Entrevista de Sandro Freitas
Entrevistado por Grazielle Pellicel
São Paulo, 26/05/2023
Projeto: Vidas de Costura: Moda, legado e empreendedorismo
Realizado por Museu da Pessoa
Entrevista número: VDC_HV010
Transcrita por Selma Paiva
Revisado por Luiza Gallo
P/1 – Primeiramente, obrigada por te...Continuar leitura
Entrevista de Sandro Freitas
Entrevistado por Grazielle Pellicel
São Paulo, 26/05/2023
Projeto: Vidas de Costura: Moda, legado e empreendedorismo
Realizado por Museu da Pessoa
Entrevista número: VDC_HV010
Transcrita por Selma Paiva
Revisado por Luiza Gallo
P/1 – Primeiramente, obrigada por ter aceitado nosso convite de participar e contar sua história e a gente começa da forma mais básica, que é perguntando seu nome completo, a data e o local de nascimento.
R – Certo, vamos lá! (risos) Meu nome é Sandro Freitas, eu tenho 28 anos, nasci em Zé Doca, no Maranhão e cresci na cidade chamada Santa Luzia do Paruá, também no Maranhão.
P/1 – Sua família contou pra você como é que foi o seu nascimento, o dia que você nasceu?
R – (risos) Contaram, sim. O meu nascimento, na verdade, foi um grande evento na minha vida, não só por ter sido meu nascimento, mas por marcar um momento também de sofrimento da minha mãe. A gravidez da minha mãe foi de risco. A minha mãe, naquela época, no Maranhão, infelizmente engravidou muito jovem, com quatorze anos, então todo período da gravidez dela tiveram inúmeras complicações e até o momento do meu parto também foram só se agravando essas complicações, o que levou ela ter que fazer uma cesárea pra poder concluir meu nascimento. (risos)
P/1 – E você sabe qual a origem do seu nome, Sandro?
R – Você acredita que eu não sei, nunca pesquisei.
P/1 – Mas você sabe por que seus pais colocaram esse nome em você?
R – Também não sei.
P/1 – Não?
R – Não, nunca perguntei.
P/1 – Aproveitando que você falou da sua mãe, você pode falar o nome dela e como é a sua relação com ela?
R – O nome da minha mãe é Francisca... eu tenho que falar o nome completo, não?
P/1 – Se não quiser...
R – Beleza, então. O nome da minha mãe é Francisca, mas as pessoas a conhecem como Fran. Ela me teve muito jovem, então com a perspectiva que eu tenho hoje da vida eu acredito que o meu nascimento, tudo que ela passou pra ter que ‘dar à luz’ a mim marcou muito a vida dela, foi um momento muito doloroso. Eu e a minha mãe, [a gente] se dá bem, a gente tem uma parceria de amizade, uma relação de amizade, mas eu ainda sinto que a gente tem essa lembrança do que foi o meu nascimento como algo que marcou tanto a vida dela, quanto a minha.
(04:05) P/1 – E seu pai, qual o nome dele e a relação de vocês?
R – O nome do meu pai é Delon e a minha relação com ele não é tão próxima, mas de vez em quando a gente conversa. Ele trabalha bastante, também trabalho bastante. A gente, quando se comunica, é mais pra perguntar: “Como você está, você está bem?” Posso voltar essa parte?
P/2 – Fica à vontade.
R – O nome do meu pai é Delon, ele mora aqui em São Paulo desde quando eu tinha quatro anos de idade, então um dos motivos pelo qual eu escolhi essa cidade pra realizar os meus sonhos que, inclusive, um deles era construir a Berimbau, foi através do meu pai. Hoje a gente não tem uma relação muito próxima devido a correria do dia a dia, a dinâmica do trabalho dele e a minha, mas sempre quando dá a gente se comunica, se conecta e é isso. (risos)
P/1 – Você sabe como eles se conheceram?
R – Puts, não. Caramba! Eu não gosto muito dos meus pais.
P/1 – Então, relaxa, a gente passa mais pra frente.
R – É. (risos)
P/1 – Quando você era criança você gostava de ouvir histórias, tinha alguém que te contava essas histórias?
R – Nossa, quando eu era criança eu era uma das pessoas que mais ouvia histórias. Eu cresci ouvindo as histórias do meu avô. Eu fui criado pelos meus avós maternos e o meu avô contava histórias de duas horas, que até hoje eu não consigo decorar as histórias e não consegui contá-las pra uma outra pessoa, mas eu cresci sendo ‘regado’ de criatividade pelas histórias que meu avô me contava e me inspirava.
P/1 – Além dos seus avós, você era próximo de algum outro parente, familiar?
R – Durante a minha infância eu tive uma pessoa muito importante pra minha formação de caráter, pra construção de uma pessoa sonhadora e forte, que foi o meu tio-avô. Ele era um homem negro que por algum motivo, acidente durante a juventude, perdeu o movimento das pernas e, por conta disso, em decorrência disso ele precisava do apoio de outras pessoas e eu fui uma dessas pessoas que o ajudei bastante e ele foi uma pessoas que sempre me incentivou a lutar pelos meus sonhos, a estudar, a trabalhar pelo que eu acreditava, então ele é uma pessoa que até hoje é um grande símbolo na minha memória e na minha vida.
P/1 – Perguntar: seu avô fazia a Festa do Bumba Meu Boi? Você pode comentar um pouco sobre isso?
R – Isso. Lá na minha cidade, onde eu morava, a cultura afro-brasileira e afro... na cidade onde eu cresci a cultura afro-brasileira era muito forte e presente - até hoje é - e no bairro onde eu cresci, dentro dessa comunidade, havia alguns rituais, que de um período a certo período uma família era escolhida ou se disponibilizava pra realizar a Festa do Boi. E isso era um ritual que era passado de geração pra geração e a minha família teve esse momento, onde ela pôde realizar e organizar essa festa. (risos)
P/1 – Que legal! E aproveitando você falando da região em que você nasceu, como era quando você era criança?
R – Olha, eu falo que quando eu tento descrever o que era a minha infância pra um amigo meu da cidade, da grande metrópole, eu sempre descrevo de uma forma bem abrupta, ou romântica, fictícia, eu falo assim: “Imagina o Tarzan. Eu era o Tarzan, só que da vida real”. (risos) Eu cresci num lugar com muita natureza, com muitos rios, sendo ensinado a pescar pela minha avó, sendo levado pela minha avó pra pescar, pelas outras matriarcas, pelas pessoas que tinham mais conhecimento e esse conhecimento era passado pra alguns jovens que estavam mais conectados com a cultura ao redor e, com isso, durante a minha infância, no Maranhão, eu tive a oportunidade de aprender muitos saberes, como de plantio, de cultivo, de pesca e também alguns saberes de medicina.
P/1 – Esse conhecimento está ligado a ancestralidade, a religião?
R – Totalmente ligado a ancestralidade. A minha família, como eu disse anteriormente, cresceu nesse meio muito efervescente de cultura. Talvez naquele momento eu nem tivesse uma clareza do que eu estava envolvido e vivendo, mas hoje, morando em São Paulo e podendo olhar com uma perspectiva mais ampla, eu percebo o quão rica era a minha infância e quantas coisas incríveis e ancestrais eu estava vivendo. Então, é totalmente ligado à ancestralidade esses saberes medicinais.
P/1 – Tem algum exemplo de conhecimento que você aprendeu, que você jamais esqueceu e leva no seu dia a dia?
R – Olha, uma das coisas que marcaram a minha vida são os momentos que eu vivia aprendendo a cultivar as plantas com a minha avó e a minha vó me passou muitos conhecimentos, como cultivar frutas, legumes. Hoje, em São Paulo, eu não consigo, de certa forma, 100% colocar isso em prática, mas no espaço onde eu trabalho a presença de plantas é como se fosse um símbolo desse conhecimento que eu pude trazer comigo e eu também sempre estou trocando feedbacks e pedindo fotos da horta da minha vó, pra eu ver como está, a gente sempre está ‘trocando figurinhas’.
P/1 – Então você continua... sua vó ainda está no Maranhão e vocês têm um relacionamento?
R - A minha vó atualmente não mora mais no Maranhão, ela mora no interior de São Paulo, está passando uma temporada aqui no interior de São Paulo, mas o local mesmo, o lar dela hoje em dia é em Roraima.
P/1 – Roraima! Você lembra - eu não sei se no caso você tenha se mudado algumas vezes – da sua casa da infância?
R – Eu lembro e eu faço questão de não esquecer dessas memórias, porque elas compuseram o que eu sou hoje e é o templo onde eu pude ter essa minha primeira oportunidade de me conectar com a ancestralidade. Eu me sinto muito privilegiado de ter nascido onde eu nasci e crescido onde eu cresci e poder chegar até aqui hoje e saber que eu saí exatamente daquele lugar. Recentemente, inclusive, uma amiga minha esteve na mesma... na nossa cidade, onde eu nasci e eu pedi pra ela tirar uma foto da minha casa que eu cresci e ela mandou essa imagem e quando eu vi aquela imagem, depois de alguns anos, aquilo, pra mim, foi ao mesmo tempo que nostálgico, me completou, de certa forma. Foi incrível!
P/1 – E entre essas lembranças, a casa, você lembra de que brincadeiras você gostava, se você brincava com alguém?
R – (risos) Nossa, agora eu vou ter que fazer uma seleção, (risos) o que eu quero mostrar aqui. (risos) Na minha infância tinham inúmeras brincadeiras, no entanto eu sempre fui uma criança um pouco menos extrovertida e com isso as minhas brincadeiras, sobretudo, era sozinho, ou com a minha irmã, ou só com meu primo, mas eu lembro que quando eu era criança o que eu brincava era de desenhar roupa de moda, croquis. Isso era uma forma, de certa forma, uma diversão também, pra mim, e uma lapidação, enfim, pra o que virá a acontecer. Tinha outros tipos de brincadeiras que aconteciam, mas eventualmente eu participava. Eu tinha momentos muito de solitude, na natureza, pescando, fazendo caminhada, andando de bicicleta. Eu nunca fui muito de ficar brincando, quando era criança. (risos)
P/1 – E você comentou dos croquis. Quando você começou a fazer isso e alguém, alguma coisa te inspirou?
R – Desde criança eu já tinha uma conexão muito grande com a roupa, em si, para além da moda. Quando eu fui crescendo e descobrindo outros significados e outras coisas da vida eu descobri o que era a moda e, consequentemente, ali eu tinha certeza do que, de fato, eu queria seguir na minha vida, pra ser feliz e com isso, antes da moda, eu já tinha essa relação do desenhar, então eu desenhava roupas, pessoas, pássaros, figuras e elementos que eu tinha um certo apreço.
P/1 – Entendi. Você e sua família tinham costume de ouvir rádio, assistir TV, se reunir pra isso?
R – Vamos lá! Sim, quando eu era criança a gente se reunia pra assistir novela, eu assisti bastante novela e inclusive as novelas me inspiraram bastante pra ter perspectiva do que poderia ser a moda naquela época, naquela minha visão, dentro das circunstâncias que eu vivia, mas também assisti muitos filmes de ficção, desenho animado, mas sempre buscando uma perspectiva mais criativa diante daquilo e tal, que hoje muito das minhas referências e inspirações são muito baseadas também em séries, em ficções, eu trago também alguns desses elementos.
P/1 – Tem alguma em especial, que te inspirou?
R – Star Trek Discovery, aquela série do espaço, não sei se você conhece a última, agora. Ela me inspira demais as roupas, os recortes e não só a questão estética, mas também outras questões sociais, como a diversidade de formatos em que as pessoas se socializam, a forma que elas se socializam, as dinâmicas das culturas, são perspectivas que, por mais que seja uma ficção, traz questões pra gente pensar e refletir a respeito das nossas próprias dinâmicas.
P/1 – Você lembra da sua primeira escola, o primeiro dia de aula?
R – (risos) Eu lembro da minha primeira escola, foi bem próxima da minha casa e eu não lembro do primeiro dia de aula, mas eu lembro de momentos que eu vivi naquela escola, inclusive um momento que, no recreio, eu ficava dentro da sala de aula desenhando, eu sempre tive esses momentos de imersão criativa, desde criança, mesmo quando a ferramenta ainda não era tão clara na minha mente, como a moda, o desenho, mas eu sempre tive esses momentos de imersão criativa e aproveitava muito o ‘embalo’, pra fazer isso.
P/1 – Você tinha alguma matéria favorita?
R – A minha matéria favorita, dentre as matérias que tinham na grade curricular da escola que eu estudei quando estava, digamos, no jardim da infância, (risos) entre elas eu acredito que eu me identificava mais com a pessoa que estava lecionando do que com a matéria que a pessoa estava ali, pra explicar e pra repassar. Então, acredito que, naquela época, eu tive uma grande conexão com a professora de Língua Portuguesa, que consequentemente me fez gostar da Língua Portuguesa; teve momentos que eu já preferi a Geografia, porque a pessoa que dava aula de Geografia tinha uma dinâmica de passar o conteúdo de uma forma muito contemporânea, então aquilo me conectava e, de certa forma, conseguia ter melhor desempenho da minha capacidade de aprendizado; e já teve outros momentos que eu já gostei mais do Inglês; da Arte, então eu acredito que essa questão de preferência de matéria foi muito baseada na questão mesmo com a relação da pessoa que estava ali lecionando.
P/1 – E pensando depois que você fez o fundamental, o ensino médio, você já sabia o que queria ser, quando crescesse?
R – Com certeza. (risos) Parece meio estranho, mas eu vejo que eu tive muitos momentos propícios pra pensar nisso: momentos que eu estava caminhando, pescando, sozinho. Eu tive muitos momentos que era só eu e a natureza. Então, nesses momentos ali você descobre o que é a presença absoluta, sem saber o que é a presença absoluta no conceito de hoje, mas eu já estava numa presença absoluta, onde eu conseguia pensar nessas perspectivas: O que eu quero ser quando eu crescer? O que eu quero fazer da minha vida? O que vai me deixar feliz? Qual o parâmetro da minha vida hoje? Onde eu estou? O que eu represento nesse lugar? Por que eu estou aqui? Tudo isso eram coisas que eu pensava bastante. Então, quando eu estava com quatorze anos eu já estava organizando a minha viagem pra vir pra São Paulo e consequentemente finalizar o meu ensino médio aqui e em seguida já ingressar numa formação específica da área de moda e assim aconteceu. (risos)
P/1 – Então você terminou o ensino médio em São Paulo?
R – Eu terminei o ensino médio em São Paulo, pra poder já ficar mais próximo.
P/1 – E como é que foi pra sua família você sair de uma comunidade que era tão unida e vir pra São Paulo?
R – Olha, eu sinto que foi uma das decisões mais difíceis que eu fiz na minha vida. E sempre quando eu falo com alguém mais íntimo, ou uma pessoa próxima, eu sinto esse exemplo como um dos momentos mesmo que é aquele ditado: “Tudo, na vida, tem um preço”. Complicado isso, mas de certa forma, tem certas situações que realmente têm um preço. Então, o fato de eu ter vindo muito jovem pra São Paulo fez com que eu perdesse a oportunidade de ter mais conexão com esse lugar onde eu cresci, de ter mais proximidade com a minha família. A última vez que eu vi meu avô materno foi me despedindo dele, no Maranhão. Ele faleceu, eu já não o vi mais. Ou seja: isso foi uma consequência, também, dessa minha decisão. Então, isso são coisas que me marcaram muito.
P/1 – Quando você veio pra cá teve um choque cultural muito grande?
R – Nossa, demais. (risos) O choque cultural foi abrupto, (risos) posso dizer. As relações pessoais, as dinâmicas, toda a estrutura da cidade, tudo isso, quando uma pessoa cresce muito próxima da natureza, em que a única coisa mais alta que ela já viu é uma árvore e ela olha pra um prédio e fica alguns minutos ali, paralisada.
(24:05) P/1 – E durante o ensino médio, nesse período que você já era mais velho, você saía pra se divertir, conseguiu fazer amigos em São Paulo?
R – O meu ensino médio foi muito baseado em me preparar pra poder pagar a minha formação, então eu não saí muito pra ‘baladas’. Saí pontualmente, eventualmente, mas tive muitos momentos de lazer no parque, sempre busquei muito ir pra um parque no final de semana, pra ter esse momento, de certa forma, uma reconexão com a natureza, da qual eu vim.
P/1 – Então ainda cedo você já começou a trabalhar?
R – Sim, eu comecei a trabalhar muito jovem porque, como eu tive que fazer essa decisão muito difícil pra mim, de deixar as coisas que eu mais amava pra trás, pra ir em direção de algo que eu acreditava muito, eu tive que já ter que trabalhar, pra garantir que isso ia dar certo.
P/1 – E onde foi esse seu primeiro emprego?
R – O meu primeiro emprego foi como assistente, dentro de uma confeitaria. Era um negócio pequeno, meio que familiar. Na época foi um emprego que uma amiga do meu pai deu pra mim.
P/1 – E nesse emprego você conseguiu juntar dinheiro pra conseguir fazer seus estudos?
R – Olha, esse emprego não foi suficiente, mas em seguida eu fui trabalhar num restaurante, daí esse emprego eu já consegui mesmo ‘na garra’, enviando currículo, enfrentando as entrevistas... como uma forma de auxiliar esse valor, pra conseguir realizar meu sonho de estudar moda, eu tive que arrumar um outro emprego. Esse outro emprego eu já o consegui ‘na garra’ mesmo, enviando currículo, indo de porta em porta, batendo e pedindo uma oportunidade. Na época eu estava com dezesseis pra dezessete anos e eu lembro que eu tive a oportunidade de trabalhar nesse restaurante durante um ano e foi o período suficiente pra poder cobrir esse valor que eu precisava. Foi um lugar que, de certa forma, me agregou não só na questão financeira, mas também na questão de outros aprendizados que foram adquiridos ali e eu tive um apoio muito grande das pessoas que eram proprietárias desse espaço, porque eles sabiam da minha história e dos meus objetivos, por isso que eles conseguiram me dar um apoio muito efetivo e que até hoje eu sou muito grato.
P/1 – Que legal! E quando você começou a estudar pra moda, mesmo? Quando foi?
R – Eu comecei a estudar estilismo e coordenação de moda em 2013, eu estava com dezoito anos. Eu terminei o ensino médio e já entrei no Senac, estudando.
P/1 – E como foi o curso, pra você? Mudou muita coisa que você acreditava?
R – Olha, a princípio poder ter oportunidade de fazer o curso que eu já estava sonhando há um tempo me deu um certo empoderamento, aquilo me deu como se fosse um ‘gás’, pra poder lutar um pouco mais. Mesmo sendo desafiador todo o processo de formação e você ter que aprender inúmeras disciplinas ao mesmo tempo e já que são ali, pra você absorver, executar no mercado de trabalho e fazer valer o seu esforço, foi desafiador, mas foi um momento que eu tenho um carinho muito grande.
P/1 – E durante o curso você já conseguiu algum trabalho?
R – Durante o curso não, mas por meio desse curso eu consegui criar uma rede, fazer network e o meu primeiro emprego de moda foi por meio de uma conexão que eu tive com uma aluna da minha sala, uma pessoa mais velha do que eu, que ela abriu ateliê e me convidou pra ser o estilista dessa marca que estava começando.
P/1 – E aí, durante esse trabalho no ateliê, você já começou a descobrir o seu estilo?
R – Nossa, ó você faz umas perguntas… danada! (risos) Ai, ai, não dá nem tempo deu elaborar nada.
P/1 – Não, pode…
R – Beleza. Quando eu estive presente no ateliê, no meu primeiro emprego, eu já senti... eu tinha a liberdade de colocar um pouco do meu DNA, mas a gente seguia muito o DNA da marca, em si e não se tratava do Sandro Freitas. (risos) Com isso eu conseguia ter mais ou menos uma dimensão do que seria a identidade do meu trabalho hoje, mas não com clareza.
P/1 – Entendi. E quando o Freitas começou a ‘funcionar”? (risos)
R – Eu sinto que eu tive uma percepção do que seria o foco do meu trabalho, o tema principal, a identidade e a ‘cara’ do meu trabalho quando eu pude, de certa forma, ter uma flexibilidade em São Paulo e estar disposto a viver outros espaços artísticos, me conectar com outros artistas multifacetados e poder absorver isso. Quando eu tive essa oportunidade de participar desses movimentos e me conectar com esses outros artistas, eu pude ter clareza do que eu representava ali dentro e qual seria o tema que eu deveria falar dentro dessa comunidade. Eu tive momentos da minha vida que eu fui estudar dança afro, que eu fui experimentar estudar dança contemporânea, que eu pude ter oportunidade de trabalhar criando e executando performances, então acredito que tudo isso moldou essa identidade que eu tenho hoje.
P/1 – E junto com isso também você tem alguma... como eu vou dizer?... inspiração que veio lá da sua origem, das matriarcas, da ancestralidade? Isso também conta?
R – Certo. Uma das referências que me marcaram muito na minha infância foi, além do bumba meu boi, as roupas, toda aquela explosão de cores e aquele simbolismo, aquela referência cultural, tudo aquilo me marcou bastante e outro movimento também que me... eu posso melhorar isso. Durante a minha infância uma das coisas que mais me marcaram foram as festas de bumba meu boi, as roupas, as indumentárias, as celebrações. Isso me marcou bastante. São coisas que não saem do meu imaginário.
P/1 – Que legal! E aí, quando você começou a trabalhar com a sua própria identidade, como surgiu a Berimbau Brasil na sua cabeça?
R – A Berimbau Brasil eu sinto que foi se lapidando e se mostrando em símbolos na minha vida, tanto por meio de pessoas, de oportunidades que eu fui tendo, encontros e, com o decorrer do tempo, quando chegou o momento eu acreditava ser o certo pra empreender e abrir um negócio, eu já tinha em mente que seria a Berimbau. Talvez não... quando eu decidi que seria o momento ideal pra criar e empreender, pra fazer uma marca acontecer, eu já tinha essa noção de que seria essa a ‘cara’ da Berimbau, que ela tem hoje, esse perfil.
P/1 – A Berimbau também tem muito da identidade maranhense, não tem?
R – Certo, isso. A Berimbau é, sobretudo, ‘regada’ dessa cultura maranhense e com isso, como um homem negro, afro-indígena, eu tento ampliar essa perspectiva pra uma visão mais, até, global.
P/1 – Aqui você também, em São Paulo, conseguiu encontrar, por exemplo: você falou das roupas coloridas, festividade. Aqui também se sentiu um pouco ‘em casa’?
R - A princípio, na minha chegada em São Paulo eu tive esse momento de transição, de adaptação e com o passar do tempo eu fui me conectando com a minha rede, criando amigos, fazendo parte de comunidades que eu me identificava e pude ter inúmeras experiências que me contemplaram bastante como um maranhense morando aqui.
P/1 – Você se especializou em alguma área específica da moda?
R – Eu não, digamos que eu não possa dizer que eu tenho uma forma de especialização específica dentro de uma área da moda, mas nos últimos anos eu venho, cada vez mais, voltado à pesquisa e ao desenvolvimento e aprimoramento do trabalho sustentável dentro da moda.
P/1 – Legal. Você tem alguma pesquisa interessante que você tenha feito?
R – Além das pesquisas que a gente sempre faz, eu, como Sandro Freitas, enquanto Berimbau, a gente também criou alguns workshops e oficinas das quais a gente compartilha com o público em geral interessado em aprender mais sobre esse universo do conceito de sustentabilidade dentro da moda um pouco do nosso processo criativo dentro do nosso ateliê, como são feitos os nossos produtos, como se fosse uma experiência que a gente cria pras pessoas, de como ter uma vivência dentro do nosso ateliê.
P/1 – E essa parte da sustentabilidade, como funciona na marca?
R – A sustentabilidade está desde a produção da confecção dos nossos produtos, até a embalagem. Na confecção dos nossos produtos a gente tem linhas que não são totalmente sustentáveis e linhas que são totalmente sustentáveis. A linha dos acessórios, sobretudo, é toda sustentável. A gente utiliza resíduos de outras coleções pra desenvolver outros tecidos e outras bases, pra poder construir bolsas, acessórios, chapéus e até jaquetas.
P/1 – E quais são as formas que vocês adquirem esses tecidos?
R – Os nossos tecidos são adquiridos por meio dos nossos fornecedores, a gente já tem alguns que já fazem parte dessa nossa região há um tempo e outros também vêm por meios de doações de terreiros, que trabalham muito com tecidos africanos; doações de empresas maiores, que têm uma demanda grande de descarte de resíduo.
P/1 – Entendi. E aproveitando isso que você falou de terreiro, a religião é muito importante na sua vida?
R – Sim, com certeza. Eu acredito que não há vida sem um fundamento e o fundamento é a religião. (risos)
(38:56) P/1 – E, por exemplo, na Berimbau Brasil, como é a sua rotina de trabalho, se você pensar um dia?
R – Nossa, eu digo que a minha rotina de trabalho hoje é bem diversa. Eu tenho que ser bem flexível pra ter que realizar inúmeras tarefas num dia só, desde elaborar um texto, quanto a confeccionar um produto do zero, a pensar num novo produto, a organizar um desfile e por aí vai.
P/1 – E como uma marca pequena você sente que tem esse desafio de você ter que ter várias funções ao mesmo tempo?
R – Sim, com certeza. Isso é desafiador, na verdade, ainda mais quando a gente está começando, eu acho que seria o momento ideal pra gente, na verdade, ter mais tempo de pensar melhor as coisas.
P/1 – Sua marca tem algum público-alvo específico?
R – O nosso público principal é, sobretudo, pessoas negras e afrodescendentes e indígenas.
P/1 – E você sente que, por exemplo: são poucas marcas, ou muitas que são voltadas pra esse público, ou existe alguma falta?
R – Atualmente há um crescimento em vista dessas marcas, mas ainda há uma necessidade, sim.
P/1 – Você pode falar um pouquinho do seu trabalho como arte-educador?
R – Hum-hum. Eu sempre tive muita vontade de poder compartilhar o que eu aprendia com outras pessoas. Eu sempre tive um apreço muito grande pelo professor, pela pessoa que educa.
P/1 – Ainda sobre a Berimbau tem algumas coleções da marca que são bem marcantes. Você poderia falar sobre elas?
R – A Jamaica Brasileira foi minha estreia no desfile presencial na Casa de Criadores e foi bem marcante, principalmente pelo tema, que é bem maranhense e fala sobre o maranhense, sobre a influência do reggae no Maranhão e da influência dele também na minha vida e na marca.
P/1 – E você participou também na produção, no desfile?
R – Isso, com certeza. Tanto na elaboração das peças, tanto na fotografia. Vamos voltar. (risos) Todo processo criativo da marca eu estou presente, desde o desenho, quanto o momento de criação e confecção das peças.
P/1 – No desfile também?
R – Também.
P/1 – Você também tem alguns trabalhos com projetos sociais. Você pode falar um pouco sobre ser arte-educador?
R – Sim, com certeza. Essa é uma área que eu tenho trabalhado dentro da Berimbau, que a cada dia que se passa eu estou me dedicando mais e tenho feito e executado projetos muito lindos. Dentro do nosso trabalho da Berimbau a gente vem trabalhando fortemente, dentro das nossas oficinas de capacitação e dentro desses projetos, recentemente a gente aplicou um no Sesc Campo Limpo, que se chama Costurando Saberes, onde a gente compartilha, além dos conhecimentos sobre processos sustentáveis, algumas técnicas que nós utilizamos dentro do ateliê, onde as pessoas têm a oportunidade de criar, experimentar e se qualificar.
P/1 – Tem alguma história interessante, com algum aluno, algum saber que você mesmo aprendeu dentro da aula, da oficina?
R – Olha, eu tenho diversas histórias: eu tenho alunos que aprenderam algum conhecimento ali dentro da sala de aula e levaram pra dentro do seu trabalho; alunos que começaram a empreender com foco...
Tive histórias de alunos que, após essa formação conseguiram empreender e levar esse conhecimento pra dentro dos seus negócios. Inclusive tenho história de alunos que acompanham as oficinas, quando a gente oferece alguma numa unidade, a gente sempre consegue ver o rosto de algum conhecido e isso é muito satisfatório.
P/1 – Hum, que legal! E você também teve uma pesquisa no acervo do Municipal. Como é que foi isso e o que você fazia lá?
R – Olha, essa experiência foi uma das mais enriquecedoras da minha vida e agregou muito. Eu fui convidado por uma antropóloga pra fazer parte de uma pesquisa dentro do acervo do Theatro Municipal, onde a gente pôde fazer a pesquisa de toda a história das peças, dos processos...
Durante o período da pandemia eu fui convidado por uma antropóloga a fazer parte de uma pesquisa dentro do acervo do Theatro Municipal. Essa pesquisa consistia tanto em buscar as origens dessa peça, os processos criativos por trás da construção desses figurinos, fazer a catalogação do que se tratava, de qual finalidade foi aquela peça, tanto até o momento de fazer a restauração de algumas peças. A gente teve experiências nesse processo de restauração e, por fim, as peças foram disponibilizadas pra um grupo de criativos emergentes brasileiros, estilistas e designers, onde eles puderam levar uma perspectiva do trabalho deles através dessas peças cedidas pelo Theatro Municipal.
P/1 – E qual era essa peça? Você lembra?
R – (risos) Eram inúmeras roupas de peças que compunham, inúmeras peças e óperas. Então, a gente teve acesso a uma diversidade de temas dentro de... A gente teve acesso a uma diversidade de roupas que faziam parte de inúmeros trabalhos que já foram realizados no Theatro Municipal, nos últimos quarenta anos.
P/1 – Voltando quando você começou efetivamente a trabalhar com moda até agora, as coisas mudaram muito nessa área?
R – Eu sinto que hoje em dia as dinâmicas do trabalho estão mudando, eu vejo mais oportunidades no mercado e mais símbolos e representações de diversidade e isso já é um grande avanço. Eu sinto que houve inúmeros avanços. Na época quando eu comecei eu não tinha uma rede de apoio e não fazia parte de um ecossistema tão forte. Hoje em dia eu vejo que eu faço parte de um ecossistema forte, de mentes criativas, pulsantes e emergentes.
P/1 – E como é que essa sua rede de apoio?
R – A minha rede de apoio é composta por pessoas que não só são formadas em moda, mas também pessoas que vêm de outras áreas, mas são pessoas que eu me identifico, além da minha questão profissional, mas também de forma pessoal, então são pessoas que eu me conectei ao decorrer da minha vinda pra São Paulo e da minha moradia aqui em São Paulo e que hoje em dia elas contribuem em diversas áreas da minha vida, com o fortalecimento de um apoio emocional, como oportunidade de trabalho, como bons conselhos. (risos)
P/1 – Os planos da sua marca, você tem algum plano futuro, lá pra frente, ou outro mais pra cá, que você já queira realizar?
R – Os nossos planos pra médio e longo alcance consiste, basicamente, daqui a dois anos, a gente tem a pretensão de abrir uma loja conceitual física e expandir os nossos pontos de venda pra outros estados. Hoje em dia eu consegui construir e fazer parte de uma rede de apoio que é extremamente importante pro meu crescimento, pro fortalecimento da minha identidade, do meu caráter e também pra realização dos meus sonhos. São pessoas que tanto fazem parte da Berimbau, quanto pessoas que são expectadores e que de alguma forma me influenciam, como dando bons conselhos, quanto mandando boas vibrações, enfim, as contribuições podem ser muito abstratas.
P/1 – Agora lembrei onde a gente estava: seus planos para o futuro da Berimbau.
R – (risos) Ó que doideira, nada a ver, a gente estava... mas ficou melhor.
P/1 – Tudo bem. Qual ficou melhor a gente usa. (risos)
R – Em relação aos nossos planos de médio a longo alcance a Berimbau tem o objetivo de, daqui a dois anos, abrir uma loja conceitual física, com o intuito de criar esse ambiente onde possa conectar o nosso público com as nossas peças e com nossos valores, com nosso universo.
P/1 – Perfeito. No período da pandemia você falou que você estava trabalhando no Municipal, na pesquisa do acervo, mas ele impactou sua vida de alguma forma, também?
R – Essa experiência me trouxe um amadurecimento profissional, o que me deu uma visão mais ampla do mercado que eu fazia parte e também de ter uma conexão com peças que fizeram e marcaram inúmeros momentos da nossa cultura.
P/1 – E além do trabalho, você gosta de fazer o quê? Você tem algum hobby?
R – Eu gosto de andar de longboard, nadar, de fazer caminhada à noite e eu adoro assistir séries de ficção científica. (risos)
P/1 – Tipo Star Trek, que você estava falando.
R – Exatamente.
(53:50) P/1 – Isso tem a ver, um pouco, com essa relação que você tinha com a natureza, quando criança, que você falou que você gostava de pescar, fazer coisas ao ar livre?
R – Sim, com certeza. Eu acredito que momentos ao ar livre te dão oportunidade de você entrar num estado meditativo de forma... ter momentos de meditação, onde você pode fazer reflexões extremamente importantes e profundas a respeito da sua vida.
P/1 – Sim. E hoje, quais são as coisas mais importantes pra você, Sandro?
R – Atualmente uma das coisas mais importantes pra mim é ser um apoio na minha família, ser um apoio dentro da minha comunidade, seguir os ensinamentos da minha cultura e poder propagar isso para o maior número de pessoas.
[55:02] Gente, tudo isso está escrito no meu _____ de marca também. (risos) É que de tanto eu ler, ai vai ficando, só que tem umas perguntas que você faz, você percebe que tem perguntas que, quando eu vou responder, eu fico meio assim. Tem perguntas que parece que já estão escritas, mas estão escritas no questionário. (risos) [55:27]
P/1 – E hoje, qual seu maior sonho?
R – Meu maior sonho é poder gerar oportunidade pro maior número de pessoas.
P/1 – Legal. Qual você acha que vai ser o seu legado pras próximas gerações? O que você vai deixar pras próximas gerações?
R – Olha, eu não pretendo... vou reformular, que isso é bem complexo. Como as pessoas vão encarar isso? Eu acredito que a minha experiência enquanto pessoa, um criativo e empreendedor não são, necessariamente, obrigatórias a deixar um legado, mas se eu puder contribuir e fazer com que as pessoas possam levar esses conhecimentos pra outras pessoas, isso eu já vou ficar bem feliz, mas eu não quero deixar nenhum legado, não. (risos)
P/1 – Por quê?
R – Eu acredito que legado é muito pra herói. Se você fica no lugar de herói é complicado, porque as pessoas vivem entre os erros e os acertos, entre as qualidades e as imperfeições. A gente focar num legado é a gente focar em um herói e eu não sou herói. Vocês chegaram aqui, eu não lembrava que hoje era sexta-feira, eu vou deixar um legado do quê? A pessoa não presta pra personagem ainda, entendeu? Você me compreende? É loucura isso? Não, né? (risos)
P/1 – Não, faz sentido. Mas você acha que você segue um legado?
R – Mas se as pessoas encararem alguma ação da minha vida como legado eu acredito que vá ser pela minha persistência, pelo fato de eu ter saído de um lugar super humilde e ter conseguido ultrapassar inúmeras barreiras. Isso, às vezes, pra mim, parece até algo que meio surreal, uma verdadeira ficção. Às vezes eu percebo a minha vida, a minha infância como uma ficção. Eu acho que, de certa forma, por isso que eu gosto tanto de ficções, mas ter feito parte dessa ficção me deu uma perspectiva de que qualquer pessoa pode ser o que ela quiser, não sou eu a pessoa especial, entendeu? (risos) Talvez só a pessoa que não esteja vendo a vida do jeito certo. (risos)
P/1 – Você já contou, a gente já perguntou muita coisa, você contou muita coisa também, mas tem alguma coisa que a gente não perguntou e você gostaria de acrescentar?
R – Olha, eu estou, nesse momento da minha jornada como empreendedor, passando por um momento muito especial dentro da Berimbau Brasil: recentemente a gente foi aprovado no projeto da C&A, no qual a gente está participando de uma formação incrível, com pessoas incríveis, que além de serem muito inteligentes e profissionais, são muito acolhedoras e isso está dando uma oportunidade pra Berimbau, dela crescer mais, se fortalecer mais e se impulsionar.
P/1 – Como é que funciona o projeto?
R – É um projeto que a princípio se iniciou com 21 marcas lideradas por pessoas LGBTQIAP+ de todo o Brasil. Essas 21 marcas, a princípio, recebem consultorias coletivas, com uma finalidade de construir um guia de marca pra essas marcas e também com a oportunidade de, por meio do desempenho dessas marcas, serem aprovadas, pra participarem dos outros ciclos. É um projeto que consiste em ciclos, onde cada ciclo essa marca tem a oportunidade de absorver inúmeros conhecimentos. A Berimbau, nesse momento, está no ciclo III, onde a gente está desenvolvendo uma nova identidade visual pra Berimbau, com o apoio do Instituto C&A e do Criável. Essa identidade vai ser implementada junto com a nossa nova coleção e a gente também está concluindo nosso guia de marca agora, falando sobre produto.
P/1 – Que legal! E, por fim, como é que foi contar um pouco da sua história pra gente, hoje?
R – (risos) Nossa! A pior pergunta! (risos) Eu acredito que é sempre desafiador falar da gente, ainda mais quando _____ tem que falar de si mesmo, ou de um projeto que está envolvido, mas eu sempre busco trazer as coisas, os momentos mais relevantes da minha vida e foi uma experiência muito boa, desafiadora e que eu estou muito feliz, principalmente pela discrição de vocês, pelo jeito que vocês me trataram, diante das circunstâncias. (risos)
P/1 – Sandro, eu queria agradecer, em meu nome e do Museu da Pessoa, por você ter cedido esse tempo pra falar com a gente, muito obrigada mesmo!
R – Eu que agradeço pela oportunidade!
P/1 – É isso!Recolher