Memória Oral do Idoso
Depoimento de José Rodolfo Giffoni Neubauer
Entrevistado por Maria Valéria
São Paulo, 6 de outubro de 1992
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por: Fernanda Regina
P/1 - Bom, senhor José Rodolfo, eu acho que a gente poderia começar com o senhor falando o seu nome completo, o local de nascimento, o nome dos pais do senhor e dos avós.
R - Me Chamo José Rodolfo Giffoni Neubauer, nasci em São Paulo, capital, no dia 6 de junho de 1925. Papai [se chamava] Carlos Everton Neubauer e minha mãe Ana Maria Giffoni, ambos falecidos. Papai nasceu na cidade de Juiz de Fora, minha mãe próximo, na cidade de Liberdade. Os dois mineiros.
P/1 - Os avós?
R - Os meus avós... Eu sou neto por parte de mãe de italiano, vovô era de Nápoles, e meu avôs paternos [eram] alemães. Meu avô materno veio parar no Brasil, conheceu minha avó que por sinal também é mineira, e casou-se [com ela], tiveram uns 14 filhos, mais mulheres que homens, porque o mundo é das mulheres, sempre predominando, né? E mamãe casou-se, teve cinco filhos, três vivos e dois falecidos. A minha vida, a infância, foi muito sacrificada, porque meu pai veio residir em São Paulo e foi trabalhar na Folha de São Paulo, porque a Folha importou uma máquina alemã para imprimir jornal, e como ele falava e entendia alemão, ele trabalhou como impressor nessa firma. Depois ele veio a sofrer um acidente lá, foi aposentado por incapacidade. Aí mamãe teve que ajudar, ela foi ser funcionária pública, foi escrever de criminalista, na 6ª Vara de Ofício Criminais. Ela incentivou muito para que eu estudasse, graças ao seu incentivo, eu consegui, depois de um tempo, eu comecei a estudar já mocinho, mas sempre fui incentivado. Fiz ginásio, colegial, depois técnico em Contabilidade, Economia e Direito, ingressei depois no funcionalismo público, onde trabalhei durante 36 anos, 9 meses e 11 dias, estou aposentado, agora procuro a usufruir dessa aposentadoria.
Mas a minha...
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Depoimento de José Rodolfo Giffoni Neubauer
Entrevistado por Maria Valéria
São Paulo, 6 de outubro de 1992
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por: Fernanda Regina
P/1 - Bom, senhor José Rodolfo, eu acho que a gente poderia começar com o senhor falando o seu nome completo, o local de nascimento, o nome dos pais do senhor e dos avós.
R - Me Chamo José Rodolfo Giffoni Neubauer, nasci em São Paulo, capital, no dia 6 de junho de 1925. Papai [se chamava] Carlos Everton Neubauer e minha mãe Ana Maria Giffoni, ambos falecidos. Papai nasceu na cidade de Juiz de Fora, minha mãe próximo, na cidade de Liberdade. Os dois mineiros.
P/1 - Os avós?
R - Os meus avós... Eu sou neto por parte de mãe de italiano, vovô era de Nápoles, e meu avôs paternos [eram] alemães. Meu avô materno veio parar no Brasil, conheceu minha avó que por sinal também é mineira, e casou-se [com ela], tiveram uns 14 filhos, mais mulheres que homens, porque o mundo é das mulheres, sempre predominando, né? E mamãe casou-se, teve cinco filhos, três vivos e dois falecidos. A minha vida, a infância, foi muito sacrificada, porque meu pai veio residir em São Paulo e foi trabalhar na Folha de São Paulo, porque a Folha importou uma máquina alemã para imprimir jornal, e como ele falava e entendia alemão, ele trabalhou como impressor nessa firma. Depois ele veio a sofrer um acidente lá, foi aposentado por incapacidade. Aí mamãe teve que ajudar, ela foi ser funcionária pública, foi escrever de criminalista, na 6ª Vara de Ofício Criminais. Ela incentivou muito para que eu estudasse, graças ao seu incentivo, eu consegui, depois de um tempo, eu comecei a estudar já mocinho, mas sempre fui incentivado. Fiz ginásio, colegial, depois técnico em Contabilidade, Economia e Direito, ingressei depois no funcionalismo público, onde trabalhei durante 36 anos, 9 meses e 11 dias, estou aposentado, agora procuro a usufruir dessa aposentadoria.
Mas a minha infância foi uma infância dura, eu fiz um bocado de tudo e fui subindo, com a graça de Deus, nos degraus sempre segurando na mão de Deus, porque eu acho que se nós não tivermos a proteção divina, nós não temos nada. Não só lembrar de Deus nas horas ruins, mas sempre. O que eu tenho de religião aprendi... Eu comecei no Liceu Coração de Jesus o ginásio, mas não pude concluir [lá]... Um ano que eu estive lá, eu aprendi muito, e [também] aprendi muito sobre a religião e dessa religião que eu procuro viver, tenho muito que aprender, mas aprendi muita coisa.
P/1 - O senhor falou duas vezes que teve uma infância muito dura. O senhor poderia dizer como foi?
R - Eu fiz de tudo. Eu fui engraxate, a Portuguesa de Desportos tinha um campo ali na Cesário Ramalho e tinha um trecho que não era asfaltado, era uma lama danada, a gente torcia para no dia dos jogos chover, porque os associados tinham que fazer uma caminhada pela lama, aí nós ficamos dentro do Rio, pedindo para que os torcedores quando saíssem, colocassem os pés, e a gente lavava e ganhava alguma coisa. Naquela época era um mil réis, quinhentos réis... Fiz um pouco de tudo. Fui Baleiro no Cine Paulistano, não sei se vocês conheceram, ali na Rua Vergueiro tinha cinema, né? Também, eu comecei a trabalhar muito criança...
P/1 - Com qual idade, mais ou menos?
R - Ah, 14 anos. Eu fui ser entregador de assinante de jornais, eu trabalhei na expedição do Diário de São Paulo, era um barracão ali na rua 7 de Abril. Eu tive a sorte de ter muitas amizades maravilhosas, sabe? E fiz também muitas amizades boas. Assisti o lançamento da Pedra Fundamental, do prédio ali da secretaria onde eu trabalhei ao lado do ex interventor de São Paulo, que depois foi governador, Doutor Ademar Pereira de Barros, uma pessoa de um coração muito grande, uma pessoa sensível, que eu acho que muita coisa que eu tenho na vida, eu devo as amizades e, principalmente, ao Doutor Ademar de Barros, que foi uma pessoa maravilhosa.
P/1 - Da casa, da infância do senhor, você traz lembranças?
R - Trago, por exemplo, eu me lembro que eu tenho um irmão que passou por uma série de coisas, mas alcançou... Eu alcancei muitos milagres, assim, pedindo a Deus, por isso que eu digo, se nós não nos pegarmos, se não tivemos confiança com Deus... Eu sou muito católico, acho que sem a religião a gente não consegue nada. Mas não é só pensar em Deus nas horas ruins, temos que pensar Nele nas horas boas e agradecer. Se nós acreditamos que o filho de Deus veio aqui e que ele instituiu a missa, a Eucaristia, que é aquele momento que nós podemos ir lá agradecer, por que que não vamos? Não é pelo padre, não é pela igreja, é [por] aquele momento solene, aquele momento maravilhoso que é a Eucaristia. Tudo isso você consegue com fé, mas com muita luta... Eu lutei... Para eu chegar lá e concluir esses estudos, não foi fácil, eu trabalhava, estudava, chegava a dormir 4 horas por dia. E nessas 4 horas fui me sacrificando, [quando eu era] jovem cheguei até a ter uma mancha no pulmão, fiquei magrinho, né, mas eu tive uma mãe maravilhosa, que foi o sustentáculo da minha vida, de estudo, incentivo, estimulo... Sem o sacrifício dela, eu também não conseguiria, porque acho que existe o amor de uma esposa, mas o amor de mãe é um amor totalmente diferente... Um amor de sacrifício, um amor de renúncia para com os cem filhos e cem filhas.
P/1 - Antes o senhor estava me dizendo que morou em vários bairros aqui em São Paulo e que um bairro era muito especial para o senhor...
R – Eu morei na Liberdade, morei no Cambuci, mas o bairro que [me] marcou muito foi Vila Prudente, porque foi em Vila Prudente que eu comecei a trabalhar, fazia uma caminhada de 10 minutos para tomar o bonde, era um bonde que chegava até a Capitão Pacheco Chaves, onde tinha o retorno, o bonde fazia o retorno, não sei se vocês chegaram a conhecer, no Lago do Tesouro, chegava e virava, tinha que virar os bancos, assim também era Vila Prudente. Marcou porque, naquela época, eu vinha trabalhar, isso foi por volta de 1940... Eu comecei a trabalhar e minha mãe me dava um mil réis, eu gastava 400 réis, comprava, não sei como é que agora, um tostão de amendoim e vinha comendo amendoim, levava 30 minutos. Então, era essa vida de ir para lá e para cá... Lá tinha uma igreja também, a Igreja de Santo Emídio, onde eu fui aspirante a congregado Mariano, mas não cheguei a ser congregado, fui aspirante. E lá eu conheci outros amigos e tinha um dia de adoração noturna na Santa Efigênia, onde o Santíssimo fica exposto. Então uma noite, por mês, nós íamos lá. Não fazia questão de horário, para mim estava bom qualquer horário. O que marcou foi porque, através de Vila Prudente, eu comecei a trabalhar, antes [eu fazia] serviços de garoto, né? Mas lá já comecei a criar, comecei a trabalhar, foi trabalhando lá que eu ganhei meu primeiro uniforme de jogador de futebol.
P/1 - O senhor jogava futebol?
R - É, jogava. Aí eu quebrei só dois braços, uma costela (risos). Então lá, eu trabalhava e eles fizeram uma lista, né? E deram todo o uniforme, chuteira, tornozeleira, aquela que se usava. E depois, eu era muito pobre também, quer dizer, nem tanto, mas pobre, assim, mas Graças a Deus não era de morar em favela, a gente morava em casa simples... E lá eu ia trabalhar com um terno, meio surradinho...
P/1 - Na Secretaria da Fazenda?
R - É, aí o pessoal fez uma listinha e deram um terno. Foi uma coisa magnífica, porque eu me lembro até hoje, foi comprado na casa Renner. Eu, graças a Deus, sempre tive boa memória, sabe? Isso são coisas que a gente nunca tem que se esquecer, das coisas boas. Porque a vida tem coisas boas e ruins, não é só mar de rosas, mas [também] tem muita coisa boa. Nunca tem um dia igual ao outro. Um dia é ruim, outro dia é melhor.
P/1 - Vamos falar de uma coisa boa que o senhor falou também, que é sobre o seu casamento...
R - Ah, é uma emoção. A gente quando casa... Eu tinha pavor de casar, eu tinha medo, porque eu sempre fui pela família. Eu acho que sem família não adianta nada. Então tentei prorrogar o maior tempo possível, já queria casar madurão. E casei, até a minha noiva era mais velha. Foi emocionante, ainda bem que a igreja foi na... Puc, na capela da Puc... É uma capela, é pequena, então trajeto para noiva vir, acho que foi ela que escolheu, mas a saída você sente ali todo mundo com a atenção toda voltada para você. Também o nascimento do primeiro filho deixa a gente muito emocionado. A minha mulher era devota de São Judas, e ela começou a sentir dor no dia 26 de setembro, foi para maternidade, eu disse para ela, olha “Essa criança não vai nascer nem hoje, nem amanhã, vai nascer dia 28 que é o dia consagrado a São Judas”, não deu outra (risos), nasceu dia 28 de setembro de 1963, meu primeiro filho, um ano e meio depois veio o segundo. Diz que o primeiro filho é do amor, o segundo é do descuido. (risos)
P/1 - E netos, o senhor tem?
R - Tenho. Tenho um menino de 5 anos, Flávio.
P/1 - Só o Flávio?
R - Só ele.
P/1 - Sobre o momento atual agora, o senhor participa de alguma atividade, sindicato, religiosa?
R - Não. Eu fui coordenador de campanha da fraternidade. Eu fui cursilhista, mas agora parei, né? Eu me aposentei e depois não tive mais nenhuma atividade. Agora estou tentando usufruir um pouquinho da vida, aproveitar um pouquinho, enquanto as pernas estão andando. Eu procuro viajar.
P/1 - O senhor gosta de viajar?
R - Gosto de fazer excursões, já estive na Europa, na Argentina, no Chile, fui até parar em Cuba.
P/1 - Conta um pouquinho para a gente sobre essas viagens...
R - Olha, muito bonitas. Mas olha, gente, vocês não queiram saber o quanto o Brasil é bom, o quanto o Brasil é grande, o quanto o Brasil é de fartura e de alegria, você não vê essa alegria lá fora. Eu sou muito radical, adoro São Paulo, então essas viagens que eu fiz eu gostei, achei bonito. Eu estive em Marselha, fiz questão de ir lá na Ilha de Montecristo. Eu fui a Veneza, quis andar de gôndola, fui a Madri, não podia deixar de assistir uma corrida de touros. E por último fui parar em Cuba, onde eu passei o Natal, foi uma tristeza porque lá é um regime comunista, não tem catolicismo, né? Mas se bem que eu encontrei uma igreja... Eu ficava contente quando encontrava um cubano dia 25, eu dizia “Feliz navidad!”, eles abriam um sorriso, porque a festa deles é dia primeiro, que foi a tomada do Poder. Aí estive lá na praça, onde tem uma foto do Che Guevara. Mas foi gozado viu. Éramos para ir, como fomos, no show do Tropicana e tínhamos até uma mesa para cinco pessoas. Não sei por qual motivo, faltou uma das pessoas, só fomos em quatro na mesa e tínhamos direito a um litro de Cuba Libre, quando chegou o Cuba Libre para nós faltava um pouco eu falei para o garçom “Olha, está faltando” e ele falou “No, 5 cheio, 4 tira” (risos). Em um dia, eu estava lá, veio uma cubana e perguntou se eu queria sair com ela para tomar um café. Aí fomos tomar um café, chegando lá ela perguntou se eu não queria compartilhar com ela e tal. Eu entendi e falei “Não, não”. Aí ela encostou assim, seu rosto no meu peito e disse “Você não sabe o que está perdendo” quando ela encostou, eu estava realmente perdendo a minha caneta esferográfica (risos).
P/1 - Você constatou o que estava perdendo, né? (risos)
R - “Você não sabe o que está perdendo”, pensei que estava abafando.
P/1 - E o senhor continua fazendo essas viagens?
R - Continuo, gosto de viajar. Agora não está sendo possível, com a alta do dólar, não dá, né? Tem que parar um pouquinho, tem que fazer as viagens domésticas. Já fui para a Bahia, já fui para Maceió, já fui para o Sul.
P/1 - E as história no Brasil das viagens, o senhor não teria nenhum fato?
R - Tem muitos, mas assim, no momento não estou lembrando, é questão de... Por exemplo, nos ônibus que eu vou muito de excursão, eles fazem diversos concursos, né? E tem concurso disso, concurso de melhor garfo, o mais paquerador, miss simpatia, mister simpático. Eu tive a sorte de ser diplomado como Mister Simpático. (risos)
P/1 - Você ganhou a faixa?
R – Não, ganhei o diploma, está lá em casa. Por exemplo, eu fui a Fraiburgo, a capital da maçã, muito bonita, cidades, hotel Renar, e teve um concurso lá, né? Ganhei dois prémios, um de dança de bolero e [outro de] tango, lá os coroas são mais, talvez uma referência, pelo fato de serem pessoas idosas, aí eles são mais benevolentes.
P/1 - O senhor ganhou o prêmio de melhor dançarino de bolero?
R - De bolero e de tango.
P/1 - E o senhor está fazendo curso aqui para não perder a habilidade...
R – Não, é mais novas amizades.
P/1 - Fala um pouco sobre isso. Como é que é participar?
R - Você sabe que tudo que a gente aprende são com as pessoas que vivem mais, as pessoas mais vividas. Então aprendi, eu tive uma excelente conselheira, dona Ana Maria Giffoni, a minha mãe, e ela dizia “Meu filho não se impõe uma amizade, você não impõe uma simpatia, você não impõe um amor, você conquista”. Eu procuro conquistar, procuro ter o espírito de cristão me comunicando, me oferecendo, nós temos que ser mais humanos. Eu vejo São Paulo uma terra muito desumana sabe. Não sei o que está acontecendo, o povo está se esquecendo... Não há mais aquele diálogo, não sei se é pelo meu signo, não sei se é pela minha vivência, mas eu procuro.,, A minha mulher sentia muito ciúmes. Tive uns problemas sérios de saúde, mas graças a Deus... Como eu disse, sem o pai que está lá no céu, a gente não chega a nada, Ele que nos olha, Ele que nos guia.
P/1 - O senhor tem algum sonho que deseja realizar?
R - Graças a Deus, não. [Apenas] que Deus me dê vida, a primeira coisa que ele me dê é saúde, porque saúde não há dinheiro que compre. Com saúde, você vai chegando. Que ele não me deixe nunca perder essa minha fé, essas coisas. E que conserve sempre os meus amigos e os meus parentes. Eu peço sempre por todos, eu quando faço minhas preces peço por todos, aqueles que já se foram e aqueles que precisam. Mas procuro fazer sempre um pouco de tudo para ajudar, não faço mais porque não está [ao meu alcance]. Se eu pudesse fazer mais, eu faria, eu gostaria... Teria vontade se eu tivesse oportunidade de estar no lugar que pudesse fazer, eu faria. Eu fui o coordenador de uma Campanha da Fraternidade, eu trabalhei e consegui arrecadar naquela época, em 1976, três mil cruzeiros. Dava para comprar um apartamento com a parte, uma parte é para cúria, outra parte é para igreja... Com a parte da igreja dava para comprar um apartamento pequeno, naquela época 3000 cruzeiros, né? Mas eu trabalhei, organizei bailes, gincana, pedágio, o pessoal queria luz negra no salão, o Juizado quando eu fui buscar o alvará falou “Nada de luz negra” e eu “Pode deixar, tá?”, passou o comissário e tudo, teve a luz negra (risos). Mas se eu pudesse fazer alguma coisa, eu gostaria, mas não acho que não dê, é oferecer a minha vivência, ensinar um pouco a humanidade, né? Eu às vezes vejo essa garotada que está estudando, eles não vão para a escola [para aprender], vão para fumar e aproveitam muito pouco, ninguém quer se esforçar, Deus deu inteligência para todos, o que nós temos [que fazer] é nos esforçar. Ninguém chega ao topo de uma escada sem começar subindo devagar, mas precisa estudar, precisa se esforçar. Se você estacionar... Um motorista, ele foi aprender, um ascensorista foi aprender, um datilógrafo foi aprender, mas se ele não tivesse ido aprender, como é que ele seria?
P/1 - Se fosse para passar uma mensagem para os jovens, para as pessoas mais jovens, o que o senhor diria? O senhor já disse um pouco...
R - Seria que devem sempre respeitar os pais, ouvir sempre os pais, uma regra sem exceção, é lógico. E nunca se esquecendo que o bem é de uma duração infinita e o mal tem a sua duração limitadíssima, o bem é infinito. Nós nunca podemos achar... Não há mal que sempre dure e nem bem que não acabe. Mas pode ver, todas as pessoas que tem o propósito de fazer o bem, sempre vencem. Deus diz “Trabalha, se esforça, que eu te ajudarei”, temos que trabalhar, temos que nos esforçar. Ninguém é mais inteligente do que ninguém. Todos são, desde que se esforcem. Mas é preciso estudar, tenho um sobrinho que estuda 12 horas por dia. Ele passou em duas faculdades de Medicina, tem 23 anos, quarta lista de Medicina na USP. E tem os outros dois que já são meio folgadões. Então tem que estudar mesmo, tem que pensar e não se esquecer do Pai. Ir uma hora por mês, por semana, na igreja falar com o Pai, assistir uma missa, porque indo as missas a gente alcança graça materiais e espirituais. Isso eu também aprendi com a dona Ana Maria Giffoni, a mamãe, que tudo que elas nos ensinam é para o bem. Uma mãe quer o bem para todos os filhos. Elas ensinam, né? Hoje não sei o que houve, houve uma transformação radical.
P/1 - Para finalizar, o que o senhor acha de ter participado, dando um depoimento da sua vida, deixando registrado?
R - Olha, é a primeira vez que isso ocorre. Fico muito agradecido, muito sensibilizado. Desculpe alguma coisa, se eu me empolguei ou alguma coisa que eu tenha dito.
P/1 - O senhor acha que é importante as pessoas deixarem esse registro?
R - É muito importante. Cada um deve dar um pouco de tudo que sabe, que aprendeu de bom. Porque o bem nunca, mas nunca, vai perecer. O mal sempre ter duração, mas não tanto quanto bem, na minha opinião. É uma coisa muito gratificante para mim pela primeira vez participar. Eu fico muito grato de vocês terem me indicado aqui para vir falar. Se tiver outra oportunidade de falar e precisar, [virei] com todo prazer, porque com a primeira vez, espero que tenha uma outra vez.
P/1 - Vai ter. Muito obrigada.
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