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História
Por: Museu da Pessoa,

Maria, uma mulher guerreira

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Maria, uma mulher guerreira

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Maria Magalhães Sobral, nasci em Itamaraju, Bahia, no dia 17 de abril de 1971.

A minha infância não foi muito boa, não, porque meus pais não tinham muitas condições de dar o alimento pra gente. Eu ia estudar, voltava pra casa, não tinha nenhum alimento pra se alimentar, nem de noite, nem meio-dia.

Aí, eu tive vontade de vir pra São Paulo, porque aqui tem minhas primas, minha irmã. Sabe como é criança que põe um negócio na cabeça, né? Falei: “Aqui eu não quero ficar”. Eu peguei e falei assim: “Eu quero ir pra São Paulo, que eu quero ficar com a minha irmã. Lá tem alimento pra eu comer”. Eu sem querer falava essas coisas com a minha mãe. Eu ficava triste. Chegava da escola: “Mãe, tem comida?”. Ela dizia: “Não tem, não, minha filha”. Aquilo me doía por dentro.

Aí, eu vim pra cá, com sete anos. Vim com a minha prima. Eu morei na casa do meu tio. A minha irmã ia trabalhar, eu ficava lá com o meu tio. Aí, eu comecei a estudar na escola... Fiz a primeira série na escola do Farina, a escola Clóvis de Lucca. Do Farina, eu vim pra cá.

Ah, quando eu cheguei, achei tudo bonito. Apartamento, que na Bahia, onde eu nasci, não tem esse monte de apartamento. Eu achei muito legal o lugar. Eu era muito levada também, tinha vez que eu não queria ajudar a minha tia, a minha tia me falou assim: “Olha, você veio pra cá, mas você vai ter que me ajudar”. Aprendi até secar a louça, que eu não sabia. Aí, comecei a aprender as coisas domésticas, foi muito legal.

A minha tia me ensinava a ler, ela falava assim: “Maria, um dia você vai aprender a ler”. Falei: “Não vou, não, tia”. Eu chamo ela de tia, porque era a esposa do meu tio. Ela falava assim: “Um dia você vai aprender a ler. Nem que eu não esteja aqui, você vai aprender a ler qualquer dia. Você vai entrar na escola e tal”. Aí comecei... Pus isso na cabeça. E aprendi a ler na...

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Minha casa, minha cara, minha vida – Cabine São Bernardo do Campo

Depoimento de Maria Magalhães Sobral

Entrevistada por Márcia Trezza e Gisele Rocha

São Bernardo do Campo, 08/03/2014

Realização Museu da Pessoa

ASP_CB01_Maria Magalhães Sobral

Transcrito por Liliane Custódio

P/1 – Maria, fala seu nome completo e o lugar que você nasceu.

R – Maria Magalhães Sobral.

P/1 – Onde você nasceu?

R – Itamaraju, Bahia.

P/1 – Bahia. Que dia e ano?

R – Dia 17 de abril.

P/1 – De que ano?

R – 1971.

P/1 – Você tem alguma lembrança da sua infância, como era, do que você brincava?

R – Ah, tenho uma, mas não foi muito boa, não.

P/1 – Da infância?

R – Não foi muito boa, não, porque meus pais não tinham muitas condições de dar o alimento pra gente. Eu ia estudar, voltava pra casa, não tinha nenhum alimento pra se alimentar, nem de noite, nem meio-dia. Não foi muito boa, não. Aí, eu tive vontade de vir pra São Paulo, porque aqui tem minhas primas, minha irmã. Sabe como é criança que põe um negócio na cabeça, né? Falei: “Aqui eu não quero ficar”. Eu peguei e falei assim: “Eu quero ir pra São Paulo, que eu quero ficar com a minha irmã. Lá tem alimento pra eu comer”. Eu sem querer falava essas coisas com a minha mãe.

P/1 – Sei.

R – Eu ficava triste. Chegava da escola: “Mãe, tem comida?”. Ela dizia: “Não tem, não, minha filha”. Aquilo me doía por dentro. Eu não ajudava porque eu era pequena também. Ela ficava triste com essas palavras. Esses dias mesmo eu falei: “Ai, Deus, me perdoe pelo que eu falei com a minha mãe”. Não pra ofendê-la. Mas ela falava: “Não, minha filha, não fala isso”. Eu falei: “Não, mãe, eu quero ir pra São Paulo, eu não quero ficar aqui”.

P/1 – E você veio pra...

R – Aí eu vim pra cá.

P/1 – Com que idade você veio, Maria?

R – Com sete anos.

P/1 – E como você veio?

R – Vim com a minha prima. Eu morei na casa do meu tio....

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Título: Maria, uma mulher guerreira

Autor: Museu da Pessoa

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