Localizada na zona oeste de São Paulo, a Rua Clélia é o cenário dessa história. Pablo, autor e personagem, é um aquariano de 20 anos, comunicativo, alegre e determinado. Seus pais se conheceram na Rua Clélia. Sua mãe, Diana, e seu pai, Paulo, se conheceram no dia em que a família de sua mãe estava de mudança para a Rua Clélia e ele se ofereceu para ajudar. A partir deste dia eles começaram a conversar e se apaixonaram. Mas ele era um jovem recém-chegado do litoral, sem emprego fixo e sem moradia. A força de vontade e a coragem eram tudo o que tinha para sobreviver em meio a dureza da selva de pedras. A falta de estabilidade do rapaz não agradou a família dela, que tentou impedir de várias maneiras o namoro dos dois, até mesmo obrigá-la a escolher entre a família e o namorado. Ainda que vislumbrasse os problemas que enfrentaria por sua escolha, ela preferiu viver esse grande amor, e assim nasceu Pablo.
Apesar de ser uma criança muito querida pelos pais, as dificuldades financeiras obrigaram seus pais a entregá-lo aos cuidados de sua avó materna, que foi quem o criou até os dois anos de idade. Quando estava com dois anos, seus pais conseguiram uma casa para morar na Rua Clélia, e puderam trazê-lo de volta para a família. Seus pais sempre foram muito super protetores, o que fazia com que ele tivesse poucas opções de lazer fora de casa. Adorava as brincadeiras com sua irmã, Elizabeth. A casa possuía muitos cômodos, e juntos eles inventavam todo o tipo de brincadeiras. Numa delas, descobriu desde cedo seu talento artístico. Na laje, preparavam um programa de rádio fictício, com música e dança interagindo com vizinhos. Eram poucas as oportunidades de ir à algum lugar que não fosse à escola, assim o Sesc Pompeia entrou em sua vida como um refúgio. O seu primeiro contato com o Sesc foi através do Programa Curumim, incentivado por sua mãe e tias que também frequentaram o programa na infância, era lá que passava as...
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Localizada na zona oeste de São Paulo, a Rua Clélia é o cenário dessa história. Pablo, autor e personagem, é um aquariano de 20 anos, comunicativo, alegre e determinado. Seus pais se conheceram na Rua Clélia. Sua mãe, Diana, e seu pai, Paulo, se conheceram no dia em que a família de sua mãe estava de mudança para a Rua Clélia e ele se ofereceu para ajudar. A partir deste dia eles começaram a conversar e se apaixonaram. Mas ele era um jovem recém-chegado do litoral, sem emprego fixo e sem moradia. A força de vontade e a coragem eram tudo o que tinha para sobreviver em meio a dureza da selva de pedras. A falta de estabilidade do rapaz não agradou a família dela, que tentou impedir de várias maneiras o namoro dos dois, até mesmo obrigá-la a escolher entre a família e o namorado. Ainda que vislumbrasse os problemas que enfrentaria por sua escolha, ela preferiu viver esse grande amor, e assim nasceu Pablo.
Apesar de ser uma criança muito querida pelos pais, as dificuldades financeiras obrigaram seus pais a entregá-lo aos cuidados de sua avó materna, que foi quem o criou até os dois anos de idade. Quando estava com dois anos, seus pais conseguiram uma casa para morar na Rua Clélia, e puderam trazê-lo de volta para a família. Seus pais sempre foram muito super protetores, o que fazia com que ele tivesse poucas opções de lazer fora de casa. Adorava as brincadeiras com sua irmã, Elizabeth. A casa possuía muitos cômodos, e juntos eles inventavam todo o tipo de brincadeiras. Numa delas, descobriu desde cedo seu talento artístico. Na laje, preparavam um programa de rádio fictício, com música e dança interagindo com vizinhos. Eram poucas as oportunidades de ir à algum lugar que não fosse à escola, assim o Sesc Pompeia entrou em sua vida como um refúgio. O seu primeiro contato com o Sesc foi através do Programa Curumim, incentivado por sua mãe e tias que também frequentaram o programa na infância, era lá que passava as horas complementares à escola e onde teve a oportunidade de ter um contato mais estreito com o universo artístico. Ele adorava conversar com os monitores de exposições e perguntar sobre tudo, curioso procurava entender e a cada nova descoberta seu interesse crescia mais e mais. Incorporado a sua rotina, os programas do Sesc foram acompanhando seu crescimento: Curumim, teatro infantil, Alta Voltagem, Trilhos e Trilhas e até o seu primeiro trabalho. Amigos que conheceu no Sesc, funcionários que se tornaram amigos e confidentes, muitas histórias de sua vida tiveram os tijolinhos de barro do Sesc Pompeia como pano de fundo. Desde muito cedo, aprendeu a amar a literatura e o teatro, encantando-se pelas múltiplas formas de expressar a sua essência, se conectar com o mundo e com as pessoas.
Aos quinze anos, seu amor pelas letras se consolidou, impedido de sair, trancava-se no quarto pois não pretendia opor-se à vontade dos pais, reconhecia o carinho de suas determinações, mas ainda assim sentia-se sufocado pela falta de liberdade. Descobriu na poesia a companhia perfeita. Sentia que através dela podia colocar para fora os sentimentos que vibravam em sua alma. Desde então não parou mais de escrever e a cada ano se compromete a escrever um livro. Já escreveu mais de 600 poemas, busca com perfeição terminar todos eles, sua maior inspiração para escrever é o amor. Como um eterno apaixonado escreve sobre amores à distância, amores proibidos, amores que não deram certo, amor, amor, amor! Surpreende-se quando alguém lê um poema seu e diz que consegue sentir o poema, isso o alimenta ainda mais, e o que espera é em breve publicar um livro. Ao perceber que precisava ir além das quatro paredes do seu quarto, toma a iniciativa de bater à porta de um Buffet de festas em busca de trabalho, nesse momento tudo começa a mudar, uma pitada de liberdade e a vida começa a ter um sabor diferente. Ao lado de novos amigos, contatos e experiências ele conhece outras possibilidades, muito além do mundo que conhecia até agora.
Sua autêntica capacidade de comunicação e o amor que coloca em todas as coisas que faz, o levou a indicação para ser tutor de uma criança autista durante seis meses. Junto com o garoto em sala de aula ele teve a responsabilidade de interpretar o que a professora dizia de uma maneira que o garoto pudesse compreender melhor, ajudando-o em seu processo de inclusão no ambiente escolar. Esse contato com uma realidade diferente da sua, o fez perceber que a diferença não é tão grande quando estamos dispostos a entender e aceitar o outro. Quando vivemos tão cercados do afeto e do cuidado das pessoas que nos amam, pode ser difícil encarar o novo, sem a proteção a que estamos acostumados, temos o grande desafio de compreender que somos capazes de voar, confiantes de que teremos onde pousar. A insegurança perante o novo precisou ser encarada, e mais uma vez escrever foi uma forma de lidar com o medo que sentia. Viajar pela primeira vez com amigos, sem a presença dos pais, foi marcante. Superar o medo foi fundamental para se permitir viver esses momentos. E de repente lá está ele, na Choperia do Sesc Pompeia, assistindo um show, segurando um copo de cerveja, quando se dá conta de que era isso mesmo, se estava ali era porque cresceu. Podia estar, devia estar e merecia estar exatamente onde estava, naquele lugar que foi sua segunda casa, que conhecia desde menino, que foi palco de muitas de suas aventuras de garoto e também guardou segredo de suas descobertas da juventude, onde aprendeu, fez amigos, compartilhou muito de si mesmo. O sentimento era forte, era real, pela primeira vez disse a si mesmo: Eu cresci. E assim vieram outras viagens, novos trabalhos, o teatro, a faculdade de produção cultural, a entrevista de história de vida para o Museu da Pessoa... Sim. O menino da Rua Clélia cresceu.
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