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História
Por: Museu da Pessoa, 2 de junho de 2014

Meu pai me ensinou a rezar

Esta história contém:

Meu pai me ensinou a rezar

Vídeo

Eu me chamo Francisco Alves Teixeira e nasci em 20 de agosto de 1948 na comunidade do Trilho, na Mata Queimada, em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. Eu nasci numa sexta-feira e tinha uma doença. A mamãe achava que eu não ia escapar. Fizeram a promessa e, hoje, me chamam de Francisco. Mas o meu nome era para ser Alberto. Sou cacique Alberto da tribo Tapeba. Eu tenho quatro irmãos: três machos e uma fêmea. Papai era um cacique, o chefe da tribo. Todos andavam no trilho dele. Ele só mostrava um pé. Era só um rastro. Naquele tempo, a organização era melhor do que é hoje. O cacique e o pajé só andavam num rastro, no trilho. Se passavam 50 índios, você só via um pé. A imagem que eu tenho do meu pai e que nunca saiu dos meus olhos, do meu raciocínio, nem da minha cabeça, é de que ele era um homem grande, quase dois metros de altura, um homem muito gentil com todo mundo. Todo final de mês ele estava na casa do povo dele todinho, ensinando coisas, rezando - era um grande rezador. Eu me lembro muito dessas coisas dele. O que ele tinha não era dele, mas do povo. Ele era assim, desse jeito. Era muito unido com os filhos, com as primas, primos, com o sogro e todo esse pessoal.

A nossa casa era uma cabana de palha, com cama de talo, forrada com ramos. Casa, não, uma cabana de palha, que é onde vivíamos debaixo, com toda a família: pai, mãe, os tios, vizinhos, primos, primas, avô, avó. Todos moravam encostados. Era uma comunidade boa. Não tinha desavença, não tinha intriga e todo mundo trabalhava e ia vender juntos. Quando chegava, partia o dinheiro. Um tanto para um, outro tanto para o outro. Desse jeito que convivíamos. Brincávamos o Toré, que são os rituais, com toda a família, com os avós, com todos os primos e toda a família, unida. Eu fui uma criança que não tive adolescência como esse pessoal de hoje em dia. Eu só trabalhava. Eu não tenho vergonha de dizer isso. O meu pai me batia? Não, ele não batia. O que eu quero...

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Dados de acervo

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Projeto CSP

Depoimento de Francisco Alves Teixeira (Cacique Alberto)

Entrevistado por Luiz Gustavo Lima

Caucaia, 2 de junho de 2014

Entrevista CSP_HV_018_ Francisco Alves Teixeira (Cacique Alberto)

Realização Museu da Pessoa

P/1 – Cacique Alberto, primeiro eu gostaria de agradecê-los por poder conversando aqui debaixo dessa árvore com o senhor. Para começar, queria que o senhor falasse o seu nome completo.

R – Quando eu nasci, em 1948, no dia 20 de agosto, era uma sexta-feira. Eu tinha um problema, uma doença, e colocaram o meu nome, mas era para ser Alberto. Mas a mamãe, de repente, achava que eu não ia escapar e, por isso, colocaram o nome de Francisco. Fizeram a promessa e, hoje, me chamam de Francisco. Mas o meu nome era para ser Alberto. Mas continuam me chamando de Alberto. O meu nome de guerra é Francisco Alves Teixeira. O cacique Alberto da tribo Tapeba.

P/1 – Onde você nasceu?

R – Eu nasci no Trilho.

P/1 – Onde fica isso?

R – O Trilho fica ali no colégio, não sei se vocês já foram lá, perto das Matés.

P/1 – Aqui no município de Caucaia?

R – Sim, no município de Caucaia.

P/1 – Qual o nome dos seus pais.

R – Vitor Teixeira de Matos e Francisca Alves Teixeira.

P/1 – Como era a vida na sua casa? O senhor tinha irmãos também? Quantos irmãos?

R – Eu tenho quatro irmãos. Três macho e uma fêmea.

P/1 – E como era a vida nessa casa?

R – A casa era uma cabana de palha, com cama de talo. Naquela época, eu acho que pode dizer, a nossa cama era uma cama de vara - tinha outro nome, mas eu vou dizer esse mesmo. Era uma cama que chamávamos de talo, forrada com ramo. Dormíamos daquele jeito ali, está entendendo? Casa de palha. Casa, não, uma cabana de palha, que é onde vivíamos debaixo, com toda a família: pai, mãe, os tios, vizinhos, primos, primas, avô, avó. Todos moravam encostados.

P/1 – E como era esse ambiente dessa comunidade? Viver com os primos, com os tios, como é que era isso?

R – Era uma...

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Título: Meu pai me ensinou a rezar

Data: 2 de junho de 2014

Local de produção: Brasil / Ceará / Caucaia

Entrevistador: Luiz Gustavo Lima
Autor: Museu da Pessoa

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