Plano Anual de Atividades 2013
Projeto Nestlé - Ouvir o outro compartilhando valores – Pronac 128976
Depoimento de Luis Fernando Corrêa
Entrevistado por Tereza Ruiz
São José do Rio Pardo, 27/08/14
Realização Museu da Pessoa
Entrevista NCV_HV_56
Transcrito por Ana Carolina Ruiz
P/1 – Primeiro eu vou pedir pra você dizer pra gente o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – É Luis Fernando Corrêa. Nascido um de março de 1966 no município de Divinolândia.
P/1 – Agora o nome completo dos seus pais, o pai e a mãe, e se você lembrar a data e o local de nascimento também. Se não lembrar não precisa.
R – Deles?
P/1 – Deles. É.
R – Luzia Crivelari Corrêa, que é minha mãe e Francisco Antônio Corrêa Neto, o meu pai. São nascidos no Palmeirão. Nascido em Palmeirão.
P/1 – Os dois?
R – É. Minas Gerais.
P/1 – E o que os seus pais faziam, Luis, profissionalmente?
R – Meu pai era agricultor também. E minha mãe era funcionária pública do estado.
P/1 – Ela era...
R – Faxineira. Só que ela era funcionária do estado lá da escola do Campestrinho.
P/1 – Onde na escola?
R – No Campestrinho mesmo. Perto da minha casa era. Trabalhou 20 anos na escola, ela trabalhou.
P/1 – E o teu pai era agricultor, você falou, e ele cultivava o quê?
R – Batata também. Batata que ele mexia.
P/1 – E a propriedade ela dele mesmo, era da sua família ou ele trabalhava na propriedade de outras pessoas?
R – Não. Era dele. Um sitiozinho pequeno de um alqueire e meio que ele tinha. Um alqueire e meio de terra que ele tinha que ele plantava.
P/1 – E onde que era esse sítio?
R – Lá do Campestrinho mesmo. Município de Divinolândia.
P/1 – Tinha um nome o sítio dele?
R – É sítio Campestrinho. Chamava na época.
P/1 – É o bairro e o nome do sítio também, é isso?
R – É. Isso. Sítio Campestrinho era.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho. São mais três irmãos.
P/1 – Como que é...
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Projeto Nestlé - Ouvir o outro compartilhando valores – Pronac 128976
Depoimento de Luis Fernando Corrêa
Entrevistado por Tereza Ruiz
São José do Rio Pardo, 27/08/14
Realização Museu da Pessoa
Entrevista NCV_HV_56
Transcrito por Ana Carolina Ruiz
P/1 – Primeiro eu vou pedir pra você dizer pra gente o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – É Luis Fernando Corrêa. Nascido um de março de 1966 no município de Divinolândia.
P/1 – Agora o nome completo dos seus pais, o pai e a mãe, e se você lembrar a data e o local de nascimento também. Se não lembrar não precisa.
R – Deles?
P/1 – Deles. É.
R – Luzia Crivelari Corrêa, que é minha mãe e Francisco Antônio Corrêa Neto, o meu pai. São nascidos no Palmeirão. Nascido em Palmeirão.
P/1 – Os dois?
R – É. Minas Gerais.
P/1 – E o que os seus pais faziam, Luis, profissionalmente?
R – Meu pai era agricultor também. E minha mãe era funcionária pública do estado.
P/1 – Ela era...
R – Faxineira. Só que ela era funcionária do estado lá da escola do Campestrinho.
P/1 – Onde na escola?
R – No Campestrinho mesmo. Perto da minha casa era. Trabalhou 20 anos na escola, ela trabalhou.
P/1 – E o teu pai era agricultor, você falou, e ele cultivava o quê?
R – Batata também. Batata que ele mexia.
P/1 – E a propriedade ela dele mesmo, era da sua família ou ele trabalhava na propriedade de outras pessoas?
R – Não. Era dele. Um sitiozinho pequeno de um alqueire e meio que ele tinha. Um alqueire e meio de terra que ele tinha que ele plantava.
P/1 – E onde que era esse sítio?
R – Lá do Campestrinho mesmo. Município de Divinolândia.
P/1 – Tinha um nome o sítio dele?
R – É sítio Campestrinho. Chamava na época.
P/1 – É o bairro e o nome do sítio também, é isso?
R – É. Isso. Sítio Campestrinho era.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho. São mais três irmãos.
P/1 – Como que é o nome dos seus irmãos e o que eles fazem?
R – A mais velha é Maria Tereza Corrêa. Ela é casada. E tem o José Carlos Corrêa, tem Francisco Antônio Corrêa também.
P/1 – E os seus irmãos trabalham também como agricultores?
R – Agricultores também.
P/1 – Também com batata?
R – Com batata também. Mexe com batata também.
P/1 – Descreve um pouco pra gente assim como é que eram os seus pais, seu pai e sua mãe, de jeito, personalidade. Como é que eles eram como pessoas?
R – Então, o meu pai praticamente eu não conheci, porque quando eu tinha um ano e dez meses ele morreu. Morreu com 39 anos de idade, então eu não tive contato com ele. Eu o conheço praticamente pela foto. Não tive nenhuma intimidade com ele, nada.
P/1 – Morreu jovem, né?
R – Jovem. Então pra mim fez uma falta grande nessa época.
P/1 – Claro.
R – E minha mãe que foi que cuidou de nós praticamente, porque ela trabalhava ali na escola, ela sustentava todos nós.
P/1 – Teu pai morreu de doença, foi isso?
R – Infarto. Parada cardíaca na época. Foi em 1967, naquela época não existia uma medicina praticamente compatível com hoje, então foi fatal na época esse infarto. Quem era a mais velha é a minha irmã que tinha 14 anos, era tudo criança praticamente na época. Então foi onde que a minha mãe que cuidou de nós, sozinha praticamente cuidou. Nós fomos nos formar praticamente.
P/1 – Ela que segurou a família?
R – Segurou.
P/1 – E como é que a sua mãe era assim de temperamento? Como é que ela era como pessoa?
R – Praticamente ela era uma pessoa muito rígida na época, porque ela foi pai e mãe pra nós na época. Então ela tinha pulso firme pra controlar as coisas. Ela pra nós tinha horário para nós sairmos de casa, tinha horário pra voltar. Então não é igual hoje você chegava e saía, voltava, chegava a hora que queria, não. Ela tinha norma e eu era mais novo, então na época os meus irmãos já tinham... A diferença do outro que é acima de mim são oito anos de diferença. Eu lembro na época ainda ela chegar e ainda falar pros meus irmãos, pros outros dois, se chegava... O horário dela era dez horas da noite. Se chegava o primeiro dez horas falava: “Cadê o outro?”. Não chegou, tinha que ir atrás buscar onde estava, se estava no bar, se estava num baile, se tava no forró tinha que buscá-lo e trazer. Era dez horas o horário, pra ela era dez horas, não passava das dez horas. Então tinha essa norma com ela, então ela era uma pessoa rígida só que graças a Deus ela trabalhou na escola 20 anos ali, praticamente tinha amizade com todos os alunos, com todo mundo, todo mundo gostava dela na época que eu participei ali dentro da escola também tudo ali. Ela tinha coisa rígida, só que era respeitada, respeitada ali também era.
P/1 – Qual que era o nome da escola?
R – Escola Estadual Germinal Ferrari. Escola Estadual Germinal Ferrari. É.
P/1 – Essa escola foi a primeira escola que o senhor estudou?
R – Foi.
P/1 – Quais são assim as primeiras lembranças que o senhor tem da escola?
R – Ah, ali foi boa na época, viu? Que eu estudei praticamente oito anos ali. Do primeiro grau fiz tudo ali, da primeira série até a oitava série, foi tudo ali naquela escola que eu estudei.
P/1 – Era bem perto da sua casa?
R – Era. Terceira casa perto da escola. Então fui criado praticamente dentro da escola ali, né? Dentro da escola fui criado ali.
P/1 – E como é que era a escola? Era uma escola grande, pequena? Como é que era assim?
R – Era uma escola grande. Era grande, era uma escola estadual. Agora, hoje ela é municipal. Tive uns eventos, umas coisas lá, passaram pra municipal. A escola era estadual na época. Na época tinha dentista, tinha tudo nessa escola, pelo ano dela era uma escola muito boa. Foi.
P/1 – E o senhor convivia com a sua mãe dentro da escola também?
R – Convivia. Desde criança convivia e quem cuidou mais de mim foi a minha irmã mais velha que tinha 14 anos na época. Ela que cuidou mais, o tempo que eu não estava na escola, que eu era pequeno, eu tava com ela na minha casa que é perto da escola.
P/1 – Você não tinha avós próximos?
R – Não. Não morava lá. Que eu tinha da parte do meu pai já tinham morrido os dois. Quando eu era pequeno nem cheguei conhecimento com eles. Morreram os dois que eu nem tive conhecimento, nem conheci nenhum. Eu conheci só a minha vó na parte da minha mãe, nem meu vô da parte da minha mãe eu não tive conhecimento também.
P/1 – E tua vó da parte da sua mãe morava perto ou não?
R – Não. Morava em Poços de Caldas, 15 quilômetros de distância. Então só tinha contato com ela mais final de semana só, meio de semana eu já não tinha contato com ela.
P/1 – No dia a dia eram só vocês mesmo.
R – Só nós ali mesmo. E na época começaram meus irmãos a trabalharem também, criança ainda começou labutar também que foi levando a vida até. Conseguia dar a volta por cima, né?
P/1 – Você sabe qual que é a origem da sua família, Luís? De onde que eles vieram, seus antepassados?
R – Olha, que eu tive, puxei isso daí pra ver passaporte, essas coisas, do Crivelari que é a parte da minha mãe veio da Itália. Italiano. E dos Corrêa que veio de Portugal.
P/1 – E você sabe por que eles vieram pro Brasil?
R – Não. Isso daí não tenho conhecimento, não. Isso daí eu nem tenho conhecimento.
P/1 – E nessa fase de infância assim quando você era pequeno ainda quais que eram as brincadeiras? Do que você brincava? Com quem você brincava?
R – Nós jogávamos muito futebol ali na escola, que tinha muito contato ali, então mais era um futebol que nós jogávamos na escola ali. Era perto, tudo, tinha um campo no Campestrinho ali quando passei já pra estudar. Fazia Educação Física, a Educação Física que nós tínhamos era o futebol que nós tínhamos que jogar, que não tinha outra prática pra fazer lá na escola, não tinha espaço pra fazer.
P/1 – Era sua brincadeira favorita?
R – Era a favorita. Era o futebol.
P/1 – E brinquedo você tinha?
R – Tinha. Tinha algum brinquedo. Nessa parte eu não posso reclamar da minha mãe, dos meus irmãos.
P/1 – O que você tinha de brinquedo?
R – Tinha esses carrinhos, coisa que eles vinham, uma bicicleta. Sempre isso aí eu tive, isso daí eles me deram, não posso falar que eu não tive, não, que eu tive isso aí.
P/1 – E você falou que a preferida era futebol, né? Você torce pra algum time?
R – São Paulo.
P/1 – E você lembra quando é que você se tornou são-paulino?
R – Desde moleque. Desde moleque eu lembro que gostava de assistir ao jogo do São Paulo.
P/1 – Não lembra assim qual que foi o momento que você decidiu pra que time que você ia torcer?
R – Não. Nesse momento eu não lembro, não.
P/1 – Desde que você lembra você é são-paulino?
R – É. Parece que desde o momento que eu “coisei” foi o São Paulo.
P/1 – E você tem um jogador preferido ou um ídolo assim no futebol?
R – Não. Isso daí não tenho. Isso aí tem os momentos que você destaca mais.
P/1 – Conta um pouquinho pra gente como é que era a sua casa quando você era pequeno. Descreve pra gente assim como é que era a casa, como é que era o bairro que você vivia.
R – Então, no bairro que eu moro no Campestrinho praticamente não existia nem asfalto. Para acesso pra Divinolândia que são 15 quilômetros e Poços de Caldas também são 15 quilômetros de distância não existia asfalto, era tudo estrada de terra. Eu lembro quando eu era moleque ainda, meus irmãos mesmo, o que eles brincavam era de que eles falavam biscoitinho queimado, pique esconde, essas coisas que eles brincavam porque não tinha, não existia televisão. No bairro não existia televisão na época ainda. Nem televisão existia. Eu lembro que as brincadeiras que tinha eram essas daí, do povo. E quando surgiu a primeira televisão no Campestrinho até minha mãe era do tio dela, desse senhor. Ia na casa dele, assistia novelinha, que assistia. Então você vê, uma primeira televisão que foi pra lá foi para nós coisa do outro mundo, né?
P/1 – Você lembra a primeira vez que você viu televisão?
R – Eu lembro.
P/1 – Como é que foi?
R – Aquela televisão branca e preto, aquilo tudo tremendo, né? Era a TV Tupi ainda, começou a pegar no Campestrinho, pegava na época ainda. Lembro-me da Copa de 74 que eu era moleque na época ainda, assistindo aquilo lá, o povo assistindo, a gente começando a querer entender as coisas e não entendia nada ainda na época com oito anos de idade. Praticamente não entendia nada de futebol, né? Você olhava na televisão pra ver aquilo lá, mas não entendia nada praticamente.
P/1 – E como é que era? As pessoas se reuniam pra ver televisão? Como é que era?
R – Reunia.
P/1 – Quem que ia?
R – Ia minha mãe, meus irmãos. Tinha esses que são vizinhos lá, aquela televisão que tinha no bairro do Santa Casa, a maior parte ia só pra assistir ali, não tinha outra. Aí depois que a minha mãe comprou uma televisão também, colocou em casa. Mas era uma televisão difícil de pegar na época.
P/1 – E que programas vocês viam? Além do futebol o que mais você assistia na televisão nessa época?
R – Ah, era a TV Tupi ali, tinha aquelas coisas. Não lembro no momento o que passava, aquelas coisas lá. Era umas novelinhas que passavam, aquelas coisas, né?
P/1 – A novela você não lembra qual era, não?
R – Não lembro o nome mais, não. Eu já há muitos anos não tenho lembrança dos nomes das novelas. Mas uma coisa que começou ali, nós fomos os primeiros.
P/1 – E a casa? Como é que era a sua casa?
R – A casa nossa era casa simples de tudo. Você vê, uma casa que não tinha chuveiro, não tinha uma laje, não tinha um forro, era só telhado mesmo. A casa simples, de cimento simples, chão de piso simples, aquele vermelhão que passava no chão. Não tinha banheiro, banheiro era uma fossa furada fora de casa. Não tinha acesso dentro de casa. Tinha força já, mas só que não tinha nem chuveiro, não existia pra nós ali ainda isso.
P/1 – Como é que vocês tomavam banho?
R – É na bacia, né? Esquentava água na panela e colocava na bacia pra tomar banho. Era assim que ficava.
P/1 – E alimentação na sua casa, Luís? Quem que cozinhava e o que vocês comiam?
R – Quem fazia o almoço e a janta era a minha mãe. Minha mãe que fazia tudo isso daí. Fazia um arrozinho, um feijão. Na época não tinha dinheiro pra fazer uma coisa ou um... O que eu falo hoje pros meus filhos, hoje você come uma carne, todo dia que você pensar você come uma carne, naqueles anos não. Chegava uma festa aí que era Páscoa, Domingo de Páscoa, Natal, final de ano, aí que você tinha um frango, você tinha um cortinho de leitoa que você comia, você bebia um refrigerante. Não existia isso. Hoje não, hoje você pensa numa carne, você vai lá ao açougue e você compra. Não tinha isso daí. Então não pode reclamar, não, porque ainda sobrevivemos tudo desse jeito, mas graças a Deus...
P/1 – Vocês comiam... Você lembra como é que eram os momentos das refeições assim? Vocês comiam juntos? Tinha esse hábito da família comer junto?
R – Tinha. Os outros faziam ali, ficava pronto, minha mãe chamava, “vamos jantar”, “vamos almoçar”. Tinha um arroz, o feijão, a batata, uma cebola, fazia tudo, esses momentos fazia isso. Nunca faltou nada de alimentação pra nós, graças a Deus, nesse momento.
P/1 – E comia todo mundo junto?
R – Todo mundo junto.
P/1 – E você falou dos Natais, né? Como é que eram os Natais na sua casa na sua infância, na adolescência?
R – Isso aí era... Não uma festa, igual praticamente hoje. Fazia uma festinha, chamava... Que nem quando o meu pai morreu, ele foi chamar a minha vó, minhas tias para passarem o dia de ano, que era o Ano Novo. Quando foi no ano novo eles praticamente foram passar velando-o. São uns momentos que você não... O final de ano pra nós era triste, principalmente pra minha mãe.
P/1 – Bem no final do ano que ele faleceu?
R – Final do ano. É, que ele faleceu dia 30 de dezembro. Então é uma data que a minha mãe não gostava praticamente, dessa data.
P/1 – Você se lembra do falecimento dele, Luís? Você tem alguma memória?
R – Não. Não tenho que eu tinha um ano e dez meses na época. Não tenho lembrança nenhuma. Eu tenho lembrança só da minha mãe quando ela faleceu. Só da minha mãe que quando eu tinha 17 anos minha mãe faleceu também.
P/1 – Ela morreu jovem também então?
R – Com 49. 49 anos.
P/1 – Ela adoeceu, foi isso?
R – Dela veio também de um problema acho que era enfisema pulmonar, só que nunca fumou, nunca bebeu. Eu até comento dentro da minha casa, falo pra eles, se deu isso daí nela que foi comprovado, tudo, os médicos alegaram que era enfisema pulmonar. Na época, ainda falo pra eles, que não existia força praticamente, força nossa era muito frágil na época, energia. Eu falo pra eles, é fogão de lenha, que era fogão a lenha, não existia fogão a gás, ou a própria lamparina que era querosene. Que eu falo que pode ter dado enfisema pulmonar pode até ser isso, que causou isso, porque nunca colocou um cigarro na boca praticamente. E nem o meu pai nunca fumou dentro de casa, eles comentavam, que eu não conheci. Então são umas coisas que você não sabe a verdade, né, que pode ser, que não pode.
P/1 – E nessa época assim de infância, além de estudar você ajudava em alguma coisa assim dentro de casa ou no trabalho na roça?
R – Ajudava. Ajudava em casa a minha mãe.
P/1 – Que atividade...
R – Sempre eu limpava, fazia limpeza pra ela na casa, que ela trabalhava na escola. Quando eu chegava, era perto ali eu chegava e fazia uma limpeza na casa pra ela, eu lavava a louça, deixava as coisas mais organizadas pra ela, né? Que ela trabalhava das sete da manhã às cinco da tarde, quando era só o primário na escola. Foi quando começou o primeiro grau que foi até a oitava série, aí ela mudou o horário, ela entrava meio dia, saía às nove da noite. Aí já mudou o horário pra ela trabalhar também.
P/1 – E vocês continuam, depois que o seu pai faleceu, vocês continuaram tendo esse sítio?
R – Teve esse pedacinho até uma época, depois eles venderem. Eu era pequeno ainda eles venderam esse pedacinho de terra.
P/1 – Aí ficaram só com a casa na cidade?
R – Só com a casa. Só com a casa do bairro. Venderam o sítio que a situação era complicada, né? Pra poder conseguir se manter.
P/1 – E além do Natal, Luís, você lembra se na época na cidade, no seu bairro tinha outras festas assim típicas? Festa da igreja, quermesse.
R – Tinha. Na igreja lá tinha festa, essas quermesses tinha. Eu lembro na época era umas festas, eram dois finais de semana.
P/1 – E como é que era?
R – Era umas festas muito o povo muito unido da época, né? Uma festa com muita gente, muito boas as festas eram. Hoje já não tem mais.
P/1 – Você lembra como é que era organizada essas festas? O que comia, como é que enfeitava, quem participava, se tocava alguma música?
R – Então, na época ali no Campestrinho a igreja católica não era paróquia, na época descia pra Divinolândia. Então ali era uma comunidade separada, só que tinha música, na época muita leitoa, frango, o povo da roça, o povo tudo tinha isso daí, doava pra fazer essas festas, fazer os leilões, gado, leilão de gado, tudo. Hoje praticamente já não tem mais isso. Já acabou tudo isso daí também na região nossa lá.
P/1 – E enfeitava assim a comunidade? Enfeitava na época da festa junina?
R – Na festa junina até que não. Não era na festa junina. Era só na quermesse mesmo que era a data lá que era de Nossa Senhora, que era sempre em outubro. Era onde que tinha mais... Enfeitava, fazia procissão com a Nossa Senhora, tudo. Só que hoje só tem a procissão praticamente, não tem a festa mais que tinha.
P/1 – E quando você era pequeno, Luís, você lembra se você queria ser alguma coisa quando crescesse assim? Se você falava: “Quero ser tal coisa quando crescer”? Você tinha isso quando criança?
R – Ah, quando criança sim. Depois quando minha mãe morreu que foi aquele choque, né? Que eu tive oportunidade de sair dali e estudar fora, eu não tive cabeça no momento pra sair. Não tive.
P/1 – Quando criança você falava que queria ser o quê?
R – Eu pensava muito em ser motorista (risos). Que eu pensava era nisso. Gostava de uma coisa, só que não tinha, né? Não tinha carro, não tinha nada, só que você via, a pessoa tinha, você “coisava”, você gostava daquilo. O duro que aí foi crescendo, foi mudando tudo as coisas. O destino é outro, né?
P/1 – Mas você tinha vontade de ser motorista quando era criança?
R – Tinha. Tinha vontade.
P/1 – Mas de caminhão assim, de carro?
R – É. Caminhão, carros. Ter uma carteira na mão pelo menos pra dirigir. Só que aí o destino vai mudando tudo o trajeto da gente, não sabe o que...
P/1 – E aí quando você ficou um pouquinho maior assim, saindo da infância na adolescência, mudou alguma coisa na sua vida em termos de amizade? Você saía pra se divertir em algum lugar? Como é que foi sua adolescência e sua juventude?
R – Nós saíamos.
P/1 – Pra onde você ia? O que você fazia pra se...
R – Nós íamos a Poços de Caldas. A gente saía final de semana, que é só final de semana, né? Saía pra dar umas voltas na cidade de Poços ali. O contato que nós tínhamos mais era ali só
P/1 – E aí fazia o que quando ia a Poços?
R – Dava umas voltas naquelas lanchonetes, naqueles lugares ali só na praça. Eram os locais que nós tínhamos ali.
P/1 – Tinha assim sair pra dançar? Tinha festa, baile?
R – Tinha.
P/1 – E aí onde que era?
R – Mais em Poços. No Campestrinho tinha também. No Campestrinho, nos bairros perto ali de Campestrinho também tinha. Então sempre que tinha final de semana a gente saía naqueles lugares ali.
P/1 – E aí como é que eram os bailes na época?
R – Ah, era movimentado, viu? Era uns bailes movimentados, muita gente, tudo. Hoje praticamente não tem mais. No Campestrinho mesmo não tem mais.
P/1 – E o que tocava de música na época, você lembra?
R – Tudo quando é música que você pensar. Tocava forró, tudo essas tocava. E começava, né? Ia até quatro, três, quatro horas da manhã a hora que tava acabando esses forrós.
P/1 – E você gostava de ouvir música?
R – Eu gostava.
P/1 – Você tinha algum grupo, algum cantor preferido?
R – Não. Até que não tinha tanta coisa... Gostava de vários ali, música na época.
P/1 – E nessa época você só estudava, Luís, ou você trabalhava já também?
R – Eu comecei a trabalhar com 14 anos na roça.
P/1 – Qual que foi o seu primeiro emprego?
R – Não, trabalhava na roça também, né? Eu e meus irmãos nós já começamos a plantar, mexer com lavoura. Eles começaram a plantar, eu comecei junto com eles também.
P/1 – Onde que eles começaram a plantar?
R – Lá no Campestrinho mesmo.
P/1 – Aí era terra de vocês?
R – Não. Era uma parceria que fez com um sitiante lá que tinha um sítio, nós fazíamos uma parceria com ele. Nós trabalhamos nesse sítio desde 78 até 83. Foram cinco anos lá nesse sítio. Depois começamos a trabalhar por conta própria nós três juntos.
P/1 – E nesse sítio, nesse primeiro sítio você ganhava um salário?
R – Não ali nós trabalhávamos em parceria, né, que nós tínhamos com ele. Então era repartido meio a meio, tipo uma meia, meeiro a gente falava. Ali chegava no final da colheita aí via o que sobrava, a parte do proprietário e a parte nossa. Era tudo junto, ficava de família mesmo ali, entre eu, os meus outros dois irmãos e minha mãe que trabalhava na escola ainda na época, até 83. Foi em 83 quando ela veio a falecer também.
P/1 – Então esse primeiro trabalho seu o que vocês tinham de lucro levava pra dentro de casa, é isso?
R – Dentro de casa. Era tudo dentro de casa. Era tudo dentro de casa, era levado.
P/1 – E aí em 83 foi que sua mãe faleceu, você tava com 17 anos, é isso?
R – Dezessete anos.
P/1 – E aí como é que foi esse momento?
R – Então, eu tinha parado de estudar que com 14 anos eu já tirei o primeiro grau, já tinha parado de estudar, estava só trabalhando na roça. Aí o advogado na época olhou pra mim e falou assim: “Quer ir pra Ribeirão? Você estuda lá, você faz tudo lá.” “Não. Não quero ir”. Foi onde eu parei de vez mesmo, não quis voltar a estudar mais e continuei na roça mesmo.
P/1 – Esse advogado, quem que era esse advogado?
R – Era lá de Divinolândia.
R – Mas por que foi ele que veio te dizer se você queria ir ou não? Por que ele ficou responsável pela guarda? Como é que foi isso?
R – É. Porque meu irmão que assinou por mim, né? E ele, por causa de eu ser menor e porque minha mãe era registrada pelo estado, eu tinha o direito de voltar a estudar até 21 anos, até a maioridade. Eu falei: “Não. Não quero ir no momento”. E parei mesmo de estudar, não voltei pro estudo mais.
P/1 – E você lembra na época por que você não quis?
R – Uma que pra você sair de um bairro pequeno e ir pra uma cidade grande igual Ribeirão Preto sem ter conhecimento de nada, então você sai perdido, né? Você não tem noção do que vai se passar, você assusta no momento. Foi onde eu falei: “Não, vou ficar na roça mesmo”. E na época foi quando a minha mãe, ainda conto até pra eles dentro de casa, nesse dia que ela pegou ainda e ficou... Que ela ficou três meses afastada da escola porque ela tava doente, aí quando ela volteu nós falamos ainda: “Não. A senhora não vai voltar a trabalhar mais, não.” “Não, eu já acostumei a trabalhar. Não quero ficar em casa”. Porque era perto também o serviço, né? Nesse dia ela pegou, ainda falou pra mim, eu cheguei em casa 17 dias que eu tinha voltado a trabalhar, ela falou pra mim: “Luís, eu peguei umas moedas que tinha aí e mandei teu tio levar duas cartelinhas da loto pra fazer”, na época. Aí ela pegou, tudo bem, né, e ela fazia um joguinho de vez em quando, gostava de fazer, no Campestrinho não tinha casa lotérica, Divinolândia não tinha, só Poços de Caldas e o meu tio morava lá, trabalhava na escola também. Aí ele levou essas cartelinhas, essas duas cartelinhas da loto que era antigamente, hoje é a quina que eles falam, e levou essas duas cartelas. Quando foi na... Isso daí era seis horas da tarde, quando foi seis e meia da tarde o meu irmão chegou a casa, esse que era casado, o Francisco, chegou a casa. Aí a gente não deixava ela sozinha mais, eu peguei: “Você vai ficar aí com a mãe, eu vou pegar e dar uma volta aqui no Campestrinho, já eu volto”. Tinha costume de ir numa venda que nós íamos lá, num botequinho pra comer um doce, essas coisas. Aí cheguei a casa oito e meia da noite, ele falou: “Ah, vou embora”. Foi embora. Os mais antigos tinham um ditado que café com manteiga cortava a tosse, ela deitou, falou: “Vou deitar”. Começou a tossir, ela falou pra mim: “Luís, dá um café com manteiga que eu to com muita tosse”, na época. Aí ela pegou, falou: “Luís, não tá passando a tosse, você podia me dar um AAS”, achando que era resfriado. Dei uma AAS pra ela pra ela, passaram mais uns 40 minutos ela começou a passar mal com falta de ar e tudo. Peguei, corri na casa do meu irmão, esse que era casado, o Francisco, ele falou: “Vamos levar pro hospital.” “A mãe não tá boa, tá com falta de ar”. O problema dela já era sério, nós sabíamos. Aí a internamos em Poços de Caldas dez horas da noite. Quando foi 11 e meia... Nós estávamos lá, o médico falou: “Vamos deixá-la em observação, deixar até amanhã aí que ela vai estar boa”. Quando nós estávamos fazendo a ficha na portaria para interná-la, aí já ligaram na portaria que era pra mudar a ficha que ela tava na UTI já. Nesse momento aí eu falei: “Vamos chamar o meu irmão, minha irmã tudo, chamá-los”. Nesse momento nós íamos saindo do hospital, vieram dois enfermeiros falando: “Não é pra vocês saírem, não, que os médicos querem conversar com vocês”. Nisso nós pegamos e voltamos pra dentro de uma sala lá perto da UTI, os médicos falaram: “Nós fizemos de tudo, mas não teve como fazer. Veio a falecer mesmo”. Aí quando foi no outro dia no velório meu tio falou: “Olha, tem duas cartelinhas da tua mãe que estão comigo”. Só eu, ela e o meu tio que sabia dessas duas cartelinhas. Aí ele pegou no outro dia no velório: “A cartela comigo lá em casa, amanhã eu levo pra vocês”. Quando foi no outro dia depois que foi sepultada tudo, na quinta-feira ele pegou, levou as duas cartelinhas e entregou pra nós. Quando foi na sexta nós fomos pra Campinas dar baixa nos papéis dela, que era funcionária pública não podia voltar mais as coisas. Ele pegou, chegamos à rodoviária em Campinas, nós estávamos de ônibus nós três, na hora que meu irmão entregou a cartela pra moça da casa lotérica ela pegou e falou: “Olha, deu o terno”. Eu olhei na cartela, olhei pra moça assim que nós estávamos tudo meio assustado, falei: “Não. Deu uma quadra”. Onde ela pegou, conferimos, tinha dado a quadra mesmo. A cartela que ela fez, depois que ela morreu que ela acertou esses quatro números na loto. Depois de morta. São umas coisas que ficaram marcadas pra vida nossa. Ontem ela teve internada, teve funeral, teve tudo. Ela praticamente deixou tudo pago pra nós, ela não deixou nem dívida praticamente. Ela deixou dinheiro na mão nossa, ainda deixou na época. Nós ainda conseguimos comprar um tratorzinho na época com o dinheiro que ela deixou ainda, pra dar um começo na vida nossa.
P/1 – Ajudou vocês a continuarem.
R – Pra dar o começo sem dívida ainda praticamente.
P/1 – E como é que foi, Luís, depois conseguir seguir a vida assim depois da morte da sua mãe? Aí você decidiu ficar, né? Você decidiu ficar em Divinópolis?
R – Aí ficamos no Campestrinho mesmo. Fiquei lá.
P/1 – E aí como é que você seguiu a vida profissional? Começou a trabalhar com os seus irmãos, foi isso?
R – Começamos nós três a trabalharmos juntos. O Francisco era casado, o Zé Carlos era solteiro, a minha irmã já era casada também, ficou morando eu e o Zé Carlos juntos. Quando foi em... Ela morreu em maio, quando foi dezembro ele casou. Aí eu morei dois... Quatro anos na casa dele junto com ele. Fiquei morando junto com ele também, só que nós começamos a plantar fora também aqui na Vargem Grande aqui, aí praticamente eu vinha pra cá, ficava a semana inteira, só de sábado e domingo que eu tava em casa também lá, na casa deles.
P/1 – E aí já era a terrinha de vocês?
R – Não. Era tudo terra arrendada.
P/1 – Tudo arrendada?
R – Tudo arrendada a terra era. Nós não tínhamos nem propriedade, só tinha a casa de morada só, que nós tínhamos na época.
P/1 – E como é que era o seu trabalho cotidiano nessa época?
R – Aquela vida era sofrida, era tudo braçal.
P/1 – Conta um pouco pra gente como é que é o dia a dia na roça.
R – Era tudo feito com animal, o sulcador não tinha tratorzinho, era só pra puxar um adubo, umas coisas só. Não tinha como trabalhar com trator, não tinha implemento praticamente naquela época pra trabalhar com maquinário. Era tudo manual. Era tudo manual as coisas. Pulverizar uma lavoura era manual, não tinha nada de trator. Aquelas bombas motorizadas antigamente que eu e o meu irmão mais velho trabalhávamos com essas bombas motorizadas pra pulverizar as lavouras.
P/1 – Como é que era? Vestia uma roupa especial e ia?
R – Não. Aquilo era... Não tinha nada disso. Era tudo simples, não tinha proteção, não tinha nada. Não tinha proteção nenhuma. Trabalhava de short no meio da lavoura pulverizando, camisa normal. Não tinha nada, não.
P/1 – E como que era o dia a dia assim, horário que se levantava até que horas você trabalhava? Qual que era o cotidiano de trabalho?
R – Ali levantar era cinco e meia da manhã. Quando era seis e meia, sete horas nós já estávamos no serviço. Aí ia até cinco horas da tarde, quatro e meia. Então é esse horário, até chegar em casa, então chegava em casa seis horas, seis e meia da tarde.
P/1 – E como é que você ia e voltava pro trabalho?
R – Quando nós estávamos aqui nós tínhamos um carro, um Fusca. Era o Fusquinha que nós tínhamos pra correr pra lá e pra cá no serviço que nós tínhamos. Não tinha outro meio de transporte.
P/1 – E era batata já nessa época?
R – Era batata. Desde 78 nós mexíamos com batata.
P/1 – E você e seus irmãos se sustentavam com esse trabalho?
R – É. Sustentava.
P/1 – Aí durante quantos anos vocês ficaram trabalhando?
R – Eu trabalhei 20 anos com eles. Eu trabalhei desde 78, foram 22 anos, até em 2000. Que quando foi em 87 eu casei.
P/1 – Conta então como é que você conheceu a sua esposa.
R – Foi lá no forró no Campestrinho mesmo que eu conheci minha esposa. Lá no Campestrinho. Ela tava lá, conheci, ela morava perto também lá, eram quatro quilômetros lá. Era o bairro Três Barras que ela morava no sítio que eles tinham lá. Meu sogro tinha um sítio, só que já são em 11 irmãos, eles são.
P/1 – Você lembra assim a primeira vez que você a viu?
R – Lembro. Foi uma vez no Campestrinho que nos encontramos no forró lá e começamos a conversar e ficamos a primeira vez lá. Namoramos dois anos e meio, conheci ela em 85, quando foi julho de 87 nós casamos, 25 de julho.
P/1 – Como é que foi o casamento de vocês?
R – Foi bom, viu? Foi bom o casamento. Não esqueço até hoje.
P/1 – Foi bom? Vocês casaram na igreja? Teve festa?
R – Tudo.
P/1 – Conta um pouco como é que foi.
R – Teve uma festa, fizemos uma festinha no barracão lá, fizemos uma festinha, tudo. Chamamos mesmo só praticamente os parentes, os mais chegados, os conhecidos, fizemos uma festinha. Casamos em Divinolândia, na matriz de Divinolândia foi o casamento. Depois a festa foi no Campestrinho, barracão que nós tínhamos lá, um barracãozinho que nós tínhamos.
P/1 – E foi bom?
R – Foi bom. Não posso reclamar, não. Foi companheira até hoje, falar pra você. Vinte e sete anos já.
P/1 – Vocês tiveram lua de mel?
R – Tivemos.
P/1 – Como é que foi a lua de mel?
R – Foi bom.
P/1 – Pra onde vocês foram? Vocês viajaram?
R – Fui pra Aparecida. Aparecida do Norte. Foi bom. Tenho três filhos também.
P/1 – Como é que é o nome dela, da sua esposa?
R – É Nilva. Nilva Balarin Corrêa.
P/1 – E os filhos vieram quanto tempo depois assim?
R – O primeiro filho meu veio dois anos depois, que é o Luís Ricardo.
P/1 – E como é que foi assim? Você lembra quando ela te deu a notícia que tava grávida? Como é que foi?
R – Eu lembro.
P/1 – Como é que foi?
R – Uma emoção grande que é o primeiro filho, tudo. Depois de dois anos ainda, o nascimento dele, tudo. E hoje tá com 25 anos já.
P/1 – E a gravidez, como é que foi a gravidez dela?
R – Foi tranquila. Foi tranquila a gravidez, tudo, graças a Deus.
P/1 – Você acompanhou o parto?
R – Não. O parto eu não acompanhei no momento que eu tava... Foi internada pelo SUS, não podia ficar lá no hospital no parto. Depois que deram a notícia que tinha nascido.
P/1 – E você lembra a primeira vez que você viu seu filho assim, pegou no braço? Como é que foi? O que você sentiu?
R – Emoção muito grande, né? Agora tem ele e tem mais dois filhos. Tem um com 25 anos, tem outro com 21 e tem outro com 17 anos. O de 21 chama Jonathan e tem o Douglas com 17 anos agora, que faz agora dia 18 de setembro.
P/1 – E como é que foi ser pai, Luís? O que mudou na sua vida?
R – A responsabilidade é grande, né? Principalmente eu que não tive pai. Então você não sabe no momento se você tá certo ou se você não tá. Porque quando você tem um pai pra te apoiar antes é completamente diferente, você tem noção. Agora nós tivemos praticamente a mãe que foi pai e mãe pra nós. Tem certos momentos que você parava, você ficava pensando se você tá certo, se você não tá. Você fica meio difícil em certos momentos, porque quando você tem um pai pra apoiar praticamente é diferente.
P/1 – Seus filhos mais velhos já têm alguma profissão já ou ainda não?
R – O mais velho é bancário. Trabalha num banco lá. Estudou, fez Administração, tudo. O do meio tá estudando também, que é o Jonathan e tem o Douglas também que está estudando. E nós trabalhamos juntos na sociedade, eu tava falando pra vocês, os três irmãos trabalhamos até em 2000. Até praticamente o começo de 2000. Quando foi fevereiro de 2000 nós desmanchamos a sociedade.
P/1 – E aí o que você foi fazer?
R – Não tava dando certo a sociedade, porque nós éramos em três cabeças. Aí chegou num momento que eu não tava de acordo. Chegou num momento que nós estávamos aumentando cada vez mais cabeça, que aí vem filho, tudo no meio, cada vez aumentando. Eu falei: “Não tem como tocar”. Aí falei: “Vamos sair da sociedade que não tá dando certo”. Foi onde que depois de 20, pra mim 20 anos de serviço foi que eu saí, 22 anos praticamente sem noção de nada, eu falo pra você.
P/1 – Por que sem noção de nada?
R – Porque o que eu fiz em 22 anos eu perdi tudo. O que eu ganhei em 22 anos de sociedade eu saí sem nada praticamente, com três filhos pequenos dentro de casa. Que o Luís Ricardo tinha 11 anos, o Jonathan tinha sete e o Douglas tinha três anos. Minha mulher é doméstica, praticamente fica dentro de casa também cuidando dos filhos ali e eu na lavoura. Foi num momento, bem dizer, saí da sociedade, falei: “Pra mim acabou a sociedade, eu não vou continuar mais”. E saímos sem noção praticamente do que fazer. Eu não mexia com parte financeira, mais antigamente só na lavoura mesmo ali. Só mexia na roça mesmo, não tinha contato com comércio, com parte financeira nem nada e quando saímos, saímos sem noção do que podia acontecer. Eu falei: “Vamos começar tudo de novo”. E vamos começar tudo de novo, os moleques pequenos e vamos. Ainda não tinha dinheiro pra começar na época a pagar um empregado pra ajudar, que o meu cunhado começou a ajudar no começo, eu peguei e falei pra ele: “Não adianta. Para, procura outro serviço pra você que eu não tenho condição de pagar. Nós não temos dinheiro”. Porque na época que eu saí ainda o irmão da minha mulher que me emprestou 300 reais na época pra pegar e nós pagarmos a água, luz, telefone e fazer compra, porque nós não tínhamos. Porque eu não tive essa ajuda, da onde que nós éramos juntos em sociedade não tive esse apoio.
P/1 – Você saiu sem nada então mesmo.
R – Sem nada.
P/1 – E os seus irmão continuaram?
R – Eles continuaram.
P/1 – Foi só você que quis sair?
R – Eu que saí. Os dois continuaram juntos.
P/1 – E aí como é que você foi... Encontrou outro trabalho? Como é que foi isso?
R – Não. Voltei na própria lavoura de batata mesmo.
P/1 – Mas onde agora?
R – Aqui no Campestrinho mesmo.
P/1 – Em outra propriedade?
R – Arrendei, fui arrendatário de novo de outra propriedade e começamos a trabalhar. A primeira eu fui pro lado de Cabo Verde ali, que fomos pra lá. Até na época fui ao banco pra pegar um dinheiro. E hoje se você chegar, falar as coisas sem querer mentir não adianta. Que se eu chego no banco e falo pro gerente: “Preciso disso, preciso daquilo”. Eu vou falar mentira pra ele, ele já dava. Cheguei pra ele e falei : “Eu sou o endossante da sociedade, eu tenho financiamento no meu nome na sociedade”. Falei pro gerente na época, esse gerente da Nossa Caixa. Aí ele pegou já falou: “Luís Antônio, no teu nome não tem condições. Teu limite já não tem limite pra mais nada”, falou pra mim. Eu voltei dentro de casa e falei pra mulher e os filhos mais velhos: “Não tem onde nós começarmos. Estão fechadas as portas pra nós no momento”. Aí graças a Deus quando foi um dia até eu falei pra eles, por Deus mesmo, quando veio, vamos dizer, uma conversa. Eu dormindo, à noite veio aquela conversa e falou pra mim: “O nome da mulher não tem nada. Tá limpo o teu nome”. O nome dela. Foi onde eu disse pra ela: “Eu vou ao banco”. Nós tínhamos a casinha nossa de morada, era simples, e um Golzinho ano 90 que nós tínhamos. Não tinha mais nada, tinha praticamente nada, nem um centavo no bolso. Aí cheguei ao banco, conversei com o gerente, falei: “Tenho a casinha minha, todas as coisas”. Aí ele pegou e falou: “Não, mas não tem problema. No nome da mulher dá pra fazer”. Onde nós começamos. Ele arrumou um dinheiro pra nós pra nós darmos um começo, a plantar, a tocar. Eu não tinha condição de pagar empregado, esse de sete anos, meu filho, ainda tinha que irrigar a lavoura. Ele que ia desemendando os canos pra nós e o de 11 ia me ajudando a mudar a irrigação. Foi onde que demos início na...
P/1 – Começou do zero mesmo.
R – Começamos do zero praticamente.
P/1 – Onde era essa terrinha que vocês recomeçaram?
R – Essa nós começamos ali em Cabo Verde. Município de Cabo verde.
P/1 – E não tinha nada plantado nessa terra?
R – Não tinha. Foi onde nós arrendamos pra plantar nessa época, que podia plantar nessa época lá só. Depois nós voltamos ali pro Campestrinho pra plantar ali de novo.
P/1 – Quando que vocês foram pro Campestrinho de novo?
R – Nós íamos e voltávamos, né? Que nós morávamos no Campestrinho, nós íamos no carro e voltávamos todo dia. E na época nós tínhamos propriedade, tinha tudo. Perdi tudo as propriedades, perdi tudo. Fiquei só com a minha casa de morada. Foi quando ali um ano mexendo com lavoura conseguimos comprar um sitiozinho pegado com o Campestrinho mesmo, 800 metros de casa, onde é a propriedade nossa até hoje ainda.
P/1 – Então depois de um tempo até que curto, um ano, vocês conseguiram comprar uma terrinha de vocês?
R – Um ano conseguimos comprar uma propriedade nossa lá.
P/1 – Isso foi quando? 2001?
R – Isso foi em 2001. Foi em 2000 eu perdi tudo, quando foi 2001 nós conseguimos comprar esse pedacinho de terra.
P/1 – Que é a propriedade que você tem até hoje.
R – É a propriedade nossa hoje.
P/1 – Qual que é o tamanho, Luís, da sua propriedade?
R – São 30 hectares.
P/1 – E aí vocês começaram só você também e a sua família?
R – Foi. Onde começamos de novo. E até hoje estamos juntos. Eles estudam, trabalham e me ajudam na roça também.
P/1 – Hoje você tem algum funcionário ou não?
R – Pego algum de vez em quando. Não tem funcionário fixo, só quando dá mais sufoco de serviço, ao contrário aí os três filhos e a mulher também que nos ajuda.
P/1 – É você mesmo então que toca?
R – É.
P/1 – Tem um nome a sua terrinha?
R – É Sítio Santa Luzia.
P/1 – E vocês produzem também batata?
R – Batata. Batata, cenoura, né? E os moleques meus já plantam salsa também, que eles mexem com a parte de salsa também pra própria Nestlé também.
P/1 – Ah, então vocês têm os três hoje em dia, tem batata, cenoura e salsa na terra?
R – É. Que a salsa é a parte deles que eles fornecem, batata e cenoura que eu forneço pra eles.
P/1 – Quando que você começou a fornecer pra Nestlé?
R – 2010. Começamos com salsa em 2010.
P/1 – De 2001 que você comprou essa sua Santa Luzia até 2010 cresceu um pouco sua produção? Como foi essa fase assim os nove primeiros anos?
R – Nós viemos mantendo a mesma coisa. O que nós plantávamos em 2001, nós viemos plantando a mesma quantidade. Nunca aumentamos a produção, sempre mantendo a mesma quantidade.
P/1 – E pra quem vocês forneciam antes?
R – Antes era pra mercado. Ia tudo pra mercado, só que a gente plantava só batata na época. Era só batata.
P/1 – E como é que é assim? Só pra gente entender, faz a colheita e vai vender no mercado? Como é que funciona?
R – Não. Tem o atravessador, né? O cara vinha, comprava, vamos colocar hoje 20 reais. Vinha hoje, pagava 20 reais a saca, mas só que ia na boca da máquina depois de lavado que o atravessador levava lá e depois de pronta que ele pagava os 20 reais pra nós a saca. Você podia colher, vamos colocar cem sacas, depois de pronta dava 60.
P/1 – Por quê?
R – Tem 30, 40% de quebra em cima ainda.
P/1 – Como é que funciona isso? Pra gente entender.
R – É porque é tirada a miúda. É tirada a miúda. A própria batata hoje se tem um defeitinho na pele é tirada pra diversa. Isso aí eles não pagam. A miúda eles não pagam. Se a batata for muito graúda também é tirada fora também que não paga. Só paga a média. Então às vezes pode colocar 30, 40% de perda em cima aí.
P/1 – Mas essa muito miúda e essa muito grande, o que acontece com elas?
R – Fica com eles lá. Não pagam pra nós e eles não sei, vendem, né? Isso daí é vendido.
P/1 – Porque não deve descartar, né?
R – Não. O rapaz daí teve uma época que tava ruim de preço. Tava ruim de preço eu falei pro cara: “Você não vai pagar pra nós a miúda e a diversa, a graúda?” “Ah, não tá vendendo”. Aí eu fiquei na máquina do cara lá selecionando, fiquei até dez horas da noite. Quando foi dez horas da noite o cara encostou o caminhão e pegou ainda falei: “Vai jogar fora?”. Falei pro motorista. “Não, isso aqui vai pra São José dos Campos”. Vende, só que nós não recebemos.
P/1 – É bastante a perda, né?
R – A perda é grande. São 30 a 40%, você pode colocar em cima aí de perda. Você vê, cada 100 sacas perdia 30, 40%, você aproveita 60% só da mercadoria, 60 a 70%.
P/1 – Você vende pra um distribuidor então?
R – É distribuidor. Atravessador, né? Ele apronta a mercadoria e manda pro mercado. Era desse jeito.
P/1 – Ele buscava na sua propriedade?
R – Buscava por conta dele. Por conta dele buscava tudo, fazia o serviço e dali pra frente já era o próprio caminhão dele que levava pros Ceasas, as entregas tudo.
P/1 – E quando começou sua relação com a Nestlé? Como que começou? Como é que você começou a fornecer pra Nestlé?
R – Então, foi 2010 que o João me procurou, disse que queria plantar salsa, que precisava de plantar salsa. Eu fiquei meio: “Plantar salsa?. Eu nunca mexi, né? Acostumado só com batata, com batata.” Aí ele falou: “Não, mas planta um pouco de salsa pra você experimentar. To precisando de uns produtores de salsa”. Aí até eu fiz parceria com outro rapaz do Campestrinho, falei: “Vamos plantar um pouquinho de salsa?”. Plantamos um hectare, dois hectares de salsa pra plantar na época. Plantamos dois hectares e começamos a plantar aquela salsa ali, era tudo colhido manual tudo, né? Nós não tínhamos noção nem o que formava, nem que nada. Nós começamos 2010. Depois 2011 nós já fomos plantar sozinhos, eu e os meus filhos fomos plantar.
P/1 – E como é que o João chegou até você? Ele já te conhecia?
R – Não.
P/1 – Como é que ele chegou até você?
R – Disse que outras pessoas que nos indicaram. Foram outras pessoas que nos indicaram pra ele lá. Não lembro no momento quem é. Acho que era produtor que tava plantando, nos conhecia no Campestrinho ali e teve acesso, que ali no Campestrinho ninguém plantava salsa ali. Foi onde que foi indicação de produtor que chegou até nós pra plantar.
P/1 – E hoje o que vocês fornecem pra Nestlé?
R – O meu filho fornece a salsa, eu forneço a batata e a cenoura.
P/1 – Tudo que vocês plantam então vocês fornecem.
R – É. Tudo. Só que eu planto é pouco também, não é muito também.
P/1 – Quanto que vocês produzem? Qual que é o rendimento?
R – Olha, nós estamos plantando uma faixa de uns 25 hectares de batata por ano. E se sobra um pouco, a fábrica não pega, nós mandamos pro comércio também, né? Quando sobra, às vezes não sobra. Agora a salsa praticamente eles pegam tudo, porque a salsa nós não temos mercado pra isso.
P/1 – E de quantidade assim, como é que mede essa quantidade de salsa?
R – A salsa é por tonelada. É por tonelada que é entregue pra fábrica. E eles quando nós plantamos já têm a noção mais ou menos média que dá por hectare de salsa.
P/1 – E como que é, Luís, desde 2010 quando você começou a fornecer pra Nestlé já tinha essa parceria com a ESALQ? Já tinha esses treinamentos, essa ajuda de técnicos, desde 2010?
R – É que assim que nós começamos já começou já a ter. Eu não tinha conhecimento de antes, mas depois que eu entrei ali de 2010 pra cá tem contato direto, né?
P/1 – Você tem desde o começo, né? E como é que é? Conta um pouco pra mim como é que é essa relação assim entre a Nestlé, a ESALQ e você que é produtor. Como é que é essa parceria? No que vocês se ajudam?
R – Porque uma vez que você teve um problema, uma doença, alguma coisa, nós não conseguimos, sempre eles pegam ali, o João pega e já leva pra ESALQ pra examinar pra nós o que tá acontecendo, qual doença que é que tá causando na planta ali. Eles até indicam o que é o problema, tudo.
P/1 – E você tem sempre visitas? Tem treinamento também?
R – Tem. Tem treinamento que sempre tem feito aqui.
P/1 – Como é que são os treinamentos? Do que é?
R – Pra aplicação de inseticida, essas coisas tudo. Nós temos muita palestra disso aí, tem tido palestra. Sempre tem palestra. Na própria reunião em julho, dezembro. Tem sempre as reuniões que vêm os outros ensinar a cada dia nós, hoje usar os EPI que tem que usar. É onde nós estamos aprendendo as coisas, porque praticamente, eu vou falar pra você, quando começamos não tinha nada disso. Quando nós trabalhávamos por conta não tinha nada disso, usava short, pulverizava tudo. Hoje já praticamente é tudo mecanizado, né? Você vai aprendendo no dia a dia a se prevenir um pouco.
P/1 – Qual que é a importância você acha, Luís, disso, desse aprendizado?
R – Eu acho importante porque prejudica muito a saúde. Então eu acho uma coisa que você pode cada dia aprendendo mais. No momento você pode falar não prejudica, mas com os anos passando vai sentindo, que eu praticamente mexo com isso daí desde os 14 anos.
P/1 – E essa parceria, essas visitas, o treinamento, você acha que ajuda a aumentar a produtividade ou a qualidade do...
R – Ajuda.
P/1 – Por que assim?
R – Ajuda porque, você vê, a própria irrigação, você sabe fazer uma aplicação na hora certa ou passar um inseticida, um fungicida tudo na hora certa. Você não precisa ficar passando nos momentos que não precisa passar, às vezes você tá jogando dinheiro fora também. Tem os momentos certos pra você fazer as aplicações.
P/1 – Mudou assim o seu jeito de cultivar na sua propriedade? Tiveram mudanças a partir do momento que vocês passaram...
R – Teve.
P/1 – Que principais mudanças assim?
R – Pra começar, falei pra você, a gente começa pela própria economia de fungicida, inseticida, tudo. Água, hoje praticamente água nós estamos vivendo um momento difícil lá na região nossa, né? Então você vê, irrigava, joga muita água fora. Hoje não. Hoje você usa sempre o necessário. Então eu acho que vai aprendendo no dia a dia.
P/1 – Então tiveram mudanças?
R – Teve mudança.
P/1 – E aí o pessoal da ESALQ visita de vez em quando, o professor ou a estagiária da ESALQ?
R – Ah, o estagiário vem sempre. Às vezes faz até experimento em salsa, que eu já o vi fazendo experimento em salsa, tudo. Já mandei até amostra de solo pra eles fazerem análise também, tudo.
P/1 – E aí como é que foi? Quando você mandou a amostra o que vem de retorno, como que é isso?
R – É que já vem a quantidade, você precisa usar um calcário, adubação, tudo. Explicando tudo a quantidade que precisa trabalhar em cima.
P/1 – E você acha qual importância assim pra você como produtor de fornecer pra Nestlé, dessa parceria assim? Teve mudança na sua vida a partir do momento que você passa a fornecer pra Nestlé?
R – Fornecer pra Nestlé hoje eu acho uma vantagem porque você trabalha mais seguro. Então se você entrega a mercadoria você sabe, você tem a certeza que você tem o pagamento certo. Não tem igual o mercado hoje que você joga no mercado, você não sabe se você vai receber, se não vai. Então com a Nestlé hoje o trabalho você entregou a nota fiscal, deu a entrada no produto, você sabe que você tem, pode assumir seus compromissos que você tá tudo em dia. Então no mercado hoje você não tem a estabilidade pra você trabalhar. Uma hora que você tem a estabilidade hoje de vender a mercadoria num preço tão alto, quando vê daqui dois, três meses você está dando de graça. Então você não tem estabilidade. Então eu achei vantagem nisso.
P/1 – E essa parceria assim com a ESALQ você acha que ajuda a melhorar a qualidade da sua produção também?
R – Ajuda. Ajuda porque você fez a análise de solo, então vem tudo os nutrientes que você usar, vem tudo declarado já as coisas. Você não precisa jogar nada a mais nem a menos, então você trabalha dentro daquilo lá. Que nem, hoje você vai jogar um adubo, você joga um adubo a mais você tá perdendo, jogando dinheiro fora. Se você joga a menos um adubo hoje, um fertilizante, inseticida, falta também. Então você tem que trabalhar dentro das normas mais ou menos.
P/1 – Tá certo.
R – Pra não ter desperdício. Tanto a mais, tanto a menos, que você joga a menos, você não tem produção, você joga a mais, a própria lavoura não vai comer o que você tá jogando a mais também. Você tá jogando dinheiro fora também.
P/1 – Tá certo. Eu vou encaminhar pras perguntas finais agora, Luís. Antes queria fazer duas perguntinhas, uma se você já é avô.
R – Não.
P/1 – Ainda não?
R – Não. Ainda não.
P/1 – A outra é se tem alguma coisa que a gente não tenha perguntado e que você gostaria de deixar registrado.
R – Não. Acho que não tem nada, não.
P/1 – Não? Nada que você gostaria de contar ou acrescentar?
R – Não.
P/1 – Acha que é isso mesmo?
R – Acho que é isso mesmo.
P/1 – Então as duas perguntas finais, a primeira é quais são seus sonhos.
R – Sonhos... Melhorar mais as coisas dando saúde e tocar a vida pra frente aí. Meu sonho é esse. E continuar com a família junto ainda tocando, que nós começamos, ir até o fim. E eles no dia de amanhã darem continuidade nas coisas também, continuar tudo as coisas.
P/1 – Tá certo. E por fim como é que foi contar a sua história?
R – Foi bom. Foi um prazer estar aqui, com vocês aqui, e contar a história. Não sei se é suficiente pra...
P/1 – Foi ótimo. Tá certo. Muito obrigada então. A gente encerra agora.
FINAL DA ENTREVISTA
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