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História
Por: Museu da Pessoa,

Para ver a banda passar

Esta história contém:

Para ver a banda passar

Nasci em São Sebastião do Paraíba, quinto distrito de Cantagalo, no dia 26 de Fevereiro de 1969. Meu avô paterno, nascido e criado em Cantagalo, foi pedreiro. As pessoas mais antigas sabem que foi ele quem fez aquela obra linda, a Praça dos Melros, em Cantagalo. Morei durante 24 anos em uma casa só, pequenininha, antiga. A maioria das casas em Cantagalo é assim. Eu dormia no quarto dos meus pais, ficávamos juntos ali. Só saímos de lá porque veio uma prima morar conosco, e precisávamos um quarto a mais. Mudamos para uma casa maior, sempre no centro.

Quando eu era pequena, se espirrava todo mundo corria. Ficava na janela, olhando a criançada brincar, doida para correr, mas não podia. Era aquele carinho gostoso que pai e mãe têm, medo do filho se machucar, principalmente quando têm um filho só. Eu brinquei de boneca até 15 anos.

Comecei na escola no jardim da infância. A gente usava uma jardineira, cada criança com o seu nome no peito. Cada criança tinha um cavalete e perto de cada um de nós tinha uma latinha com vários lápis de cera e apontador. Tinha tinta aquarela, pincel. Uma vez a professora contou a história de uma formiguinha e pediu que os alunos fizessem o desenho da formiguinha passeando, carregando uma folha. Eu fiz? Fiz nada. Eu fiz um jardim de margaridas dando a mão uma para a outra, a mão era a folha. Terminamos, a professora foi de um a um, olhando. Só sei que adoraram aquele desenho porque ele foi parar na secretaria, pendurado num mural, para enfeitar.

Minha vida mudou aos 12 anos. Um dia teve campanha de vacinação na escola. Eu não queria ir. Na minha vez de tomar a vacina, eu corri. A professora sabia que eu nunca tinha pisado na terra, usava bota ortopédica, então prometeu que se eu tomasse a vacina ela me deixaria ficar descalça. Eu tomei a vacina e coloquei os pés no chão. Parecia que estava no céu. Corria de lá para cá, daqui para lá, com o pé todo ralado porque a pele era fina. E a terra, aquela...

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Dados de acervo

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Projeto Mestres do Brasil – Suas Memórias, Saberes e Histórias

Entrevista de Wanderléia Rodrigues da Silva

Entrevistado por Júlia Basso e Morgana Mara

Rio de Janeiro, 27/09/2008.

Realização Museu da Pessoa

Entrevista nº OFMB_HV029

Transcrito por Gabriel Monteiro

Revisado por Fernanda Belarmino da Silva e Gustavo Kazuo

P1 – Eu vou começar perguntando algumas coisas que eu sei, mas é para registro. É uma conversa, na verdade, não é, Morgana?

P2 – Isso.

P1 – Wanderléia, eu queria que você falasse seu nome completo, a cidade e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é Wanderléia Rodrigues da Silva, eu moro em Cantagalo, interior do estado do Rio, nasci em São Sebastião do Paraíba, quinto distrito de Cantagalo.

P1 – E a data?

R – Data 26 de Fevereiro de 1969.

P1 – Como se chamam os seus pais?

R – Gilberto Rodrigues da Silva e Teresinha Rodrigues da Silva.

P1 – Eles nasceram lá?

R – Nascidos e criados em Cantagalo.

P1 – Você conheceu seus avós?

R – Conheci a minha avó, dos dois lados. Só o avô que não conheci nenhum dos dois, só por foto. São nascidos, o meu avô veio de Portugal, é uma história que eu sei que veio com os irmãos, mas não o conheci, só por foto. A minha avó é daqui, natural de Cantagalo. O meu avô por parte de pai é natural de Cantagalo também. Lindo, negro, muito lindo. Meu pai é bem moreno, olhos verdes, igual ao meu avô.

P1 – Você conheceu a história deles, do seu avô que veio de Portugal?

R – O meu avô, esse que veio de Portugal? Ele veio criança, eram sete irmãos, mas o que minha avó contava é que eles chegaram pequenos aqui, a família ficou por aqui na plantação de café, tinham fazendas de café. Hoje não tem mais. Tem em municípios próximos de Cantagalo, mas em Cantagalo mesmo não tem mais, essa história parou há muitos anos. Eles cresceram na lavoura de café. O meu avô paterno é nascido e criado em Cantagalo, pedreiro, eu tenho ótima...

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Título: Para ver a banda passar

Local de produção: Brasil / Rio De Janeiro

Autor: Museu da Pessoa

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