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História
Personagem: Alvio Malandrino
Por: Museu da Pessoa, 13 de dezembro de 2011

Planeta lapa

Esta história contém:

Planeta lapa

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“A Lapa era praticamente uma cidade dentro de São Paulo, e a gente vivia isolado nesse mundo. Quase todas as pessoas se conheciam. Aconteceram, inclusive, muitos casamentos entre as famílias que moravam lá. Todo mundo era meio parente de alguém, porque cresciam juntos, se conheciam, namoravam, iam casando. Então a Lapa praticamente cresceu autônoma, independente. Quando eu era pequeno, quase não existia urbanização no bairro. Aqui, ali, algumas casinhas. Nada mais. Indo da Lapa até a cidade, você via muitos terrenos vazios. Atrás de onde nós estamos aqui, na Rua Clélia, você via chácaras. O pessoal plantava verdura, e a gente tinha tudo lá. Existia, um pouquinho mais longe, até mesmo criação de bois, de vacas. A gente pegava leite fresco lá, todo dia. Com seis anos, eu entrei no Grupo Escolar Anhanguera. Mas era pertinho de casa, eu ia a pé. Eram dois quarteirões. Naquela época, é interessante, a gente com sete, oito anos, andava sozinho pela rua. Não precisava a mãe levar, não precisava o pai levar. Não tinha perigo. Era bem tranquilo: ia para a escola, voltava... Na mesma rua que eu morava. Então, desde os sete, oito anos, eu andei sozinho. Eu, não; todos, porque o pai trabalhava, a mãe trabalhava. E não tinha problema. Era uma vida bem tranquila, um ambiente quase rural. Havia só duas ruas que ligavam o bairro ao centro: a Rua Clélia e a Rua Guaicurus. Mesmo assim, não eram calçadas; eram ruas de terra. O ponto de bonde ficava na Guaicurus e o bonde corria no meio da rua. Eram duas pistas e uma delas era bem larga. A Vila dos Remédios ficava longe, era isolada. Essa região toda: Piqueri, Freguesia, ficava longe. Itaberaba acho que nem existia. Tinha a Avenida Itaberaba e ali acabava o mundo. Depois já começava o pedaço de mata atlântica, Serra da Cantareira. Meu pai montou a loja em 1938, embaixo da casa onde a gente morava. E eu comecei a trabalhar cedo, até porque não tinha jeito: era só descer uma...

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Dados de acervo

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P/1 – Senhor Alvio, primeiramente muito obrigado por aceitar participar do nosso projeto. Pra começar nossa entrevista, eu gostaria que o senhor dissesse pra gente o seu nome completo, o local e a data do nascimento.

R – Alvio Malandrino. Eu nasci na Rua Clélia, 1903. Nasci em casa, na Lapa, aqui em São Paulo. Em 8 de outubro de 1939.

P/1 – Qual que era o nome de seus pais?

R – Alviro Malandrino e Luisa Alvez Malandrino.

P/1 – E o senhor tem irmãos também?

R – Tenho.

P/1 – Quantos irmãos.

R – Tenho uma irmã mais velha e um irmão que trabalha comigo.

P/1 – O seu sobrenome é bem italiano, né?

R – É.

P/1 – O senhor sabe explicar pra gente da trajetória da sua família? Quem foi que veio pro Brasil primeiro e quando é que foi?

R – O meu pai imigrou pro Brasil logo após a I Guerra: 1917, 18. E ele veio sozinho. Ele veio, deixou a família toda. Os meus avós, os meus tios, ficaram na Itália. Ele veio com 17, 18 anos. E trabalhou muito. Voltou várias vezes pra Itália, visitar os pais dele, meus avós. E assim que começou a vida dele aqui no Brasil.

P/1 – O senhor sabe qual que era o objetivo dele quando ele veio pro Brasil? Era já ficar, ou era voltar?

R – Eu acho que era ficar, porque na Itália, na ocasião, logo após a guerra, não havia emprego. A vida era muito difícil. Havia até fome em algumas regiões. Então, a ideia dele e de centenas, milhares de italianos que vieram pro Brasil naquela época, era o que eles falavam: fazer a América, fare la America. Então eles vinham com o objetivo de não voltar. Tentar alguma coisa nova aqui.

P/1 – E de qual região da Itália ele era?

R – Da Campânia. A Campânia é a região um pouquinho pra baixo de Nápoles. Não chega a ser na Calábria. Entre a Calábria e o Lazio. É a Campânia.

P/1 – E o senhor sabe, quando ele chegou no Brasil, em que cidade ele ficou?

R – São Paulo. Ele veio pra São Paulo e ficou em São Paulo. O primeiro emprego...

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