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História
Por: Museu da Pessoa, 15 de junho de 2012

Pagamento em groselha

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Pagamento em groselha

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“O primeiro lugar em que morei foi na famosa Vila Maria Zélia, no Belém. A Maria Zélia deve ser da década de 1920, e eu morei lá entre 1948 e 49. Mas eu era um bebê, não lembro muita coisa. O que a gente sabe é o seguinte: havia ali uma grande integração, porque você tinha a escola, você tinha a igreja, você tinha um campo de futebol e tinha também as casas, não é? E as casas eram praticamente iguais, com exceção de alguns sobrados, que eram os da chefia. Mas eram sobrados tão grandes que acabavam sendo divididos e tudo se realizava lá. Inclusive eu tenho uma prima que ainda está viva e morou lá a vida toda. Ela casou com um primo meu. E ela tinha muita raiva daquele lugar, porque era assim, se alguém quisesse namorar com ela, de fora, o cara não conseguia entrar lá para apanhá-la, não tinha jeito. Coitada. Eu lembro que uma vez eu estava conversando com ela e ela disse: ‘Se um dia eu ganhar na loteria esportiva...’ ‘Você quer ganhar na loteria para fazer o quê?’, eu perguntava. E ela respondia: ‘Para botar fogo no Maria Zélia.’ Depois a gente se mudou para outra casa, no Tatuapé, que ficava na Rua Vilela. Era um quarto, uma salinha e uma cozinha. Uma coisa marcante para mim que existia lá era um fogão, que ficava assim no canto, e era a carvão, lenha. Eu lembro que uma vez meu pai ameaçou me bater com cinto, que eles chamavam de correia: ‘Olha que eu vou pegar a correia.’ Eu sei que não pensei duas vezes: peguei aquele cinto e joguei no fogo. Aí passou o tempo e todo mundo procurando o cinto, procurando o cinto; no outro dia acharam a fivela só. Existia um clube lá, chamado Sampaio Moreira, e eram todos corintianos, só falavam de Corinthians dia e noite. O comércio em frente à casa em que eu morava era uma vendinha. Ali você comprava e marcava a despesa na caderneta, quando recebia o salário você ia lá e pagava. Eu comprei muita gasosa ali. Gasosa é a tal da soda...

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Dados de acervo

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P/1 – Bom dia senhor Vicente, obrigada por o senhor estar aqui. Eu vou fazer perguntas porque a gente precisa deixar registrado, o senhor já respondeu lá fora, mas é importante tá? Qual é o seu nome, o local e data de nascimento?

R – Vicente Amato Sobrinho, sou natural de São Paulo e nasci em 06 de Março de 1948.

P/1 – Como é que é o nome dos seus pais?

R – Arnaldo Amato e Ondina Legatti Amato.

P/1 – E o nome dos seus avós por parte de pai e por parte de mãe?

R – Por parte de pai é Miguel Amato e Luzia Madalonia Amato e por parte de mãe Julieta Kreshman Legatti e André Legatti.

P/1 – Qual é a origem da família do senhor?

R – Por parte paterna é de italianos, calabreses e napolitanos e por parte da minha mãe francesa e alemã.

P/1 – E o senhor saber por que que eles vieram para o Brasil? Quem veio, foram os seus avós, foram bisavós?

R– A parte do meu avô, o meu avô Miguel veio por uma desavença familiar e até coube porque ele perdeu o pai, a mãe dele ficou viúva, a minha bisavó, e ele não aceitou que ela se casasse novamente, quando ela se casou ele pegou e veio pro Brasil, quer dizer, nisso deveria estar uma crise econômica muito grande e ele aproveitou como desculpa vir pra cá (risos).

P/1 – E ele morava em que região?

R – No Brás.

P/1 – Ah, tá.

R – No Brás e trabalhava na Matarazzo, aliás, acho que como quase todos aqui do pessoal.

P/1 – Quando ele migrou, ele morava em que região?

R – Olha, ele morava na Calábria, mas a região exatamente, hoje a gente até sabe, mas eu tentei obter a dupla nacionalidade e descobrir onde que ele foi registrado lá e não consegui porque ninguém da família tinha assim, “Ah, é na Calábria”, eu e mais um primo meu acabamos escrevendo uma carta lá para uma paróquia e ele acertou, aí veio o documento e hoje está tudo certo. Mas eu sei que a minha avó era de lá.

P/1 – A sua avó também que veio a se casar com ele também era de...

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