Durante os dias de confinamento da pandemia em 2020, eu sonhei com a morte encarnada. Ela deveria buscar um ser de cada casa que visitava. Com tanto trabalho, ela me deixou responsável por embalar e nutrir seu bebê. Eu estava sentada de frente para aquele ser cujo gênero eu não pude descobrir. A Morte me entregou o bebê que parecia ter poucos dias de vida. Junto dele um vidro de uma sinergia de óleos. Com o líquido dourado, eu deveria ungir a criança que estaria protegida da colheita da sua progenitora. Eu, que nutria o bebê, achei justo me proteger com o mesmo óleo, mas não comentei com a Morte minhas intenções. Ela se levantou e deixou minha casa pela porta. Por alguns segundos, enquanto a morte fechava a porta, pude ver do lado de fora o caos alaranjado de casas sobrepostas que lamuriavam a visita que estava por vir.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Pesquiso histórias de Morte em diversas mitologias. Sinto uma atração pela ideia filosófica da Morte como transformação e o deixar -se ser afetado por outres. Foi um sonho/ pesadelo que me fez acordar com sentimento de proteção. Eu embalo o filho da Morte por buscar encontrar e contar suas histórias. Por isso, recebi dela a chance de ter mais tempo neste corpo, para contar mais de suas histórias. A louca! Hahahahaha