Projeto: História em Multimídia do São Paulo Futebol Clube
Depoente: Mário Ambuba
Entrevistado por: Marina, Rodrigo e Manoel
São Paulo, 28 de novembro de 1993
Entrevista nº 007
Revisado por Lucas Lara
Projeto: História em Multimídia do São Paulo Futebol Clube
Depoente: Mário Ambuba
Entrevistado por: Marina, Rodrigo e Manoel
São Paulo, 28 de novembro de 1993
Entrevista nº 007
O meu nome é Mário Ambuba, nascido em São Paulo, capital na Rua Oriente, 333, atualmente um edifício, era um sobrado, papai tinha uma loja na frente, na Rua Oriente.
Há muitos anos atrás.
Nasci em 20 de julho de 1914.
P - Nome do seu pai?
R - Nome do papai Abdo Ambuba, de mamãe, ambos falecidos, Nadima Haddad Ambuba.
Meus avós maternos não me vêm na memória, eram bons, etc.
P - Eles nasceram onde?
R - Nasceram na cidade de Homs.
P - O quê que o sr.
seu pai fazia?
R - Papai tinha loja na Rua Oriente, depois posteriormente teve uma indústria.
Ele teve a primeira indústria de roupinha de criança, depois uma tecelagem junto com o meu falecido irmão.
E infelizmente ambos faleceram, né? Que mais que podia.
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P - Como que era sua família, seu irmãos?
R - Éramos todos amigos.
Perdi um irmão num desastre na Via Anchieta, ele ficou aleijado, ficou atacado do coração.
Agora vão fazer dois anos faleceu.
Família muito unida, muito amorosa, benquista na sociedade.
Papai é fundador do clube Homs, tem até placa erigida.
Mamãe, prendas domésticas, uma santa mãe, como todas as mães são.
E fica no coração da gente, quando a gente perde um ente querido, nunca sai da.
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Perdi meu irmão, noivo, na Via Anchieta, a culpa era de um mulher que sai de uma pista pra outra.
Um faleceu na hora, entrando no hospital.
E outro, salvamos ele depois de horas e horas na operação, mas ficou atacado do coração, infelizmente faleceu há pouco tempo, dois anos.
P - Como era a infância do sr.
?
R - A infância minha era na Rua Oriente, onde eu nasci.
Era nossa casa própria, era um sobradão.
Eu era garoto no carnaval, eu ficava no porão de casa que era embaixo, ia vendendo lança-perfume, confete, tudo pra meninada, numa caixinha.
E era tostão.
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duzentos réis, quinhentos réis etc, então o papai falava: guarda dinheiro branco pra o dia preto.
Então, tudo que eu vendia no carnaval.
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eu era garoto, eu punha na caixinha.
Tinha aquela aquelas bexigas que vinha da França.
Era.
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antigamente era quase tudo estrangeiro, era tudo vindo do estrangeiro.
E depois matriculei.
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Meus pais me matricularam no grupo escolar lá perto do Brás.
A empregada me levava pra escola.
Depois da escola, eu ia pro jardim da Luz, aquele tempo, ia ver os macacos, os bichos.
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Aquele tempo era bonito lá.
Tinha banda de música, comprava pipoca, amendoin.
Ia com a empregada, uma espanhola que Deus a ponha em bom lugar.
Ficou anos e anos, porque empregada só saía de casa ou casada ou morta, Deus que me perdoe.
P - E as lembranças de escola?
R - Lembranças de escola.
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com o tempo me matricularam no Colégio Liceu Nacional, Liceu São Miguel, Colégio de Bispo, que Deus ponha em bom lugar esse bispo.
Fui pra aprender árabe.
Era semi-internato, comia, bebia, depois voltava pra casa, jogava futebol, era campeão de corrida de saco que tinha, aqueles sacos assim, futebol eu era bom também, corrida, gostava muito de corrida, esporte em geral, menos boxe.
Minha infância foi muito bem vivida, bem vivida.
P - Quando começou a relação com o São Paulo?
R - Eu.
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tinha falecido uma irmã nossa, tinha sido formada, recém-formada, vinha da casa de um parente, sentiu mal, então veio um médico da família, perguntou o que que houve o que não houve.
E ela tava com o vestido branco da formatura.
Então o médico perguntava, era o médico de confiança da família, o que você comeu, o que não comeu.
Foi na casa de meu tio, irmão de mamãe.
Então ela olhava assim pra gente e com mamãe e falava, e pro médico também: olha, o papai fez tudo pra salvar minha vida, mas acho que eu vou com Deus.
E foi, já previa.
Não sei se foi intoxicação, nem o médico não sabia mais o que que era, infelizmente Deus levou mesmo.
Eu fiquei alucinado, muito unido com a família, fiquei desesperado.
Aí um tio meu, parente nosso, ele pegou, viu que eu tava muito agitado, ele falou: você pra Campinas aí, vai tomar conta da loja têm 17 empregados, vai tomar conta.
E me levou pra Campinas.
Era 1934, então comecei a ficar mais calmo, o outro meu primo me falou: Mário, você jogava futebol no colégio.
Falei: jogava no colégio Liceu São Miguel, jogava todos torneios estudantil.
Você não quer treinar na Ponte Preta.
Eu falei: posso.
Fui lá fui treinar, acanhado, tudo, mas treinei bem.
Então me deram a caderneta, tenho até hoje , sócio-fundador, sócio-jogador.
Então, meu tio: não, não vai, você vinha machucado.
a gente machuca num treino, num jogo, sempre tem arranhões.
Então eles na loja do meu tio, não queriam deixar sair pra treinar.
Mas seu Ago, chamava Ago Habib , o nome dele era Ago Habib, era o rei do armarinho lá em Campinas, atacadista.
Então, ele implorava pros diretores.
Francisco Maia, era o prefeito de Campinas.
E o presidente da Ponte Preta: o rapaz tem futuro e tal.
Então, de tanto insistir foi.
Jogamos etc.
Acabava o jogo era um guaraná, sonhava um guaranazinho.
Mas era satisfação a gente suava, era satisfação aquele tempo, aquele tempo era amor mesmo à camisa, era espetáculo mesmo.
Jogava na ponta-direita, .
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um ponta-esquerda, um tal de Benvindo, eu guardo, isso a minha memória não me traiu ainda.
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Então eles davam apelido: Benvindo, era num sei o quê e tal tal tal.
Queriam por apelido em mim, eu falei não, então puseram de Marinho.
Mário, Marinho, eu falei: bom.
Queriam por de Serelepe, num sei o quê, porque eu corria muito, falei: não, vamos parar.
ficou assim mesmo.
Então, no fim do ano, eu falei pro meu tio: eu vou voltar pra São Paulo, já cumpri minha missão aqui, ajudei aqui, viajei pro sr.
, fiz.
Ia no mercado, todos os dias ia vender, pegar pedido, porque no mercado em Campinas era tudo armarinho, carretel de linha, era fazenda, então eu ia lá, era meu passatempo todo dia de manhã pegar pedido, e corria periferia, aquele tal de .
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, aqueles lugarejos perto de Campinas, que mais? Tem muita cidadezinha perto, eu ia com o carro, tinha um carro à disposição, tinha meu apartamento lá na fazenda, casarão grande.
Aí no fim do ano voltei pra São Paulo.
Quando voltei pra São Paulo tinha o Grêmio Tricolor, que era do Tenente Porfírio, naquela época, meu amigo, como irmão, ele falou: Ambuba nós vamos fundar o São Paulo.
Eu falei: é uma grande coisa.
então ele convocou a imprensa, convocou a imprensa, convocou os sócios do grêmio etc.
E fomos na 11 de agosto, alugamos uma sala na 11 de agosto, na 9 A, se não me falha é nove A.
E houve 56 fundadores natos, e esses 56 fundadores assinamos a ata, etc, e pela convocação apareceram milhares, milhares de interessados, mas o verdadeiros fomos 56, tá lá nos arquivos do próprio São Paulo.
Depois, 35, fundamos o São Paulo no dia 16 de dezembro de 1935, fundamos o São Paulo, que ele já vinha de outras fusão, do Estudantes, Paulistano, Estudantes, naquela época, um projeto que tinha qui no Canindé, depois do Canindé pra Floresta, encostado no São Bento da Floresta e o Tiête.
E o São Paulo ali, entre o São Bento, a rivalidade.
Eu era garoto, Depois que saímos do Tiradentes, da Rua Oriente, nos mudamos para a Avenida Tiradentes, 92.
A casa ainda conservada fica lá, encostada no quartel, antigamente era quartel general lá, escola de oficiais vizinho minha casa.
Então, eram quase todos sãopaulinos, oficiais da reserva, oficiais vizinho da minha casa.
Então, eram quase todos sãopaulinos, oficiais da reserva, oficiais da força pública.
Então eles iam assistir o jogo lá na Floresta, lá na Ponte Grande.
Ali era outra história, se jogava contra o Palestra Itália, era Palestra Itália aquele tempo, era briga na certa, não me conformava, sabe era moço ainda.
E o pessoal da Força Pública: não Ambuba, não brigue, está brigando.
Mas não era só eu, eram muitos torcedores fanáticos, era fanatismo mesmo, gostava do clube, porque se não gostasse não ia pôr a mão na fogueira pra vir machucado, e machucava também.
Eu enfrentava aquela gentalhama forte, na arquibancada.
No próprio Corinthians lá na Fazendinha, que a Fazendinha era do meu tio, foi vendida por 100 contos naquela época, tá lá nos anais, foi vendida por por 100 contos à prestação , pro Corinthians.
E tem a chácara até hoje do meu tio, era duas.
Então, eu de garoto ia com a família, assitir lá, mas não me apetecia, o jogo, não me agradava o Corinthians.
Era outro tempo do Paulistano, eu ia assistir jogos lá no Jardim América, aquelas três cores paulistas sagradas do mundo: preto, branco e vermelho, no tempo do Paulistano, aquele Esquadrão de Aço, se quiser eu posso até mencionar o.
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aquela época, hoje não existe.
Ela era Nestor, Clodô, Bartholo, Rui, Bauer, Noronha, Luizinho, Armandinho, Friendereich, Alfredo, Araken, Siriri.
Era o Esquadrão, Esquadrão de Aço.
Era uma escola de futebol, nunca mais vamos ver esse Esquadrão.
Quem tá sendo, seguindo os pés, as pegadas é o próprio São Paulo que é um futebol arte, mas não como aquele, que o Friedenreich desnorteava os jogadores.
Até eu me lembro na Floresta, que era o Joel, o Vasco da Gama Carioca, que o São Paulo ganhava todos cariocas, tudo de quatro, era tabela, 4 a 0, 4 a 1, 4 a 2, Era contra.
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Aqui mesmo contra o Corinthians, contra o Palestra Itália, contra o Santos, contra o Palmeiras.
Era tudo tabela de quatro aquele tempo.
Vamos marcar quatro e parar e brincar e mostrar o futebol escola, tá nos anais, os que estão vivos aí podem lembrar.
Então tinha um jogo lá que houve um penalti, jogava o Joel, era o Vasco da Gama, Friedenreich era um centro-avante, um craque, não tem palavra, foi bater o penalti, então ele falou pro Joel .
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: onde você quer que bate aqui ou ali, em que canto? O Joel falou: ali.
Então, ele pegou, deu, foi pra dar naquele canto, chutou noutro, o Joel foi lá e deslocou o .
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, foi carregado de maca, .
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, isso eu não esqueço, o Joel, era.
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jogava no Vasco da Gama.
Depois que fundamos o São Paulo, aquela turminha do Raymundo Paes de Almeida, é um grande sãopaulino roxo, como eu, como todos são, tem uns que são só pela vitória, mas eu não, eu sou pela vitória e pela derrota, ficam triste quando joga bem e perde ou empata.
Agora, os outros não, já querem brigar, discutir, querem isso, aquilo, eu não sou disso.
Eu gosto de assistir um futebol bonito, limpo, que nem devemos muito ao.
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esse grande professor, o Telê Santana, que quer futebol arte, limpo, etc.
Eu também sou dessa opinião.
É um grande professor, é um grande técnico, pra mim é um dos maiores técnicos do mundo, não vou falar só do Brasil, pra mim é do mundo inteiro, tinha o Bela Gutman, tinham outros do São Paulo que eram.
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hungarês estrangeiros, etc.
Mas como o Telê não teve, não tem não é que eu tô puxando, não conheço ele pessoalmente, mas acompanho.
Um homem que sofre, eu vejo gritando no campo, tudo, para o bem do clube, é um técnico.
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aquele negócio do Juninho, que é uma promessa, é o Galinho agora do São Paulo, futuro Zico.
Tem pinta pra isso.
Entrou no segundo tempo, ganhamos o jogo.
É um técnico inteligente, enxerga.
Bom, o Raymundo, papai depois com o tempo teve uma loja na rua 25 de março, uma pequena loja e tinha tecelagem de seda.
Então tinha.
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fazia aquelas tricolor, tecido de seda preto, branco e vermelho.
Então chegamos pro papai, com meu falecido .
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, papai falecido: olha eu quero esa peça aí, eu pago.
Não.
Pra que? Pra bandeirinha do São Paulo.
Então eu ficava a noite toda cortando as bandeirinhas e fazendo as bandeirinhas e aquela tabuinha das peças de seda, tem aquelas tabuinhas, né, eu tirava aquelas comprida e partia, fazia as bandeirinhas, não dormia a noite toda, principalmente nas vésperas de grandes jogos, que era Palestra Itália, Corinthians, os grandes jogos.
Então, eu fazia as bandeirinhas e levava uns monte, um pacotão lá no Pacaembu.
O Mané Raymundo era diretor lá do grêmio.
Ele falou: Ambuba, quanto foi que você gastou nisso? Eu falei: não fala isso que você me ofende, eu gosto do clube, por que vou agora.
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não me custa fazer aquilo lá, papai que é meu pai não cobrou, porque fazenda custa dinheiro, fazenda de seda, etc.
Mas pra mim não era tanto, era uma satisfação, porque eu gostava do clube e gosto, é isso.
P - O sr.
esteve na chegada do Leônidas?
R - Assisti o Leônidas da Silva, assisti todos os jogos dele, o Caxambu, Pedrosa, todos aqueles craques lá.
Eu viajava pra Argentina, não deixava de visitar o Dom Antonio Sastre, grande maestro, tinha uma garagem, até saía lágrima.
Então Tenente Porfírio falou: Ambuba, você vai pra Argentina e leve esta carta.
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era deputado estadual o Tenente Porfírio.
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Você vai me levar esta carta pro Dom Antonio Sastre.
Eu falei: com grande satisfação, com orgulho.
e viajei, e a gente procurando o Sastre.
Chega lá me abraça: como vai o tenente.
Começou a chorar, e eu chorei.
Eu sou emotivo, comecei.
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sair lágrima dos olhos.
Aquele era um mestre D.
Antonio Sastre, era um professor, era cavalheiro,um gentleman no campo e eu sabia o que ele pensava, o adversário, que era um craque não tinha palavra.
Aí peguei a fotografia, mostrei: tá assinada aqui.
Ele ficou contente.
Infelizmente, eu ia assistir os jogos da América, que também, pelo São Paulo.
Chegava a noite ia que nem doido, atravessava a linha de trem pra assistir o jogo do São Paulo com aquela cavalaria da Argentina em cima dos torcedores brasileiros.
P - Como assim?
R - Pra entrar no campo tinha cavalaria tudo, mas sabe como é.
Em todos os jogos na Argentina eles.
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aqui puseram no Morumbi, né.
Puseram a cavalaria.
Lá era pior .
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tudo.
Mas eu num, num, fui atingido em nada.
eu queria entrar pra assistir o jogo do São Paulo.
São Paulo e.
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um clube muito.
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da Argentina.
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muito conhecido, o Boca Júnior.
Até eu tava falando com a minha máquina fotográfica assim na arquibancada.
Uma amiga me fez um sinal: cuidado que cê vai com a máquina (risos).
Os torcedores.
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é .
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dos argentinos e.
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não condenando todas, mas é.
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ocasião, né? E não perdia quase um jogo no Pacaembu, depois .
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aquele tempo que eu via que os juízes judiavam muito do.
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do São Paulo.
Porfírio da Paz.
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aí eu falei: "Porfírio, eu vou na escola de juízes".
Falou: "Olha, Ambuba, você vai espiar quem? Eu quero a coisa imparcial, quer dizer, justa.
Não quero que você torça pro São Paulo assim a favor.
Vai ver quem é que é contra o São Paulo de juízes".
Me entusiasmei, fui um dos primeiros alunos na escola.
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ali na Federação Paulista de Futebol.
Tenho diploma.
Até no dia do exame tinha muitos juiz que vinha encostar em mim pra colar, sentava pra colar assim.
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fazia as pergunta não sabiam.
Ah, infelizmente alguns eram analfabetos.
E eu então de pena ajudava.
Então, houve o batismo de.
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como o juiz de futebol.
Era mais bandeirinha, mais de bandeirinha.
O pessoal do São Paulo me conhecia de cor e salteado, mas era um fiscal, como o bandeirinha era um fiscal.
Até um dos jogos do São Paulo contra o Juventus, se não me engano, quem apitou o jogo, João Edson que faleceu.
Aquele juiz que todo mundo conhecia, né? Não sei se você chegou a conhecer.
Já ouviu falar João Edson.
Então eu tava de bandeirinha do lado da geral.
E quando batia vento lá no Pacaembu à tarde, um dos back lá adversário, chutou a bola, foi pro corner.
E vi manter a bandeirinha, porque eu vi logo a favor do São Paulo.
Por quê? Quem pôs a bola fora foi que.
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Aí o Edson mandou pôr a bola pro goal keeper, né, pra ele chutar, porque .
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Aí ele.
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eu pus a bandeira e insistia.
Minha autoridade, né, senão eu ia largar e ia embora.
Aí ele veio assim por trás e começou me ofender, ele veio assim correndo e a torcida em cima dele, como choveu coisa em cima dele.
Aí, chegou no vestiário, ele fugiu, mas eu peguei no, na arquibancada.
Tava o Paulo Machado de Carvalho, tudo, me seguravam.
É uma história longa.
Não quero nem relembrar mais, porque eu era muito bom, mas era um pouquinho, não levava desaforo, não levava desaforo, nenhum.
Vinha machucado, mas machucava alguém, .
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Aí eu me conformava.
Mesmo na escola, porque o fulano era palmeirista ia me esperar na esquina, à noite que eu estudava, no Colégio Rio Branco, Liceu Nacional Rio Branco, Rua Dr.
Vila Nova.
Então como tinha alguns lá que era palmeirista, Palestra Itália, né.
Outro era corintiano.
E nós discutia muito, quando ganhava o São Paulo também .
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, tinha aquele espírito aquele tempo de maldade.
que que eles próprios faziam? Em dois, três, me esperava na esquina, atrás de uma árvore com um soco inglês.
Tinha aquele tempo soco inglês.
Quando eu passei assim, tava fazendo assim, eles me atacaram.
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na vista, no rosto tudo.
Ali eu comecei dar pontapé no escuro tava escuro, era uma árvore grande que tem na esquina da Consolação com a Vila Nova.
A gente sai da Vila Nova é a Consolação.
Mas no dia seguinte eles não foram pra, pra escola, não foram.
Eu fui pegar ele aqui na rua mesmo, peguei na rua da Consolação, ali no cinema.
Me agarrei com os dois, os dois palmeirista.
Por sinal, ele começou a me bater, .
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negócio de cinema na Rua 7 de Abril.
Pegou fogo até no cinema.
Italiana lá, estudou comigo, que me pegaram com o soco inglês .
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como havia, né? Uns dois, três no escuro e depois eu marquei, eu sabia quem era, esqueci até a nome dele.
Parece que ele tem um mercado grande, ele tem um armazém lá, uma coisa de italiano, queijo, macarrão italiano, coisa importada, sai na televisão, naquele programa de domingo da Itália.
Esse que tem.
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um italiano de óculos, esqueci o nome dele.
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P - Não tô lembrando.
R - de óculos.
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P - Záccaro?
R - Záccaro.
Ele faz propaganda.
Esse que me agrediu.
A minha infância era assim mesmo.
P - Que lembranças o sr.
tem do São Paulo na época do Pacaembu?
R - Lembrança que todos os jogos reunia com a turma do Grêmio Tricolor.
O Manoel Raymundo Paes de Almeida, era um baluarte do São Paulo, que levantou.
Tenente Porfírio da Paz, ele foi depois pra general, né.
E .
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levava as bandeirinha e.
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lutava, gritava, gritava, se esbaldava na arquibancada.
Sempre naquele horário, antes do jogo, horas e horas antes do jogo reuníamos na arquibancada, no Pacaembu.
foi na época depois da fundação, né, que a fundação foi em 1940.
Então nós desfilamos.
Eu era árbitro da Liga Paulista de Futebol, na Rua Xavier de Toledo era a sede.
Então me indicaram pra ir com o cartaz da.
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representar a Liga Paulista de Árbitros, é.
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de árbritros, de juiz.
Eu fui contemplado a representar na inauguração.
E desfilamos.
Naquela época tava também convidado de honra o Getúlio Vargas, na época.
Se não me falha a memória, ele foi convidado, e quem era prefeito, na época que construiu o estádio, foi o saudoso Prestes Maia, foi.
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que foi o causador do estádio, se não hoje não tínhamos.
Então, naquela época.
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Porfírio quando nós fundamos, depois com o tempo, pensamos realizar o sonho do São Paulo, era um estádio, um estádio próprio.
Então.
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parece que foi doado uma parte do.
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do.
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do campo atual pelo Adhemar de Barros.
Se não me engano foi doado uma parte, na Vila Leonor, né? E começou as máquinas.
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Monsenhor Bastos, tenente Porfírio da Paz.
Manoel Raymundo Paes de Almeida são os baluarte, que Deus punha em bom lugar os que faleceram também.
Tinha o Geraldo Campos, tinha Manoel, é Manoel do Carmo Meca.
Enfim, muitos já foram.
Deus levou, né? Não me vem.
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a memória tá me traindo agora.
Então eu saía, eu morava na Paulista, já posso continuar, né, morava na Paulista, então eu ia.
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era mocinho, inda novo ainda pegava a bicicleta, ia assistir o jogo.
Assistir lá as máquinas, conforme mostrei as fotografias pra senhora.
Ia, ia quase diariamente de bicicleta pra assistir, tirava fotografia.
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E me entusiasmava, não via a hora que.
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E levantou esse gigante, que se ajuntou toda ferragem, todo material vai daqui até a Itália.
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todo material junto, o de ferro, cimento dá pra fazer.
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num sei.
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milhares de campos de futebol, que foi gasto.
E.
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talvez as ferragens ajuntando dá pra atravessar até o Atlântico.
Esse é meu pensamento.
Deve estar nos anais até.
E não perdia um jogo, saía às vezes sem almoço de casa .
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e quando fundamos o São Paulo, começou a venda das cadeira cativa, comprei.
Aquele tempo parece que era 30 contos à prestação.
Comprei a cadeira cativa.
Até hoje está lá.
Assistimos lá de.
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Assim mesmo eles invadem o campo, invadem as cadeira, que eles venderam até pra adversário nosso, né? Puseram à venda, não era só pra sãopaulino, né.
Então, compraram talvez pra negociar.
E assim mesmo um empresta pra outro lá, o adversário corintiano, palmeirista.
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Chegou uma temporada que eu não ia nem assistir mais jogos, principalmente grande, porque tinha medo de um enfarte (risos), mas o coração tá bom.
Antes de viajar já fui lá no Servidor Público, a médica é sãopaulina, os filhos, eu cheguei até a brigar pra levar propaganda, distintivo pro filhinho dela, tal.
Então ela me fez um chek-up.
A mulher do Carboni falou: "Eu queria ter esse coracão que você tem" Eu falei: é bondade muito da senhora".
Que por sinal é parecida com a Dona Marina.
P - Que lembranças mais marcantes o sr.
tem como torcedor do São Paulo ?
R - É.
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dos jogadores, dos antigos.
E .
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lembrava muito do King, Segôa, Alemãozinho, Rui, Bauer, Noronha e também do Leônidas da Silva, quando veio, o maestro, que Deus ponha em bom lugar, Dom Antonio Sastre, que é um professor na.
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um gentleman no campo.
Não sabia o que era machucar o adversário, sempre desviava.
Era um cavalheiro.
Bom, e tinha também o.
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tinha o Joãozinho.
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um rapazinho novo, Joãozinho jogava no gol.
Também.
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tinha também do tempo do Paulistano, tinha o Luizinho, o Armadinho.
O Luizinho era do Paulistano também.
Luizinho.
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depois tinha Luizinho, Armandinho, Friedenreich, Araken, Siriri.
Mas o Fredenreich não chegou a jogar no Pacaembu, infelizmente não chegou.
Mas o Leônidas chegou, o Sastre.
E.
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minha memória agora tá traída porque são milhares de jogadores que passaram no São Paulo, que deram a vida pro São Paulo, que Deus abençoe todos eles, os que tão vivo, os que foram.
Estamos aqui às ordens.
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P - Jogos importantes.
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R - É o Palest.
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era o.
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antes da guerra era Palestra Itália, depois veio a Guerra, o governo mandou mudar o nome, puseram pra Palmeiras.
Então eu ia assistir sempre esses jogo, jogos grandes, jogos pequenos, não, não num tinha escolha, queria ver o clube jogar.
Era o amor ao clube, como até hoje, até o fim.
Quando eu morrer, quero ir com a bandeira do São Paulo.
P - O que diferencia os jogos, por exemplo, a técnica de jogar, na época do Paulistano e até hoje?
R - O São Paulo jogava bem, porque era.
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era.
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cognominado Esquadrão de Aço.
Era naquele tempo Nestor, Clodô, Bartholo, que eram do Paulistano.
Nestor também era um goal keeper fabuloso.
Lutaram juntos.
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lutaram na Europa, na França, no estrangeiro.
Nestor, Clodô, Bartholo.
Depois veio: Rui, Bauer e Noronha.
O grande Bauer, o Gigante do Maracanã que ele foi um espetáculo.
Eu.
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eu chorei no fim do jogo quando perdemos.
Perdemos do Uruguai, não foi? Perdemos.
eu tava na arquibancada, tinha até uma cadeira cativa lá no Maracanã de um general, porque eu namorava a filha do general, Então, ele me deram, o privilégio de assistir nas poltronas de honra, vermelha.
Eu chorava que nem criança, me agradavam, tudo.
E me perdia até do carro que era do São Paulo, que era vizinho da loja do meu pai que nós viemos lá.
E pra encontrar hotel? Precisamos dormir na casa de uma família, na casa de uma costureira, em Niterói.
Pegamos a barca, fomos lá bater em Niterói.
E dia do jogo.
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num vi no momento, mas depois foi aquela decepção, infelizmente foi uma falha do goal keeper, a bola encobriu.
É o Barbosa parece, né? O Barbosa.
Nunca me sai da memória, era menino, mocinho ainda.
e chorava, chorava porque tinha motivo, né? Perdemos o campeonato do mundo já ganho.
Então, o que me consolou foi o Bauer, o Bauer que deu a vida.
Os outros deram, mas ele deu mais do que a vida dele.
Infelizmente perdemos.
Mas já era um gigante, chutava quando tava empatado, né.
Depois foi parece que 2 a 1, num sei.
O resultado de 2 a 1, que marcaram o gol da vitória.
Aí caiu o estádio.
Era mulher chorando, rasgando o vestido, não rasgando o vestido.
Naquela época rasgavam tudo.
E aquelas carioca, paulista.
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P - Tinha muita mulher?
R - Muita mulher.
naquele tempo podia.
Era um campeonato do mundo, era parente dos jogadores, gostam de futebol, né? Que nem agora, agora a sra.
não pode levar uma sra.
casada no campo.
É muito difícil, melhor assistir na televisão.
Eu mesmo me.
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me sinto diminuido quando ouço palavrões, ofensas.
Normalmente é contra o jogador.
Não é admissível nem mesmo quadro.
O torcedor do São Paulo, que está perto de mim, ofende o jogador, eu já.
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eu brigo, eu brigo, porque o jogador não tem culpa, ele tá fazendo o que pode.
Agora, pode falhar, porque é humano, falha humana, né? Mas agora, constantemente sim, em todos os jogos, que é o técnico que afasta, né? Mas quando .
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numa partida, não tem nada.
O São Paulo não é que nem o Corinthians, o Palmeiras.
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quer bater, quer.
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invadem o campo, querem bater no jogador, né? São Paulo não tem disso.
Eles xingam, ofendem, mas.
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o jogador entende que no ato do nervoso, mas gosta do clube.
Não é que ofendeu pra estragar com o nome do clube, né, que o clube ninguém desmancha, ele é uma glória, perpétuo.
P - Tinha torcida organizada antes?
R - Sra?
P - Torcida organizada.
R - Era, era essa do Grêmio Tricolor.
P - Mas sempre teve torcida organizada?
R -Bom, depois começou, mas uns anos não tinha, depois começaram.
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O Raymundo Paes de Almeida começou, era um intelectual da torcida.
Eu era o presidente jundo com o Porfírio da Paz do Grêmio.
Porfírio era presidente do Grêmio Tricolor.
E o Raymundo também era o diretor.
E sempre íamos lá com confete, serpentina, eu ia com as bandeirinhas, depois.
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comecei com as bandeirinhas, depois eles vieram com outras coisas cada vez era uma coisa, depois as batidas, tamborim, etc.
E os outros clubes imitavam o São Paulo.
O São Paulo inventava novidades, os outros clubes imitava.
P - Sempre o São Paulo.
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R - São Paulo e o primeiro, primordial.
Quem? Raymundo, Tenente Porfírio, que Deus ponha em um bom lugar com o irmão.
Eu contribuía com a bandeirinha, com meus gritos, né, de alegria, de tristeza, mas recuperava, de tristeza já era uma semana só, depois vinha a glória, que não pode, não quero entrar no mérito: "tô cheio de ganhar campeonato aí",.
Não quero falar aquela palavra: "saco cheio de tanto ganhar", como eu ouvi falar, "estamos cheios, de saco cheio de ganhar campeonato".
E deixar um pedacinho pros outros que não sabem jogar o futebol arte como o São Paulo.
A concorrência o sr.
vê é só pontapé, pontapé, pontapé, vamos falar claro.
Palmeiras ainda joga regular, que tem alguns jogadores mais ou menos.
Mas o Corinthians é retranca, só marca gol na infelicidade, desprevinida da coisa ou bate num jogador, entra.
E outra, lá na Fazendinha, um tal de Carlito marcou o gol com a mão, o celebre Carlito, jogador do Corinthians, marcou um jogo lá com a mão, na Fazendinha.
P - Se o sr.
tivesse de fazer um escalação de um time, com os jogadores de todos os tempos, qual seria a sua escalação?
R - Pra selecionado.
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P - Uma escalação, o sr.
pega um lá do passado.
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como é que seria esse time?
R - Um apanhado de jogadores?
P - É.
Pra fazer um time.
R - Naquela época ?
P - Hoje.
Mesmo com os que já morreram.
R - Posso dar da época.
Eu punha Nestor, Clodô, Bastos, Rui, Bauer, Noronha, Luizinho, Armadinho, Friedenreich "El Tigre", Araken, Siriri.
Não tem palavras, Esquadrão de Aço.
P - Bom, não falta o Leônidas?
R - Leônidas naquele tempo, não estava no São Paulo, ele vinha depois, mas.
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escalava o Leônidas também, mas o "El tigre", não, tem razão, depois que faleceu.
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eu punha o Leônidas, o Leônidas da Silva, por sinal ele é amigo, encontro com ele na feira, né, com a mulher dele, com a loirinha, né, tá lá agora com a loirinha, como esposa dele né, um sujeito bom, trabalha na Secretaria do Trabalho, foi aí que aposentou.
P - Qual o sonho do sr.
? Tem algum sonho?
R - Tenho.
São Paulo pegar o bicampeonato do mundo.
Porque eu vou agora ao Japão se Deus quiser, se Deus quiser estarei lá com a camisa do.
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não do São Paulo.
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jaqueta pro frio .
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com o distintivo do São Paulo, gorrinho do São Paulo e mandei confeccionar Mário Ambuba, presente pra torcida vê, pra minha família saber que tô bem, o amigos saber os diretores ver, amigos.
Eu não meço distância, eu vou pro outro mundo ver o jogo de São Paulo, eu não meço distância.
O que muitos, os coitados que não podem, mas os que podem cooperar.
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eu vou pra dar força pro São Paulo, vou.
Lá gritar tô levando muitos presentes pros japoneses, filhinho de japoneses, camisa.
Agora, se eles me derem lá, escrito em japonês, campeão do mundo, escrito em japonês, que só vão dar lá.
Se me derem uma porção, eu ponho na camisa das crianças e dou pro japonesinhos, pra eles se alembrar sempre do São Paulo, catequisar, pra eles ficarem gostando sempre do São Paulo.
E levar presentes.
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tô levando caju, castanha de caju, tudo em pacotinho.
A minha mala está pesada só de caju.
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P - Mas é pra distribuir?
R - Pra distribuir.
P - Distribuir pra quem?
R - Pro nossos amigos lá e pros japoneses que são loucos por castanha de caju e amendoim, pacotinhos, né, tô levando pacotes.
P - Agora a última pergunta seu Mário.
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R - Pois não.
P - O sr.
acha importante gravar a trajetória da sua vida?
R - Em que sentido?
P - O sr.
acha importante esse depoimento que o sr.
deu?
R - Bom, fica a critério né? Se eu errei alguma coisa, tiver errado, pode cortar.
P - Mas o sr.
achou importante a gente colher o depoimento pra fazer a história.
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uma história da sua vida também?
R - O depoimento que eu dei e tudo?
P - O sr.
acha importante?
R - É importante pra perpetuar a minha memória também, né? Eu também morro, não sou infalível, então fica pra os que vem, pra assistirem.
É uma pequena contribuição da minha parte, não é toda, porque toda.
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olha, toda com a reforma da minha casa, a reforma da garagem, os operários me levaram tudo de material que eu tinha, até medalhas do clube, da escola, taça, me levaram.
P - Se o sr.
pudesse mudar alguma coisa na sua vida, o que que o sr.
mudaria?
R - Em que sentido?
P - Mudar alguma coisa.
O sr.
faria alguma mudança?
R - Não.
A minha vida tá boa, tá bem legal, com idade que eu tenho, bem vivido, e bem quisto graças a Deus, não é.
A gente sempre tem alguns inimigos gratuitos no futebol, que não gostam, trabalham pelas costas, são uns covardes.
P - Até hoje?
R - Já morreram.
Esse aqui eu ia perder até a cabeça, mas mataram ele, porque disse que da boca o peixe morre.
Ele atacou pelas costas, uma injúria, uma calúnia, mas ele teve o dia dele, porque a mentira tem perna curta, não vai longe morre.
Esse foi morto pela boca e pelo físico, mataram ele no interior.
Olha eu não quero entrar mais em detalhes porque.
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P - Corintiano?
R - Sujo, Deus que me perdoe, não me fale esse nome sujo, pra mim é nome sujo, quando fala: eu sou corintiano.
Que me perdoe os corintianos bons, mas os maus eu acho que é sujo, que ofende a moral, palavrão, atacam, quebram ônibus, destroem a propriedade alheia, não respeitam a Avenida Paulista, os casarões, destroem árvores, destroem.
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Vão lá no Rio Grande Sul arrebentam joalheria, vão em restaurante no caminho, não pagam.
Que me perdoem os bons corintianos, porque os maus fazem isso.
Se ganha o Corintians, o São Paulo ganha do Palmeiras, eu não quero é ir até Avenida Paulista.
Sei.
Não nem chegar lá.
P - O sr.
gostaria de acrescentar mais alguma coisa?
R - O único depoimento desses fundadores, abnegados fundadores, que estejam na paz do senhor que estejam assistindo o jogo lá de cima, é desejar meio minuto de silêncio pra eles, se eles aceitar, né? Uma homenagem aos que já foram.
Isso que é o meu desejo, né.
Que lá em cima, que Deus abençoe todos eles, que deram até vida pro São Paulo, que era.
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como é minha vida, minha vida é pro São Paulo, depois da minha casa é o São Paulo, prova está que eu tenho os terreninhos lá, no Morumbi.
Fui nomeado prefeito comunitário, no tempo do Mário Covas, né.
Sou até hoje.
Tem praça com o nome da minha família, tem a rua com nome do meu falecido pai, tem a praça com o nome da mamãe.
P - .
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?
R - Era prefeito comunitário, quer dizer ajudava os prefeitos não é, tempo do Mário Covas, de todos os prefeitos que passaram depois Mário Covas eu.
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a gente ajudava, reivindicava melhoramento, como consegui.
Fiz força pra ir aquele shopping, por sinal o médico do Morumbi, amigo meu, chama .
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Esse médico da prefeitura de Campo Limpo, médico pediatra, ontem ele me telefonou desejando boa viajem e me deu uma notícia alegre, é a segunda notícia que ele me dá: "a rua que a prefeitura denominou pra sua irmã Sofia Ambuba tem uma placa.
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que vão construir um edíficio, uma placa com nome da sua irmã".
Eu não me contive no telefone, minha irmã começou a chorar, é.
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Georgina.
O mês passado.
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esse mês aqui, há dias ele telefonou, falou "Mário, a praça da sua mãe, já tá as máquina lá, já tão fazendo a praça da sua mãe".
Eu falei: "E da senhora sua mãe, que eu denominei, homenagem a sua mãe, porque eu como prefeito comunitário tinha força, ainda hoje se Deus quiser eu tenho um pouquinho de força.
Então, primeiros meus, denominar as ruas, praças.
Primeiro nome de papai aqui Abdo Ambuba, rua Abdo Ambuba é muito conhecida lá no Morumbi.
Quem teve a glória de denominar foi o João Brasil Vita, o grande fundador do São Paulo, que eu presto homenagem a ele.
Quando eu fui lá visitar, lá na Câmara, me conhece desde garoto na Bela Vista, ele falou: "Ambuba, você merece uma medalha de ouro".
Eu falei:"Por que, excelência?".
"Que excelência que nada, você nunca me amolou, nunca me fez um pedido.
" Eu falei: "Hoje eu vou fazer um pedido, eu comprei uns terrenos num lugar, nem sei onde é que fica, um terreno, gastando no bolso, caminhões e caminhões, tem um terreno no Morumbi, terreno lá, e eu quero por nome do meu falecido pai.
" No dia seguinte saiu unânime, levei o histórico do papai, desde quando veio da Síria, é um histórico né, não precisou nem do histórico, depois é que eu levei de encargo de consciência, ficou contente e.
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tô homenagenado ele também porque é um baluarte, João Brasil Vita.
P - Nós queremos agradecer a sua entrevista, queremos agradecer a sua participação.
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R - Eu que agradeço de coração, me desculpa algum lapso porque muita coisa podia declarar que.
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a memória me traiu muito pela idade, mas graças Deus eu ainda tô firme, tô um poquinho firme, quero viajar, não se a última viagem, quero fazer outras viagens, se Deus quiser, me der saúde, porque saúde a gente tem, tenho um pouquinho de pressão alta né.
Que é a lufa-lufa do São Paulo, ninguém tá isento de pressão alta aqui em São Paulo.
É só isso eu agradeço também e, agradeço.
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P - Muito obrigada.
R - Eu agradeço todos nossos amigos, todos que me entrevistaram, me desculpe , algum erro que eu tive por acaso.