Projeto Memórias do Comércio de São José do Rio Preto - 2020/2021
Entrevista História de Vida HV_082
Marcos Dionísio, do Armazém Dionísio
Entrevistado por Luis Paulo Domingues e Cláudia Leonor
Sã José do Rio Preto, 25 de maio de 2021
Transcrita por Selma Paiva
(00:46) P1 - Bom, Marcos, pra começar, eu gostaria que você dissesse seu nome completo, a data de nascimento e o local que você nasceu.
R1 – Marcos Dionísio Repiso, eu nasci em três de setembro de 1980, cidade de São José do Rio Preto, estado de São Paulo.
(01:04) P1 – Legal. E qual que é o nome da sua mãe e do seu pai?
R1 – Meu pai é Francisco Dionísio Repiso e minha mãe é Darci Frederico Repiso.
(01:17) P1 – Certo. E você conheceu seus avós? Tem contato com eles?
R1 – Sim. Muito. Graças a Deus tive uma excelente vivência com eles, até o dia em que Deus os levou.
(01:31) P1 – Sim. Você gostaria de falar o nome deles, pra ficar gravado?
R1 – Sim. Meus paternos eram a Lurdes e o Brás e os maternos eram o Emanuel e a Aparecida.
(01:49) P1 – Ah, legal. E seus avós eram já aí da região de Rio Preto? Ou eles vieram de fora, pra morar aí? Como que é, mais ou menos, a história deles?
R1 – Sim, meus avós maternos... ele veio da Bahia a pé, até aqui na cidade de São José do Rio Preto.
(02:08) P1 – Nossa!
R1 – E aí ele se locomoveu para a cidade de Presidente Prudente e o dono da Encalso, o finado Doutor Anwar, o levou pra lá, pra tomar conta das fazendas. E lá foram criando todos os filhos, depois de grande, já nascidos todos aqui e retornando depois de velho, que o Doutro Anwar, na época, loteou a fazenda, que virou os “Damha” lá de Presidente Prudente. E aí viveu aqui. Meus avós, no caso, paternos, são da região de Tanabi e lá existe a Vila Rincão, que é um distrito de Tanabi, que foi o meu avô que doou, pra fazer a cidade. Nossa família é bem reconhecida lá. Teve até uma história que meu avô foi enterrado vivo, ia ser enterrado vivo, perdão. No velório minha bisavó percebeu que o meu “biso” estava respirando, aí fizeram, pegaram bucha, daquela de sítio mesmo e começou a esfregar no corpo dele e ele voltou. Depois que ele voltou, fez os exames no hospital, o liberou e depois de alguns meses ele ganhou na loteria federal. Aí ele pegou os recursos, veio embora, ele estava em Macedônia nessa época, de Tanabi foi pra Macedônia, de Macedônia ele ganhou na loteria esportiva, naquela época, veio pra São José do Rio Preto, onde criou a primeira horta, que hoje eu sou terceira geração na produção de verduras em nossa cidade.
(03:42) P1 – Ah, que legal. Que história incrível, né? (risos) Muito incrível.
R1 – É, teve que morrer, pra depois ficar rico. (risos).
(03:52) P1 – Pra depois ficar rico, isso mesmo. E, Marcos, você conheceu as propriedades dele lá?
R1 – Sim. Fui várias vezes. E, antes da minha avó falecer, eu a levei de volta pra lá, pra ela ver como é que estava a cidade, porque fazia trinta anos que ela não retornava lá. Aí eu retornei com a minha avó, que ainda estava viva, mostrei todas as propriedades como é que estavam e quem as tinha adquirido agora, que era dela antes. Passei na Vila Rincão e aí nós fomos lá conversar com um senhorzinho que mora do lado da capela da igreja, que toma conta. Aí foi uma risada o dia todo, que ele foi contar que foi ele que apresentou a minha avó para o meu avô, que eles casaram. E aí a história foi longa e eu gostava muito de fazer isso. Fiz isso com meu avô materno também, o levei na fazenda, onde já era tudo condomínio, localizamos alguns amigos ainda que estavam vivos e foi muito bom, gratificante.
(04:58) P1 – Que legal! Marcos, e você se lembra de quando você era criança, mais jovem do que hoje, se na sua família tinha alguma tradição dessa comida que veio da Bahia com algum dos seus avós, ou comida sertaneja aí do entorno? Tinha isso?
R1 – Tinha. Nós vivíamos, a família, aqui em São José do Rio Preto e todos os netos trabalhavam na horta. Então, meu avô chegou a falecer e meu pai e meus tios ficaram tocando a horta, na época. E nós éramos pequenos e nós ficamos puxado muito pra família espanhola, que meu avô era espanhol e a gente tinha um pouco dessa culinária mais voltada para espanhol. Já o avô materno ficava em presidente Prudente, então a gente vivia pouco com ele, né? E, desde os sete anos, eu e os meus primos já trabalhávamos na horta e, naquela época, a gente era pequenininho, nós limpávamos o cheiro verde, que é a cebolinha, né? Aí nós limpávamos e meu irmão e meus primos mais velhos amarravam e lidavam com a faca. E aí, quando chegava na sexta-feira, era o dia do pagamento, meu pai virava aquela caixa de tomate, sentava em cima e “punhava” uma em pé e ia pagando os funcionários, um por um. Sobrava um pouco do dinheirinho, chamava a molecada tudo, dava um pouquinho pra cada um. Aí minha tia nos colocava no carro e ia direto para o bazar. Ou comprava aquelas bolinhas de gude ou pipa, na época, papagaio, pra nós soltarmos. Era nossa festa. Travou um pouco, viu, Luis. Aí, Luis, voltou agora.
(06:45) P1 – Voltou? É, de vez em quando dá um pico.
R1 – Você tinha pausado.
(06|:50) P1 – Ah, sim. Como é que seu pai conheceu a sua mãe? Você sabe?
R1 – Meu pai conheceu a minha mãe numa época, antes do meu avô ir pra Presidente Prudente, ele morou no bairro ao lado da nossa horta e aí foi onde eles se conheceram.
(07:07) P1 – Sim. E o seu pai e sua mãe tinham qual profissão? Trabalhando com essa horta, né, que você trabalha?
R1 – Meu pai sim, já vinha da horta, da roça e da horta. Minha mãe vendia roupa na rua e depois, quando se casaram, minha mãe virou cabeleireira. Por vinte e sete anos ela ficou como cabeleireira. Até que eu vim, sofri um acidente jogando bola, tendo que fazer algumas cirurgias na perna e aí ela começou a fazer a entrega da verdura comigo, gostou, largou mão do salão de cabeleireira e começou a fazer entrega de verdura.
(07:47) P1 – Ah, que legal! Marcos, e aí como é que foi, você nasceu em Rio Preto, né?
R1 – Correto.
(07:55) P1 – Você lembra do bairro? Qual bairro que era? A rua, como que ela era? Devia ser diferente de hoje, né? O que você fazia na rua?
R1 – Sim. Como eu nasci aqui e vivi toda a minha infância num local só, ficou fácil, né? Quando eu... logo quando nós nascemos a gente ficou logo próximo da horta e vivia toda a família perto, uma casa perto da outra. Então vivia, um entrava na casa e entrava na casa do outro, éramos muito próximos nós todos, né? E a infância ficou praticamente na horta, na vida aqui na rua, no cotidiano nosso, até que eu cresci, casei e reformei a primeira casinha que nós tivemos e mudei pra ela quando eu casei.
(08:44) P1 – Certo. E você se lembra das brincadeiras? Hoje em dia as crianças ficam brincando muito no celular, no telefone, no computador. Na sua época não, né? Em que que você brincava? Como que era o dia a dia seu?
R1 – O nosso dia a dia desde pequeno foi de trabalho, né? Acabava o trabalho, aí começava a brincadeira, né? Ia pra escola, saía da escola, ia para o trabalho, acabava o trabalho, aí era brincadeira. Então, essa brincadeira nossa era momentânea, desde pular no monte de palha de arroz, que atacava no canteiro da horta, brincando na horta, pegando passarinho, brincando de bolinha de gude e soltando pipa. A minha infância foi muito aproveitada, mesmo trabalhando, eu aproveitei muito.
(09:33) P1 – Sim. Sim. E na escola, o que você lembra da escola? Você estudava numa escola próxima daí de onde você morava? E o que você gostou da escola, assim?
R1 – Sim, eu estudei sempre próximo à minha residência, né? Desde o prézinho, parquinho, jardim, parquinho, prézinho, ao colegial, a gente estudou sempre próximo. E o que mais me marcou na escola foi: eu sempre era participativo, ajudando todo mundo, as professoras e era a luta nossa pra liberar a quadra de esporte, para nós praticarmos esporte de final de semana, que era proibido. Você praticar alguma coisa na quadra era a mesma coisa de ameaçar de morte a diretora da escola.
(10:21) P1 – Sim. (risos). E vocês conseguiam, pelo menos um dia, liberar pra jogar bola?
R1 – Não. (risos). Não. (risos)
(10:32) P1 – Legal. Marcos, aí depois você estudou até que ano? Você estudou até o terceiro colegial? Depois você pensou em fazer algum curso de faculdade? Como foi?
R1 – Sim, eu fiz o segundo colegial completo, terminei o segundo grau. E quando foi escolher, eu fiz curso na época que chegou a computação no Brasil. Em 1993, 1994, 1995 eu fiz curso. E eu vi que a necessidade de ajudar meu pai era maior do que eu fazer uma faculdade. Eu sou muito familiar, então eu vi o seguinte: meu pai precisa de ajuda, então eu vou ajudá-lo. Depois que eu fui me aperfeiçoar, fui estudar, não me formei, mas estudar tecnicamente, tecnologicamente, na parte buscando recursos fora do país, para trazer a tecnologia pra o campo, que eu vi que eu tinha que estudar, para depois voltar para o campo, porque o campo precisava de evoluir.
(11:33) P1 – Certo. Certo. E o Armazém Dionísio é dessa época, ou você montou depois? Vocês já tinham o armazém?
R1 – Oh, o armazém... voltou aí? Que tinha entrado uma ligação. O armazém é o seguinte: ele tem cinco anos pra cá. Então foi: a gente veio da horta, da horta nós fomos para a padaria, da padaria a gente foi para uma rede de padarias, que estava com cinco lojas e hoje estamos com três, fechamos os dois shoppings. E nisso nasceu o armazém. O que era o sonho do armazém? O projeto eu passei para algumas pessoas no Brasil, foi feito uma parte com Cuiabá, para o lado de Campinas e um Sorocaba e um outro em Tupã. O projeto eu não fiz completo, que eram as estufas no fundo, com a produção agrícola das alfaces, dos temperos e a venda da loja na frente. Então, startei esse projeto para alguns amigos e o meu ficou só com a loja. Então, tudo o que a gente tem no sítio nós trazemos para a loja, desde um ovo caipira, um limão cravo, as verduras, os legumes que a gente produz lá, a gente trazia para o armazém. Hoje o armazém nós fechamos e o introduzimos dentro da padaria. Ele ficou uma âncora da padaria agora. Então, você entra dentro de uma padaria nossa, sede e lá dentro um canto ficou inteiro para o armazém, tem todas as verduras, os ovos, o café moído na hora, as peculiaridades, o frango caipira, as coisas peculiares a gente mantém lá ainda, mas teve a necessidade de fechá-lo e jogar para dentro da padaria, para diminuição de custo. Por causa da pandemia e as coisas, a gente resolveu fazer isso, diminuir o custo.
(13:33) P1 – Sim. Que legal!
(13:34) P2 – E aí, também tem uma... desculpa, Lu.
(13:37) P1 – Pode falar.
(13:38) P2 – E aí tem uma potencialidade também, que o cliente vai só num lugar, né? Quem quer fazer o isolamento vai só num lugar e tem essas coisas todas?
R1 – Sim. Ficou muito bom, viu? Arrependi de não ter feito antes. Centralizou. Uma equipe pra atendimento única. A gente conseguiu, sabe, unir o útil ao agradável. Era uma possibilidade de eu fazer isso, porque eu visitei a Padaria Moinho em Cuiabá e é muito grande, um conceito moderno nível Brasil, que até a nível mundial, eu acredito e isso me deixou bem entusiasmado, para poder transferir o armazém para dentro da padaria. E foi ótimo.
(14:27) P1 – Certo. E para o comércio é uma vantagem esse esquema que você bolou, porque você não precisa ter fornecedor, você é seu próprio fornecedor, não é? Você vende tudo o que você planta, né?
R1 – Correto. Tudo o que é produzido no sítio a gente traz. Isso dá um frescor e uma garantia para o cliente, o cliente se sente mais privilegiado de estar comprando ali. Foi muito bom.
(14:55) P1 – Que legal! Marcos, e como é que foi esse passo a passo? Primeiro vocês tinham a produção agrícola no sítio, né? Aí você disse que você montou primeiro padaria, para depois vir montar o armazém, né? E a padaria teve até cinco lojas, né? Como que foi esse processo? Você precisou buscar dinheiro em algum lugar, fazer empréstimo? Como que você conseguiu montar isso?
R1 – Oh, um dia eu parei na frente da padaria e fiquei olhando pra aquela padaria e falei: “Por que eu tô olhando pra essa padaria?” E aí foi acontecendo as coisas. Aí Deus vai mexendo as coisas em volta da gente e a gente não vai nem percebendo, né? E quando eu vi, minha prima veio e falou pra mim: “Você não quer comprar a padaria?” Eu falei: “Olha, eu fiquei olhando essa padaria ontem e hoje você vem falar se eu quero comprar a padaria? Eu tô assustando, o que está acontecendo?” Ela falou: “Não. Ele separou da esposa e ele não tem como tocar sozinho. Ele quer vender. Eu tô ficando lá, fazendo um bico, pra ajudá-lo. Você não quer comprar?” Eu falei: “Não, não quero isso não. Você é doida?” Aí ficou apertando o negócio e aí veio e cutucou de novo. Aí eu falei: “Sabe de uma coisa, eu vou lá conversar com esse cara”. Aí eu falei com o meu pai e tudo e meu pai falou: “Oh, Marcos, mas nós não temos dinheiro pra comprar a padaria. E você nunca mexeu com padaria, o que você vai fazer?” Eu falei: “Ah, pai, não sei. Vou lá conversar com ele. Vou pegar essa caminhonete aqui que está parada e vou dar pra ele, se ele pegar é porque é um sinal de Deus que é pra fazer o negócio. Se não for, ele não vai aceitar”. Aí eu fui conversar com o cara e o cara concordou com tudo. Eu falei: “Meu Deus, agora virei dono de padaria, da noite pro dia mesmo”. Aí fui conversar com ele, acertamos todas as coisas, aí ele entrou pela padaria, andou pela padaria inteira, chegou no final ele deu a chave na minha mão e falou assim: “Amanhã você abre a padaria”. Eu falei: “Cara, mas eu não sei nem comprar farinha. Nem sei onde” “Não, a farinha está aqui. O mercado aqui vende a farinha, você vai lá e compra a farinha. O padeiro é esse cara aqui. E aqui as meninas vendem”. Eu falei: “O quê?”. Eu falei: “Meu Deus, que desafio! Não, tudo bem. Vou enfrentar”. E graças a Deus as coisas foram evoluindo, fomos limpando, ajustando, trazendo nosso perfil de atendimento, nosso perfil, trouxemos a verdura para a padaria, que isso, na época, foi muito repercutido. Vinha gente de toda a cidade, porque na nossa padaria não faltou verdura. Foi uma época de crise brava de verdura por falta de água, naquela época. E de dez anos pra cá está um monstro a padaria, já.
(17:25) P1 – Que legal! E como é que você se inteirou do processo de fabricar pão? Você foi estudar isso? Você contratou alguém que já era bom nisso? Como que foi?
R1 – O primeiro passo foi contratar umas funcionárias que me ajudassem no balcão, que tinham experiência. Já em segundo passo foi contratar um técnico que conhecia, pra me fazer umas coisas e me ensinar como que funcionava. Eu não queria fazer, colocar a mão na massa, eu queria entender, pra depois eu replicar isso. E foi a causa do nosso sucesso, fui aprendendo aos poucos, replicando, e introduzindo nosso conceito aos poucos. Foi engatinhando e andando e crescendo e hoje já somos bem reconhecidos na cidade.
(18:14) P1 – Muito bom. E como é que chama a padaria? É o mesmo nome do armazém ou não?
R1 – Padaria Dionísio.
(18:21) P1 – Padaria Dionísio? Muito bom.
(18:24) P2 – Que bairro que fica, Marcos?
R1 – Fica... uma unidade fica no bairro São Jorge, que é a matriz, porque aqui a nossa produção é centralizada. Toda produção é vinte e quatro horas, ela não para de produzir. E toda a produção dessa loja é distribuída para as outras lojas. Fica uma unidade no Muffato Max, que é um supermercado atacadista, que foi um conceito novo, que a gente montou uma padaria dentro de um supermercado, que ele não tinha padaria. E a outra fica de frente para a portaria da Santa Casa de Misericórdia, que é o hospital aqui da cidade de São José do Rio Preto. Essa a gente inaugurou agora em dezembro e ela tem um conceito diferente também, que tem um pouco de legumes, saladas de frutas e tem o restaurante, que a gente tem a padaria e o restaurante junto, de frente para o hospital.
(19:20) P1 – Muito bom. Marcos, como é que você conseguiu público pra tudo isso? Você fez propaganda? Como que você divulgou esse novo conceito de padaria, pra atrair os clientes?
R1 – Oh, o interessante foi que eu peguei a zona norte da cidade e introduzi um conceito novo de padaria, onde a pessoa poderia se sentar, com mesa para tomar o café da manhã em família. Onde tinha um capuccino, uma bebida especial. Um ar-condicionado para a pessoa sentar no calor e ficar à vontade com sua família. Na época, quando eu fui fazer isso, alguns amigos que tinham padaria falaram assim pra mim: “Se você colocar ar-condicionado na padaria os clientes não vão entrar”, porque eu estava na zona norte. Aí eu falei: “Não é possível, cara. Se eu gosto, eu me acho confortável nesse ambiente, eu quero que os clientes também queiram”. E graças a Deus foi repercutindo e a gente foi criando um conceito novo de atendimento na zona norte. O pessoal foi me agradecendo. Muitos clientes, mas muitos mesmo - e está acontecendo agora com a Santa Casa também - vêm agradecer, se sentindo privilegiados da gente ter montado uma loja com uma estrutura boa, com produtos diferenciados, aonde eles não tinham acesso. E isso, graças a Deus, está sendo sucesso. A gente tem um produto também, que eu fiz uma parceria muito boa, com a rádio da Bandeirantes aqui, que é a Nativa, que eu dou um bolo todo dia. Então, todo dia eles sorteiam um bolo e eu dou um bolo do balcão. Não é um bolinho qualquer não, é o melhor bolo nosso que está ali, a gente vai e dá. E isso foi repercutindo, que a pessoa comia não sozinha, ela comia em família e se surpreendia, porque o bolo era muito bom. E isso foi repercutindo, todo mundo foi querendo o bolo, quer ganhar o bolo também e foi, o nome foi ratificando. Até que a gente abriu no shopping e consolidamos a nossa marca.
(21:25) P1 – Muito bom.
(21:26) P2 – Marcos... desculpa, Lu, pode falar.
(21:30) P1 – Não, eu ia perguntar só qual shopping que é. É aquele shopping grande da zona norte, ou não?
R1 – Isso, o Shopping Norte da... que é o Shopping Norte, lá da zona norte, né? E o shopping Praça Shopping, no Centro da cidade, no calçadão da cidade também.
(21:45) P1 – Sim, muito legal. O Praça Shopping é naquela... é que a gente não é de Rio Preto, mas antes da pandemia a gente estava fazendo pesquisa aí. O Praça Shopping é aquele que fica num prédio super bonito, antigo, né?
R1 – Muito lindo, mesmo. E a loja minha ficava no piso entrada pela Bernardino, que era pela praça da frente da cidade. Eu fechei os dois shoppings o ano passado.
(22:14) P2 – Foi por causa da pandemia, Marcos?
R1 – Sim. Eles estavam cobrando aluguel, mesmo com a loja fechada. Então, eu tinha uma despesa fixa de mais ou menos treze a dezesseis mil reais por mês. Aí a loja fechada, sem faturar, eu tive que... venceu o contrato e eu não renovei. E o outro faltava três meses e a gente quebrou o contrato.
(22:37) P2 – Entendi. Deixa eu te perguntar uma coisa: você falou que o pessoal da zona norte, assim, super ficou agradecido e feliz de ter a padaria ali, né? Caracteriza pra gente assim o que é a zona norte, quem é o público da zona norte? A gente sabe, assim, que é uma região muito grande da cidade, né? Que cresceu muito nos últimos anos. Então, eu queria que você contasse, assim, o teu olhar para a zona norte.
R1 – Sim. A zona norte da nossa cidade é praticamente outra cidade. Hoje ela passa de trezentos mil habitantes. Então, dá para ser considerada uma cidade até de um porte bom, né? Hoje a zona norte tem de tudo, desde um Banco a um cartório, a um shopping, a supermercados, a correios. Então, a zona norte é independente. Hoje a zona norte tem uma subprefeitura. Então, nós temos o Poupatempo e uma subprefeitura só para a zona norte e isso, hoje, está visto com muitos bons olhares pra cá, porque está muito grande o crescimento de terrenos para essa região. Não para de crescer, está surpreendendo todo mundo.
(23:55) P1 – Sim.
(23:56) P2 – E aí não tinha, assim, uma padaria boa na zona norte? Não tinha... esse público não era bem atendido, nesse setor?
R1 – Não, nem um pouco. Jamais, não tinha. Tanto é que nós brincávamos que o faturamento da minha loja era referente a todo o faturamento das lojas da zona norte, porque ninguém investiu num conceito diferente, sempre só vendendo pãozinho e nada mais. A gente foi e falou: “Não”. A gente queria um conceito diferente. Tanto é que uma vez eu dei uma entrevista pra uma revista aí de São Paulo, eu esqueci o nome dela agora de cabeça, como eu consegui introduzir o bolo confeitado como uma sobremesa do dia a dia na periferia. Então, quem vai na minha loja tem acho que uns oito bolos cortados, de todos os sabores, para você experimentar. Então, você vai lá e corta uma fatia de bolo e come como uma sobremesa. Como em todos os lugares que vocês vão, dificilmente vocês acham lugares que fazem isso e eu consegui introduzir isso na periferia. Mostrando para eles que o bolo é uma sobremesa e não somente para comemorar um aniversário. E deu muito certo, graças a Deus.
(25:12) P1 – Que legal! Marcos, a sua imagem está escura aqui. Você está vendo a gente, né?
R1 – Tô. Perfeito, Luis Paulo. Tá perfeito. Vê se melhora. Ah, se apagou e voltou, foi ligação que entrou e eu recusei.
(25:32) P1 – Ah, tá. Tá legal. Marcos, fora essa propaganda, que é uma estratégia que você criou de dar o bolo lá na Nativa, na FM, você investe em propaganda de que tipo, assim? Redes sociais? Jornal? Ou não, não precisa?
R1 – Oh, eu já fiz TV, já fiz jornalzinho, panfleto, rádio faz dez anos que eu faço direto, sem parar. E algumas inserções das pessoas estarem vindo até a loja pra retirar algum brinde. E a rede social a gente vai fazendo como a gente pode, né? A gente não tem uma empresa que toma conta, então a minha filha, eu e minha secretária, que a gente elabora os trabalhos que vai publicar e vai divulgar e vai fazendo os sorteios, as coisas que a gente vai elaborando.
(26:29) P1 – Ah, legal. E, Marcos, hoje em dia, com as lojas e com o armazém e com... vocês continuam com a produção agrícola, né? Como que é o seu dia a dia, assim? Como que você se divide em tantas coisas?
R1 – Vamos lá. Hoje, a gente iniciou há três meses o maior projeto da minha vida, que é o condomínio fechado que a gente está construindo. Então, eu e meu sócio estamos construindo um condomínio de dezessete alqueires, que tem cento e oitenta e quatro terrenos acima de mil metros. Então, lá dentro vai ter o maior centro hípico do Brasil. Vai ter a parte de hotelaria pra receber o pessoal, vai ter a arena coberta com competições nacionais e treinamento de pessoas com crianças, pessoas que querem participar de provas e campeonatos. Momentaneamente, junto com isso, um restaurante que divide as duas arenas. Então, um restaurante pivotante no meio, bem grande, com pergolados, para acomodar as pessoas, para terem visão das duas arenas. Então, quando tiver algum evento, ou uma prova, ou um treino, a pessoa vai estar assistindo e vendo os animais competindo e andando. E simplesmente um caminhar pelo condomínio, a gente deixou vielas, caminho, ruas. A parte de pavimentação é própria para o cavalo. Preservamos a natureza com caminhadas, trilhas dentro da mata, com duas cachoeiras muito lindas dentro da mata. Dois pavilhões grandes, de sessenta baias de cavalos, para armazenar os cavalos do professor que vai estar dando aula. Deixamos a parte de camping para receber os trailers, para eles dormirem. E está plantando tifton, que é um mato, em todo o condomínio. Então, até construir, vai estar verde e podando o mato e dando de alimento para os animais. Esse é um projeto muito grande, que a gente está bem atarefado. Muito, até. Então, agora eu consegui enrolar mais ainda o dia a dia meu. Então, desde a hora que eu acordo, até a hora que eu durmo, não desliga. Só desliga a hora que eu pego o meu filho, num sábado, ou num final de tarde e a gente vai soltar uma pipa. Então, a gente pega a pipa e vai lá brincar de pipa, pra brincar com os amigos, ou numa pescaria. É a única hora que eu paro. Quanto a isso o meu dia é vinte e quatro horas.
(29:01) P1 – Tá certo. Você vai todo dia na produção de alimentos? Na parte do sítio que vocês produzem as comidas.
R1 – Na horta hoje, ela... que eu não ponho a mão na massa já vai fazer uns cinco anos. Então, eu não coloco mais a mão na massa na horta. Eu só a fiz inteira, elaborei, projetei, trabalhei, saí para administrar as outras coisas e os funcionários ficam lá com o meu pai, tomando conta. Meu irmão entrega verdura no mercado, meu pai fica na produção. Ficam os administradores lá temperando, arrumando as verduras e colhendo. A parte das padarias visito sempre quando eu posso, todas. Não sempre, tem lojas que às vezes eu fico até um mês sem aparecer na loja. Tem os encarregados em cada loja, que têm o meu aval na responsabilidade de estar resolvendo e me passando algumas coisas. A parte técnica, às vezes, muitas vezes, ontem eu arrumei uma máquina na matriz e agora cedo eu passei e fui arrumar um balcão na padaria da Santa Casa, que não estava gelando direito. Era uma programação, fui lá com as ferramentas e eu mesmo que arrumei. Que nem, a construção da loja da Santa Casa eu fiz do zero. A loja nova do Muffato, o conceito novo também, de uma padaria dentro de uma rede de supermercado, fiz do zero também. Então, desde a hidráulica, elétrica, eu participei de cada pontinho dali. Eu vivencio muito aquilo que eu faço. Coloco pra funcionar, coloco a equipe, dou treinamento e a gente parte em outros rumos, novos projetos.
(30:43) P1 – Ah, muito bom. E você pega... essas ideias você pesquisa onde, assim? Você viu isso em Cuiabá, você disse, né?
R1 – De trazer o hortifruti pra dentro da padaria, isso. Eu viajo muito. Gosto muito de dar umas passeadas pra São Paulo, para alguns lugares, para ver novas tendências. E eu tenho um olhar muito clínico para desenvolver ideias novas. A expertise de criar algo novo. Eu sou muito bom pra isso, graças a Deus. E complementando aquela outra pergunta, um detalhe muito importante: eu sou cristão e sou muito familiar. Eu tenho meus filhos, minha esposa, meus pais e sou muito apegado e muito familiar. Então, o tempinho meu com eles sempre está ali, não deixando... muitos empresários grandes deixam a família de lado e acabam tendo um relacionamento meio conturbado, uma família perdida, os filhos perdidos e não tendo um ensinamento nem cristão e nem familiar. Fica perdido, mesmo.
(31:57) P1 – Sim. Perfeito. E, Marcos, como que você conheceu a sua esposa? Isso a gente pergunta pra todo mundo.
R1 – Ah, legal. Ela morava em Macedônia, de onde o meu pai saiu. Tanto é que nós brincamos que a minha sogra era para ter namorado o meu pai. Namorou o irmão... a irmã e o irmão namoraram, mas a minha sogra e o meu pai não se conheceram. Aí ela veio de lá para São José do Rio Preto e, passando pela rua de moto eu vi, me chamou a atenção, aí eu passei novamente, ela brincou e pulou na frente da moto. Aí eu parei a moto e a gente começou a conversar e está casado hoje com vinte... fez vinte e um anos de casados, com uma filha fazendo vinte e dois anos praticamente e meu filho com treze anos. Graças a Deus sou muito feliz.
(32:50) P1 – Muito bom. Como chamam os seus filhos e a sua esposa?
R1 – O meu filho chama João Marcos, a minha filha chama Nataly e minha esposa chama Tagiane.
(33:03) P1 – Legal. E eles já estão participando do seu dia a dia de trabalho, assim? O seu filho já... a sua filha já está trabalhando contigo, né? Você falou. E o seu filho?
R1 – Eu procuro muito, eu sou bem fora da curva, como pessoa e como empresário também. Então, eu acredito muito na sucessão familiar e venho fazendo isso e projetando para os meus filhos também. Então, a minha filha fica no escritório, já faz cinco... seis anos que a minha filha já está conosco, aqui no escritório. Ela que toma conta da parte financeira, as contas correntes, senha, eu já não trabalho mais nada, não ponho a mão em nada. É só ela que toma as decisões de apertar o botão. Eu só ajudo na orientação. O meu filho estuda de manhã e na parte da tardezinha ele vem e abastece todas as geladeiras da matriz. Ele ganha dez reais para abastecer a geladeira da matriz.
(34:08) P1 – Sim.
(34:10) P2 – Quantos anos ele tem, Marcos?
R1 – Treze.
(34:16) P2 – É bom que já vai envolvendo, né?
R1 – Engraçado que esse mês que passou ele falou assim: “Pai, eu estava fazendo umas contas, eu tô ganhando dez reais por dia, mas eu tô gastando dez reais na escola também para o “refri” e o salgado”. Eu falei: “Filho, mas você tem a padaria, por que que você vai comprar lá na escola? Aí você gasta o seu dinheiro e vai ficar sem, mesmo”. E ele falou: “Não, não está certo isso, não. Você pode me dar outro dinheiro para eu gastar na escola. Eu não vou gastar do meu dinheiro, não”. Aí, esse é bem esperto, viu? Esse aí vai engolir eu e a irmã dele em dois minutos. Ele é muito inteligente, muito rápido e ele é bem moleque ainda. Ele é à moda antiga ainda, brinca de pipa, joga bola, é meio que... ainda é meio raiz. O videogame vem em segunda etapa, se não tiver nada pra fazer. Se não for pescar, não for soltar pipa e nem jogar bola, ele joga videogame.
(35:15) P1 – Olha, muito bom. Marcos, e voltando a falar do seu condomínio, achei muito interessante que você misturou a moradia com o restaurante e com os cavalos, né? Aí em Rio Preto é muito comum, né? O pessoal gosta muito de cavalos. Então, você está construindo para fazer aquelas provas de quarto de milha, né? Ou é cavalo de salto? Como que é?
R1 – Sim. O conceito nosso é mudar a característica de condomínio fechado, né, de loteamentos fechados, que é parede, piche no asfalto, um pouco de árvores e todo mundo mora trancado lá dentro. Nós queremos mostrar uma cultura diferente, uma vivência diferente, do ecoturismo, do lazer, mas vivendo na natureza. Então, a iluminação vai ser toda subterrânea, não vai ter fiação. As guias vão ser guias americanas para que, se o cavalo andar, alguém andar e cair, não se machucar. A parte dos animais vai ser voltada para o quarto de milha sim, vai ser a prova do tambor, “ranch sorting”, “penning” e aí vai. Hoje a gente quer trazer esse conceito de estar trazendo a vivência do animal ali no dia a dia, desde você ir lá comer uma porção, almoçar no restaurante e estar vendo a movimentação de cavalos, como uma prova nacional mesmo, onde vem competidores de todo lugar do Brasil, para estar competindo. Essa última prova que nós fomos sábado retrasado em Barretos, eles começaram oito horas da manhã e terminou duas horas da manhã, no sábado. Eles não param. É impressionante de ver o quanto está crescendo. Tanto pet, como cachorro, como hoje tem lojas que parecem mais shopping pra cachorro, como cavalo também que está crescendo muito, mais muito, muito mesmo. Hoje... até um dia me marcou muito, eu em Minas visitando um cara que produz algumas coisas para cavalo e visitamos um haras lá e um diretor do Grupo Verde, que é um grupo muito forte no Brasil, comentou conosco, dizendo assim: “Eu devo hoje a educação, a vida que a minha filha tem, ao cavalo. Porque, se não fosse o cavalo, eu acho que eu não conseguiria criar a minha filha num ambiente em Belo Horizonte, igual a gente está aqui, nessa loucura, ela querendo hoje ir para Bauru estudar Medicina e levar um cavalo. Então, é uma cultura diferente, uma amizade diferente, nada de bagunça e eu agradeço muito ter conhecido o cavalo e a minha filha estar vivendo junto com esse mundo que eu aprendi viver”.
(38:08) P1 – Que legal! E você monta também? Você gosta de montar?
R1 – Pouco.
(38:13) P1 – Pouco?
R1 – Pouco, pouco. O meu sócio monta mais que eu. Ele é criador de “paint horse” e ele cria feno na fazenda também. Aí juntou a minha ideia de lotear, com a ideia dele do cavalo e unimos e tá aí o nosso projeto.
(38:28) P1 – Olha, muito bom. Como é que chama? Como é que vai chamar?
R1 – Hípica Dionísio. Residencial Hípica Dionísio.
(38:36) P1 – Muito legal. E, Marcos, você é um comerciante, né e um empresário e dentro do comércio existe um monte de áreas de atuação. Tem gente que é melhor para atender o público, tem gente que é melhor para comprar, para fazer compra de fornecedor, pra vender. Tem uma ciência aí, que é você saber botar o preço no que você está vendendo, né? Contabilidade. Muita coisa. O que, pra você, te chama, é melhor pra você no comércio? E o que você não gosta muito?
R1 – Oh, hoje eu me adapto à muitas divergências do dia a dia. Então, eu vou me adaptando. E eu vou conseguindo tirar algumas coisas boas de cada problema e guardar isso e ficar como um aprendizado, né? A parte financeira eu fiz cursos para aprender um pouco mais a parte financeira, aprender a delegar. Eu fui fazendo cursos no decorrer desse tempo, para me enquadrar no novo perfil de pessoa que eu queria ser. Porque eu não queria ser nem aquele cara que fica dentro do comércio trancado vinte e quatro horas, que não consegue enxergar nada fora, mas também não queria ser aquele cara que fosse desligado totalmente, aquele empresário que é um CEO, que só senta na cadeira e dá ordens. Então, eu sou uma mescla. Ainda muitos amigos admiram e falam assim: “Nossa, meu sonho é chegar onde você conseguiu chegar hoje, em termos de delegar e conseguir pescar, soltar pipa com o filho e ter uma vida tranquila, sem se estressar tanto, igual a gente se estressa tanto, fica socado dentro da padaria, barriga aqui na mesa, fazendo pão e, no final do dia, ainda está estressado, que chega em casa e não aguenta nem olhar pra esposa. E você não, você consegue delegar e viver tudo ao mesmo tempo. Isso hoje é raro”. Então, falar assim: uma dificuldade? A maior dificuldade que eu acho que eu tenho no comércio é ter que mandar alguém embora. Eu não gosto, não. Isso me incomoda, né? Me incomoda, porque a pessoa faz os erros, comete os erros da vida, erra na empresa, tudo, ela tem que ser desligada por alguns erros que não quer mesmo, mas aí eu coloco na mão de Deus e a pessoa vem e pede as contas no outro dia. Graças a Deus está sendo assim.
(41:14) P1 – Legal. E já que você falou em demitir pessoas, que é uma coisa que deve ser muito chata mesmo, muito ruim de fazer, quando chegou a pandemia, ano passado, inclusive a gente estava aí em Rio Preto quando fechou tudo, mudou muita coisa, né? Muita gente foi demitida, teve que demitir funcionário. Você mesmo falou que teve que fechar duas lojas. Como é que você enfrentou e está enfrentando esse desafio da pandemia? O que você teve que rearranjar? Você teve que demitir gente por isso também?
R1 – É, a gente teve que correr às pressas, adequar tudo, né? Conversamos com os funcionários, muitos funcionários até foram afastados por aquele plano do governo, mas insistiram em vir ajudar na padaria. Ele falou: “Não, mesmo assim eu vou alguns dias”. Outros falaram: “Não. Eu vou todos os dias. Eu não vou ficar em casa. Eu sei que a empresa precisa de mim. Não está dando conta de me pagar, mas eu tô vendo que a empresa necessita de ajuda”. Graças a Deus eu tenho essas pessoas do meu lado. E a gente foi superando, adequando, alguns funcionários trabalhavam no caixa, hoje ele é entregador. Outro trabalhava de entrega, depois virou padeiro. A gente foi adequando, para diminuir o menor número possível de pessoas, que no final das contas ficou bom ainda.
(42:37) P1 – Que legal! Mas, além disso, teve mais alguma ação? Por exemplo: você tinha, já, delivery? Aumentou muito o delivery na pandemia. Você já tinha?
R1 – Não. Esse era um grande receio meu, de estar desfocando do balcão, que é o atendimento no balcão no dia a dia, para atender delivery e desfocar o cliente que vem na loja comer e comprar produto. Esse era um grande receito que eu tinha. E a gente pega poucas empresas para entregar e o delivery era mais exclusivo, então era mais para uma encomenda só. Aí tivemos que adaptar para o IFood. Foi antes da pandemia o IFood, graças a Deus porque, quando veio, aí a gente já estava preparado. E mesmo assim, preparado, foi uma loucura. Muito loucura mesmo. Porque, quando fecha a cidade, aí você pode pôr dez motoqueiros para trabalhar, que não dá conta.
(43:43) P1 – Sim. Sim. Aumentou a busca por entrega em casa para você também, né?
R1 – Muito, muito, muito, muito. E estamos cada dia mais aprendendo. Coloquei toda a parte de mercearia que a gente tem, o hortifruti, queijos, pães, tudo. O pessoal gostou muito, que no nosso canal lá do IFood consegue encontrar de tudo pra comprar.
(44:10) P1 – Muito bom. E, Marcos, fala um pouquinho do armazém, o Armazém Dionísio. É uma proposta diferente, né? É uma proposta que é antiga, mas que está voltando, né? Em várias cidades eu estou vendo, aquele tipo do armazém de secos e molhados. Era uma coisa superlegal, que foi acabando e agora muitos lugares, tipo o mercado municipal, está voltando com tudo essas coisas, né? Conta um pouco do Armazém Dionísio.
R1 – Sim, eu vivenciei, de pequeno, um mercado que tinha na frente da minha casa, praticamente. E é onde a gente pegava o arroz, o feijão, na caneca de alumínio ali. Eu vivenciei isso e isso ficou marcado pra mim. Quando eu tive a oportunidade de estar trazendo um pouco de cada coisa para dentro do nosso armazém, isso foi muito gratificante, porque eu conseguia colocar todos os produtos e vendia, graças a Deus. Não era aquela venda expressiva, porque a gente está no bairro, para vocês terem uma ideia, a gente está no bairro, bairro mesmo. Não é numa avenida, não é num ponto localizado. Não. Muita gente passa em quatro avenidas que nos circula, o nosso contorno nós temos quatro avenidas que nos contornam. Ninguém sai da avenida e entra para dentro do bairro, para ver se tem um comércio, entendeu? Então, hoje a gente tem esse sucesso graças a Deus, porque senão não conseguiria. O boca a boca foi que fez com que a pessoa levava os produtos do armazém: “Oh, lá tem esse limão que você não acha mais, lá tem. Oh, lá ele mói o café na hora. O moedor fica lá. Oh, lá tem ovo caipira. Você acredita? Lá eu consigo ovo caipira. Nossa, a verdura chega fresquinha todos os dias”. Então, a gente conseguiu fazer com que isso revivesse e as pessoas foram gostando muito. Foi dando muito certo, graças a Deus.
(46:14) P1 – Muito bom. E você está fazendo bastante propaganda do armazém? Ou nem precisa?
R1 – Pouca, pouca. Pouquíssima. Mais é o boca a boca e as pessoas que vêm até a nossa padaria. O armazém ficava de frente, porta com porta. Eu só fiz atravessar a rua e entrar dentro da padaria.
(46:36) P1 – Sim. Muito bom, Marcos. Em muitas cidades do tamanho de Rio Preto, a gente também trabalha em Ribeirão, Bauru, Campinas, a prefeitura, o poder público dá mais atenção para aquela parte da zona sul, do Centro e não da zona norte. Aí acontece isso também, ou não?
R1 – Sempre aconteceu isso. Até que a população da zona norte reivindicou as coisas. Porque, na nossa cidade, em comum, acho que a maioria, não posso falar cem por cento, mas o que toca a cidade é a zona norte, né? Eu brinco que o que faz o Brasil se locomover é o trabalhador informal. Se o trabalhador informal parar, o país para. Então, vamos supor, eu penso assim: a zona norte, quando ela teve voz própria, ela conseguiu chamar atenção e eu acho que... não conheço outra cidade que tem uma subprefeitura, que não seja cidade grande, como São José dos Campos, cidades grandes como São Paulo, que nós temos uma subprefeitura, que essa semana assinaram o pedido para criar a região metropolitana de São José do Rio Preto. Vai ser uma mudança histórica para a nossa região. Então, a zona norte hoje tem uma pujança muito grande. Ela dita regras na cidade.
(48:08) P1 – Sim. E eu fui conhecer a zona norte de São José do Rio Preto e eu achei muito bem arrumada. Eu acho que o povo chamou o governo mesmo, pra falar. As avenidas são bem asfaltadas, é tudo bem arrumadinho. Tem aquele shopping. É diferente da maioria das cidades, que o governo deixa tudo lá (risos) e cada um que se vire.
R1 – Muito, muito, muito diferente. Você vai na zona norte, você vê um morador, ele sempre vai ter um carro e uma moto na garagem, no mínimo. Vai ter ar-condicionado, televisão, canal pago e hoje ele é exigente, ele quer coisa boa. Ele briga por isso.
(48:53) P1 – Certo, certo. Legal. Marcos, e quanto ao futuro? O que você espera do futuro, assim, com seus projetos? Você acabou de falar do centro hípico, mas você tem ideia de, por exemplo, expandir mais a padaria, fazer uma franquia, levar para outras cidades? O que você sonha para o futuro?
R1 – Oh, eu tô querendo franquear o nosso projeto agora de pamonha, que já está há um ano aí. Eu estava com quinze lojas no estado de São Paulo, onde a gente manipula todos os produtos de milho. Então, a gente tem desde o curau, suco de milho, pudim de milho, bolo de milho, pão de milho, torta de milho, quiche de milho, as pamonhas, tudo derivado. Desde o “juju” de milho, a gente têm tudo de milho. Isso é uma vontade que eu tô tendo no coração, de franquear, pra ter volume, porque a gente construiu uma central de produção de produtos de milho. Hoje eu consigo produzir um produto aqui, coloco no ultra congelador e consigo mandar para qualquer lugar do mundo, não só no Brasil. Então, isso eu acho interessante de estar franqueando, crescendo e expandindo. A rede de padarias a gente tem mais um projeto, que está aqui em “stand by”, esperando o final do ano, que é um conceito diferente, que eu quero ir um pouco mais para onde a cidade está crescendo, para a periferia também, que está crescendo de um jeito diferente, mais moderno, levar um conceito de padaria, parte de mercado e açougue mais forte, com um ambiente para tomar café da manhã, voltado. Então, em breve tem mais projetos. Não só a hípica, que vai consumir muito o meu tempo, mas eu pretendo ainda finalizar esse projeto, que eu tenho vontade no coração de fazer.
(50:43) P1- Que legal! E esse projeto da pamonha já tem nome?
R1 – É Pamonha Dionísio. Ela já tá... vai para um ano e meio, mais ou menos, que a gente já está funcionando, com loja, vendendo para rede de supermercado. Já está engatinhando, já.
(51:05) P1 – Legal. E você consegue produzir o próprio milho? Ou tem que comprar de outro?
R1 – Não. É muito milho, não compensa. Nós não damos conta. São muitos sacos de milho. Hoje é tudo máquina, que automaticamente limpa, separa o sabugo, o bagaço e o suco do milho. O milho entra lá dentro e ela rala inteira, sai tudo separado. É uma tecnologia muito grande hoje, não compensa mais produzir, não. Tem que deixar. Eu acredito muito na cadeia produtiva setoriada e não unificada, tipo: eu tenho autossuficiência. Isso é suicídio hoje, a autossuficiência. É meio perigoso.
(51:46) P1 – É perigoso. Verdade. Marcos, você falou um pouquinho já, mas a gente sempre pergunta: as pessoas do comércio trabalham muito, né? E sobra pouco tempo pra passear, pra curtir, pra ouvir música, sei lá. O que você gosta mais de fazer, quando você não está trabalhando? Você já deu a dica aí que você gosta de ficar com seus filhos, mas fazendo o quê? Os leva pra onde?
R1 - Legal. Isso é muito importante. Eu... sábado agora nós nos reunimos lá na fazenda onde está loteando, veio um grupo de amigos soltar pipa e aí eu e meu filho participamos. Então, vieram duas pessoas de Manaus, uma de Fortaleza, nove de São Paulo, veio pessoal de Marília, Ribeirão Preto, as cidades vizinhas aqui, Votuporanga, Mirassol, Talhado, todos vieram também e a gente se reúne e faz uma brincadeira de pipa lá. Uma guerrinha, um contra o outro. Uma competição de amigos mesmo, reúne e solta pipa. E quando não eu vou pescar, que eu tô querendo ir pescar amanhã ou quinta-feira, que essa semana eu tô tirando pra pescar, porque faz um ano que eu não consigo pescar. E viajar, né? Viajar com a família é muito gratificante.
(53:12) P1 – Onde mais? Você gosta de viajar, né? Onde que você gosta mais de ir?
R1 – De cima pra baixo ou de baixo pra cima? (risos).
(53:23) P1 – Tanto faz. (risos). De cima pra baixo.
R1 – De cima pra baixo nós viemos da Europa, dos Estados Unidos, Orlando, levar as crianças para Disney, quanto aqui no Brasil, ir para o Rio de Janeiro, igual a gente foi para Angra agora. Visitar um pouco Foz do Iguaçu, que eu gosto demais das cataratas. Campos do Jordão, minha esposa ontem comentou, falou: “Nossa, esse friozinho está pedindo Campos do Jordão”. Então, a gente dá uma escapadinha de quatro, cinco dias, seis dias. Agora a gente vai para o México, em outubro, vai ficar cinco, seis dias livre lá, eu não fico muitos dias, eu aproveito bastante. Eu já fui mais de algumas vezes para os Estados Unidos, não é só uma. Eu gosto demais, vixi, eu gosto de viajar.
(54:09) P1 – Muito bom. E quando você está viajando, você fica de olho para ter novas ideias para o negócio também?
R1 – Muito, muito, muito, muito, muito, muito. A cabeça borbulha. Eu fui para a Europa uma vez e a gente ficou na Holanda, na Bélgica e rodamos um pouco do interior da França, aprendendo um pouco de tecnologia para verdura. E nós trouxemos coisas de lá que mudou o conceito de produção de verduras no Brasil. Então, eu tenho um olhar meio crítico para essas coisas, bem clínico mesmo. Às vezes, nós estávamos em nove, só eu que percebi aquele detalhe, que mudou o jeito da gente produzir hortaliças aqui no Brasil.
(54:54) P1 – Sim. Muito bom, Marcos. Deixa eu perguntar aqui para a Cláudia, vamos ver se ela está on line aqui, se ela quer fazer...
(55:02) P2 – Tô, tô acompanhando. (risos).
(55:05) P1 – É? E você tem mais perguntas, Cláudia?
(55:09) P2 – Eu tenho uma. Você falou muito dos bolos, né? Assim, essa percepção de que o bolo mais elaborado pode ser uma sobremesa, né? Eu queria que o senhor falasse um pouco também dos produtos que vem da chácara para o armazém, que está dentro da padaria. Qual é o mix de produtos que vocês trabalham, assim?
R1 – Tá. Da parte dos bolos foi muito interessante, mesmo. A gente trabalha com mais recheio do que todo mundo trabalha. A gente trabalha com aquele bolo que você começa a mastigar e vai sentindo o recheio, sentindo a massa, diferente daquele bolo que você deu uma mordida e você já não sabe nem o que você está mordendo, vira uma pasta dentro da tua boca. Nós temos um bolo bem diferenciado e isso deu uma repercussão muito grande. Mostrando a rustidez dele, bem rústico e artesanal o nosso produto. Da parte do armazém dentro da padaria, minha mãe pega todo dia cedo, todos os ovos das galinhas, enche o baldinho de ovos e traz para nossa loja aqui. Nós colocamos nas cartelas e é vendido. O limão cravo, a verdura, todos tipos de hortaliças, às vezes alface, chicória, almeirão, rúcula, couve, cheiro verde, coentro, hortelã... viaja, vai longe... agrião. A parte que algumas vezes a gente consegue produzir alguns legumes, aí a gente traz também. Mas a maioria a gente compra, de frutas do Ceasa e alguns legumes do Ceasa, que nem o tomate, que não compensa produzir e cebola, batata, essas coisas vem do Ceagesp.
(56:48) P2 – Maravilha! Dos bolos, qual que você gosta mais, Marcos?
R1 – A gente criou um que chama “Bolo Dionísio Choconinho”, ele é brigadeiro com leite Ninho. Ele é um bolo bem equilibrado, porque as pessoas, conforme vão ficando mais velhas, vai procurando um bolo mais branco, voltado para mais suavidade, com frutas. E o bolo “Choconinho” veio pra quebrar isso. Ele fica meio que nem muito doce e nem muito ácido. Ele ficou bem ali no meio. Então, quem come a primeira vez fica impactado, fica apaixonado pelo bolo. “Choconinho”.
(57:30) P2 – Marcos, e assim: vocês têm lugar para o pessoal tomar café? É balcão? É mesa? Se quiser tomar um café com bolo, você tem balcão ou é mesa? Como que é que vocês trabalham, assim? Descreve pra gente esse lugar do espaço da padaria.
R1 – Sim. A padaria de dentro do mercado a gente tem a praça de alimentação e é onde é um público de passagem e no shopping era um público de passagem. Onde a pessoa pegava, ia para a praça de alimentação e comia. Certo? Em nossas mesas, na frente da loja. Já a padaria matriz do bairro, que é no São Jorge, tem o ambiente com as mesas, mais diversificado, um pouco em cada canto, que a gente foi adaptando e foi crescendo. E na padaria nova da Santa Casa a gente já criou uma loja grande, conceito, com bastante lugares para sentar, onde a gente consegue acomodar mais público. Ficou uma loja bem ampla. A loja nossa da matriz do São Jorge eu quero, o ano que vem, estar reformando-a e aumentando mais mesas, porque o pessoal vem tomar caldo à noite e aí tumultua, fica faltando lugares e a gente quer melhorar isso.
(58:42) P2 – Tem um caldinho, então, à noite, ainda?
R1 – Tem. Sucesso, graças a Deus.
(58:50) P1 – E a da Santa Casa tem almoço, né? O pessoal pode almoçar lá, comida mesmo?
R1 – Sim. A gente faz os pratos executivos e a minha esposa é a cozinheira lá, chef. Então, todo dia ela cria dois novos pratos. Ela inventa lá, vai fazendo, com o prato do dia. Então, tem o prato do dia e os executivos e aí, mesmo assim, ela cria, para o prato do dia, mais duas alternativas. Ela criou a panqueca, o pessoal gostou. Ela criou um kibe recheado, ela criou aquela coxa e sobrecoxa de frango com batata assada, o pessoal amou. É uma comida mais voltada para aquela comida que ela gosta de cozinhar, que ela fazia sempre para a família em casa e ela transformou em grande proporção e faz para o público e o público está amando. Cada dia mais aumentando o movimento. É a segunda vez que eu paro lá para comer e está lotado, tem gente pra fora e eu vazo embora, vou comer em outro lugar. (risos).
(59:51) P2 – (risos). Marcos, caracteriza um pouco, assim, o público da frente do hospital? Principalmente agora, assim, que deve ter bastante movimento, né?
R1 – Sim. É interessante. Estamos aprendendo muito e, graças a Deus, hoje cumprimentei uma doutora muito famosa na nossa cidade lá, estava ela e a equipe cirurgiã dela toda tomando café junto. Eles ficam muito agradecidos por ter um ambiente grande, agradável, com os puffs para ficar sentado, com conector USB, carregador de celular nas mesas. Ficou muito agradável o local. O público lá, por ser hospital, a gente acaba tomando mais cuidado com a limpeza do álcool nas mesas e mais cuidado porque, desde o paciente que sai do hospital em tratamento e precisa sentar, comer alguma coisa, se reestabelecer, para depois ir embora para casa, àquele médico que está no dia a dia na correria, não consegue um tempinho, dá uma escapadinha e vai lá, faz um cafezinho ou uma comida rapidinha e volta, ou a gente faz a marmita e leva pra eles, que a gente tem a salada, muito grande, bonita. A gente manda lanche natural, as coisas e tem uma equipe de entrega. A gente tem um mapinha na parede, onde a equipe já sabe pra onde vai dentro do hospital, para fazer as entregas para quem não pode sair de dentro do hospital.
(01:01:14) P2 – Esse mapinha é porque o hospital é muito grande também?
R1 – Sim. Muito, exagerado.
(01:01:21) P2 – (risos). Que ótimo! Marcos, e essa preocupação que você falou do plugin para USB, recarregar, assim, você tem essa preocupação de que a pessoa pode ficar lá, trabalhar lá também e consumir?
R1 – Sim. Eu gosto que a pessoa se sente à vontade. Desde para trabalhar, como para, muitas vezes, falta: “Ah, acabou a bateria do meu celular”. E a pessoa está desesperada ali, na beira do hospital, tentando falar com alguém, ou ficou o dia todo lá, não conseguiu carregar. Então, eu tô mais preocupado hoje, não só com a pessoa fazer uma reunião lá, igual muitos fazem, como socorrer aquela pessoa que quer carregar o celular, que hoje eu tô percebendo que vai ser essencial. O estabelecimento que não tem uma tomada para carregar o celular, o cliente vai procurar outro lugar.
(01:02:14) P2 – Isso é o diferencial, né? Porque, vamos dizer assim: antigamente, se você não sentava para consumir, você não podia ficar, né? Num barzinho, num café...
R1 – Era desagradável. Às vezes, para alguns comerciantes, eles falavam: “Não, esse cara está sentado aí há horas e não consome nada”. Mas hoje poucas pessoas vão e os horários são mais curtos. Não fica mais igual eram aqueles, vamos falar, os folgados. Não. Ele vai lá pra trabalhar mesmo, resolve o que tem que resolver, usa o wi-fi, resolve e vai embora. E consome...
(01:02:48) P2 – E consome. E acaba consumindo, né?
R1 – Consome. Sim, com certeza.
(01:02:55) P2 – Maravilha! Você tem mais alguma pergunta, Lu?
(01:03:00) P1 – Não, eu acho que fechou. A história da vida inteira dele ele falou e é muito interessante.
(01:03:06) P2 – Fechou, foi lindo. Marcos, essa é uma entrevista um pouquinho diferente, né? Assim, não é jornalística. Você falou da sua vida, da sua família, do negócio, tudo. O que você achou de ter feito essa entrevista e ter registrado a sua história para o Museu da Pessoa e para o Projeto Memórias do Comércio?
R1 – Olha, eu acho assim: que, se tivesse mais materiais desse, para nós descobrimos como era feito lá atrás, nós iríamos evoluir mais, errar menos e poder se inspirar em histórias que... porque é assim: eu crio coisas não só no novo, mas vendo alguma coisa antiga também eu gosto de criar. E o meu... é igual a minha esposa fala: “Você só fica inventando”. (risos).
(01:03:57) P1 – Marcos, essa entrevista que você deu vai ficar no portal do Museu da Pessoa, que é o maior museu de história de vida do mundo.
R1 – Que legal!
(01:04:07) P1 – Então, tem muitos... o Museu, você entra no portal lá e você pode procurar, que tem projeto por tudo quanto é lado do Brasil e tem a parte de Memórias do Comércio, desde 1994.
R1 – Que legal!
(01:04:19) P1 – Além disso, vai haver uma exposição no Sesc, quando acabar a pandemia, com esse material. Exposição física lá pra ver, vai ter algumas fotos e tudo o mais. E também todo Memórias do Comércio dá origem a um livro muito bonito, que a editora do Sesc faz, mas por causa da pandemia, vai acabar ficando para o ano que vem. Mas, por causa disso, o nosso fotógrafo aí em Rio Preto, do Sesc daí, vai entrar em contato com você esses dias aí pra frente, semana que vem ou daqui a umas duas, três semanas, para ver um dia que você possa estar mais sossegado, para ele fazer uma sessão de fotos no Armazém Dionísio ou, se você preferir, na padaria, mas...
R1 – É, tem o cantinho. É bem estilizado, bem bonito mesmo o empório nosso, o armazém lá dentro da padaria. É lindo.
(01:05:12) P1 – Então, aí você tira umas fotos com ele, vai fazer uma sessão de fotos. Se você tiver fotos antigas, de quando você era criança, de quando você começou, ele copia e te devolve, também. É para montar esse acervo. É um acervo que já você faz parte do Museu. Então, tem a entrevista, tem as fotos e ele entra em contato com você daqui a umas semanas, tá legal?
R1 – Não, legal. Depois passa para mim o link, como que eu acesso lá certinho, para eu estar compartilhando com as pessoas depois, também, para estar conhecendo melhor isso.
(01:05:49) P2 – Pode deixar, você vai recebendo notícias, tá? Super obrigada, viu, Marcos. Em nome do Sesc, do Museu da Pessoa, eu te agradeço demais, assim. Foi ótimo. Foi maravilhoso. Inspirador.
R1 – Muito obrigado vocês também. Deus abençoe cada um de vocês e o que precisar de mim, eu estou aqui à disposição.
(01:06:10) P2 – Amém. Assim seja.
(01:06:11) P1 – Legal. Adoramos a entrevista. Muito legal.
(01:06:15) P2 – Tchau, tchau. Obrigada.
R1 – Tchau.
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