Outra época de muita saudade é o tempo em que morei muito próximo da praia. Nessa ocasião eu passava todo meu tempo livre tomando banho de mar e tentando capturar os peixinhos que ficavam retidos em pequenos lagos quando a maré baixava. Ou então, ia para as jangadas que ficavam ancoradas um pouquinho longe da praia.
Lembro-me que num desses dias eu me distraí e não me dei conta da distância que já havia adentrado no mar. De repente me vi em situação perigosa, quase não conseguia ver terra. O céu escurecia. A chuva se aproximava. Era hora de voltar, eu pensei. Mas quando eu dava algumas braçadas em direção à praia, parecia que o mar puxava-me de volta. Foram várias braçadas. Já me sentia exausto e o pânico parecia apoderar-se de mim.
Então parei, descansei por algum tempo enquanto boiava. Quando olhei para a praia, percebi que estava mais distante que antes. Foi quando resolvi apenas bater os pés enquanto boiava, e fiz isso por um bom tempo, sempre em direção à praia. Que sufoco. Enfim, consegui chegar até onde as ondas se formavam, e de onda em onda cheguei à terra firme. Nunca mais me atirei ao mar daquela maneira, mas o mar ainda me fascina.