Meu nome completo é Paulo Sérgio Pavanelli Silva, nascido em 18 de março de 1969, em Bauru. Meu pai é Alair Fausto Silva, e minha mãe, em memória, Maria Aparecida Pavanelli Silva. Eu nasci no sítio, na escola agrícola do Instituto Penal Agrícola, porque meu pai trabalhava na portaria. O Instituto Penal Agrícola aqui de Bauru é um presídio, e a gente morava na colônia, dentro da própria penitenciária. É uma instituição de regime aberto, então os presos que iam pra lá eram pessoas com bom comportamento, não eram aqueles que ficavam presos mesmo, dentro de uma cadeia, em cela. E era bem bacana, um lugar bem natural, tudo natural: leite, fruta à vontade, verdura. Então, bem legal. Saudades, viu? E eram nove irmãos, três mulheres e seis homens.
A colônia era uma comunidade. Tinha mais de 20 famílias, 20 casas, e a gente se divertia pra caramba, porque tinha cavalo, criação de galinha, eu criava passarinho, andava a cavalo, pescava. Era bem natural, mesmo, e raramente o pessoal ficava doente. A escola, inclusive, até a oitava série era lá no IPA, pois os professores vinham da cidade. Aí, no segundo grau, o ônibus vinha pra buscar pra levar os alunos na escola da cidade.
Depois que eu saí do IPA, a gente veio morar no Beija Flor, que é outro bairro, onde o meu irmão mais velho dos homens comprou uma casa. Nesse intervalo, eu entrei nesse programa habitacional, pra comprar a casa que eu tenho hoje. Na verdade, eu dei pra minha mãe, mas ela não chegou a aproveitar, porque ela teve um câncer e faleceu. Aí eu fiquei morando com meu pai, e veio a necessidade de trabalhar mais - eu larguei um pouco o estudo pra ajudar em casa. Meu primeiro emprego foi como jornaleiro. E depois disso, fui trabalhar como pacoteiro na Rede Santo Antônio de Supermercados, onde eu subi de cargo, passei de pacoteiro pra repositor e fui até coordenador de loja. E depois disso aí, eu fui pro comércio central, mesmo. Eu fui trabalhar...
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Meu nome completo é Paulo Sérgio Pavanelli Silva, nascido em 18 de março de 1969, em Bauru. Meu pai é Alair Fausto Silva, e minha mãe, em memória, Maria Aparecida Pavanelli Silva. Eu nasci no sítio, na escola agrícola do Instituto Penal Agrícola, porque meu pai trabalhava na portaria. O Instituto Penal Agrícola aqui de Bauru é um presídio, e a gente morava na colônia, dentro da própria penitenciária. É uma instituição de regime aberto, então os presos que iam pra lá eram pessoas com bom comportamento, não eram aqueles que ficavam presos mesmo, dentro de uma cadeia, em cela. E era bem bacana, um lugar bem natural, tudo natural: leite, fruta à vontade, verdura. Então, bem legal. Saudades, viu? E eram nove irmãos, três mulheres e seis homens.
A colônia era uma comunidade. Tinha mais de 20 famílias, 20 casas, e a gente se divertia pra caramba, porque tinha cavalo, criação de galinha, eu criava passarinho, andava a cavalo, pescava. Era bem natural, mesmo, e raramente o pessoal ficava doente. A escola, inclusive, até a oitava série era lá no IPA, pois os professores vinham da cidade. Aí, no segundo grau, o ônibus vinha pra buscar pra levar os alunos na escola da cidade.
Depois que eu saí do IPA, a gente veio morar no Beija Flor, que é outro bairro, onde o meu irmão mais velho dos homens comprou uma casa. Nesse intervalo, eu entrei nesse programa habitacional, pra comprar a casa que eu tenho hoje. Na verdade, eu dei pra minha mãe, mas ela não chegou a aproveitar, porque ela teve um câncer e faleceu. Aí eu fiquei morando com meu pai, e veio a necessidade de trabalhar mais - eu larguei um pouco o estudo pra ajudar em casa. Meu primeiro emprego foi como jornaleiro. E depois disso, fui trabalhar como pacoteiro na Rede Santo Antônio de Supermercados, onde eu subi de cargo, passei de pacoteiro pra repositor e fui até coordenador de loja. E depois disso aí, eu fui pro comércio central, mesmo. Eu fui trabalhar numa loja de disco, na Flash Back, porque eu sempre gostei de música. Nem tinha intenção de ser DJ, como eu sou hoje, mas sempre gostei de música.
Naquela época, meados dos anos 1990, pra você ir numa casa noturna, tinha que ter acima de 18 anos. Na verdade, 21 anos. E você tinha que levar documento. Eu ficava torcendo pra fazer 21 anos. Aí eu comecei a comprar e montar minha coleção também. Tinha a casa noturna principal da época, na Avenida Rodrigues Alves, que se chamava Flash Dance. E essa casa noturna tinha um DJ, o Alfredo, e eu queria saber como funcionava. Naquela época não existia nada digital, só vinil mesmo, os bolachões, os techniques, no caso, consagrados. Fui pegando os macetes e acabei também entrando nesse mercado, comprei os meus techniques.
Então, tocava com toca-discos, tinha dois tape decks do meu lado. Só que Bauru ficou um espaço muito apertado pra mim, e eu comecei a tocar na região. Toquei em Iacanga, Cafelândia, Reginópolis, Avaí, Duartina, Cabrália Paulista, toda a região. Jaú foi a maior casa noturna em que eu toquei.
Além do trabalho de DJ, eu saí da loja de discos e montei o meu próprio comércio. Eu tinha ido trabalhar numa loja de tintas - era entregador, depois passei pra cobrador. Só que eu sempre tive vontade de ter a minha loja, porque eu vi que em Bauru tinha uma lacuna, que era atender os profissionais da música, os DJs, locadores de som e tudo o mais, e não tinha em Bauru. Eu estava namorando um ponto ali perto da própria NeiCar Tintas mesmo, pois já sabia que haveria um projeto futuro pra região, que hoje é o Poupatempo, e logo em seguida, ali do lado, na Marcondes Salgado, ia ser o shopping. Então, a área acabou ficando valorizada, assim. Era um brechó. Eu passava naquele brechó, olhava e falava: “Será que essa mulher não vai sair um dia daí, não?” Aí, um final de semana, eu passei e vi a mulher tirando as coisas do prédio. Aí eu descobri a imobiliária.
Eu abri a loja, como assistência técnica. Só que eu vi que tinha mais um espaço, então eu aproveitei a oficina e coloquei venda de som, microfone, mexia com televisão, controle remoto, amplificadores, iluminação pra DJs. Nessa época, eu fazia festa particular, já não era mais DJ de festa aberta. Era festa particular, casamento, 15 anos, eventos corporativos, empresariais e tudo o mais. E não tinha tanto DJ nessa época, em Bauru. Mas agora, só toco quando me contratam e falam: “A gente vai contratar o Pava, porque a festa nossa vai ser só flash back”. Se não for isso, eu não vou pra tocar. Eu não conheço pagode, funk, sertanejo, eu não sei nada do que está tocando hoje. Eu me dedico 99% a flash back, mesmo, de conhecer a música raiz, cantores americanos, tipo a linha da disco, mesmo, dos anos 70, que eu gosto muito, anos 80 também. Anos 70 você pode pegar Jimmy Bo Horne, KC and the Sunshine Band, Earth, Wind & Fire. Anos oitenta, basicamente tudo, desde A-ha, Cyndi Lauper, Information Society. Technotronic, até Kraftwerk eu gosto.
Teve bastante mudança, a loja foi crescendo, eu fui acrescentando outras coisas. Aí eu fui trabalhar com trabalho de novos e seminovos e a parte de equipamento vintage também, antigos, restauração. Todo dia passa gente na minha loja pedindo toca-discos. O pessoal pede até hoje, três em um, receiver, amplificador antigo. Então, cresceu essa procura, e eu também comecei a dar manutenção nisso aí.
O meu projeto principal, antes da pandemia, foi este de música antiga, o Só Kakarecos. Basicamente, essas famílias, amigos meus, acabaram casando, mas essas pessoas me conheciam e gostavam de música antiga. E eu acabei criando uma legião de seguidores hoje em redes sociais. Eles conheciam meu trabalho, e um dia um amigo meu falou: “Vou fazer uma festa flash back no salão da frente da Associação dos Cabos e Soldados, que é um salão de festa mesmo; você não quer tocar lá comigo?” “Ué, pagando meu cachê, acabou, não tem problema nenhum”. Cara, foi uma surpresa! A gente fez uma primeira festa, deu 280 pessoas. Na segunda, já deu mais de 300. Só que o local não comportava mais. O presidente da associação era o Roberto, e a gente chegou nele e falou: “Roberto, o local já não comporta mais”. A última festa que a gente fez, usamos até o estacionamento da associação. Aquela noite, a gente colocou 480 pessoas. Ele teve que abrir as portas de segurança, teve que abrir tudo. E dali em diante, o ginásio não serve mais pra gente. A gente precisa de dois ginásios de esporte pra fazer os eventos.
E o pessoal dança! Vixe! Antes da pandemia, uma sexta-feira antes da festa, lá na associação a gente fazia o ensaio. O pessoal ia lá no salãozinho de festa, lotava também, e ia aprender passinho, coreografia das músicas. É muito legal.
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