Maria Aparecida Ferranti Baptista, a Cida, nasceu em 11 de dezembro de 1938, na cidade de Santa Gertrudes/ SP. Descendente de italianos, com pai alfaiate e mãe encarregada de centro telefônico, Cida passou a infância numa casa muito grande com vários pés-de-fruta e conta como adorava subir neles para pegar e comer as frutas. Foi criada em colégio de freiras, que abandonou por não se identificar com o que era ensinado. Queriam que se formasse professora, mas não tinha vocação. Também paquerou muito na juventude, mas acabou se casando com quem sua mãe quis. Cida nos diz que a mãe era muito materialista, que queria que se casasse com quem tivesse dinheiro e que escolheu do vestido ao noivo. Atitudes como essa lhe renderam uma mágoa com a mãe ainda não totalmente superada, inclusive por que foi criada de maneira muito rígida por ela, por razões que nunca entendeu, já que nem mesmo era a única filha mulher.
O marido, Cida admite: nunca amou. Eram amigos. Mudaram-se para São Caetano do Sul e viveram juntos por 51 anos. Nunca trabalhou, por exigência do marido. Foram anos em que dizia “amém para tudo”. Tiveram filhos e por fim o marido adoeceu, passando oito anos com Alzheimer. Cida cuidou sozinha dele, perdia noites de sono, mal comia porque ele, com a memória debilitada, sempre achava que ela já tinha comido e por isso não precisava comer de novo. Cida nem mesmo conseguia ajuda com o acompanhamento do marido pois ele sempre implicava com todos que se solicitavam. “Fiz a minha parte”, Cida conclui.
Com a viuvez, passou a viver mais intensamente, com trabalhos voluntários em hospitais, sua iniciação ao kardecismo, e fazendo cursos e oficinas para desenvolver suas potencialidades, sejam de informática, artesanato ou turismo. Transformou-se na mulher sem idade, sempre esbanjando energia e jovialidade, como quando largou uma oficina de costura no Sesc Santo André para participar de uma atividade de ciclismo...
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Maria Aparecida Ferranti Baptista, a Cida, nasceu em 11 de dezembro de 1938, na cidade de Santa Gertrudes/ SP. Descendente de italianos, com pai alfaiate e mãe encarregada de centro telefônico, Cida passou a infância numa casa muito grande com vários pés-de-fruta e conta como adorava subir neles para pegar e comer as frutas. Foi criada em colégio de freiras, que abandonou por não se identificar com o que era ensinado. Queriam que se formasse professora, mas não tinha vocação. Também paquerou muito na juventude, mas acabou se casando com quem sua mãe quis. Cida nos diz que a mãe era muito materialista, que queria que se casasse com quem tivesse dinheiro e que escolheu do vestido ao noivo. Atitudes como essa lhe renderam uma mágoa com a mãe ainda não totalmente superada, inclusive por que foi criada de maneira muito rígida por ela, por razões que nunca entendeu, já que nem mesmo era a única filha mulher.
O marido, Cida admite: nunca amou. Eram amigos. Mudaram-se para São Caetano do Sul e viveram juntos por 51 anos. Nunca trabalhou, por exigência do marido. Foram anos em que dizia “amém para tudo”. Tiveram filhos e por fim o marido adoeceu, passando oito anos com Alzheimer. Cida cuidou sozinha dele, perdia noites de sono, mal comia porque ele, com a memória debilitada, sempre achava que ela já tinha comido e por isso não precisava comer de novo. Cida nem mesmo conseguia ajuda com o acompanhamento do marido pois ele sempre implicava com todos que se solicitavam. “Fiz a minha parte”, Cida conclui.
Com a viuvez, passou a viver mais intensamente, com trabalhos voluntários em hospitais, sua iniciação ao kardecismo, e fazendo cursos e oficinas para desenvolver suas potencialidades, sejam de informática, artesanato ou turismo. Transformou-se na mulher sem idade, sempre esbanjando energia e jovialidade, como quando largou uma oficina de costura no Sesc Santo André para participar de uma atividade de ciclismo junto a jovens e crianças. Com a fotografia daquele momento bastante compartilhada, virou símbolo das ações daquela instituição.
Um dos momentos mais emblemáticos de sua emancipação feminina pós-casamento é o do dia em que acordou e, sem dizer nada a ninguém, saiu para fazer uma tatuagem. Uma joaninha que percorre seu ombro. A família não apoiou, mas, como ela mesmo diz, ela passou muitos anos obedecendo mãe, marido, filhos. Agora ela estava livre. Aos 76 anos então, há dois anos, seu coração bateu mais forte. Numa viagem ao Sesc Bertioga, conheceu finalmente o amor. Um homem que a acompanha nas aventuras, viagens e com quem divide os melhores momentos de sua fase atual. Mas, enfatiza, não pretende casar: “Prezo muito a minha liberdade”.
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