Depoimento de Sidnei Donizete Zózimo da Costa
Entrevistado por Cláudia Leonor e Ana Paula Soares
Estúdio da Oficina Cultural Oswald de Andrade
São Paulo, 23 de novembro de 1994
Transcrito por Lúcia Marina G. A. Oliveira
P - Bom, eu queria começar com o senhor falando o local, nome, local e data de nascimento.
R - O local que eu nasci? Bom, a minha data de nascimento é 04/07/57, eu nasci em São Manuel, no interior de São Paulo, é isso?
P - Seu nome completo.
R - Sidnei Donizete Zózimo da Costa.
P - O nome dos seus pais e onde eles nasceram?
R - Papai é Sebastião Zózimo da Costa, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, mamãe, Ernestina Moreira da Costa, nasceu aqui em São Paulo mesmo, na capital.
P - Sidnei, você ficou em São Manuel? Você passou a sua infância lá?
R - Ah não, eu nasci só em São Manuel, eu fiquei lá acho que três meses da minha vida, né. Foi, papai foi trabalhar lá e esse trabalho ele terminou acho que em torno de três meses ou quatro meses, eu nasci. Mamãe já estava grávida, né, nasci e voltei pra São Paulo, que é onde eu fui criado, nasci no alto do..., quer dizer, fui criado no Alto do Mandaqui, criado ali até os 20, 25 anos da minha vida, minha adolescência toda eu passei ali.
P - O que o seu pai fazia?
R - Ele era tratorista, aquele pessoal que trabalha com trator empurrando terra? Então, papai fazia isso, fazia loteamento, apesar que no caso específico, em São Manuel tem uma cidade vizinha, que hoje até é uma cidade turística é aonde passa o rio Tietê, então fizeram uma usina de cana de açúcar, essas coisas, lá onde se extrai álcool. Eu não me lembro direito o nome dessa usina, mas na cidade de Barra Bonita que é vizinha a São Manuel onde eu nasci. Então papai foi trabalhar nessa barragem, eu tive lá até dois meses atrás eu estava dizendo pra... né, e ficou uma coisa bonita lá, chega o navio, entra, sai do outro lado, fecha, ele sobe coisa de 40 metros, é bonito, muito bonito...
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Entrevistado por Cláudia Leonor e Ana Paula Soares
Estúdio da Oficina Cultural Oswald de Andrade
São Paulo, 23 de novembro de 1994
Transcrito por Lúcia Marina G. A. Oliveira
P - Bom, eu queria começar com o senhor falando o local, nome, local e data de nascimento.
R - O local que eu nasci? Bom, a minha data de nascimento é 04/07/57, eu nasci em São Manuel, no interior de São Paulo, é isso?
P - Seu nome completo.
R - Sidnei Donizete Zózimo da Costa.
P - O nome dos seus pais e onde eles nasceram?
R - Papai é Sebastião Zózimo da Costa, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, mamãe, Ernestina Moreira da Costa, nasceu aqui em São Paulo mesmo, na capital.
P - Sidnei, você ficou em São Manuel? Você passou a sua infância lá?
R - Ah não, eu nasci só em São Manuel, eu fiquei lá acho que três meses da minha vida, né. Foi, papai foi trabalhar lá e esse trabalho ele terminou acho que em torno de três meses ou quatro meses, eu nasci. Mamãe já estava grávida, né, nasci e voltei pra São Paulo, que é onde eu fui criado, nasci no alto do..., quer dizer, fui criado no Alto do Mandaqui, criado ali até os 20, 25 anos da minha vida, minha adolescência toda eu passei ali.
P - O que o seu pai fazia?
R - Ele era tratorista, aquele pessoal que trabalha com trator empurrando terra? Então, papai fazia isso, fazia loteamento, apesar que no caso específico, em São Manuel tem uma cidade vizinha, que hoje até é uma cidade turística é aonde passa o rio Tietê, então fizeram uma usina de cana de açúcar, essas coisas, lá onde se extrai álcool. Eu não me lembro direito o nome dessa usina, mas na cidade de Barra Bonita que é vizinha a São Manuel onde eu nasci. Então papai foi trabalhar nessa barragem, eu tive lá até dois meses atrás eu estava dizendo pra... né, e ficou uma coisa bonita lá, chega o navio, entra, sai do outro lado, fecha, ele sobe coisa de 40 metros, é bonito, muito bonito lá. Mas foi esse espaço de tempo, papai foi lá pra trabalhar nessa, nessa barragem, né, e depois voltou pra São Paulo onde passamos a viver, ele continuou, a gente já morava aqui, ele foi lá só pra fazer esse trabalho dele, aí a gente voltou pra cá e foi onde eu me criei e cresci.
P - E como é que era a sua infância no Mandaqui, como é que era a criançada?
R - Deixa eu ver. A infância do Mandaqui, roubando muita goiaba no quintal do vizinho, todo mundo, né, jogando bolinha, essas coisas, tive uma infância gostosa, uma infância boa, tinha muito espaço, né, o alto do Mandaqui, que é alto de Santana aqui. Ele não era como hoje, eu me lembro que eu andava na Avenida Ultramarino de carrinho de rolimã, tinha, tinha uma descida, a Avenida Ultramarino hoje é um asfalto até lá em cima quase no horto florestal, mas a gente descia, eu e os amiguinhos da época, descia de carrinho de rolimã ali, principalmente depois que asfaltaram e quebrou a ponte, uma ponte que ficou mais ou menos uns cinco anos pra arrumar essa ponte, depois que arrumou acabou a graça que não podia mais andar, começou a passar carro. Mas foi uma infância boa, foi gostoso ali. Eu tive é... nossa, só lembrar o tanto de camisa que eu perdi, tinha uma, hoje é Conjunto dos Bancários, então do lado, no fundo do Conjunto dos Bancários tinha um lugar que era uma espécie de um sítio e lá tinha um português que ele plantava muita coisa. Ele tinha jabuticabeira, goiabeira, pé de caqui, então a gente juntava a molecada toda, ia lá roubar os, e eu normalmente ia com a camisa da escola, parece que é tanto que a minha mãe falava: "Chega da escola, tira a camisa pra não estragar." E eu ia, então você pegava goiaba, aquela coisa toda e saia, né, tudo bem, mas sempre um gritava alguma coisa, fazia barulho e ele tinha uma cachorra chamada Diana, não esqueço até hoje, e você saia correndo mas não dava outra, parece que eu era escolhido, todo mundo pra pegar mas ela ia em mim, aquela camisa novinha de escola, tal, chegava em casa era uma surra, né. Mas era gostoso, era gostoso.
P - E aonde você estudou?
R - Estudei, na realidade ele tem dois nomes, ali no alto do Mandaqui mesmo, é, na parte do dia é Almirante Visconde de Inhaúma, agora no noturno, que seria o ginásio, né, é Crispim de Oliveira, esse ginásio ele fica na Avenida Zunkeller, termina a Voluntários da Pátria, a Voluntários da Pátria ela termina numa, aqui a Avenida Santa Inês, aqui a Avenida Guacá, aí a Avenida Zunkeller começa exatamente no término da Voluntários, andou 200 metros tem a padaria Flor do Mandaqui, o supermercado Colosso, em cima é o colégio, colégio muito antigo lá. Estudei ali até... fiz colegial ali, fiz o colegial ali, depois é que eu fui estudar em Mogi.
P - Teve algum tipo, você teve algum tipo de educação especial nesse colégio?
R - Não, não, era um colégio, na realidade, na época, as escolas, veja bem, tinha o Monteiro Lobato que era do lado, era uma escola particular, paga, mas o que você aprendia no Almirante Visconde de Inhaúma talvez fosse até melhor que no Monteiro Lobato, o ensino, o ensinamento. E você tinha mais liberdade, não era aquela coisa muito presa porque era uma escola do governo, né, não era uma escola particular, mas era legal, era gostoso, eu gostei de estudar lá.
P - E você estudou lá até quando mais ou menos?
R - Estudei até, quantos anos eu tinha? Eu tinha 16 anos, quando eu fiz o colegial, 16 pra 17, foi até essa época que eu estudei ali, foi em... é, foi isso mesmo, eu estudei, é, oito anos eu estudei, oito não, oito minto, eu estudei 11 anos lá, 11 anos da minha vida eu estudei ali, graças a Deus nunca repeti nenhum ano, não acredito, mas é verdade.
P - O Sidnei, e aí você foi fazer o que quando você saiu do...
R - Eu fui trabalhar de..., eu fui, aliás, eu já trabalhava, eu já tinha, eu havia começado a trabalhar, quer dizer, eu comecei muito cedo, eu comecei a trabalhar com sete anos, minha realidade é essa, eu vendia jornal, né. Daí é, eu vendia jornal, depois disso aí eu passei a ser office-boy.
P - Tá, quando você vendia jornal, onde você vendia jornal, como você fazia?
R - Não, a realidade é a seguinte, tinha a Avenida Ultramarino, fizeram logo que começou a descer o ônibus até lá no alto do Mandaqui, porque o ônibus só vinha, ele subia até a padaria Flor do Mandaqui, ali na Zunkeller, dali, quem morasse mais pra baixo, aquela coisa toda, mesmo o Conjunto dos Bancários, quando fez, ainda não tinha ônibus. Então logo que começou a descer esse ônibus pra... foi, isso aí deve ter sido em 67, 68 por aí, eu me lembro porque em 70 que teve a Copa, que o Brasil foi campeão eu já, eu já trabalhava há uns dois anos, então que é que acontece: fez uma padaria. Era um bar que deram uma melhorada lá, começaram a servir pãozinho, cafezinho, virou uma padaria. Um bar até do seu Álvaro, seu Álvaro, me lembro como se fosse hoje, a gente ia buscar pão e leite ali, né. Como fez a padaria, uma das pessoas que era até freqüentador lá da padaria, seu José, que é que ele fez. Ele pegou, ele mesmo fez, não essas bancas de jornal convencional, ele fez uma banca de jornal ali, só que ele tinha problema de alcoolismo, bebia muito, e eu comecei ajudá-lo, comecei a trabalhar para ele. Eu ia pra escola, né, e voltava e ficava lá na banca, e ele ia tomar as cachaça dele e ia dormir, né. Depois a tarde ele vinha, eu dava o dinheiro dele, ele dava o meu e estava tudo bem, resumo, foi isso: eu fiquei trabalhando na, eu trabalhei nessa banca dele mais ou menos uns dois anos, aliás no final, a banca já era quase minha (risos), é, porque como é que funciona, a pessoa que tem esse problema de tomar tudo, ele vai perdendo um pouco da consciência, né, a forma de ser. Então, de manhã, jornal tem uma coisa muito séria, você tem que sair cedo pra pegar, hoje não, hoje tem aquelas peruas que distribuem, mas lá não ia. Lá no Mandaqui não ia porque era de terra, aquele negócio, o asfalto vinha até a padaria, depois não tinha mais. Aí, que é que eu fazia? De manhã ele não tinha condição de vir, às vezes na noite anterior tinha tomado um pouco a mais, essas coisas, não levantava. Eu comecei a vir aqui na Barão de Limeira, então na Barão de Limeira você pegava o jornal O Estado de S. Paulo, acho que a Folha de S. Paulo, não me lembro direito, acho que é isso, é, alguns jornais você pegava ali, depois você ia onde é o Diário Popular, que ali é muito antigo também e lá você pegava o Diário Popular e o jornal que hoje em dia nem sei se tem mais, Diário da Noite, esse jornal tinha antigamente. Eu pegava ali, punha no meu carrinho e " pá-pum". Pegava o ônibus até lá na padaria, né, que o ônibus ainda não descia lá em baixo, dali descia a pé, colocava o jornal lá e beleza, passava o dia todo vendendo, quer dizer, isso até o horário de ir pra escola, eu ia pra escola e ele vinha, ficava, e depois eu voltava do colégio, ia almoçar e aí acabou com parte da minha infância. Eu comecei trabalhar muito cedo, (risos) que aí era horário que eu devia jogar bola, bolinha, mas aí não podia ir mais, mas era legal.
P - Quantos anos o senhor tinha nessa época?
R - Ah, eu comecei trabalhar nessa banca com oito anos, sete pra oito anos, né. Sete, oito anos foi quando eu comecei a ajudar ele, depois eu fiquei dois anos pra quase três com ele eu saí de lá já estava saindo, já estava fazendo, já estava cursando o ginásio já, é.
P - Quem era a clientela que ia pegar o jornal lá?
R - Ah, tinha os moradores ali, né, seu Zelão, que era uma família tradicional ali onde eu fui criado, seu Zelão, Zezinho, seu Zelão ele tinha carroça, é, eu fui... eles vendiam peixe, então só pra casa deles iam dois, três jornais, né, pro seu Álvaro lógico, que era o dono da padaria e o dele tinha que estar ali todo dia, e ali tinha poucas casas, não tinha muita coisa, tinha a igreja lá em cima, né, que ali ao redor da igreja tinha algumas casas e era vendido ali, até que depois saiu, começou-se a vender até pro pessoal do Conjunto dos Bancários, depois eles fizeram tudo lá, hoje o Conjunto dos Bancários é até uma, né. Mas o pessoal vinha buscar jornal ali porque não tinha outro lugar pra ir, então quem morava tipo até na parada Pinto ali, na Vila Amália, quem morava na Pedreira ali que faz parte do Lousane Paulista e até um bom pedaço, quase no Santa Inês, tinha de vir ali, ou ia ali, ou ia, teria que subir até lá em cima na Flor do Mandaqui, na Zunkeller, que era lá em cima, mas ia andar o quê? Ia andar dois quilômetros a mais quase, então ia ali e comprava ali, era gostoso.
P - E aí você trabalhou ali até os dez, 11 anos?
R - É, eu trabalhei até 11 anos ali, até 11. Aí com 12 anos eu passei a ser office-boy, eu fui trabalhar, foi papai que arrumou pra mim. Como ele tinha muito contato com esse pessoal de trator, porque papai além de tratorista era mecânico, né, de trator, ele tinha um amigo dele que vendia peças pra trator, e ele tinha uma lojinha na Brás Leme, aqui na Casa Verde, né, se entrar aqui nessas parte toda, pode falar isso?
P - Pode. (risos)
R - Não tem problema?
P - À vontade.
R - Então, eu fui trabalhar de office-boy nessa loja. Mas não fiquei muito tempo ali, até devo ter trabalhado na Cetrac uns dois anos, dois, três anos, né, é mais ou menos isso, isso foi, boy, aquele boy normal que saia, ia entregar peça, buscar uma coisa, buscar outra, foi isso.
P - Que bairros você percorria Sidnei nessa época?
R - Eu ia muito ali na Alcântara Machado ali, porque as firmas de peças pra tratores elas se centralizam, a mesma coisa que hoje móveis, onde eu trabalho, a linha de peças pra tratores se você quiser comprar uma peça, tem um trator, quebrou, se você quer comprar, você tem que ir na Alcântara Machado, a Alcântara Machado é ali na Radial Leste, né? Então você vai, é paralela acho que com a Celso Garcia, uma coisa assim, só que é bem pro lado de lá. Ali tem todas essa firmas, só a Lion que é a maior firma de peças pra tratores que é na Avenida do Estado, mas bem ali também e depois na Alcântara Machado ali tem a Traquiroler, eu não lembro direito dos nomes, mas tem, são várias lojas só de peças para tratores; Rolinque, é, essa Rolinque só vende rolamento de trator que é a coisa que eu acho que mais quebra em trator é rolamento. O tanto que eu carreguei de caixa de rolamento pra trator, então é isso, eu ia ali, os lugares que eu mais ia na realidade era ali, no Ipiranga, onde mais eu ia? É, e o centro, né, que boy naquela época era mais centro, ir buscar carta, pagar coisa em banco, não, não tinha tanta fila que nem eu vejo hoje, né, os boy, é um sofrimento, né, fica um passando: "Você tá indo, faz aí que eu já vou fazer o outro." Na época não tinha tanta fila, era mais fácil.
P - E como é que era São Paulo nesses lugares que você andava?
R - Gostoso, gostoso, você podia andar qualquer hora, não tinha assalto, menos violência, né. São Paulo era mais gostoso "vichi", você andava tranqüilo em qualquer lugar, não tinha o, era mais o centro velho, né. Não tinha nada de Paulista, Paulista tinha mas não era o que é hoje, essa Paulista de hoje, era uma Paulista mais, uma avenida comum, não o que é hoje, então o centro da cidade realmente era aqui. Tinha-se aqui que fez a estação da Luz, aqui era, tinha muita coisa na Cásper Líbero, ali Praça do Correio, Avenida São João. Bom, o carnaval era feito na Avenida São João, era feito ali o carnaval, o Vale do Anhangabaú com a Avenida São João, você queria assistir o carnaval de rua, todo ano era ali, e você subia um pouco pra cima era o centro onde é até hoje, os bancos, né, a Rua do Comércio, XV de Novembro, Boa Vista, mas era, era gostoso, os prédios acho que não eram tão altos. A realidade eu acho que é essa, os prédios eram mais baixos e tinha mais tranqüilidade. Você andava em São Paulo sem medo, você quando você via alguém falar que acontecia alguma coisa, aquilo lá era o noticiário da semana inteira, era gostoso. São Paulo era uma delícia, apesar que eu ainda gosto, do jeito que é eu gosto, eu adoro São Paulo.
P - Sidnei, você entregava peça, você falou que trabalhou muito com rolamentos, você entregava as peças?
R - Entregava.
P - Como é que era?
R - Entregava, eu cheguei a ir em oficinas, as oficinas a maioria eram em Guarulhos, então o que é que você fazia? Eu trabalhava numa loja de peças, nem sempre o comprador vem buscar, então alguém tem que levar, né, o patrão não ia levar, o sócio dele não ia levar, mas sobrava pra mim, mas eram peças pequenas, porque as peças maiores que fossem coisa grande alguém ia entregar de carro ou de caminhão, né, porque trator é tudo exagerado, é, pneu do trator, cinco não levanta. Agora rolamento, pecinha pequena, daí eu levava, isso aí, era Guarulhos, Cumbica, na Cruzeiro do Sul. Na Cruzeiro do Sul tinha uma oficina que reformava muito trator, né, era nesses lugares que eu ia levar, levava sim. Era gostoso, levava, meio pesadinho, mas você parava pra descansar ou as vezes você queria ir mais rápido, mas aí quando você ia correndo era pra fazer bagunça, né, você ia rapidinho, " pum", entregava e ia pro cinema. Era legal.
P - Quando você ia pra Guarulhos, Cumbica, você ia como, de ônibus?
R - Ah, de ônibus, não?, sempre de ônibus inclusive na época os ônibus saiam da onde? Era da Ponte Pequena mesmo? Eu acho que era da Ponte Pequena já, não me lembro direito se era dali, eu sei que eu pegava um ônibus, tinha um, como é que era o nome? Parque Moreira, acho que é Parque Moreira, o nome do bairro que o ônibus vinha, quase no final dele e esse Parque Moreira ele atravessava tudo, Guarulhos tudo ali, e ali ele me deixava já nas oficinas, que oficina é sempre bairro, né, nunca é centro, me deixava ali, tudo bem, aí já entregava os rolamento que eu tinha que entregar e já saia embora, era assim.
P - E você trabalhou como office-boy até quando, mais ou menos?
R - Eu trabalhei até uns 18 anos, até os 18 anos, que eu fiquei na Cetrac até mais ou menos uns 16 anos, né, devo ter entrado lá com 14 anos, eu fiquei uns dois anos, 16 pra 17 saí, aí eu fui trabalhar com um tio meu, só que fiquei pouquíssimo tempo lá com esse meu tio, que me dava muita bronca, eu falei não, voltei pra essa mesma Cetrac e fiquei, né. Aí depois daí eu parei, foi quando eu comecei me envolver com esse negócio de vendas, né, nessa época eu já não... eu já sentia, né, como eu vendia jornal eu sentia que eu gostava mais era de outra coisa, de não ficar carregando peça, não, não era isso. Eu queria outra coisa e foi, sabe, eu lembrei de venda de jornal, falei: Pô, podia fazer isso, né? Até pensei nisso, mas depois eu falei: "Não, não quero, vender jornal, não quero não, eu vou fazer uma outra coisa." E foi então, onde foi que eu fui? Ah, sim, aí eu já estava mudando mais uma vez devido ao papai, eu já estava mudando pra Arujá, não foi nem pra Arujá, foi pra Itaquaquecetuba, que é uma cidade vizinha de Arujá. Papai foi trabalhar num porto de areia ali em Itaquaquecetuba, essa cidade vizinha de Arujá, ela só tem porto de areia, uma cidade com muitos bancos e muitos portos de areia e eu fui trabalhar lá. Eu fui... passei a morar lá, né, que o papai teve que mudar pra lá, né, eu passei a morar lá. Aí, comecei a estudar em Mogi na faculdade, né, comecei a cursar a faculdade em Mogi, aí foi quando eu entrei na minha primeira loja de móveis, primeira vez que eu comecei a mexer com móveis e eu na, na realidade não foi nem, a minha irmã, essa que vai se formar juíza que eu estava falando pra você, a Sueli, ela já trabalhava nessa loja, ela era auxiliar de escritório nessa loja de móveis, loja de um turco, lá em Itaqua mesmo, Casa de Móveis Itaqua, aí, que é que aconteceu? Eu desempregado ela falou: "Pô, você não quer trabalhar na loja lá?" "Trabalhar de que lá, office-boy eu não quero." "Não, é que está precisando de vendedor." "Vendedor? Mas eu não sou vendedor." "É, mas não precisa ter prática, lá você aprende tal, o pessoal te ensina, né." E eu fui, eu fui, eu trabalhei. Esse turco ele tinha quatro lojas, ele tinha duas em Itaqua, que era a Casa de Móveis Itaqua e a Itaqua Móveis. Tinha uma em Suzano, na General Francisco Glicério, que é a rua central de Suzano, e tinha uma em Jacareí, a Conde dos Móveis, tudo desse mesmo turco. Aí eu trabalhei um mês na Casa de Móveis Itaqua em Itaqua, é, trabalhei um mês ali, ele até gostou de mim, é, legal, mas tinha na loja de Suzano, na realidade em Suzano era Guaió Móveis, cada uma tinha um nome mas era do mesmo proprietário, aí o gerente de lá todo sábado ele vinha, Nonato, Raimundo Nonato Lemos Garcia, ele se diz meu professor de venda hoje, eu agradeço muito até, ele me ensinou muita coisa, é. Então o Nonato veio num sábado que ele vinha trazer o movimento da loja de Suzano, a matriz era aonde eu estava trabalhando em Itaqua, ele vinha trazer ali e tal, me viu, não sei que é que ele achou de mim e tal e coisa e "pá", e foi lá conversando ele tinha acho que demitido um vendedor dele, ou tinha saído um vendedor dele em Suzano. Aí eu e o Alí, Alí Hamute, que era o dono dessas lojas: "Não, o menino taí, ele é irmão da Sueli, que trabalha aqui já com a gente, né, ele não é vendedor mas já está aí vendendo, está aprendendo." E o Nonato falou: "Não, vamos lá. Está aprendendo, você vai aprender comigo. Ah, legal, aí fui pra lá, pra Suzano na Guaió Móveis. Era uma lojinha de minúscula, pequenininha, hoje em vista do que eu trabalho, né, era um pouco maior que isso aqui, mas era uma lojinha gostosa porque Suzano, Suzano é um lugar de muito japonês, ali o pessoal que mora em Suzano, Mogi, ali a colônia japonesa lá é muito grande, tem muito chacareiro, essas coisas que tem, granja, esses negócios todos. Aí comecei trabalhar, comecei gostar realmente do negócio, pô, legal e fui, fui, fui indo depois de um tempo eu passei a ser um bom vendedor, eu lembro que eu passei a ser um bom vendedor, porque venda tem muita competição. Então a gente era em três vendedores: era eu, o Eduardo e o Airton, o Airton grande mineirinho, que saudade dele, faz tempo que eu não vejo, o Eduardo vi a pouco tempo, e então que é que acontecia, a gente criava aquela competição entre a gente, por exemplo, digamos se fosse hoje, uma loja tem que vender 30 mil reais, então cada um tem que vender dez, mas um sempre quer vender mais que o outro e eu cheguei a ter uma época que eu comecei a pegar primeiro lugar, aquela coisa acontecia, eu tive essas coisas na minha vida. E eu trabalhei ali, trabalhei quantos anos com o seu Alí? Com Alí, cinco anos, cinco pra seis anos, eu trabalhei nessa loja de Suzano dois anos como vendedor, depois eu voltei pra Casa de Móveis em Itaqua, que era a matriz, eu voltei e fiquei um mês, de vendedor já passei a ser gerente. Aí o Nonato saiu da empresa, eu voltei pra lá e fui gerenciar a loja de Suzano. Aí depois eu fiquei gerenciando essa loja uns dois anos, foi quando eu saí de lá que eu recebi um outro convite. Eu fui trabalhar, eu conheci, eu fui fazer uma compra na Tamakavy de Suzano. A Tamakavy era uma empresa que acabou, era do grupo Sílvio Santos, até acabou isso, essa loja, e eu fui comprar um liqüidificador, que era presente de Dia das Mães, aquele negócio, foi um espremedor de frutas, que minha mãe até hoje me xinga com aquele negócio lá, põe a laranja ali mas ele é muito lento, ele não tem velocidade, é. Aí comprando, no fazer a compra fui pedir um desconto pro gerente da loja e ele... que é que ele fez? "Ah, não posso tal." Mas eu sentei, começamos a bater papo tal: "Você trabalha aonde?" "Eu trabalho ali na loja de móveis assim." "Ah, você também trabalha com móveis?" "Trabalho." "E como é que está lá?" "Ah, está legal, vivendo, né." Era garotão ainda. "Ô, você não quer trabalhar aqui na Tamakavy, estou precisando de vendedor aqui." "Ah, não sei, depende, se eu for ganhar mais, né." E ele acabou me provando por A+B, depois foi uma mentira, mas ele, no papel, ele me provou por A+B que eu tinha condição de ganhar mais aí na Tamakavy e tudo bem, eu falei: "É?" "É." "Vou ganhar mais? Vou." Legal, fui pra lá, trabalhar na Tamakavy, eu fiquei nessa Tamakavy de Suzano também, deixa eu ver, eu fiquei dois anos nessa loja de vendedor, mas depois o rendimento começou a ser legal, o pessoal começou a gostar, eu fui transferido pra Tamakavy da Lapa, é, na Nossa Senhora da Lapa, a mesma Tamakavy, o mesmo grupo, porque a Tamakavy tinha coisa de sessenta e poucas lojas, hoje essas lojas foram todas compradas pela Casas Bahia, todo lugar que tinha uma Tamakavy, hoje é uma Casas Bahia, entendeu? E aí eu vim trabalhar na Lapa, no jardim da Nossa Senhora da Lapa ali é paralela a XIV de Outubro, e eu fiquei trabalhando ali. Fiquei de vendedor na Lapa durante mais dois anos, eu fiquei dois em Suzano, dois ali, aí, qual foi surpresa? Dois anos que eu estou ali eu fui promovido, mas pra gerente da Tamakavy de Suzano, aonde eu comecei como vendedor. Eu até fiz um trabalho legal lá, gostoso lá, eu fiquei um ano e meio gerenciando lá só que tinha muita transferência, né, você está num lugar daqui a pouco, você... não sei se é promoção ou se é saída estratégica, sabe, aí me puseram na loja do Tucuruvi e foi quando eu saí da Tamakavy.
P - Sidnei, você havia dito que o seu Nonato era um professor que...
R - Foi, hoje ele brinca muito comigo, diz que, ele diz hoje, que foi meu professor de venda.
P - E, o que é que ele ensinou, que você mais aprendeu com ele?
R - Versatilidade, o Nonato me ensinou versatilidade, eu digo que o meu professor de venda na realidade não foi o Nonato, foi Aparecido Rosa, foi o gerente que eu tive na Tamakavy da Lapa.
P - Sei.
R - Ele me ensinou a ser profissional, o Nonato ele já é uma pessoa mais folclórica não sei se é devido ao estado que ele nasceu. Ele nasceu no Belém do Pará, ele é aquela pessoa que o negócio dele é merengue, entendeu? O negócio do Nonato era festa, se não tinha nada pra fazer vamos colocar bandeirinha na loja e então o Nonato me ensinou muito esse negócio de versatilidade você...
P - Que é que é a versatilidade?
R - Vendas, vendas é o seguinte: você tem que, você, você está tratando com o cliente, você é uma cliente, você está me fazendo uma compra. Legal, tudo bem. "Bom, eu gostei dessa cadeira. Tal, tudo bem. Só que eu não queria essa cadeira, assim, marrom." "Eu só tenho uma marrom, eu não tenho, eu sei que você gostou dela, mas eu não posso fazer ela de outra cor, bom, eu não vou te vender essa cadeira, você gostou dela, mas eu não tenho ela no preto, você quer na cor preta, mas eu não tenho preto, eu tenho uma outra. Olha você gostou muito dessa, ela é bonitinha, tudo bem, eu até podia fazer na cor que você quer, você quer preto, né, podia fazer. Mas não vai dar pra te fazer porque você vai ter essa cadeira, a cadeira é ótima, lógico, mas você vai ter essa cadeira durante uns seis meses, daqui há um ano você não vai ter mais. Em compensação, eu tenho aquela na cor que você quer, preta, (fim da fita 059/01-A) e essa vai lhe durar dez, 15 anos, entendeu?" Você entendeu? É essas coisinhas é você sair, tirar um cliente de uma determinada mercadoria, mesmo que ele gostou daquela, você fazer ele gostar de outra, né, e nessa outra: "Opa, tudo bem, eu vou ficar com essa porque as explicações técnicas foram melhor que a da outra." É onde você mostra a sua versatilidade.
P - E o outro professor?
R - Ah, o Cido, Aparecido Rosa, hoje é peixeiro também, parou com tudo depois que saiu. Quando a Casas Bahia comprou a Tamakavy então o Cido falou, ele já trabalhava uns dez anos na, lá na Tamakavy, ele falou: "Não, não quero mais mexer com isso" Ele comprou um caminhão baú, ele vai no Ceasa, enche de camarão, peixes, mas peixes, ele é que serve hoje a maioria dos restaurantes de São Paulo, ele que serve, com esse... ele já está com dois ou três caminhões, mora na Penha, mas ele é que me ensinou a ser profissional. Porque o Nonato era muita festa, muita brincadeira, era gostoso, né, o Nonato ele me pegava, a gente saía, fechava a loja as seis horas. Seis e cinco nós já estava num, tinha um bar lá em Suzano, chamado Machão, uma lanchonete gostosa que tinha ali, seis horas fechava a loja, seis e cinco nós já estava na cerveja, né. Então o Nonato ele gostava de farra, gostava de festa, ele me ensinou realmente a vender, né, a versatilidade, essas coisas, mas a ser profissional e vender mesmo que é... Porque venda, venda é números, é uma profissão legal, gostoso pra quem gosta, pra quem tem, tem isso dentro de si, venda é muito gostoso. Mas se você não der os números desejados você está banido do ramo da área de vendas, então o Aparecido Rosa me ensinou isso, o Cidão, me ensinou isso.
P - Os números?
R - Os números: "Sidnei, hoje - venda é bem assim mesmo -, hoje você está trabalhando, você terminou o mês em primeiro lugar. Então você vai hoje, terminou hoje, terminou hoje, o primeiro lugar, tal, você recebeu um tapinha nas costas de todo mundo, porém, amanhã é outro dia, vai começar outro mês, aquilo tudo que você fez o mês passado esqueceu. Você comemora naquele dia, vai faz a festa, tudo bonito, legal mas começa o outro mês, acabou. Se você no outro mês pegar o último lugar, aquele primeiro que você teve não vale nada. Então foi isso que eu aprendi com o Cido, sempre correr atrás de números, tanto é, até tem uma brincadeira hoje na Clamoi que o pessoal fala: "Meu, você só pensa em primeiro lugar?" Não é que eu penso em primeiro lugar, eu gosto de chegar em primeiro, mas não é que eu vou morrer se eu não chegar, eu posso chegar em segundo, em terceiro, é a mesma coisa, que a diferença as vezes é mínima, mas eu corro bem atrás disso mesmo, eu aprendi que o Cido, o Cido ele em si era uma pessoa muito jeitosa, ele... arrumação de loja é uma coisa que eu não aprendi a fazer direito, ele é campeão nisso, eu não aprendi muito não, mas ele pegava, ele fazia aquelas... Vocês, quando entram num magazine, Mappin, ou uma outra loja qualquer, vocês não vê aquela pilha de pé de geladeira, liqüidificador, uma caixa colocada sobre a outra, aquilo parece que é simples, a gente, o cliente de fora vê, olha, só vê a primeira peça que está em cima que é a peça que ele vai comprar, né, o liqüidificador ou o televisor. Mas pra fazer aquela pilha, aquilo bonitinho, aquilo é uma mão-de-obra, então o Cido ele tinha isso, a loja dele vivia limpinha, eu aprendi muito isso. Aliás, eu tenho que brigar lá que esqueceram a pessoa pra dedetizar a loja - isso desde segunda-feira passada. Então foram as coisas que ele me passou, eu trabalhei com o Cido, durante dois anos eu fui vendedor do Cido, e hoje ele é meu amigo particular, dois anos eu fui vendedor, aquela coisa toda dele e isso aí eu fui pegando, fui pegando, fui pegando até que... Eu acho que juntou com o que o Nonato me ensinou de, aquela coisa folclórica, e o que o Cido me ensinou de profissionalismo. Eu acho que a fusão destas duas coisas é que, eu não sei se é sucesso, mas graças a Deus eu estou numa condição boa né, diga-se de passagem até privilegiada, né, foram isso que eles me passaram.
P - Sidnei quais eram os incentivos que o vendedor recebia pra atingir o primeiro lugar, pra vender mais, vocês trabalhavam com comissão?
R - Não esse, todo vendedor é comissionado, né. Varia muito de empresa pra empresa. Veja bem, a Clamoi eu gosto da Clamoi, quer dizer, hoje que cortou um pouco, mas a Clamoi tem uma coisa boa, ela, ela estimula muito, né, quer dizer, o bom vendedor, a realidade é uma só: não é, não é o prêmio em si. Que é que a pessoa quer? Ele começa como vendedor, ele não vai querer ficar de vendedor a vida inteira, né, ele vai ser, sempre galgar uma coisa melhor. É o que eu passo, todo lugar que eu trabalhei eu sempre passei isso pro meu vendedor: "Amigo, eu não quero ficar aqui a vida inteira, ou eu vou pra um lugar melhor nessa própria empresa ou eu vou pra uma empresa que eu vou ganhar mais dinheiro, agora você também não pode ficar nessa aí só, né, só vendendo." Então todo vendedor é isso. Ele vai sempre correr atrás de ou ser gerente ou melhorar um pouco a sua posição na empresa. Agora, as empresas têm incentivo, tem empresas, a Tamakavy, eu lembro que a Tamakavy ela, de cada seis meses ela fazia um concurso, mas isso era pra loja, a loja da Lapa ganhou um carro uma vez, a de Suzano ganhou uma moto, a de Santo Amaro, a de Santo Amaro também ganhou um carro. Mas isso aí era aquela coisa que vendia, dividia, tudo bem. A Clamoi, há tempos atrás, coisa de um ano, um ano e meio atrás, a Clamoi tinha, isso foi há muitos anos, tiraram agora porque mudaram, a comissão da Clamoi era um "x" e além da sua comissão, se você vendesse, digamos, à vista, a venda à vista que você vendia, aquela além da sua comissão normal, você ia no caixa, ali na boca do caixa, e você tinha digamos meio por cento daquela venda, a venda à vista. Tinha um outro tempo, um outro tipo de venda que veja bem, a venda a prazo pela financeira, as financeiras o que é que elas fazem? Pro lojista ela paga à vista, então se você vendesse também pela financeira você tinha mais meio por cento. Então isso aí era mais um tipo de incentivo e teve um que eu até gostei muito, a Clamoi fazia, dava muitos prêmios, a Clamoi tinha muitos jantares, a cada três meses tinha um jantar na Clamoi, então todos os vendedores, então era aquela farra gostosa. Isso quando a dona Clara e o seu Moisés estavam melhor de saúde, agora está mais cansado um pouco, mas era legal até, então ia todo mundo e tal, no final saia neguinho bêbado, aquelas coisa, aquelas coisa de vendedor, tudo terminava em festa, né. E lá você recebia, digamos, o prêmio que você ganhou naqueles três meses. Eu ganhei uma sala de jantar na Clamoi do Jabaquara, essa Clamoi do Jabaquara quando eu fui gerenciar ela, que eu nem te contei como eu comecei na Clamoi, né.
P - A gente retorna.
R - É, mas quando eu fui gerenciar essa loja eu fiquei durante cinco meses consecutivos, primeiro lugar da empresa e nesse ínterim em, o prêmio seria essa sala de jantar pro melhor gerente na época. Eu acabei ganhando essa sala de jantar, o meu vendedor o Vicente, que hoje é gerente lá, ganhou uma cama, meu outro vendedor também pegou segundo lugar é, ganhou uma cama de solteiro e um colchão. Era gostoso, a gente chegava no jantar, quer dizer, eu, o meu prêmio é legal, eu gostei, uma sala de jantar, pô, mas só de você chegar, subir lá, dona Clara, seu Moisés lá, o doutor Arnaldo, pegar e: "Toma isso aqui." E aquelas palavras que só eles sabem dizer, né, e então era gostoso, eu achava legal. Hoje em dia cortou um pouco isso porque... em virtude de uns e outros pensar muito em dinheiro, então, o que é que aconteceu: pegaram esses premiozinhos, essas coisas, passou tudo pra comissão. Então a comissão aumentou, então se ela era 3% agora ela é 5, mas também essa coisa folclórica, gostosa, acabou, entendeu? Mas era, era legal, era bom.
P - Quer retornar então, como é que você começou na Clamoi, né?
R - A Clamoi, a Clamoi, deixa eu ver, quando eu fui demitido né, sumariamente demitido da Tamakavy, isso foi em 84, 85, é, foi isso. Eu estava gerenciando a Tamakavy de Tucuruvi, e eu não gostava do bairro do Tucuruvi. Aí é, tudo bem, tudo bem mas, é, pra me transferirem de novo pra Lapa só se eu voltasse a ser vendedor, e na Tamakavy não podia fazer isso, eu aceitava, eu prefiro ficar de vendedor na Lapa mas eu não quero ser gerente no Tucuruvi. Me arrumaram uma outra loja em Carapicuiba, mas eu também não quis. Daí acharam que eu estava criando uma coisa e outra eu acabei saindo, até discuti com um dos diretores, o seu Milton ___________, hoje é até meu amigo, mas tudo bem, nós rachamos o pau aquele dia e xinguei até a mãe dele. Aí saí e que é que eu fui fazer? Eu tinha que ir na Rua Jaceguai que é onde era os escritórios de todo o Grupo Sílvio Santos, é na Rua Jaceguai. Eu saí, fui lá receber, né, aquela coisa toda, aí me mandaram prum banco na Faria Lima, Brigadeiro Faria Lima, que era lá em Pinheiros, tudo bem. Eu fui lá, acabei nem recebendo porque não podia ser naquele dia, eu tinha que dar entrada naquele dia e eu só poderia receber depois, tudo bem, eu venho depois aí. Mas ali, Teodoro Sampaio, Avenida Brigadeiro Faria Lima: "É, eu vou andar um pouco aqui", de bobeira e comecei subir a Teodoro Sampaio, subi, foi quando eu descobri que a Teodoro Sampaio não tem pastelaria, é, pode procurar. Teodoro Sampaio não tem nenhuma pastelaria, tem uma pastelaria lá embaixo no Largo da Batata, é a única, eu fui subir ali na realidade porque eu queria comer um pastel. Fui lá, não recebi, estava duro, né, eu falei: "Pô, que é que eu faço? Vou comer um pastel, dinheiro pro pastel ainda tenho, né, aí sobra pro ônibus pra ir pra casa está legal." E estou subindo, mas eu andei, eu andei, porque a Teodoro Sampaio não é pequena, dali do Largo de Pinheiros até, até a loja, até onde tem a Clamoi ali, na Virgílio de Carvalho Pinto, que é na Teodoro com a Virgílio de Carvalho Pinto até ali, deixa eu ver, dá uns 15 minutos andando legal, e eu ando bem, né. E subi, subi, olhei prum lado, pro outro, nada de pastel, boteco tem de monte, boteco é o que não falta, mas pastelaria não tem. Estou subindo, aí comecei a ver aquele monte de lenha, eu nunca tinha visto. Um móvel rústico, colonial eu nunca tinha visto na minha vida, tinha assim em casa, né, eu nem sabia porque é que minha mãe tinha aquele guarda-roupa que foi do meu avô, pra mim não tinha valor nenhum aquilo, que eu falei aqueles tempos atrás. Mas eu subindo comecei a ver aquele monte de lenha, móvel sem acabamento, eu falei: "Que coisa horrorosa, os caras não tem gosto", e passando em frente a Clamoi, subindo, atravessei a Fradique Coutinho, continuei subindo e passando em frente a Clamoi, uma placa: Precisa-se de vendedores. Eu falei: "Pô, legal." Quatro horas da tarde, sente o drama, horário de procurar emprego Mas eu não estava procurando, a realidade é essa, eu não estava procurando, até hoje eu falo isso neguinho...
P - Não acredita.
R - É, é nada, você veio aqui pedir pelo amor de Deus. Está bom. Aí entrei lá, já começa aí, o gerente estava de férias. "Pô, com quem que eu falo a respeito dessa, né?" "Não, está difícil, só tem o subgerente, na época tinha subgerente - eu não tenho subgerente, eu vou reclamar, (riso) é, hoje é eu e eu sozinho. Então tinha o Oliveira, que era o subgerente, até teve aí uns poucos dias atrás, era o subgerente no lugar do Manoel, ele olhou pra minha cara: "Você é vendedor?" Eu falei: "Sou, né, na medida do possível." "Tá legal." Aí descemos lá embaixo no departamento pessoal, um japonês, chefe do departamento pessoal, eu olhei pra cara do japonês eu falei: "Não vai dar certo." Aí ficou os dois olhando minha carteira profissional que eu falei: "Que é que é? Precisa ou não precisa, tem a placa lá, se não precisar eu vou embora, é só vocês me falarem, já preencheu está tudo bem." "Não, não, não, é que está aqui, você era gerente na outra." "Não, esquece isso, tem a vaga de vendedor?" "Tenho." "Posso?" "Pode." "Dá pra ganhar quanto mais ou menos?" "Ah, depende de você." "Ah, legal, obrigado, hein, pela resposta." Aí no outro dia eu vim trabalhar, só que não, aquele monte de lenha lá que antigamente, "vichi" Pra você entrar na Clamoi não é que nem hoje, hoje está tudo liberadinho, embaixo é acarpetado, está tudo bonitinho, mas não era assim antigamente era de um lado um monte de arca e oratório, do outro lado um monte de mezaninho, mezaninho é aquelas mesinha que entra uma dentro da outra, aquelas pilha, mas não do jeito que você vê lá tudo acabadinho, lixadinho, pintadinho, não Não tinha nenhum acabamento, que a Clamoi tem isso, então o que acontece: o cliente vai e escolhe a cor que ele quer o móvel, né, então já se deixava no osso, como a gente chama, sem acabamento pro cliente escolher a cor que queria. E que é que acontecia, eu fiquei ali, falei: "Pô, que é que é isso?" Aí, pra me confundir mais ainda, o Oliveira que era o subgerente veio me explicar: "Olha aqui, é assim, assim, assim, você trabalha esse móvel e tem tipos de acabamento." Eu falei: "É, que tipo de acabamento que tem esse móvel?" "Essa madeira dá pra deixar ela no natural." Eu falei: "Obrigado." Castanho claro, castanho médio, castanho fosco, com brilho, sem brilho, com meio brilho." Eu falei: "Não, pára, não entendi nada, que é que você está querendo fazer?" "É, não vai ter jeito, você vai ter que demorar uns dias aí pra aprender." "Está bom." Aí fiquei colocando etiquetinha na mercadoria pra conhecer melhor a coisa, passei um dia inteiro assim, perturbando todo mundo aquela pessoa que... você parece que passou na lojinha dele, Milton, aquela lojinha de frente, lembra que você estava falando? Seu Milton era vendedor ainda na época, na Clamoi, depois é que ele abriu a coisa dele em frente. Seu Milton foi uma das pessoas que mais me ajudou, é sossegadão, supervendedor, supervendedor mesmo, seu Milton. Aí ele falou pra mim: "Sidnei, vou te ajudar." Mas ele era esperto, outro que me ensinou muita coisa. "E eu vou te, vou te ajudar, vou te ensinar, só que tem uma coisa, todo pedido que você tirar enquanto você tiver me ajudando é no meu nome." Eu falei: "Pô, quer dizer: eu não ganho nada?" "Não, mas você vai aprender." "Está meio errado, né, está certo mas está meio errado, fazer o quê? Eu quero aprender não quero?" E foi o que eu fiz, eu comecei a trabalhar com ele legalzinho, bonitinho e ele orientou legal tal, dois dias depois eu falei: "Não, não, parou." Foi até a sexta, eu fiquei a quarta, a quinta, a sexta, na sexta-feira eu falei: "É o último dia que eu fico nessa, preciso vender, preciso ganhar dinheiro, ficar nesse esquema não vai ser legal." Tudo bem. No sábado o Manoel voltava de gerente, o que estava de férias. O Oliveira falou: "Você vai ter que ficar pelo menos uns dez dias aprendendo." Mas como voltou o Manoel e o Oliveira era o sub, então ele mandava, mas não mandava muito. Eu já peguei um talão de pedido: "Ô seu Manoel tudo bem?" "Tudo bem." "Eu sou novo vendedor." "Eu não sabia se você estava vendendo ou não." Sábado aquela loja vira um inferno é, aquilo sábado, o que sai de gente, sábado é o dia que todo mundo gosta de ir, mas eu, eu falo até hoje é uma coisa, às vezes, quando eu posso conversar com cliente eu explico: "É o pior dia de você de você ir na loja." Que ele é mau atendido porque não dá tempo de você pegar o cliente e atender direitinho. Então, que é que você faz? Você atende mal, quer compra quer, não quer tchau, entendeu? Aí, que é que aconteceu: eu peguei nesse sábado e fui à luta, peguei o talão de pedido, uma tabela de preço, o que eu não sabia: "Que é isso aqui?" "Ah, isso aí é uma arca." "Arca? Está legal." E só mandando bala, comecei a vender naquele dia, e daí por diante eu estou até hoje, isso foi gostoso, o começo na Clamoi foi uma delícia.
P - Ah, Sidnei, eu queria que você falasse um pouquinho da Teodoro, como uma rua, que um pedaço dela é extremamente especializado em móveis, né, que é que você acha que...
R - É, da Fradique Coutinho, da Fradique até a Doutor Arnaldo, né? Mas o forte mesmo é da Fradique até a Henrique Schaumann, ela em si é a rua dos móveis hoje em São Paulo. Porque era São Bernardo do Campo, São Bernardo que era local dos móveis, aquela coisa toda em São Paulo, porém de um, depois, com o decorrer do tempo, São Bernardo passou a trabalhar com linha reta e deixou um pouco de lado esse negócio de móveis de estilo, hoje você vai em São Bernardo é mais linha reta mesmo. E a Teodoro Sampaio cresceu muito, hoje não tem lugar pra montar mais nada na Teodoro Sampaio, uma casa de móveis não tem. Taí o seu Milton teve que fechar a loja dele, ele está fechando, o bar, vão fechar o bar, vão demolir o prédio, né, vai demolir, e ali vai construir uma loja da Ilustre. Vai fazer um prédio maior, né, a Ilustre trabalha com móveis de estilo. Então se quiser fazer alguma coisa tem que derrubar e construir que não dá pra fazer mais nada, e da Fradique Coutinho até a Henrique Schaumann são as melhores lojas. Ali você tem a Clamoi, você tem a Amazonas que é a estância colonial, tem a Atlântica Colonial, né. É o que domina na realidade o mercado, hoje, de móveis de estilo, cada uma com seu móvel. A Clamoi é o rústico colonial, a Clamoi, a Amazonas trabalha com o rústico colonial, a Estância tem um pouco, mas a Estância partiu já pra uma linha mais, um pouquinho mais moderna e mais mogno, ele não diversifica a madeira, ele tem mogno é mogno e a Estância, aliás a Atlântica e a Ilustre já é móvel laqueado é móveis de estilo, mas é laqueado, é uma coisa, sabe? Hoje, pra você comprar um lustre que tem na, na Atlântica você tem que pensar dez vezes, ou ganhar dez vezes o que se ganha. Mas é uma loja bonita, então é isso. Ali é devido a São Bernardo ter perdido esse campo, né, que era um campo grande, tem lá. Você indo pra São Bernardo tem ainda as lojas, é, tradicionais, só que essas mesmas lojas que é que fizeram? Passaram a linha reta, então linha reta você encontra em São Paulo inteiro, linha reta você vai aonde? Você vai no Mappin tem, chega lá você encontra dormitório Bérgamo e Gepime, tem aquelas linhas, né, 3D, linha reta mesmo, é cerejeira e acabou, a cama com baú, embutida no armário e esses negócio. Mas tem aquela outra parte de cliente, que esse é linha popular, então Casas Bahia vende, Mappin vende, e em São Bernardo vende. Apesar que São Bernardo tem a linha reta, porém a linha reta em madeira mesmo não é só aglomerado, né. A Teodoro Sampaio já não, a Teodoro Sampaio não tem linha reta, até tem uma lojas ali, depois que você passa a Henrique Schaumann você encontra, mas o forte é o rústico colonial e o móvel de estilo. Então você chega, se você entrou ali na Teodoro Sampaio, isso já há mais de 20 anos funciona. Se você entrou, chegou na Fradique, entrou, pode estacionar o carro tranqüilamente, o problema é ladrão roubar, mas estaciona, põe lá o cartãozinho da zona azul ali você vai ter até a Henrique Schaumann, se você passar da Henrique Schaumann também tem, mas não são tanta lojas, o forte é até a Henrique Schaumann, dos dois lado, no mesmo espaço você vai encontrar, quantas lojas tem ali, só nesse espacinho? Eu sei que no total, eu não sei, mas tem loja que não acaba mais, tem, deve ter mais ou menos umas 500, 600 lojas. Bom, tem mais, tem mais porque só no Shopping de Móveis são 40, no shopping, sabe ali no 1400? Ali são 40 lojas, esse shopping é novinho, esse shopping deve ter o quê? Faz uns seis anos que abriu o shopping, seis, no máximo dez anos, não, não tem dez, seis anos. No shopping tem 40, juntou todas ali da rua, nesse espaço, é por isso que hoje ali é a rua dos móveis, hoje não, já faz tempo, né, já faz em torno de 20 anos, mais até, porque a Clamoi tem 35, e a Clamoi que começou com esse negócio de....porque não tinha, na realidade ali, rústico, colonial não tinha. Então o seu Moisés que começou a implantar esse negócio, né, e ele pos móvel lá pra vender. Não onde é, do lado de cá, porque a primeira Clamoi quando abriu era do lado de cá, então ali ele começou a vender móveis, pos lá umas camas, uns guarda-roupas, só que ele começou, partiu pra essa linha. Aí abriu-se a Atlântica Colonial que hoje não mexe mais com isso, mas a Atlântica já trabalhou com rústico colonial durante muito tempo. Então era o seu Moisés ali com a Clamoi e a Atlântica também pequenininha e foram surgindo outras lojas, e está lá, hoje é isso aí, em torno de 600 a 700 lojas só naquele pedacinho. É loja que não acaba mais, né, mas tem, tem sim.
P - Sidnei, da onde vem a clientela que procura móveis ali na Teodoro?
R - Ah, vem de diversos lugares, na Teodoro Sampaio o que acontece é o seguinte: a pessoa faz idéia de que ela pode comprar se ela tiver muito dinheiro, né, mas não é isso, a realidade não é essa. Tem pra todos os gostos e pra toda faixa salarial. É lógico que a pessoa não vai chegar lá e escolher o melhor guarda- roupa que tem, mas então é o que acontece, ali o cliente mesmo é aquele que mora em Jardins, é Morumbi, onde mais? "Vichi", eu vendo pra tanto lugar, meu Deus, Santana compra muito, Santana nós tivemos uma Clamoi em Santana, hoje não tem mais, mas seu Moisés ficou com o prédio, mais, onde mais compra bastante?
P - Acontece de vocês venderem móveis pro litoral? Fazerem venda pra lá...
R - É o que mais vende é...
P - Por que isso?
R - ... principalmente agora, essa temporada, litoral e interior. Porque veja bem, pro litoral, tem que ser embuia, não adianta você levar outro tipo de móvel. O litoral ele tem um problema de maresia, ele, se você pegar uma coisa de ferro, não sei se vocês já repararam, as janelas no litoral são todas ou de madeira ou de alumínio. Eles não fazem janela de ferro, de outra coisa, outro material porque não agüenta. Então como maresia corrói tudo ali, eles preferem a embuia. O pessoal vem aqui, compra o móvel de embuia e levam pra lá, tudo bem, entendeu? No interior é a mesma coisa, no interior o pessoal gosta porque você tem um sítio, uma fazenda, uma coisa assim, então você não vai levar móvel de cerejeira, esse negócio, linha reta como eu digo, você tem que levar uma coisa seguindo uma fazenda, um sítio, uma coisa mais rústica, né. Então, é como funciona, então a gente vende muito pro litoral principalmente final de ano, agora é a briga, todo sábado desce dois, três caminhões da Clamoi, só entregando litoral.
P - Legal. Quer fazer alguma pergunta? Sidnei a gente está acabando a entrevista eu gostaria de fazer mais duas perguntas.
R - À vontade.
P - Qual o sonho que você tem, que você gostaria de realizar ainda?
R - Um sonho que eu gostaria de realizar? Você diz sonho o que, sonho...
P - Sonho seu.
R - ...que sonhos eu gostaria de ter, que tenho; né? Não sei, eu vivo muito em função de sossego, de paz, meu trabalho e sossego, só isso. Financeiro, lógico, eu quero ter uma loja minha, não sei se um dia eu vou conseguir, talvez até consiga, batalhando um pouco mais, tudo, não conseguiu o seu Milton? Era vendedor como eu, tem, fez a sua lojinha, talvez eu consiga um dia, eu vou batalhar pra isso. Vou ser concorrente do seu Moisés, ele não vai gostar muito, ele não gosta, ele fala: "Quer abrir outra lojinha, não, vai tirar meu freguês." Né, mas é, isso é um sonho, né, que eu tenho, quem sabe um dia eu realizo, não nas proporções que é a Clamoi, né, mas uma coisa menor, mas pra mim, talvez, é um sonho, um sonho legal.
P - Certo, e pra gente terminar: que é que você achou de passar essa hora com a gente registrando a sua experiência de vida, a sua experiência como vendedor, como gerente?
R- Ah, legal, adorei, eu nunca tive uma oportunidade dessa de falar nada de mim e; sabe, realmente nunca tive, adorei, gostei. Eu estava meio despreparado, vocês me pegaram assim de supetão, (risos) eu não sei o que saiu, o que saiu pode ter certeza que é verdade, sabe, o que aconteceu comigo, o que eu passei, os lugares que eu passei, é isso aí. Eu até agradeço, até agradeço, eu sei que no início eu dei um pouquinho de trabalho, mas (risos) você viu a minha condição, realmente eu não tenho muito tempo, mas tudo bem, valeu, adorei. Com sinceridade adorei.
P - A gente que agradece muito a sua colaboração.
R - Que é isso, precisou é só chamar.
P - Obrigada.
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