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História
Por: Museu da Pessoa, 26 de junho de 2010

No oco do mundo

Esta história contém:

No oco do mundo

Vídeo

No tempo do trem, fui trabalhar cortando lenha para vender feixinho. Carregava aquele feixinho na minha cabeça para vender ecomprar outras coisas para não ver meu fi lho passar fome. E andavano trem pra ir comprar remédio. Eu saía do trem e andava paratodo canto. Nisso, cheguei em Mutum-Paraná e isso aqui era umamata só. Quando eu cheguei aqui, não tinha posto de saúde.Aí, eu fui ser parteira. A primeira vez que eu peguei ummenino, sem eu saber de nada, eu tinha 15 anos. Eu estavapassando na casa de uma comadre, quando ouvi: “Maria, vem cá,pelo amor de Deus. Papai não está em casa, minha mãe não está.”Cortei o umbigo, amarrei, fi z um cordãozinho, amarrei aquina pontinha, medi dois dedos e cortei. Veio a placenta, pegueia placenta. Fui bem devagarinho. Depois, limpei com água morna,botei a mulher de jeito deitada na cama.Nesse tempo, ninguém sabia dessas coisas.

Dados de acervo

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P/1 – Vou começar a nossa entrevista perguntando para a senhora onde foi que a senhora nasceu?

R – Bem, dizia minha mãe que eu nasci num lugar por nome Santa Catarina. No entanto, meu pai andava muito, não durava, passava dois anos, três num canto, saía de novo. Então, depois fui morar num lugar por nome Natal. Depois de Natal eu fui morar num lugar por nome Rio de Poeira, Situação, em Laje. De Laje... eu saí de Laje... eu tinha sete para oito anos quando eu saí de Laje.

P/1 – Certo. A senhora lembra de Laje?

R – Me lembro. Laje, nós moramos numa fazenda de uma senhora... uma viúva rica, que nós chamávamos Maria da Penha. Tinha dois filhos por nome um Isalto o outro José. E tinha umas meninas tudo, que ela criava, adotivas. Foi no tempo que existia vintém e tostão, né?

P/1 – Que época é essa, a senhora sabe o ano que a senhora nasceu?

R – Eu sei.

P/1 – Qual foi?

R – Eu nasci em 1920.

P/1 – A senhora sabe o dia e o mês?

R – Dizia a minha mãe que foi dia de sexta-feira, no dia oito de setembro, assim dizia meu povo, né? Eu digo, porque eles diziam para mim. Não sei. Eu sei que eu completo ano no dia oito de setembro.

P/1 – Tá. E aí a senhora lembra de Laje?

R – Laje, Rio de Poeira que é lá onde morava a viúva, a dona Penha. Tudinho eu me lembro. Que a Lagoa da Ilha morava meu povo, a mãe Veronica, tudo isso morava em Lagoa da Ilha, que era uma cidade para Rio de Laje. Tudinho eu me lembro.

P/1 – Como é que era Laje, a senhora pode contar para mim?

R – Eu me lembro assim, porque eu digo, assim, porque sei que Laje é uma cidadezinha, né? Uma cidadezinha assim que nem... maior do que aqui Mutum-Paraná, tá? Eu creio já assim, uma coisa assim. A senhora sabe, nos interior do sertão como é que é as cidadezinhas, né? Pois é, Isso eu me lembro.

P/1 – E a sua mãe e seu pai faziam o quê naquela época, a senhora lembra?

R – Meu pai tomava conta do gado da dona Penha, sabe? E minha mãe...

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Título: No oco do mundo

Data: 26 de junho de 2010

Local de produção: Mutum-paraná - Ro

Autor: Museu da Pessoa

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