Meu nome é Daniel Ferreira de Freitas, eu nasci em Palestina, um município aqui ao lado de São José do Rio Preto. Na verdade, nasci num distrito ao lado, que se chamava Guarda-Mor, e hoje se chama Jurupeba. Nasci em 15 de novembro de 1939. Meus pais são João Batista Ferreira e Elidia de Freitas Batista.
O meu avô paterno morava em Bebedouro, mas depois ele fez uma caravana, uma verdadeira odisseia, e foi com a família pra Noroeste do Brasil, uma cidadezinha que a ferrovia Noroeste do Brasil estava criando. E ali ele fez a abertura de uma fazenda, no meio dos índios e no meio de todas as adversidades da época: maleita, malária...
Já o meu avô materno é paulistano. Ele era funcionário do Correio aí em São Paulo, ganhou um dinheirinho e tinha uns parentes que já tinham adentrado pelo sertão. Na época, a Araraquarense era sertão bravo. E aí ele comprou um pedaço de terra ao lado de Rio Preto, num distrito que se chamava Borboleta e hoje se chama Bady Bassitt. Ali ele fez a abertura da mata e plantou café - foi cafeicultor por muito tempo, um dos melhores produtores de café daquela região. Já o meu pai era o filho caçula do meu vô Manoel, e minha mãe era a quarta filha ou quinta, de um número de dez. E também foi criada ali, na região de Bady Bassitt. Casaram-se e foram abrir sertão nessa região de Palestina: derrubar mata e plantar algodão, café, fazer sua agricultura ali. E foi onde eu nasci.
Mas eu saí de Palestina aos meus seis anos e vim pra São José do Rio Preto, onde permaneço até hoje. Meu pai resolveu se mudar pra Rio Preto, porque naquela região não tinha escola, e ele queria dar oportunidade pra gente estudar. Foi o maior investimento da vida dele.
Nós fomos para o bairro da Boa Vista, que era periferia na época, incialmente numa casinha alugada. Depois foi passo a passo: comprou um terreninho mais na periferia ainda e lá construiu a casinha, como a gente vê acontecer hoje na periferia de todas as grandes...
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Meu nome é Daniel Ferreira de Freitas, eu nasci em Palestina, um município aqui ao lado de São José do Rio Preto. Na verdade, nasci num distrito ao lado, que se chamava Guarda-Mor, e hoje se chama Jurupeba. Nasci em 15 de novembro de 1939. Meus pais são João Batista Ferreira e Elidia de Freitas Batista.
O meu avô paterno morava em Bebedouro, mas depois ele fez uma caravana, uma verdadeira odisseia, e foi com a família pra Noroeste do Brasil, uma cidadezinha que a ferrovia Noroeste do Brasil estava criando. E ali ele fez a abertura de uma fazenda, no meio dos índios e no meio de todas as adversidades da época: maleita, malária...
Já o meu avô materno é paulistano. Ele era funcionário do Correio aí em São Paulo, ganhou um dinheirinho e tinha uns parentes que já tinham adentrado pelo sertão. Na época, a Araraquarense era sertão bravo. E aí ele comprou um pedaço de terra ao lado de Rio Preto, num distrito que se chamava Borboleta e hoje se chama Bady Bassitt. Ali ele fez a abertura da mata e plantou café - foi cafeicultor por muito tempo, um dos melhores produtores de café daquela região. Já o meu pai era o filho caçula do meu vô Manoel, e minha mãe era a quarta filha ou quinta, de um número de dez. E também foi criada ali, na região de Bady Bassitt. Casaram-se e foram abrir sertão nessa região de Palestina: derrubar mata e plantar algodão, café, fazer sua agricultura ali. E foi onde eu nasci.
Mas eu saí de Palestina aos meus seis anos e vim pra São José do Rio Preto, onde permaneço até hoje. Meu pai resolveu se mudar pra Rio Preto, porque naquela região não tinha escola, e ele queria dar oportunidade pra gente estudar. Foi o maior investimento da vida dele.
Nós fomos para o bairro da Boa Vista, que era periferia na época, incialmente numa casinha alugada. Depois foi passo a passo: comprou um terreninho mais na periferia ainda e lá construiu a casinha, como a gente vê acontecer hoje na periferia de todas as grandes cidades. Eu comecei a trabalhar com carteira registrada, com autorização do Juizado de Menores, aos 12 anos. Fui registrado na White Martins, como office boy. E era importante a participação, porque a renda familiar era pequena - meu pai era motorista e trabalhava na Santa Casa.
Eu posso dizer o seguinte: eu nasci comerciante, porque com nove anos de idade eu já saía pela periferia onde eu morava, pois tinha algumas chácaras que sempre tinham abacaxi, laranja, mandioca, essas coisas. Eu tinha um carrinho de duas rodas que eu puxava, comprava o produto nas chácaras e ia oferecendo de porta em porta. Isso eu fiz até arrumar o primeiro emprego na White Martins.
Mas então, quando eu terminei o colégio, fui fazer o curso técnico de Contabilidade e virei contador. Depois que eu deixei a White Martins, fui trabalhar num escritório de contabilidade, pra ser contador. E um ano antes de me formar, eu já tinha assumido o escritório de uma empresa, mas eu podia fazer as duas coisas: era contador e era também, praticamente, o gerente comercial: o cara que ditava as ordens, as políticas, os objetivos e tudo o mais. E aí esse veio forte despertou violentamente. Até eu ter a oportunidade de ter a minha primeira empresa.
Com o dinheiro que eu estava ganhando, pude fazer a faculdade de Economia, em 1962, e aí eu fui convidado pelo Senac pra ser professor de Contabilidade. O Senac me abriu os horizontes e, a partir daí, eu já tinha uns 60, 70 clientes no meu escritório, dentro de uma Rio Preto que tinha aí 80, 90 mil habitantes. E então surgiu a oportunidade numa empresa que tinha 30 anos de comércio em Rio Preto – que se chamava Casa São Paulo. Um cliente me pediu um estudo sobre ela, pois ele queria comprar essa empresa. Aí ele me convidou pra ser sócio dele. A empresa estava em decadência, tinha dívidas, mas dois anos depois de ter assumido, eu tinha pago todas as dívidas, e já estava sobrando dinheiro. Essa empresa tinha um patrimônio valiosíssimo, porque ela tinha uma tradição na cidade: ela vendia pro sertão, até Mato Grosso. E nós herdamos essa riqueza. Isso fez com que a gente desse a maior alavancada da nossa vida.
E nós permanecemos por quase 15 anos como Casa São Paulo, mas eu saí da sociedade em 1982 pra fundar a Agrometal. Eu saí com duas lojas que eram filiais, em prédios alugados - saí com bastante capital. Eu fundei a Agrometal, que já foi um embriãozinho da fábrica de caixas de água, e consegui dar foco nesse ramo em que nós ficamos por cerca de 30 anos com a metalúrgica. Na metalúrgica, nós construímos reservatório de água no Brasil inteiro, principalmente pra Sabesp, pra Sanepar, para órgãos de saneamento. Mas o tempo passou, o ramo foi ficando muito competitivo, com muita concorrência, e acabamos fechando a metalúrgica.
Lá no princípio, a Agrometal era da metalúrgica também, e nós a usamos para as lojas depois. Nós tivemos três lojas na cidade e mais tarde reunimos tudo onde temos a sede hoje, numa loja só. Depois abrimos em Marília - nós temos uma loja igual a de Rio Preto em Marília. E hoje, onde era a metalúrgica, nós temos uma outra empresa, que é de importação de produtos siderúrgicos voltados ao agronegócio.
No começo foi difícil, porque eu tinha montado a Casa São Paulo muito bem montada, e (risos) você trabalhar contra o feitiço que você fez é muito difícil. (risos) Mas graças a Deus, deu certo. A partir da fundação da Agrometal, a minha esposa Amelinha entrou como sócia, e aí ela teve participação direta. Então, ao invés de um sócio, eu tinha uma sócia... poderosa. (risos)
Nós também abrimos na Agrometal um segmento voltado pra construção, pois antes nós não tínhamos. Hoje, se você chegar pra Tigre, por exemplo, e perguntar: “No interior de São Paulo, quem é seu maior comprador?” Tirando a capital, tirando Campinas, o maior comprador da Tigre hoje somos nós. Nós nos concentramos também entre hidráulica e elétrica, principalmente. Foram segmentos que nós desenvolvemos bastante, temos linhas bem completas. Hoje, a gente tem o atendimento com um estoque de cabos elétricos que, no interior, eu diria que poucos concorrentes teriam. A mesma coisa na hidráulica. E com isso, nós nos desenvolvemos no atacado, porque nós não tínhamos. Ao invés de abrirmos mais lojas, preferimos atender os nossos concorrentes, o que deu muito certo. Muito certo.
Mas o agronegócio sempre esteve presente, até no nome. A gente tem um lado muito forte, que é o lado do produto siderúrgico - os arames, principalmente. Nós importamos da China há bastante tempo. E com a marca própria, nossa marca, temos hoje uma presença bem forte no mercado. Nós já chegamos a ter quase 500 funcionários.
Quanto à minha participação na Acirp, eu fui secretário, tesoureiro, vice-presidente e depois cheguei a presidente. A Acirp é uma entidade de muito respeito na cidade de Rio Preto. É a voz do prefeito, porque representa o comércio de Rio Preto, que é a força produtiva da cidade.
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