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História
Por: Museu da Pessoa, 4 de junho de 2014

Eu fui a morta num enterro encenado

Esta história contém:

Eu fui a morta num enterro encenado

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Sou Maria Vênus de Andrade da Cunha.

É o nome de batizado mesmo, o nome registrado, não é o nome artístico (risos).

Nasci em 22 de outubro de 1971 no município de São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Fortaleza-CE.

O meu pai e a minha mãe se juntaram porque, naquela época, tinha a questão de se juntar - a minha mãe com 15 e o meu pai com 18 anos.

Eles foram se preparando: “Vamos ter o primeiro filho’.

Cresci sob a influência dos avós paternos, de quem herdei o apreço pela cultura popular.

Naquele tempo, os avós tinham um poder muito grande dentro das famílias.

A palavra final era deles.

E eu, sendo a primeira neta, o meu avô disse para os meus pais: “É a primeira e vai se chamar Vênus: se for homem será José Vênus, devido à nossa religião católica; se for mulher, Maria Vênus”.

Isso ficou muito esquisito para eles: Vênus, um planeta.

Mas, como meu avô escrevia muito seus poemas, os seus cordéis ligados aos astros, ele entendia muito bem o que era isso.

Ele tinha um estudo, pequenininho, mas era um estudo.

Quando ele disse que Vênus na mitologia grega era Afrodite, a deusa do amor, da formosura, da beleza, acabou convencendo o pai e a mãe que esse seria o meu nome.

E, quando eu nasci, acabaram registrando Maria Vênus de Andrade Cunha.

Tive essa oportunidade de conviver com dois pais e duas mães.

Minha mãe era uma benzedeira que cuidava de adultos e crianças, no aconselhamento e no uso de chás e ervas provenientes do local.

Eu aprendi muito com o meu avô todas as histórias de assombração que tinha aqui nessa região.

Ele era o verdadeiro contador de histórias.

Como não se tinha energia, fazíamos aquela roda, a fogueira e sentávamos a partir de cinco e meia da tarde junto com o meu avô para ouvir as histórias.

Toda a meninada da região ia... Continuar leitura

Dados de acervo

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Projeto CSPDepoimento de Maria Vênus de Andrade da CunhaEntrevistada por Daniel EijiSão Gonçalo do Amarante, 4 de junho de 2014CSP_HV_ 021_Maria Vênus de Andrade da Cunha Realização Museu da PessoaTranscrito por Karina Medici BarrellaP/1 – Inicialmente, eu gostaria de dizer que é um prazer estar aqui e agradecê-la por sua disponibilidade em participar desse projeto.R – Obrigada, Daniel.P/1 – Eu queria que você falasse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.R – Eu me chamo Maria Vênus de Andrade Cunha, sou de São Gonçalo do Amarante, Ceará, e nasci no dia 22 de outubro de 1971.P/1 – E antes de entrar realmente na sua trajetória, eu queria que você contasse um pouco sobre as suas origens. Você conheceu seus avós?R – Sim.P/1 – Você sabe a história da sua família, como eles vieram parar em São Gonçalo? Conta um pouco.R – São Gonçalo, na verdade, era uma família. Os primos se casavam, todos moravam perto, a família era muito junta, acabava acontecendo uma irmandade aqui dentro. Em 1971, o meu pai e a minha mãe, um da família Andrade e a outro da família Soares, mas que, ao mesmo tempo, dentro de cada família tinha os seus parentescos. O meu pai casou com a família Ferreira Lima Andrade, que é da minha mãe. O meu pai tinha um parentesco muito forte com a família da minha mãe. Quando eu nasci, fiquei como Maria Vênus Lima de Andrade. E tinha muita gente em São Gonçalo que chamava, por exemplo, Zé Iris Lima de Andrade, Célia Lima de Andrade, existia uma junção muito forte das famílias aqui dentro. Éramos uma família muito pobre. Inclusive, quando eu nasci, morávamos numa casa de tapera de barro. O meu pai e a minha mãe se juntaram porque, naquela época, tinha a questão de se juntar - a minha mãe com 15 e o meu pai com 18 anos. Eles foram se preparando: “Vamos ter o primeiro filho’. Naquele tempo, os avós tinham um poder muito grande dentro das famílias. A palavra final era deles. E eu,... Continuar leitura

Título: Eu fui a morta num enterro encenado

Data: 4 de junho de 2014

Local de produção: Brasil / Ceará / São Gonçalo Do Amarante, Ceará

Transcritor: Karina Medici Barrella
Autor: Museu da Pessoa

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