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História
Por: Museu da Pessoa, 1 de fevereiro de 2010

O barbeiro poeta

Esta história contém:

O barbeiro poeta

Vídeo

Quando cheguei em São Paulo numa aventura sem dinheiro/

Mas eu tinha alguns amigos que havia chegado primeiro/

Alguns já estavam bem e outros bem trabalhavam/

Numa luta de bom gosto cada qual sempre disposto/

Uns aos outros sempre ajudavam/

Até parecia que o paraíso mudara pra aqui/

Com folha de parreira pra vergonha cobrir/

Vivia contente com gente decente que se respeitava/

Cidade tão boa da chuva, garoa/

São Paulo eu amava/

Gosto do nome, gosto do clima, gosto da Avenida Paulista, gosto da Sé, gosto da Liberdade, gosto da João Mendes, gosto do Ibirapuera, gosto do Museu do Ipiranga, gosto de São Paulo como cidade, como praças, como ruas, como o clima, como o nome!

Minha primeira poesia foi no Museu do Ipiranga num sábado à tarde. Lá estava cheio de árvores, cheio de passarinhos, flores, sombra e água fresca. E comecei a escrever o primeiro poema e a partir dali fiquei concentrado na poesia e na música. Hoje eu já estou com mais ou menos 500 músicas e poemas! Lá em Portugal eu não fazia poesia. Tinha ela dentro de mim, mas eu não sabia transpor, ultrapassar, passar de cá pra lá. Já no Brasil, eu ficava muito tempo sozinho, ficava dentro de minha mente. A pessoa que tem inspiração poética não pode ficar muito tempo no meio das pessoas, ela tem que ficar sozinha por horas, tem que sofrer, tem que levar desaforos, injustiças, tem que levar tropeço, tem que ter pedra no caminho. Tem que ter aquilo que eu estou vendo aqui na Vila Madalena: tem subida e descida bem íngreme! Sobe e desce bem na base da montanha russa aqui.

Ah, serenata! Eu fui fazer serenata numa cidadezinha perto de Campinas chamada Sousas. Tinha aquelas casinhas de madeira, envernizada, bonita, sabe? Então nós fomos fazer serenata lá e de noite, durante uma hora, duas, três da madrugada fazendo serenata com lua, temperatura de 20, 25 graus de calor à noite. A gente acordava a turma e vinha mulher servindo churrasco, caipirinha, leite, café, tudo isso! Coisa...

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O barbeiro de Pari

José aos 74 anos, trabalhando em uma barbearia no Pari.

período: Ano 2007
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

O jovem português

Retrato de José, aos 22 anos, em Portugal.

período: Ano 1954
local: Portugal / Vila Pouca De Aguiar
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

Aos trinta

José aos 30 anos, na época em que namorava a Daisy, moça que conheceu em uma quitanda.

período: Ano 1960
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

A mãe do poeta

Dona Ana (mãe de José) em frente a casa em que o filho morava, em Portugal.

período: Ano 1978
local: Portugal / Vila Real
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Rancho Etnográfico de Borbela

Irmão de José com seu filho e nora no na sede do Rancho Etnográfico de Borbela.

período: Ano 2001
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

José da Lusa

José posa com uma jaqueta da Portuguesa em uma fotografia tirada para o seu DVD.

período: Ano 2008
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
história: O barbeiro poeta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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P/1 – Preparado?

R – Preparado.

P/1 – Seu José, então primeiro bom dia!

R – Bom dia!

P/1 – Gostaria de agradecer ao senhor por vir aqui dar sua entrevista, tá? E antes de começar, eu queria que o senhor falasse seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Bom dia (pausa). O meu nome é José Ferreira de Carvalho. Nasci dia 20 de dezembro de 1932 na cidade Vila de Aguiar, em Portugal. Depois passei pra Vila Real, que é a capital de Trás-os-Montes, Portugal. Depois de Vila Real vim pra São Paulo em 1954.

P/1 – Certo. O senhor podia falar um pouquinho de como foi Portugal, dessa sua infância, um pouco dos seus pais? O senhor podia falar um pouco de Portugal pra gente? Como foi?

R – Sobre?

P/1 – Conta dos seus pais, dos seus pais, seus avós, um pouco das suas origens, primeiro.

R – Então, meu pai era cabo, primeiro cabo da polícia de Portugal, era Guarda Nacional Republicana. A minha mãe era doméstica, era costureira. Minha avó Ana, aliás Benedita. Eu vim pra cá em 54 e desde a minha mãe... E desde a minha mãe pra vir pra cá em 54. Em 54 era bom, São Paulo era ótimo.

P/1 – E você sabe o motivo?

R – Sim. Tinha parente, tinha um irmão, o Ernesto, e tinha dois ou três, três tios no Ipiranga, no Vale do Ipiranga. Então eu vim pra cá com garantia de dois anos de trabalho, garantia de quatro salários mínimos de início. Tirei o diploma lá em Portugal de Arte Capilar, corte de cabelo e barba. Depois, aqui fui trabalhar primeiro como ferramenteiro durante um ano e meio. Na base de serralheiro ou, como é que é, torneiro mecânico, mas eu não gostei e voltei para a profissão até agora.

P/1 – Seu José, é que quando o senhor veio aqui pra São Paulo, já com uma certa idade... O senhor nasceu em 32, veio em 54, então o senhor já tinha uma certa idade.

R – É. Tinha 22 anos.

P/1 – Exatamente. O senhor poderia contar um pouco antes, como era Portugal, um pouco da sua...

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Título: O barbeiro poeta

Data: 1 de fevereiro de 2010

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Entrevistador: Danilo Eiji Lopes
Entrevistador: Thiago Belloto
Autor: Museu da Pessoa

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