Mulher esforçada

Theresinha de Andrade Rhein, minha mãe, hoje com 89 anos de idade, nasceu na cidade de São Paulo. Sua mãe, Flora, era filha de italianos e José, conhecido como Juca, filho de um português com uma indígena. Minha avó nasceu em 1889 e meu avô em 1888, um dia após a Abolição dos Escravos!

Minha mãe casou-se aos 19 anos de idade, certamente cheia de amor pelo meu pai, Alberto.

Meu pai era filho de minha avó Elvira (tudo de bom!), descedente de portugueses e de meu avô Alberto, que não conheci (falecido muito jovem), descendente de alemães.

Meu pai, infelizmente, faleceu aos 35 anos de idade, repentinamente, em consequência de uma cirurgia no estômago. Minha mãe tinha 27 anos de idade, com 3 filhas - Vera com 7 anos, Valquíria (eu) com 5 anos e minha irmã Vilma, com quase 4 anos de idade. Lembro muito de meu pai, que permanecerá para sempre em minha memória!

Minha mãe sempre trabalhou, desde que me lembro \"por gente\", mas com a morte de meu pai ela teve que se desdobrar, teve que dar conta das responsabilidades sozinha, de suas filhas, porque não teve nenhum tipo de pensão por morte na época. Com muita dor no coração, acredito, ela conseguiu vaga em um colégio interno para nós, da Igreja Católica, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Foi uma experiência positiva, nada do que os pais falam como tom de ameaça para um filho, quando é rebelde - \"olha, vou te colocar num colégio interno, hein?!\"

Minha mãe sempre foi presente, a cada visita no colégio, a cada \"saída\" (final de semana mensal para ir para casa).

Ela é a responsável, ao lado das Irmãs do meu colégio, pelos meus valores e princípios de vida.

Minha mãe não é diferente da maioria das mães, eu sei! Mas, é a minha mãe! Foi muito lutadora, mulher esforçada, trabalhadeira, que nunca deixou faltar nada para nós. Foi muito exigente, brava, como as mães da época, mas não o suficiente para me tornar uma \"revoltada\" na vida, uma ressentida! Suas exigências, limites e braveza, me tornaram o que sou hoje: responsável com a vida!

Ela casou-se novamente aos 43 anos de idade. Na época eu tinha 21 anos de idade e achei-a a \"maior velha\"; como podia, naquela idade, casar-se novamente? Apenas sensações de tempos diferentes, conforme a nossa idade! Hoje, entendo que 43 anos de idade não é nada! Ficou viúva novamente, após 28 anos de casada. \"Mãe, a senhora pensa em se casar novamente?\" \"Valquíria, pára com isso!\", querendo dizer que é velha! Sensações de tempo! Porque hoje entendo que não existe idade para ser feliz novamente!

Hoje, minha mãe é avó de 4 netos e bisavó de mais 4. Sua posteridade e a de meu pai, assim como de meus avós e antepassados, prosseguem! Fico feliz por isso! Que bom ter uma mãe! Agradeço a Deus por tê-la tido em minha vida e por continuar a tê-la, ainda.