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História
Personagem: Niède Guidon
Por: Museu da Pessoa, 2 de dezembro de 2007

O casamento de Niède

Esta história contém:

O casamento de Niède

Vídeo

Eu gostava muito de ir à casa de minha avó, lá no fim da Rua Treze de Maio, em Jaú (SP). Sempre estava lá. Quando a gente atravessava a rua, os moleques mexiam muito comigo, porque minha mãe tinha o costume de me vestir com roupas da Ilha da Madeira, com coisas diferentes, né? Os moleques achavam muito esquisito meu irmão e eu vestidos de marinheiro! Eles caçoavam muito da gente. A travessia daquela rua era uma briga constante. Mas eu gostava muito da chácara da minha avó porque tinha muitas plantas frutíferas, gostava muito de subir em árvores, vivia no alto daquelas mangueiras imensas. Foi uma infância muito agradável!

Todo mundo dizia que eu ia ser médica, porque eu abria todas as bonecas que me davam! Estripava todas pra ver por que que abria e fechava os olhos, por que falava. Quer dizer, eram coisas que eu queria entender por que aquilo acontecia. E todos achavam que era uma tendência pra operar, tanto que fui fazer vestibular pra medicina, mas justo naquele dia, durante a prova, eu tive uma enxaqueca e não consegui me sair bem. Mas eu tinha também prestado vestibular para História Natural, na USP, e entrei. Me apaixonei. Gostava muito de estudar geologia, a terra, os animais, as plantas. Aquilo me deu um prazer muito grande.

Terminei o curso, prestei concurso, comecei a trabalhar no magistério e fui para a cidade de Itápolis (SP). Lá, houve todo um entrevero! Nós éramos em cinco professoras diplomadas pela USP com concurso que chegamos juntas, e até então o colégio local tinha professores que eram advogado ou farmacêutico. Houve um movimento contra a gente. Sem contar que duas colegas e eu não íamos à missa. O padre começou a dizer que nós éramos comunistas! E ser comunista naquele tempo era uma coisa muito grave! Então a Secretaria da Educação achou melhor nos tirar de lá e nos levou pra São Paulo. Daí me colocaram no Museu Paulista da USP, que tinha toda a parte das culturas indígenas, e tinha a arqueologia...

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Dados de acervo

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P/1 – Então, começar a nossa entrevista eu vou pedir pra senhora repetir o nome completo, o local e a data de nascimento.

R – Niède Guidon, nós estamos em São Raimundo Nonato hoje, eu nasci em Jaú, em 12 de março de 1933.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Ernesto Francisco Guidon.

P/1 – E a sua mãe?

R – Cândida Viana de Oliveira Guidon.

P/1 – E qual a origem do sobrenome Guidon?

R – A família de meu pai é uma família que vem da região da Savoia, nas altas montanhas dos Alpes, fronteira da Itália, Suíça e França. O meu avô era nascido na França, o meu pai já nasceu do lado italiano, quer dizer, e temos família até hoje na Suíça, na Itália e na França.

P/1 – E porque que eles vieram pro Brasil, o que que aconteceu, a senhora sabe?

R – Meu avô tinha, na cidade de Jaú ele instalou uma firma de, importava pra cá vinho, azeite de oliva, azeitona, todos esses produtos italianos e franceses. Exportava café naquele momento, não é? E quando ele chegou ao Brasil, ele viu que não havia carroças, então ele colocou uma fábrica de carroças lá em Jaú, foi a primeira fábrica que houve lá de carroças e então ele começou, além do exportação e importação, ele começou esse trabalho também com as carroças.

P/1 – E a senhora passou a infância em Jaú?

R – Em Jaú, exatamente, que a família da minha mãe é de Jaú.

P/1 – E o que que a senhora lembra de Jaú da época?

R – Olha, eu me lembro de várias coisas, quer dizer, a gente morava na cidade, minha mãe era professora, o meu pai era funcionário público também. E eu gostava muito de ir à casa de minha avó que era numa chácara, lá no fim da Rua Treze de Maio. Então eu ia e sempre quando a gente atravessava a rua, os moleques da rua mexiam muito comigo, porque minha mãe tinha lá os costumes de me vestir com roupas da Ilha da Madeira, coisas diferentes né? Que Jaú, naquela época tinha uma loja Mappin, então você tinha vários...

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Título: O casamento de Niède

Data: 2 de dezembro de 2007

Local de produção: São Raimundo Nonato

Personagem: Niède Guidon
Autor: Museu da Pessoa

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