Plano Anual de Atividades 2013 Pronac 128976 - Whirlpool
Depoimento de Joyce Ribeiro dos Santos
Entrevistada por Eliete Pereira
São Paulo, 09/04/2014
WHLP_HV02_Joyce Ribeiro dos Santos
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por Mariana Wolff
MW Transcrições
P/1 – Joyce, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Joyce, qual o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Joyce Ribeiro dos Santos, nasci em Diadema no dia primeiro de novembro de 1986.
P/1 – Joyce, e o nome dos seus pais?
R – Nome do meu pai é Joel João Vieira da Silva e da minha mãe, Elenice Ribeiro.
P/1 – Os seus pais faziam o quê? Fazem o quê?
R – Bom, meu pai, ele, assim, eu conheci ele muito pouco tempo, né, que ele separou da minha mãe, então, a gente não teve muito contato, ele já é falecido. E a minha mãe, ela nunca teve uma profissão definitiva, assim, ela sempre trabalhou em vários lugares e hoje, ela trabalha numa área de separar material reciclável.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho uma irmã de 28 anos
P/1 – Vinte e oito. Vocês nasceram em Diadema e cresceu… você passou sempre a infância…
R – Sempre aqui, nunca fui pra outro lugar.
P/1 – Ah, e como que foi sua infância aqui em Diadema?
R – Assim, uma infância normal, né, teve algumas privações por si, não tive muito contato com o meu pai, minha mãe sempre criou a gente sozinha, passamos por muitas situações assim, mas uma infância normal, posso dizer.
P/1 – E você estudou até que série?
R – Eu completei os meus estudos até o segundo grau completo, só que eu tive uma parada, não consegui completar, porque eu engravidei com 15 anos, minha gravidez foi de risco, eu tive que parar os meus estudos. Ai, fiquei um tempo sem estudar, conclui agora em 2009.
P/1 – Ah! E é um menino ou uma menina?
R – Eu tenho três filhas.
P/1 – Você tem três filhas?
R – Três filhas.
P/1 – Qual o nome delas?
R – A mais velha chama Leticia, a do meio, Jaqueline e a de três anos chama Gabrielle.
P/1 – A mais velha tem quantos anos?
R – Onze.
P/1 – Onze anos, a do meio?
R – Nove e a pequenininha, três.
P/1 – E você trabalhando, como que você faz, as crianças estão na escola, sua mãe cuida das crianças?
R – É assim, as duas mais velhas fica na escola das sete até o meio-dia e a mais novinha fica na creche. Ai, quando elas retornam, meu esposo, como ele tá desempregado, ele olha elas em casa.
P/1 – E o seu primeiro emprego, Joyce?
R – Meu primeiro emprego, eu trabalhei como repositora de roupa na Granata, aqui no Cambuci, perto da Lins. Trabalhei lá dois anos e foi o único emprego meu de carteira assinada. Foi o único, isso ai foi em 2005, fiquei lá até 2007. Depois, sai, fiquei muito tempo parada, desempregada, fazia um bico aqui, outro ali, mas nada fixo. Ai, fiquei até agora sem trabalho até entrar aqui.
P/1 – E como que você conheceu o Consulado da Mulher?
R – Através da minha sogra. Minha sogra, ela faz parte do grupo, Aparecida e ela me indicou para o grupo. Ai, conversou com as pessoas, né, porque aqui, tudo tem que ser em comum acordo, ai elas decidiram por me conhecer, fiz a entrevista com elas, elas gostaram e tô aqui (risos).
P/1 – E o quê que você faz?
R – Aqui dentro?
P/1 – Aqui dentro.
R – Aqui dentro, eu sou mais uma ajudante, né, eu faço lanche, faço tapioca, ajudo no almoço, a servir, o atendimento lá, as pessoas… anotar os pedido, fazer os pagamento, as cobrança.
P/1 – Você tá hea quanto tempo?
R – Eu tô aqui três meses, entrei agora, em janeiro de… dia seis de janeiro.
P/1 – Então, você soube do Consulado através da sua sogra, então?
R – Da minha sogra, até então, eu não conhecia.
P/1 – E o interesse foi porque na época você tava desempregada?
R – Foi, ela… eu tava desempregada e o meu esposo também, ela me falou dessa oportunidade. Ai, ela me falou como é que funcionava, eu gostei de como funciona, as pessoas aqui, a historia das pessoas daqui me chamou atenção, eu falei: “Vou conhecer”. Que nem eu falei: “Mas, eu vou entrar, se não der muito certo…”, e no primeiro dia que eu já comecei aqui, já gostei (risos).
P/1 – E você fez algum curso pra você poder entrar assim…?
R – Curso, aqui?
P/1 – Isso, curso de formação…
R – Não. no dia que eu vim aqui, primeiro dia, elas me passaram como funcionava tudo, como é que era o esquema daqui, conversei com a menina do Consulado também, ela me explicou como é que era e eu falei: “Vou arriscar”, ai entrei e tô aqui esses três meses.
P/1 – E qual a sua expectativa com relação o teu trabalho aqui?
R – Eu quero… que nem, eu já me evolui bastante, porque eu entrei aqui sem saber de nada. Dai, hoje eu já sei montar lanche, já sei fazer tapioca, coisa que eu não sabia, né, vou começar agora a aprender a fazer os salgados assados ,que as menina começam a me ensinar e o meu intuito aqui é começar a aprender mais e mais e crescer, né? Pra ser mesmo uma cozinheira, né, porque eu gosto de cozinhar, então a prender a fazer bastante variedade, tanto o que eu aprendo aqui eu vou treinando na minha casa (risos).
P/1 – Legal! E você trabalha o dia inteiro aqui?
R – A gente entra às sete horas da manhã e sai às seis horas. De segunda à sexta.
P/1 – E o horário de almoço que vocês têm, quanto tempo?
R – Não tem horário de almoço, né, a gente… quando dá aquela aliviada, porque a gente serve almoço aqui do meio-dia até às duas. Ai, quando termina o horário de almoço, que deu aquela diminuída no movimento, ai a gente para um pouquinho, almoça, senta e descansa uns dez, quinze minutinhos, depois volta de novo pro trabalho.
P/1 – Quantas pessoas que trabalham com você?
R – Seis. Atualmente são seis.
P/1 – Tem o pessoal da cozinha, então, que prepara os lanches aqui mesmo?
R – É, tudo a gente prepara aqui. Ai, fica uma no atendimento, recebendo as pessoas e o resto, tudo na montagem dos lanches e dos pratos.
P/1 – Você tá agora na parte de atendimento e também, na montagem?
R – É, eu fico nos dois, né, quando dá, a gente fica aqui no atendimento, depois, a gente…não tem uma função certa assim, não, cada um faz isso. A gente faz de tudo um pouquinho.
P/1 – Agora, aqui, como que… assim, o deslocamento aqui, é fácil de você chegar até aqui, tendo a dificuldade, mobilidade…
R – Da minha casa pra cá?
P/1 – É.
R – É uma condução só, a gente pega. Eu pego uma condução, pego na Fagundes de Oliveira, desço aqui na Anchieta, atravesso a passarela e subo.
P/1 – Então, é tranquilo então?
R – É tranquilo. Da minha casa pra cá, tirando o tempo de espera do ônibus é questão de 20, 25 minutos, que quando vem pela Anchieta é rapidinho.
P/1 – Agora Joyce, você que tá tendo esse primeiro contato com o empreendedorismo, né, na parte ai, vamos dizer, de atendimento, gastronomia, de preparação de alimentos, você tem alguma expectativa assim, no futuro, de fazer também, um empreendimento, caso você tenha ai a possibilidade de…?
R – Tenho, que é assim, antes de eu entrar aqui, como eu passei um tempo desempregada, eu vendia pastel… vendia lanche na minha casa, montei uma barraquinha lá, então, eu vendia pastel e cachorro-quente. Então, eu sempre tive essa vontade de ter o meu próprio espaço, minha própria lanchonete pra mim fazer as minhas coisas. Só que ai, aconteceu muitas coisas, tive que fechar, né, tanto mesmo por causa de espaço, não tinha onde continuar por causa de espaço. Ai, quando eu entrei aqui, eu vi uma possibilidade de eu aprender mais coisas pra lá na frente, eu abrir o meu próprio negócio mesmo e ter a minha própria lanchonete, assim, pra mim poder fazer as minhas coisas, sem comprar nada industrializado, né, fazer tudo mesmo caseiro.
P/1 – Mas você ainda continua com esta…
R – Com essa ideia? Sim!
P/1 – Assim, continua fazendo alguma coisa assim, em casa, que você possa vender?
R – Pra vender? Não, por enquanto não, porque foi o que eu falei, lá eu não tenho espaço, né, minha casa é pequena e onde eu fazia era embaixo, assim, na casa da minha irmã, só que como ela tá mexendo com construção e tudo, tive que parar, então, não dá para continuar. Mas ai, com o tempo mesmo, procurar um lugar especifico pra isso.
P/1 – E o seu marido, ele tá desempregado, agora?
R – Tá desempregado.
P/1 – E vocês assim, você chegou a trabalhar ali, você falou do seu primeiro emprego, né, depois também esse empreendimento em casa, você chegou a fazer outro tipo de trabalho, antes de…?
R – Eu trabalhei como recepcionista durante nove meses para uma advogada, mas era um trabalho informal, não tinha estabilidade nenhuma, tanto que eu sai por isso. Ai, fiz outros bicos em separação de material seletivo também, já trabalhei quase seis meses, trabalhei com a produção de serigrafia de embalagem plástica, durante três meses também. fui trabalhando assim, aos pouquinhos, um pouquinho em cada lugar. Até que eu tive a ideia de fazer os lanche na minha casa, né, fazer os pasteis e o cachorro-quente que eu vendia em casa, só que depois, por causa de espaço mesmo, eu tive que parar. Ai, trabalhava assim, de final de ano, fazia, né, bico nas loja, como eu trabalhei em loja já, tinha essa facilidade de arrumar, até que em dezembro agora do ano passado, trabalhei na Marisa, trabalhei 25 dias lá, foi quando eu sai de lá e a Cida, minha sogra ligou falando que as menina me aceitaram no grupo, que eu podia estar vindo fazer entrevista com elas. Ai, foi onde eu vim e comecei a trabalhar.
P/1 – Você fez a entrevista com quem aqui no Consulado?
R – Com todas elas, né, a gente entra assim, então, todas conhecem, ai faz um monte de pergunta: como é tudo…
P/1 – Quem fez a entrevista?
R – Todo o grupo, né, quando a gente entra assim, a gente conversa com todos eles, eles perguntam como nós somos, o que fazemos em casa e ai, perguntam qual o nosso objetivo, igual você tá perguntando agora. Então, todas conversa, ai se olhar… aquela primeira impressão, né, se olhar e gostar, ai elas resolveram me dar essa oportunidade. Ai, depois que eu fiz a entrevista com elas, eu falei com a Gisele do Consulado mesmo, ela me explicou como é que funcionava tudo aqui, as normas e tudo e perguntou se eu tava disposta. Eu falei que sim e comecei a trabalhar.
P/1 – Até então, você não conhecia o Consulado, antes da sua sogra?
R – Não, não conhecia. Conheci através dela.
P/1 – Mas você conhecia os produtos da Consul?
R – Sim!
P/1 – Ah tá! Você tem algum na sua casa?
R – Oi?
P/1 – Um produto, eletrodomésticos da Consul?
R – Não. eu tinha um microondas, ele pegou fogo (risos). Ganhei de presente de casamento, ele pegou fogo (risos).
P/1 – Bom, Joyce, eu vejo que você agora, tem pouco tempo que você tá aqui no Consulado, né, então, você tá construindo a sua percepção, ainda, né?
R – Tô.
P/1 – Mas, dentro dessa perspectiva e do empreendedorismo que você já tem essa… né, já tentou fazer algum negócio em casa, você tem mais outros sonhos hoje, assim, relacionados até a própria família, assim…?
R – Ó, sonhos assim, o meu objetivo mesmo que é um sonho que eu tenho é de ter a minha casa, né, com a minha… porque eu moro na casa da minha… assim, moro num cômodo em cima da casa da minha mãe, com a minha mãe embaixo, tudo… então assim, materialmente, o meu sonho mesmo é ter a minha casa, o meu canto, onde eu possa mesmo, junto com o meu esposo, ter o nosso próprio negócio e cuidar da nossa família, né? Então, eu já falei mesmo, é uma coisa que eu tenho mesmo vontade de ter um comercio meu, né, você começa a fazer as coisa, preparar mesmo e aquilo você dizer assim: “Isso é meu”, entendeu? “Eu construí, eu consegui”, entendeu?
P/1 – E como você conheceu o seu esposo?
R – Na escola.
P/1 – Na escola?
R – Ele era cunhado de uma amiga minha e ela levou… ela foi com ele… o irmão dele foi buscar essa colega minha na escola e tava eu e uma amiga minha, e ela nos apresentou, só que até então, ele… eu falo pra ele que foi amor à primeira vista, né, que desde o momento que eu vi ele, eu já me interessei, só que ele tinha olhado para uma amiga minha (risos), né? Ai, na segunda vez que a gente se viu, eu fui na casa dele com essa minha colega, ela foi buscar um aparelho na casa dele, ai quando ele olhou pra mim assim, que ele me viu, ele se apaixonou pelo meu sorriso. Ai, a partir daquele dia, ele pediu pra me conhecer e a gente começou a conversar e tudo e estamos juntos há cinco anos.
P/1 – Bacana. E vocês assim, você tava falando que conheceu ele na escola e como foi estudar em Diadema, assim? Como foi a sua adolescência, você é muito jovem, né?
R – Eu posso dizer que eu não tive muito adolescência, né, porque eu me envolvi com um rapaz, eu engravidei com 14 anos, nessa gravidez, com seis meses, eu perdi meu primeiro filho, tava grávida de seis meses, tive um aborto espontâneo. Em seguida, um mês depois, eu engravidei de novo, então, foi uma gravidez de risco, tive que parar os meus estudo, minha filha nasceu de oito meses, nasceu prematura, quase morri no parto dela, né, porque eu tive choque hipovolêmico, quase morri no parto e assim, oito meses depois que ela tinha nascido, eu engravidei de novo. Então, aquilo foi um baque pra mim, né, porque eu, com 15 anos, com uma filha de oito meses, engravidar de novo, não estava mais estudando, não conseguia trabalho, nem nada, separei do pai delas, não tava com ele, então tive que assim, trabalhar, pagar aluguel, cuidar delas e tudo com 18 anos, já tinha 18 anos, tive que fazer todo esse processo na minha vida, então, adolescência eu posso dizer que eu não tive muita, né, porque eu tive que sair do meu período de menina, né, entrando na adolescência pra ir já para o lado mãe, mulher, de assumir responsabilidade, de cuidar de duas coisas que dependia de mim, né?
P/1 – Você chegou a sair da casa da sua mãe?
R – Sai, morei… morava de aluguel. Eu tava naquele, né, separava, voltava pra casa da mãe, ai saía, até que um dia eu falei: “Vou alugar a minha casa”. Aluguei uma casa, tinha arrumado trabalho, que foi onde eu falei, na Granata e a partir dali, eu comecei a ter a minha independência, né, e graças a Deus, a partir dali, começou engrenar, sempre consegui cuidar das minhas filhas direito, quando uma ia pra creche, a outra eu pagava uma vizinha pra olhar elas, ia levando. Então, ai quando eu voltei a estudar, eu já tinha minhas duas filhas, né, já tinha ela, então, eu comecei aquele tempo de adolescência de novo, né, de querer sair, de querer curtir, minha mãe cuidava delas pra mim, então eu saía bastante com as minha colega, brincava, então, eu peguei… comecei a viver a minha adolescência, nem, até que eu conheci…
P/1 – E você saía onde? Em Diadema mesmo?
R – É, em Diadema, a gente ia pra… antes que eu não era evangélica, né, eu ia pra barzinho, conversava com elas, ia ver banda de forró, essas coisas assim. Até que eu conheci o meu esposo, ai vivemos um tempo indo também, até que nós fomos pra igreja, viramos evangélicos e agora, só igreja.
P/1 – Houve uma grande mudança depois que você se tornou evangélica?
R – Nossa! Muito.
P/1 – Que tipo de mudança?
R – Assim, eu comecei a ver a vida de outra forma, né, porque muitas pessoas não… têm essa rixa ainda com os evangélicos, acha que é um fanatismo, alguma coisa, né, mas eu falo assim, tanto que até quando eu separei, que eu sou missionaria, né, na igreja e ministrando a palavra, então, foi uma coisa muito especial pra mim, eu poder trazer aquilo que Deus quer passar para as pessoas através da minha vida. Então, eu me vejo assim, de uma outra maneira, muito diferente. Eu saía, eu bebia, né, eu vivia uma vida assim, que eu posso dizer meio que vergonhosa, né, quando eu quis viver a minha adolescência, entendeu? E a partir do momento que eu fui pra igreja, eu me vi de uma outra maneira, eu me vi como mulher mesmo, como uma pessoa responsável e ali, mudou totalmente a minha vida.
P/1 –O seu esposo é evangélico?
R – É, o meu esposo é pastor.
P/1 – É pastor? E a sua mãe?
R – Minha mãe não.
P/1 – Não?
R – Não. Minha mãe, ela continua vivendo do jeito dela, mesmo.
P/1 – Tá certo então, Joyce. Joyce, o que é mais importante hoje pra você?
R – Em relação ao trabalho ou pessoal?
P/1 – Pessoal, sua vida.
R – O mais importante são minhas filhas, né, a minha família, né, tudo o que eu mais desejo assim, é ter condições sempre de poder cuidar delas, de tentar dar o melhor pra elas, entendeu, de conseguir dar para elas aquilo que na minha infância eu não pude ter, né? E lá na frente, quando elas tiverem idade, assim, elas conseguem estudar, fazer curso, fazer faculdade. Eu quis muito isso e não tive a possibilidade. Então, a minha família, assim, né, é o meu foco, né? E fora isso, o meu trabalho também é uma coisa muito importante, porque quando eu não trabalhava, ficava em casa assim, me sentia meio que uma inútil, naquele dia, você acordar todo dia, lavar, passar, cozinhar e ficar naquela, não ter uma experiência, não ter nada, entendeu? Então, saber que todo dia eu vou levantar de manhã, me arrumar, vim para o meu trabalho, conversar com pessoas diferentes, conhecer pessoas novas, porque todo dia circula pessoas novas aqui e ter aquele contato com outras pessoas assim, você se sentir… que eu me sinto mais útil, né, porque antes, em casa, eu não sentia útil, mas aqui, você saber que você tá fazendo alguma coisa, né, levando sustento pra dentro de casa, entendeu, podendo manter a minha casa, nossa, é muito maravilhoso isso.
P/1 – Tá certo Joyce. Bom, o quê que você achou de dar esse depoimento, assim, de falar um pouco a sua historia assim, como que você se sentiu?
R – Ah, é bom, né, porque a gente passa… tem coisas que fica guardada, assim, que a gente não tem a possibilidade de conversar com outras pessoas, né, a gente conversando com outras pessoas, você fazendo essas perguntas, a gente se abre mais, solta mais coisas que já tava muito tempo guardada, que eu nem lembrava mais que você me perguntou e soltou, né, veio a lembrança, veio a memória de novo pra poder falar. Um pouco da infância e tudo.
P/1 – Joyce, você gostaria de acrescentar alguma coisa relacionada a tua experiência aqui no Consulado da Mulher, desse seu trabalho, que você está aqui há três meses, você gostaria de comentar alguma coisa, uma impressão que você tenha, algo que você acha que seja de importante pra gente registrar?
R – Ah sim, quando a minha sogra falou de vim trabalhar aqui: ‘trabalhar em cozinha, fazendo comida, essas coisas,? Não’, porque a minha irmã já trabalhou uma vez e… não aqui, né, em outra empresa assim, em cozinha e ela falava que era uma experiência horrível, falava: “Não sei se eu vou dar certo não, mas eu vou tentar, né, tô precisando até… tô precisando de um emprego, então, vou tentar”, mas quando eu entrei aqui, vi a forma de trabalhar, o jeito de cada uma, o que cada uma faz, aquilo que cada uma tem de melhor, vai fazendo as experiências, tudo o que elas têm e eu podendo aprender tudo isso e podendo, nossa, eu fiquei muito feliz, é que nem eu falo: “Desde do primeiro dia, da primeira semana que a gente entrou, só foi limpeza. E desde da primeira semana, do primeiro dia que eu entrei aqui, eu falo: hoje eu amo o meu emprego”, entendeu, uma coisa muito boa, eu gosto de poder levantar todo dia de manhã e saber que eu estou vindo pra cá, que eu vou poder fazer alguma coisa, que o que eu faço, as pessoas estarem comendo, o que eu faço, as pessoas gostam, né, saber assim, nossa, ela fez um lanche hoje e esse lanche tá super gostoso, saber que fui eu que fiz e a pessoa tá aprovando isso e saber que aqui, eu vou aprender muito mais coisa do que aquilo que eu já sei e o que eu aprender aqui, eu posso transmitir para outras pessoas. Então, pessoas assim, que tenham vontade de conhecer e tenham vontade de… curiosidade também de saber como é que é, é uma coisa muito prazerosa, muito gostoso, eu amo o meu trabalho (risos).
P/1 – Bacana então. Bom, em nome do Museu da Pessoa, eu gostaria de agradecer, né, o seu depoimento e a sua participação no projeto.
R – Obrigada. Eu que agradeço.
FINAL DA ENTREVISTA
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