Aurélio Osvaldo Silva
Aurélio Osvaldo Silva nasceu em 1959 e viveu toda sua vida em Imbituba.
Teve uma infância pobre, com pouco carinho dos pais. Começou a trabalhar logo cedo, aos 9 anos, e frequentou pouco a escola. Naquele tempo, existiam muitos castigos, tinha pouca merenda e raros eram os materiais escolares. Brinquedos ele mesmo fabricava, como perna de pau, pião, bilboquê. E adorava a lagoa e a pesca.
Lembrou de seu pai com orgulho, dele indo trabalhar na cerâmica. Para ir ao centro, ele usava uma bicicleta muito velha, os pneus eram cheios de trouxas de pano no lugar da câmara. Não se recorda de o pai ter faltado um dia sequer ao trabalho.
Quando adolescente, apaixonou-se por Tomázia e, para ficar com ela, teve que enfrentar seu pai, que era contra o namoro porque ela já tinha um filho. Ele até lhe ofereceu uma moto para que desistisse do chamego, mas ele não aceitou e acabaram se casando. Viveram muitos anos juntos, mas ela morreu jovem e deixou seu Aurélio com os filhos pequenos. Mais tarde, casou-se novamente, e vive com sua esposa até hoje.
Seu Aurélio contou sobre o boitatá, um monstro que vivia na lagoa e aparecia durante as noites de pescaria. Também teve um dia inesquecível, quando pescou um peixe chamado miraguaia, de 25 kg. Todos queriam comprar, porém ele não quis vender.
Seu Aurélio é um dos últimos artesãos que fabricam tarrafas, balaios e berimbaus, materiais utilizados para pesca artesanal. Diz que é triste ver os jovens desinteressados em aprender sobre os costumes antigos.
Ele ama tanto a pesca e a lagoa que, quando morrer, quer que sua alma fique lá para sempre.
Excerto editado a partir do texto coletivo dos alunos da professora Márcia Motta Costa dos Santos, da Emeb Hermínia de S. Marques.