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História
Personagem: Orlando Cruz
Por: Museu da Pessoa, 1 de setembro de 2011

Eu e os meus botões

Esta história contém:

Eu e os meus botões

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“Com 15 anos eu vim embora da Bahia. Fiz a viagem de Irará para Salvador e de Salvador para o Rio de Janeiro com uma família da cidade,porque uma moça de lá tinha se casado por procuração com um meio parente nosso que tinha clínica em Regente Feijó. Esse meio parente foi nos esperar no Rio de Janeiro e de lá tomamos um trem, até um trem bom, com destino à região da Alta Sorocabana. Foi uma viagem de 12 horas. Chegando em Regente Feijó, eu fui trabalhar com um tio que era dono de uma sapataria. A Casa Ferro era uma das fornecedoras, então nós já tínhamos contato com eles desde aquela época. Mais adiante, como meu tio estava pensando em mudar para São Paulo,o pessoal da Casa Ferro perguntou se ele conhecia um jovem para trabalhar com eles. Meu tio falou: ‘Tenho um rapaz e tal.’Aí nos mudamos para São Paulo e eu comecei minha história na Casa Ferro. Era 1944 e meu primeiro emprego ali dentro foi como office-boy. Era uma casa bastante conhecida: fabricava malas, fabricava sapatos, canos de bota, capacetes, perneiras militares – usavam-se perneiras de couro antigamente, não? Trabalhavam dois contadores lá na época e eu ficava, ou ajudando no escritório ou fazendo pagamentos na cidade, porque não existiam bancos, correio, repartições públicas nos lugares mais afastados; tudo era localizado no centro. Depois, mais tarde, me tornei um vendedor de sapatos. Cheguei a me formar na PUC, mas nunca deixei de trabalhar na Casa Ferro, porque nessa altura eu já tinha assumido a contabilidade da empresa. Tivemos um período bom, forte mesmo, mas com o passar dos anos o movimento foi decaindo, então um dia chamei o Senhor Mário Ferro, o proprietário, e falei: ‘Senhor Mário, nós estamos indo para trás.’ E ele concordou: ‘Sim. Vamos fechar.’Então, em janeiro de 1980, nós deixamos definitivamente de trabalhar com couro. Dispensamos os funcionários e eu fiquei cuidando da nova casa, na Rua da...

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Dados de acervo

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P/1 – Senhor Orlando, boa tarde.

R – Boa tarde.

P/1 – Primeiro, eu gostaria de agradecer ao senhor de ter vindo aqui pro Museu conceder a entrevista.

R – O prazer é todo meu.

P/1 – E pedir pro senhor falar pra gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Orlando Cruz. Eu sou de Irará, Bahia. Nasci em primeiro de maio de 1926.

P/1 – Certo. Seu Orlando, qual é o nome dos seus pais?

R – Raul Ferreira da Cruz e Juvenília Teles da Cruz.

P/1 – E eles são lá da Bahia também?

R – Sim.

P/1 – Qual que era atividade deles?

R – Meu pai trabalhava com rural, nós tínhamos uma pequena fazenda. Minha mãe era de prendas domésticas, que eram dez filhos, não podia trabalhar naquela época. E meu pai lidava com gado, tinha uma padaria também que depois eu assumi também um pouco. Nós éramos dez irmãos e assim, fiz a escola lá primária, porque naquela época o primário da Bahia era um pouco puxado, né? Nós fazíamos até o quinto ano. Eu vim preparado pra São Paulo com 15 anos.

P/1 – Senhor Orlando, conta pra gente um pouquinho como é que era Irará, pra gente que não conhece, nunca foi.

R – Cidade do interior da Bahia, cidade pequena, só tinha duas ruas eu creio. Eu conhecia todas as pessoas, quando eu vim pra São Paulo ficava de noite assim imaginando: “Puxa vida, eu conheço tanta gente de lá”. Depois fui esquecendo com o tempo. Mas era muito pequena a cidade, tinha uns 15 mil habitantes, se não me engano, na época.

P/1 – E o senhor tá em que lugar nessa escadinha de irmãos?

R – Eu sou, primeiro, segundo... O terceiro.

P/1 – O terceiro de tudo ou o terceiro dos meninos?

R – Foram seis homens e quatro mulheres. Dos homens... Realmente da escala tem uma irmã mais velha, a Nilda, depois um irmão que faleceu e eu. Era o terceiro do nascimento.

P/1- Senhor Orlando, como é que era essa casa de vocês lá na Bahia? Como é que era ser o terceiro de dez irmãos? Como é que era...

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