenho compromisso”, né.
P/1 – Quais são os santos que são homenageados no congado?
R – Na guarda? Primeiro Nossa Senhora do Rosário, segundo Santa Isabel, terceiro São Benedito, quarto Nossa Senhora Aparecida, é folclore, né, Nossa Senhora folclórica, Nossa Senhora Aparecida, Santa Isabel, Santa do Rosário, São Benedito, Santa Ifigênia, aquela bandeira que é a santinha pretinha, ela é a principal, ela foi cozinheira, São Benedito foi cozinheiro, São Benedito é dono do tutu de feijão, São Benedito.
P/1 – Por que são esses santos?
R – É porque eles é folclore, né, meu bem, eles é folclore, então eles é do comando e Nossa Senhora do Rosário, é, a gente pega tudo quanto é santo, a gente pega, é folclore, a gente pega Nossa Senhora da Guia, né, o Divino Espírito Santo pra ir a nossa frente, que ele abre o caminho, no dia da novena nós levanta a bandeira com o Divino Espírito Santo, faz parte também da guarda, né.
P/1 – São sempre esses santos, em todos os lugares?
R – Sempre esses santos, todos os lugares, sempre, nós vamos lá no Bairro Aparecida, em Belo Horizonte, todo ano, na Dona Ifigênia, nós levamos o candombe, nós aluga uma van e vamos, é seis bandeira, tudo em pé, levanta um dia antes, dia 12 de outubro, já tão convidado, graças a Deus, é bom demais.
P/1 – O que o congado significa pra senhora?
R – O congado pra mim significa uma coisa muito maravilhosa, é um sonho esse congado, porque ele tá me dando muita esperança, ele me dá muita vida, né, eu tenho uma filha que faz hemodiálise há 28 anos, ele é a rainha da paz, ela tava lá ontem, bonitinha, né, ela é bonitinha, moreninha, meu jeito, eu sou bonita, ela que é, que ela é mais nova, ela tá com 48 anos, tem 28 anos que ela faz, se ela chegasse aqui ela vinha cá, mas tá em Pedro Leopoldo, ela faz agora diária, assim, é na barriga, ela faz todo dia. E o outro filho também faz hemodiálise, um baixinho que eu tenho, ele foi rei do ano o ano retrasado e tem o outro que tirou o estômago, magrinho, tava aqui ontem, ele mora em Lagoa Santa, e o neto que eu criei foi atropelado de moto há poucos dias, vai operar o joelho, mas com tudo isso eu sou feliz e por que, por que que eu sou feliz? Porque Nossa Senhora me dá força, o congado me dá força, sou uma rainha pura, todo lugar eles fala: “Essa rainha tem um”, isso é mentira, eu benzo de mal olhado, eu benzo perna caída, eu benzo quebradura, eu benzo senhora na cabeça, porque o meu dom eu aprendi. A vó do meu marido morreu com 106 anos, 110 anos, a vó dele, 115 anos a vó do meu marido, chamava Olívia Soares, ela passou tudo pra mim: “Minha filha, você é muito inteligente, você vai aprender tudo comigo, você vai ficar no meu lugar, que eu vou morrer e não vai ter quem cure aqui ninguém”. Aqui vive cheio, minha filha, eu falei com ela, ela vai ser muito feliz, tá, tem o que é dom, né, o coração da gente pede pra fazer aquilo, tudo que chega em minha porta é bem vindo, graças a Deus, tenho muita fé viva. Lá na igreja o povo fica, padre me abraçou, minha filha, fui lá ontem: “Nossa, a senhora tem uma fé viva, cantando nessa altura, que beleza, ô missa maravilhosa”, você assistiu, né, minha filha, a missa ?
P/2 – Dona Maristela, quando a senhora tá lá como rainha a senhora sente alguma coisa diferente, assim, alguma coisa?
R – Eu sinto, é, minha cabeça fica boa, eu sinto feliz, eu sinto o corpo leve, parece que eu to flutuando igual a um passarinho voando, nó, ontem eu passei mal, minha filha, na igreja, não consegui almoçar, eu fiquei tão feliz, ver aquela casa lotada de gente, eu comecei comer, me deu aquela coisa assim, boa, subiu, subiu, elas viram que eu tava passando mal, me pegou, me pôs lá fora numa cadeira, eu sentei, minha nora foi lá, pôs água gelada na minha fronte, no meu peito, na minha nuca, e fui, voltamos. Chegou o moço de Pedro Leopoldo: “A senhora tá passando mal”, disse: “Não, começou a dar uma coisa assim, subindo, eu não consegui comer, eu não to com fome, to cheia”, fiquei cheia o dia inteirinho, de noite eu fui lá, comi um pouquinho de macarrão, só macarrão, mas tava bom.
P/1 – Quando a senhora benze, o que a senhora acha que a senhora tem de diferente que consegue numa reza, numa oração curar?
R – Ó, quando eu vou benzer a pessoa de mau olhado, quando o mau olho ta muito passado eu pego aqueles galho de arruda ou três galho, folha de guiné ou três folhas de arruda, geralmente eu tenho arruda, a folha murcha e eu sinto aquele arrepio, entendeu, Nossa Senhora desce ali no meu coração, que primeiro eu peço a Nossa Senhora da Guia pra abrir meus caminho, faço uma boa cura, em nome de Deus, eu sinto leve e sinto que é mau olhado, eu sinto o mau olhado. Quando o menino ta com um quebrante, o ventre caído, minha boca amarga, eu sinto aquilo, sabe, bom demais, quebradura, se destronca um pé, pergunta a ele, vem aqui: “Coze o meu pé”, eu pego o novelho, vou cozer o pé daquela pessoa, no terceiro dia fala assim: “Nossa, acredita que eu não sinto mais dor, uma vez a senhora cozeu pra mim, a minha dor aliviou”, eu falei: “É a fé de Deus”, né, eu não.
P/1 – Sem a pessoa dizer pra senhora o que tem a senhora sente isso e faz, é uma benção diferente da outra? R – Diferente, é uma benção de Deus, toda hora eu, todo dia que eu levanto da cama, como a senhora chama?
P/1 – Sônia.
R – Sônia, eu falo: “Jesus, Jesus, eu estou aqui, eu estou aqui, Jesus, lembra de mim, da minha família”, falo três vezes e mando ele falar também: “Senhor, eu estou aqui, lembra de mim e da minha família”, só o que eu falo e benzo meu corpo, o dia corre bem, o dia todo, é bom demais.
P/2 – Sobre as roupas do congado, a coroa, as flores, quem que faz?
R – Ó, as flor eu compro pronta e a coroa, minha filha, foi a Dona Ifigênia, que ela é antiguíssima rainha conga de lá, do Bairro Aparecida, ela que mandou fazer as coroa pra gente, a roupa a gente, a rainha de Minas, a gente, eles doam, um vestido, aquele que eu tava com ele ontem, ta com ele assim, apertado, eu tenho que mandar abrir, eu ganhei, uma costureira em Pedro Leopoldo que gosta muito de mim, na Casa das Noivas, Lúcia Noiva, me chamou lá, mandou eu escolher o vestido, eu gostei dele, mas ela abriu, pelejou, pelejou, mas não conseguiu abrir, ela tá apertadinho, mas eu gostei dele, tava feio, ele tava feio?
P/1 – Não tava feio.
R – Pois é, eu pra alugar eu não dou conta porque eu não tenho donativo assim, eu não tenho lista, sabe, pra pedir ajuda, quem quer dar eu aceito, quem quer me dar eu aceito, aí pra mim alugar é 180, 200 reais, 180, eu não tenho como alugar vestido, né, me dão. Às vezes eu não tenho calçado: “Você quer um sapatinho, vou te dar, vou te dar a coroa, vou te dar uma seta, vou te dar um colar”, graças a Deus, Nossa Senhora é muito boa pra mim, (choro), não repara, não, que eu tenho que chorar, Nossa Senhora, me ajuda, ela está me ajudando, né.
P/1 – Tá bem? A senhora quer falar alguma coisa?
R – Eu quero falar que eu to muito feliz que vocês ta aqui me entrevistando, será que eu falei certo, acho que eu falei, contei a história toda, né.
P/1 – Falou, falou certo.
R – Não amolei vocês, não, né ?
P/1 – Não.
R – Falei direitinho, já tomou café? Vai tomar um cafezinho lá, viu, filho, você chama e ela chama ?
P/2 – Mônica.
R – Sônia e Mônica, vou gravar em minha agenda pra não esquecer.
P/1 – Deixa eu só fazer mais uma pergunta. O que a senhora achou de contar a história da senhora, passar pela vida?
R – Lembrar do passado é sofrer duas vezes, não tem isso na história dos antigo? Contar o passado é sofrer duas vezes, mas a gente não esquece o passado, não, eu não esqueço, não, a coisa boa, a coisa ruim eu quero esquecer, o que é ruim eu não quero lembrar, não é.
P/1 – Mas a senhora sofreu agora de lembrar do passado?
R – Não, não sofri, não, to emocionada (risos), graças a Deus, to muito feliz com vocês aqui comigo, viu, mas não pode ficar comigo aí, né, né, Sônia, nós ia fazer uma comidinha ali, né, mas ta muito bom, logo nós vamos jantar lá.
P/1 – A senhora tem algum sonho especial?
R – Eu tenho um sonho de ver muito, de andar muito atrás de Nossa Senhora, o sonho que eu tenho de ver meus filhos todos curados, né, eu vendo eles curado eu to muito feliz, e viver junto com a minha família, junto com a comunidade, junto com vocês, vão voltar aqui o ano que vem, né .
P/1 – E ver a senhora aí feliz.
R – Vão me ver aqui, firme e forte, se Deus quiser.
P/1 – Muito obrigada.
R – Por nada.
P/1 – Muito obrigada, história linda.
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